Bibliot3ca FERNANDO PESSOA

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A Maçonnerie na França antes de 1700

Tradução José Filardo

O expansão da Maçonaria em todo o mundo foi muito rápida, após a Fundação da Grande Loja de Inglaterra. Lojas foram fundadas nas colônias britânicas, na Índia e em muitos países da Europa. Não é necessário aqui indicar com precisão as circunstâncias que cercaram a Fundação dessas lojas. Que o impulso tenha sido dado a partir da Inglaterra não deve ser negado, e cada irmão com gratidão reconhece as obrigações da ordem para com Desaguliers, Anderson, Payne e outros, que contribuíram muito para a revitalização do sistema, a excelência do qual eles apreciaram. Nada, entretanto, pode ser mais inacreditável que a noção de que um sistema perfeitamente novo, essencialmente diferente de tudo o que existia anteriormente, fosse assim rápida e amplamente expandido. A suposição contrária vem imediatamente à mente, de que existia em todo o mundo, um sistema de Maçonaria, que se propagou a partir da Inglaterra foi reconhecido como uma melhoria, mas sobre o fundamento nos quais estava estabelecido. Em qualquer outra teoria é impossível relatar a formação de Lojas Maçônicas em diferentes partes do continente da Europa no início do século XVIII e a constância dos seus membros sob a perseguição a que  foram submetidos em vários países.

Alegou-se que a Maçonaria foi introduzida na França por refugiados britânicos após a Revolução de 1688. Não há qualquer razão para duvidar que os jacobitas – que fugiram da Grã-Bretanha naquela época – levaram com eles a Maçonaria, mas há boas razões para acreditar que eles a encontraram já existindo na França. Em 1645, quarenta e três anos antes da Revolução na Inglaterra, uma jurisdição especial de Maçonaria —Maçonnerie— estava estabelecida na França. Ela estava relacionada especialmente com questões relativas à Maçonaria operativa, que, no entanto, se distinguia de todos os outros setores operativos, e os maçons tinham o direito de apelar ao Parlamento de Paris, onde seus defensores eram autorizados a pleitear. A alta e peculiar distinção assim concedida a eles é digna de consideração.  Ela mostra que um sistema de maçonaria existia na França em meados do século XVII, no qual foram  posteriormente enxertadas melhorias a partir da  Inglaterra. Em que data elas foram introduzidas é impossível dizer, mas não há razão para pensar que foi antes de 1717. Por volta do início do século XVIII, os franceses deram uma singular preeminência a Maçonaria Escocesa e acrescentaram o título de Chevalier Maçon Ecossais aos três graus simbólicos de Maçonaria. Os maçons franceses inventaram novos graus e fizeram outras inovações no sistema da Maçonaria que não eram coerentes com seus princípios e design original. Suas Lojas também foram transmutadas em clubes políticos, um fato que não é difícil de ser considerado diante das circunstâncias políticas da época, mas incompatíveis com todos os princípios da Maçonaria Especulativa e, no final, mais danoso, porque levaram ao desenvolvimento em níveis mais altos de opiniões as mais errôneas quanto à natureza e tendências da Maçonaria Especulativa. Os assembleias de maçons foram proibidas por Édito real na França em 1737, com base em que sob seus segredos invioláveis elas poderiam encobrir algum projeto hostil à religião e perigoso para o Reino. Este Édito, no entanto, não foi cumprido, e a Maçonaria continuou a florescer na França durante a última parte do século XVIII.

