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França, filha mais velha da Maçonaria?

Tradução José Filardo

Esclarecimento do Editor :  O artigo é profundamente anti-maçônico, publicado em um site pouco recomendável, criado por um individuo muito polêmico que ataca tudo e todos e tem posições políticas e ideológicas extremamente perturbadoras.  Mas, queremos manter um equilíbrio e mostrar também as opiniões contrárias.

por Simone Choule


Artigo originalmente publicado na oficina E & R

Assim como os escândalos imobiliários ou os neo-reacionários, este assunto é bom para encher linguiça na imprensa, a Maçonaria tendo tudo para seduzir: alegadamente secreta, organização impalpável e dirigindo dos bastidores, algumas orientações políticas… O dois grandes erros a nunca serem cometidos sobre Maçonaria por uma jornalista são: vê-la em toda parte e não vê-la em lugar algum. Mas hoje, enquanto quase oito revistas semanais se dedicam uma cobertura por ano sobre a mesma, como avaliar suas ideias e fazer um registro histórico de sua ação,  se ela deve permanecer secreta e acima de tudo: qual o futuro para este clube muito privado?

História de uma rede

A Maçonaria nasceu em 24 de junho de 1717, na Grã-Bretanha e logo tornou-se moda, principalmente entre os burgueses e comerciantes. E gradativamente, mais personalidades da alta nobreza se juntam ou são cooptadas. Em 1723, os primeiros maçons se estabelecem na França, apoiados por  orçamentos ingleses e 1725 marca o nascimento oficial deste movimento em Paris. Ele centraliza-se em torno do rito, um ritual que alega remontar às catedrais o que se sabe ser mitológico e falso (nenhuma prova foi apresentada pela maçonaria; na verdade, este gosto pelo prestígio através da filiação é uma imitação da nobreza da espada para simular o prestígio).

A loja é o lugar onde se pratica o ritual, referindo-se às lojas dos maçons que construíram as catedrais e tinham um lugar para se refazer após um dia no canteiro de obras. A loja não tem qualquer janela por onde entrar a luz e é decorada com quinquilharias esotéricas, cosmológicas, e a entrada para os não iniciados é feita através de apadrinhamento e iniciação, por juramentos envolvendo até a vida deste último; por um segredo que ele não conhece, segredo este que se revela somente nos últimos níveis da hierarquia. A hierarquia divide-se em três graus: aprendiz, companheiro e mestre, então as altas oficinas  onde existem até 33 graus sem que qualquer maçom saiba o que está acontecendo no grau superior (como na Cientologia ou na seita do Forum Landmark). Se um maçom reluta em executar as ordens vindas de cima, ele é lembrado  que este é o preço a pagar para ser capaz de tirar vantagem, quando chegar a hora, da solidariedade dos “irmãos de três pontos”.

A nobreza da época (sob Louis XV e Louis XVI) vê nela nada mais que um  clube “filantrópico” que organizava bailes e jantares, ou seja festas refinadas. Esta nobreza está no entanto muito ocupada com o poder de um Parlamento cada vez mais sediciosos com o rei, um Parlamento sujeitos às ideias dos  enciclopedistas dominantes nesta época que instalarão as condições propícias para o levante popular ao final do reinado dos Bourbons (reformas de Turgot, aumento do preço do pão, crescente liberalismo “Voltairiano”). Mas, o que e estranho é constatar que nos movimentos da Revolução francesa, absolutamente todos os atores são maçons (Maurice Talmeyr organizou a lista) e embora a França não queira alterar nem o regime nem a religião – o que não está em qualquer um dos cadernos de reivindicações daquela época – ela vai acabar com um rei decapitado e igrejas saqueadas.

Lojas de agitadores – irmãos intrusos, irmãos escrutinadores – são estabelecidas para acelerar o movimento revolucionário (cujo slogan era “liberdade, igualdade ou a morte!”, a “fraternidade” virá mais tarde, espera-se) que apareceriam somente em 1787: estivadores, carregadores de bagagem, gatunos, madeireiros, arruaceiros, ladrões de rua ou de rodovias, assassinos e criminosos de profissão entram nelas e tornam-se os desordeiros ativos que querem derrubar o Rei.

Um grande número de soldados é recrutado (sempre com a promessa de carreirismo que tal clube implica) e tal peça bem repetida e contrária às reais intenções do povo da França produz, assim, a aparição do Clube dos Jacobinos, do clube da propaganda, os incêndios dos castelos, o pânico da província, as jornadas de outubro, o 20 de junho, o 10 de agosto, os massacres de setembro, a prisão do rei, sua condenação e sua morte.

Por trás, a Maçonaria (ou no grau 33) o Iluminismo de Adam Weishaupt: algumas cerimônias onde se versa o macabro (cada loja  tem seu esqueleto) chegando a repetir a vingança dos Templários em relação a  Philippe le Bel. Os regicídios de Louis XVI e do rei da Suécia seriam repetidos a partir de 1785 e o Presidente do Parlamento (o Sr. prefeito de Bouligney) e o Inspetor dos correios ( Sr. de Reymond) bem como o Sr. Leroy, Conde de Virieu, testemunham,  todos, que eles teriam ficado chocados e nauseados com estes apelos  ao assassinato no seio dessas lojas de altos graus.

Uma imprensa pressionando a opinião pública à insurreição e ao motim permanente (o Amigo do Povo) nas mãos dos Jacobinos e Lafayette, um outro iniciado, à frente da Guarda Nacional para “enquadrá-la”, sempre ao serviço dos mesmos. Aqueles que tentam a sedição serão esmagados, e ele moldarão a opinião através da instrumentalização do patriotismo de modo a fazer passar qualquer contrarrevolução como sendo um ataque ao partido a partir do exterior (causando assim uma série de geras civis indesejáveis). Partidos do exterior? Para um Rotary originário do outro lado do canal e referindo-se ao Templo de Salomão, foi um pouco inflado.

O mais conhecido desses episódios maçônicos previstos nas lojas permanece a chamada “tomada” da Bastilha, evento sem qualquer glória segundo todos os historiadores sérios, mas, acima de tudo, uma operação imobiliária envolvendo Pierre François Palloy, preparada na noite de 13 para 14 do assalto no dia seguinte. Uma hora após a apreensão dos canhões para De Launey e depois de ter jogado de cabeça nos Invalides, 400 homens mostram suas silhuetas no distrito armados de uma picareta e pagos  a 26 “sous” (cerca de 4 euros). Foram encontrados papéis do empreendimento com uma nota rabiscada pelo próprio Palloy, salientando: ” Era preciso equipar 700 homens, faltaram-me pás e picaretas.”  As pedras da Bastilha foram utilizadas na construção da ponte de la Concorde e para o merchandising revolucionário (pedras esculpidas em forma de mini Bastilhas). A coroação de tudo isso é feita por um símbolo maçônico na praça da Bastilha, onde um pequeno “gênio” ou “Portador da luz”  no alto do que e agora o monumento no centro da Praça, permanentemente marcando para a história a influência maçônica neste símbolo revolucionário.

Sob a  Terceira República, a Maçonaria se torna ainda mais poderosa (o Império e as monarquias constitucionais, pela sua centralização de um executivo forte freiam estes esses organismos intermediários que se intrometem em todos os órgãos do poder) e impõe o secularismo. A partir de 1900, a república radical maçônica sobre a concorrência do socialismo marxista-leninista, que via nela uma classe pequena burguesia de humanismo obsoleto, ao contrário da visão de mundo marxista científica (socialismo utópico de Léon Bourgeois, ridicularizado no manifesto do partido comunista). Era particularmente proibido para qualquer pessoa do partido  entrar para uma loja  até o início dos anos de Mitterrand. A segunda guerra mundial tendo criado um parêntese onde o poder francês, sob a tutela alemã, livra-se de sua influência até 1944.