“Estas perseguições” dez Laurie, “tiveram sua origem na Holanda no ano de 1735. Os Estados gerais estavam alarmados com o rápido aumento do número de maçons, que realizaram suas reuniões em todas as cidades sob seu governo; e como eles não podiam acreditar que a arquitetura e o amor fraternal eram seus únicos objetivos, resolveram interromper o seu processo. Em consequência dessa determinação, um édito foi emitido pelo governo, afirmando que embora nada tivesse sido descoberto nas práticas da fraternidade, que fosse prejudicial aos interesses da República, ou contrário ao caráter de bons cidadãos, mesmo assim, a fim de evitar quaisquer consequências nocivas que pudessem resultar de tais associações, julgaram prudente abolir suas assembleias. Não obstante esta proibição, uma respeitável loja tendo continuado a se reunir em Amsterdam, foram comunicadas informações às autoridades, que prenderam todos os membros e os trouxeram perante um tribunal de Justiça. Perante este tribunal, na presença de todos os magistrados da cidade, os Mestres e Vigilantes defenderam-se corajosamente e declararam sob juramento que eram súditos leais, fiéis à sua religião e zelosos dos interesses de seu país; que a Maçonaria era uma instituição Venerável em si e útil à sociedade; e que, embora eles não pudessem revelar os segredos e cerimônias, eles asseguravam  que não eram contrários nem às leis de Deus nem do homem; que eles de bom grado admitiriam em sua ordem qualquer um de seus membros, de quem eles receberiam informações que satisfaria qualquer mente razoável. Em consequência destas declarações, os irmãos foram absolvidos, e o secretário da cidade solicitou o ingresso na fraternidade. Após a iniciação, ele voltou ao Tribunal de Justiça e fez um relato favorável dos princípios e práticas da sociedade e todos os magistrados se tornaram irmãos e patronos da fraternidade’.—Laurie, pp. CI, 62.

As perseguições aos maçons em diferentes partes da Europa, na última metade do século XVIII mostram quão fortemente o sistema tinha lançado raízes, e quão determinados seus seguidores estavam em mantê-las. Em 1738, uma bula Papal foi emitida contra todos os maçons e todos os que promoviam ou favoreciam sua causa. A bula foi seguida por um édito datado de 17 de janeiro de 1739, condenando todos os maçons nos Estados Papais às galés, à tortura e uma multa de mil coroas de ouro. Em consequência destes decretos em Roma, o clero católico romano da Holanda, em 1740, tentou impor a obediência aos comandos de seus superiores. ” Era costume entre os sacerdotes desse país examinar as qualificações religiosas daqueles que solicitavam um certificado para receber o Santíssimo Sacramento. Aproveitando-se de seu poder espiritual, eles concluíam o exame dos candidatos, perguntando se eles eram maçons. Se fossem, o certificado era recusado e eles eram expulsos para sempre a mesa de comunhão. “—Em “História da Maçonaria” de Laurie p. 64. Mas os Estados gerais interferiram, achando que homens respeitáveis eram assim impedidos da comunhão e proibiram os sacerdotes de fazer perguntas que não estavam relacionadas com o caráter religioso dos solicitantes.

Seria fácil continuar mostrando as perseguições a que os maçons foram submetidos em diferentes partes da Europa durante a segunda metade do século XVIII.  No entanto, é desnecessário. Um exemplo simples ou dois servirão ao propósito do presente, bem como um relato completo e detalhado. Aquele objetivo é mostrar que a Maçonaria deve ter existido por muito tempo antes de 1717, e que ela não aparece à existência no continente da Europa por mero transplante de Inglaterra, mas encontrou sua origem em um antigo sistema há muito tempo predominante ali. Não se pode razoavelmente explicar a expansão da ordem de outra forma, por que se juntassem a ela príncipes e nobres, pela resistência de seus membros às perseguições. Considerando todas estas coisas, parece absolutamente incrível que Dr. Desaguliers e Dr. Anderson inventaram e introduziram um novo sistema, mas, ao contrário, no mais alto grau provável, que eles encontraram, como disseram, um sistema já existente, que eles julgaram digno de seus máximos esforços para expandir.

in, PATON, Chalmers, “The Origin of Freemasonry. The 1717 Theory Exploded,

4 comentários em “A Maçonnerie na França antes de 1700

  1. Qualquer coisa que se diga sobre a origem da maçonaria antes do século XIV, é pura especulação !!! Não há documentos que o provem

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  2. Isto provas que a MAÇONARIA já existia muito aNTES DA CRIAÇÃO DA gran lodje of england… E AO QUE PARECE, ATUALMENTE SUPÕE – SE QUE A SUA ORIGEM SEJA ANTERIOR ÀS PIRAMIDES.

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    1. Exagero, Brother Daher, exagero.

      A Maçonaria não-operativa começou por volta de 1500. Ela tem conexões com uma tradição que, esta sim, pode remontar até uma antiguidade distante. Não se pode confundir as coisas, sob pena de soar ridiculo.

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