A GLNF [grande loja nacional da França] sobrevive ao longo na década de 1960, mas se beneficia de um golpe de sorte significativo logo que a OTAN instala sua sede em Paris em 1952: a partir daí, as demandas pela obediência crescem e o  sucesso é tal que Frédéric Zeller, Grão Mestre do Grande Oriente de França dirá que ela nunca foi tão poderosa. Megalomania?  Arrogância?  Em todo caso, cada vez mais as carreiras nas administrações, prefeituras, conselhos regionais ou gerais, empresas públicas não se fazem somente com base em qualificações objetivas, mas com base na obediência a essas redes (Na Place Beauvau, um comissário em cada dois é maçom). Desde o fim do bloco comunista e o redução do comunismo a uma questão sem importância, a Maçonaria reencontrou uma nova juventude: o solidarismo retornou ao século XX promovido por Vincent Peillon dentro de seu partido, por exemplo.

A maçonaria contrária à democracia?

Sabia-se que a Maçonaria detesta  a França Católica e monárquica da qual ela foi a subversão – sua história o prova por atos – e prefere particularmente a abstração de uma República universal em todos os estatutos oficiais das lojas. Uma República universal questionável, na medida em que as nações são uniformemente globalizadas, perdendo assim sua diversidade na singularidade deste tipo de regime. No entanto, no seio do Estado francês, promove-se uma doutrina que justifica que um punhado de iniciados lidere a sociedade. Isso não quer dizer que ela seja democrática: onde está a separação de poderes quando se pratica o “entrismo” no aparelho do Estado,  no Parlamento, no governo, nos sindicatos ou associações? Onde está a defesa da França, de seu povo e de seus interesses quando se prepara um governo mundial em que os Estados maçônicos terão preparado as condições?

Os maçons também atacaram uma instituição puramente democrática: o referendo.  Em 1934, os referendos desejados após as manifestações  foram transformados na opinião pública pelo partido radical-socialista em “Plebiscito Napoleônico”. De Gaulle teria contido essas controvérsias e tentaria implementar o referendo, incluindo seus custos. O uso de referendos tem mostrado que o francês tinha cura dos “avançados” (aquele da UE, por exemplo, com um toque muito ‘República universal’).

As lojas entendiam de sua parte que não se deve esclarecer o povo por meio de um debate público explícito e precedente às decisões,  mas conduzi-los à luz com os olhos vendados! Apesar da defesa da democracia representativa nos debates, os maçons preferem uma ordem de iniciados conhecedores, somente eles, do segredo revelado e ocultando suas reais intenções com respeito aos leigos, ou seja, o povo francês. O segredo maçônico é o anel de Giges, que permite que a ordem através da ocultação do que é ou não, ficar invisível e portanto inatingível e então usar este privilégio singular. Em 1789, os privilégios eram “abolidos”, você dizem?

Antropologia e pequena fábrica da opinião maçônica

Um Rotary de carreiristas, gnomos cheios de intrigas e obcecados com uma guerra de truques, notáveis vaidosos com falta de reconhecimento, acostumados às negociatas obscuras; idiotas por muito tempo brincando de escola, privilégios,  organismos intermediários, conflitos de interesse, corporativismo, usurpação de poderes, cooptação de pessoas que movem as alavancas (magistrados, juízes, advogados, inspetores de Finanças) nos altos graus maçônicos, os exemplos abundantes desses ‘homens sem qualidades’ no estilo Robert Musil, que não querem se diferenciar na existência a não ser trapaceando com o real. Mas na era da transparência, o que dizer do segredo maçônico? Isso pertence na vida privada, eles nos respondem…

Mas, entre aqueles que admitem ser maçons, é nas posições chaves do governo Ayrault que nós os encontramos: Anne-Marie Escoffier na Descentralização; Marc Mancel e Vincent Peillon na Educação; Christophe Chantepy em Matignon; Jean-Yves le Drian e Cédric Lewandowski na Defesa; Aquillino Morelle no Elysee; Manuel Valls, Renaud Vedel, Alain Bauer e Yves Colmou no Interior; André Vidalies nas relações com o Parlamento; Victorin Lurel no Ultramar; Alain Simon e Jérôme Cahuzac na Economia;  François Rebsamen, Jean Pierre Sueur, Claude Domeizel, Gérard Collomb, Michèle André e Robert Navarro no Senado; Henri Emmanuelli, Christian Bataille, Pascale Crozon, Pascal Terrasse, Olivier Dussopt, Brigitte Bourguignon, Odile Saugues, Patrick Mennucci e Paul Giacobbi na Assembleia Nacional… É claro que um novo clero hoje substitui o antigo. Mas quem diz clérigo, diz “Boa palavra”: vejamos como ela “evolui na cabeça das pessoas”.

Em uma democracia de mercado, o mercado compra a opinião e a opinião faz a eleição; observemos assim com detalhes o trajeto da opinião maçônica na equação mercado/política/mídia, conluio que Balzac, Maupassant, Zola e Alexandre Dumas já denunciavam, sem considerar  conspiracionista, e  cujo elemento maçônico faltava na análise de Paul Nizan em seu Cães de Guarda : faz-se descer  a instrução rede abaixo (por exemplo sobre o “aborto” ou o “casamento para todos”), em seguida, alguns dias depois, aparecerá um artigo no Jornal Midi Libre sugerindo a medida (ou qualquer outro jornal contendo “livre” em seu título ou subtítulo).

Em seguida, haverá uma estação local da FR3 passando a mesma mensagem; em seguida, um artigo em um grande jornal nacional de Paris uma ou a capa de um grande semanário. Em breve aparecera uma pesquisa mostrando que, precisamente, nesta matéria, e contrariamente ao que sempre se pensou até agora, a opinião “evolui”. Algum tempo depois da publicação, um ou mais livros cujo eco será amplificado por críticas favoráveis nos jornais e pelo fato de que estes jornais estarão no topo da pilha nas livrarias.

Associações surgidas do nada se expressarão, por sua vez, sobre o assunto, e como se fosse por acaso, seus comunicados serão amplamente retransmitidos nos meios de comunicação. Haverá, conforme o caso, algumas manifestações de rua ou algumas outras ações espetaculares capturadas por câmeras de televisão, oportunamente presentes. Enquanto isso, serão feitas declarações ou “pequenas frases” de políticos ou parlamentares da oposição ou da maioria. O governo terá encomendado um relatório e será proposto um projeto de lei no Senado ou na Assembleia.

O resultado de tudo isso é que os observadores da vida pública verão que a sociedade “se move”; que não se deve ir contra ele e dir-se-á que a lei responde a uma expectativa real do corpo social. Os sociólogos do estado diagnosticarão a existência de uma demanda social. Oradores com rara eloquência defenderão esta lei, que será votada pelas duas câmaras, por estreita maioria, talvez, segundo a lógica do “mercado político” bem analisado pelos teóricos americanos da ” escolha pública “. A lei passará a ser a do país e aquela que os juízes vão concordar em aplicar “em nome do povo francês”, embora ela tenha sido desejado inicialmente por não mais que 15 pessoas; e aqueles que a votaram se felicitarão por ter feito “evoluir as mentalidades” orgulhando-se uma vez mais.

Se um político decide opor-se, ele receberá em primeiro lugar uma advertência do líder do seu partido e, em seguida, se ele persistir, um artigo emergirá para revelar suas ligações com um ditador estrangeiro, um de financiamento de campanha oculto,  uma residência secundária suspeita. Mesmo se ele ganhar seu processo por difamação, o dano já terá sido feito e a carreira do adversário às ideias maçônicas interrompida  (não renovação de um mandato, não recrutamento em um governo…), ele ganhará um rótulo de “mau republicano”.

Aqui está o poder de censura dos poderes seculares da Maçonaria, que trazem esta seita próxima a certo clericalismo ao qual se pensava que eles se opunham! Em qualquer caso, que maneira desonesta de se impor os seus pontos de vista sobre a sociedade de maneira tão insidiosa e com total falta de lealdade. Mudanças nas atitudes, vocês dizem, este retorno ao clericalismo?

O Progressismo contra o progresso

Toda exposição científica mostra seus resultados publicamente e se pode, graças à razão que é universal, verificar se a exposição é verdadeira ou falsa. Nenhum pequeno grupo alegando possuir as qualidades de discernimento deve interferir em qualquer exposição. No entanto, esta abordagem anticientífica é a dos maçons, que decidiram que isso é bom para nós, de acordo com um viés decidido sem qualquer poder contrastante. Encerrando-se no Esoterismo, os maçons, portanto, proíbem o uso  científicos da razão e eles estão condenados a repetir dogmas e preconceitos.

O progresso social, do qual os maçons se veem como partidários não tem qualquer valor científico, precisamente porque para a ciência, os estágios da evolução não podem ser conhecidos com antecedência! Ao falar sobre avanços, os maçons traem assim o fato de que eles têm uma ideia a priori das linhas a serem seguidas pelo progresso social. Ou seja, no final, a situação é a seguinte: os maçons mantêm na memória a era do “Iluminismo”, a ideia de que o progresso só pode ser gradual, o que é correto. Mas eles têm a pretensão de saber antecipadamente as fases da evolução, que é incorreto. O que dá ao “progressismo” uma  falsa ideologia por ser contrário à ciência.

Uma mente científica sabe que não é onisciente e em racionalidade saudável sabe que avançamos por ensaio e erro (maiores descobertas também são toda acidentais!) sobretudo em matéria de inovação social. É assim que avança a ciência: ela faz suposições; avança; testa-as; as conserva se elas se revelam fecundas, mas as abandona se elas levam a nada. É essa mesma prudência que permite realizar verdadeiros progressos. Aquela não é a abordagem do progressismo em que o caráter utópico, irracional e não-científico se caracteriza justamente pelo fato de que ele não quer jamais voltar atrás quando se vangloria de ter concluído um “avanço”, como expressa Michéa em o Complexo de Orfeu : ” A ideia progressista (…) segundo a qual a “moralidade do futuro” não teria nada em comum com aquela do passado (…) não é apenas mortal. Ela se baseia em uma profunda incompreensão dos dados da antropologia. »

O progressismo é obscurantista? Em algum lugar, a filosofia e a visão da vida que os maçons nos oferecem generosamente é tingida de mórbido: manter vivos os assassinos (Desculpem-me, abolir a pena de morte), matar os bebês (Desculpem-me, incentivar o aborto), matar os velhos (Desculpem-me, incentivar a eutanásia), valorizar o casamento estéril (Desculpem-me, o “casamento para todos”), impor a teoria do gênero (demolida pelo ciência neurobiológica  e os estudos do Dr. Simon Baron-Cohen, sobre os recém-nascidos) pode-se questionar  esta curiosa visão do ser vivo.

Espiritualmente, os códigos maçônicos referem-se a um “grande arquiteto”, mas retiram sua revelação das menores e mais vagas passagens  na Bíblia (o “filho da viúva” Hiram, que se torna uma espécie de profeta, é apenas um cara que participou da construção do Templo de Salomão). Um homem “sem qualidades” e que nada tem de universal que trabalhando em construção, vai se ver “morrendo para renascer” segundo um rito; finalmente pretendendo ser elitistas e exclusivos, assim como um certo “povo escolhido”: há aqueles que são e aqueles que não são. A aristocracia, em comparação, era articulada sobre o heroísmo cavalheiresco para subir na hierarquia.

A Maçonaria se opõe também ao catolicismo que promete a vida após a morte. Ao negar esta esperança, a Maçonaria considera que somos apenas tubos digestivos sobre patas, vivendo em uma bola de gás que gira em torno de uma  massa nuclear. Uma vida em que o sentido se torna absurdo. Ela adota uma visão materialista da vida (por isso utilitarista do homem, malthusiana, niilista…) tornando todos compatíveis com o mercado, os ‘irmãos três pontos’ se tornam ‘ irmãos prostitutas” do Mercado Internacional. Eles se opõem à sociedade do sagrado favorecendo sempre a sociedade de consumo…

Pode-se perguntar se uma ordem que queria o novo homem para sua felicidade não é responsável por uma sociedade anestesiada, maior consumidora de antidepressivos, tendo destruído sistematicamente tudo o que é sagrado. Este gosto pelos “direitos humanos” substituiu a antiga religião e endeusou o homem no lugar de Deus, conforme lembra René Guénon: ” É o inferior que se julga superior; a ignorância que impõe limites à sabedoria; o erro que prevalece sobre a verdade; os seres humanos que substituem o divino; o indivíduo que se faz a medida de todas as coisas e pretende ditar ao universo leis tiradas totalmente de sua razão relativa e falível.””  ” Vê-se aqui qual pretensão  a Maçonaria reivindica!

Mas, olhemos também a herança dos valores legados: o famoso slogan “liberdade, igualdade e fraternidade” que adorna nossas prefeituras desde quase 170 anos. Em primeiro lugar, estuda-se em filosofia, que não existe liberdade, mas  liberdades. A liberdade total (sem uma estrutura para se apoiar, se construir ou se rebelar) se torna angustiante e depressiva. A liberdade total restabelece a lei da selva (assim, longe de ser um “progresso” ela se faz cama de nossos instintos) onde a lei do mais forte impera, o que foi bem entendido pelos liberais na economia. A liberdade opõe-se à igualdade (demais de uma prejudica a outra) e o igualitarismo dogmático leva a uniformidade, ou seja, pior, ao totalitarismo (o exemplo soviético). E a fraternidade não é nem mesmo da mesma família, conforme lembra Alexandre Soljenitsin, que tinha todo o tempo nos gulags para verificar o igualitarismo forçado.

Como a Maçonaria é a vitrine ideológica da burguesia liberal, lembremo-nos entre outras coisas do que pensava Marx de sua gloriosa contribuição histórica: « Em toda parte onde a burguesia passou a dominar, ela destruiu todas as condições de patriarcais idílicas e feudais.» Implacável, ela rasgou o vínculos multicoloridos do feudalismo que uniam o homem ao seu superior natural para não deixar subsistir um único vínculo entre o homem e o homem de interesse nu, o pagamento em dinheiro inexorável. Calafrios sagrado e fervores piedosos, entusiasmo cavalheiresco, melancolia boçal, ela a afogou na água gelada do cálculo egoísta.”  “A Maçonaria disfarçando toda essa monocromia cinzenta de uma fabulosa “evolução das mentalidades” que se torna nossa nova religião, tal qual um totem em um supermercado.

Em maçonaria, lembre-se de que sobre qualquer ideia de progresso social, você se arrisca a se enganar continuando  em um caminho de fundamentos errados, antropologicamente ao lado da placa e de espiritualidade reduzida até os interesses bem sentidos do cálculo pretensioso, realmente não livre por ser desinteressado, conforme ensinam as religiões reveladas. Por outro lado, você estaria certo de garantir sua carreira e evitar pagar determinadas infrações (bela epopeia), alguns se batendo por ideias, valores que estão acima de si mesmo e de sua vida, e outros vendo apenas seu interesse particular, a maçonaria será, portanto, totalmente feita para eles. Deixemos a palavra final a Charles Maurras, que resumiu isso muito bem: ” Se a Maçonaria fosse em outro tempo um espírito (também absurdo), um pensamento (também errado), uma propaganda (também funesta) de um corpo de ideias desinteressadas, agora não seria mais animada ou apoiada pela comunidade de ambições gregárias e apetites individuais “. »

Um segredo oculto por trás do segredo?

O jogo duplo dos meios de comunicação é bastante revelador do mal-estar que tem a corporação jornalística para criticar ou até mesmo falar muito livremente: a imprensa multiplica as manchetes  destrutivas,  mas raramente para a denunciar, muitas vezes em um dia divertida, cúmplice e falsamente preocupada. Uma associação criada por Guy Lengagne e chamada “fraternal parlamentar” coloca em conivência os políticos (deputados, senadores e membros do governo) de diferentes obediências maçônicas mas principalmente de diferentes partidos! Nenhum jornalista parece se incomodar, permanecendo na clivagem confortável “direita/esquerda”, enquanto os fatos contradizem… Também é incrível que nenhum jornalista jamais faça a tradução latina do símbolo mais conhecido, ou seja o “portador da luz”, que significa literalmente “Lúcifer”. Há com que se preocupar que alguém se refira a essa entidade espiritual, e no entanto os meios de comunicação adulam a Maçonaria como uma pessoa se diverte com uma garota de vida fácil uma noite para melhor esquecê-la em seguida.

Também é preocupante que a Maçonaria seja um lobby sobre o qual se  tem o direito de falar nos meios de comunicação – com moderação – mas isso não é o único lobby na França: bretão, gay, psicólogo, certas vinícolas, mas entre aqueles que defendem as minorias, o lobby judeu nunca é mencionado em qualquer revista, embora possamos observar as manifestações, (jantar do Crif, por exemplo). Infelizmente, falar publicamente significa na opinião pública lembrar “as horas mais sombrias de nossa história.” Longe de nós a ideia de ofender pessoas sem dúvida poderosas, em importantes posições, com relação às suas ideais no Oriente Médio ou nas finanças; assim, é com uma coragem reivindicada e em nome do espírito crítico, da liberdade de expressão sobre as relações de poder e privilégios neste país, que o assunto não será mencionado nestas linhas.

Qualquer maçom sabe, no entanto, que para acessar o B’nai B’rith (uma maçonaria especial, de alto grau e reunindo somente judeus em todo o mundo) é preciso ser judeu, então ser cooptado pelo sangue e posição social (ironicamente há poucas pessoas do setor de construção na Maçonaria!), traduzindo um racismo de antigoim, que se soma à exclusividade  e questiona o imenso avanço de mentalidades de que a maçonaria se orgulha, fazendo retornar seus adeptos aos valores do Antigo Testamento (mas hipocrisia sobre progresso e secularismo).

Mas, a Maçonaria também pode esconder outras coisas, como o escândalo da Loja P2 na Itália (ver o filme Il Divo), envolvida em um certo terrorismo de estado, as negociatas obscuras de Didier Shuller e seus cúmplices sobre os HLM de Hauts-de-Seine. O caso do Carlton onde DSK e seus amigos maçons de Lille mantinham uma rede de festas refinadas com prostitutas exploradas. Bem pior e tendo problemas para cruzar a fronteira em nossos meios de comunicação, apesar da proximidade geográfica, o caso Waterhouse mostra recentemente: maçons, todos envolvidos em uma extensa rede de pedofilia em torno deste orfanato (assim como no caso da ilha de Jersey) e que revela o que Jean-Pierre Mocky encenou em seu filme Les Ballets Éscarlates : o usa de organizações públicas em casos de pedofilia por e para notáveis. Da criptoseita à criptomáfia: pode-se saber quantos graus as separam?

Antidemocrática (por ser iniciática e exclusivista), de filosofia  presunçosa porque certa de si mesma, manchada com espírito da trapaça, anticientífica em seu método, de história não realmente gloriosa; dotada de uma quinquilharia esotérica maluca; camuflando negócios vergonhosos, com a ajuda de uma imprensa muitas vezes cúmplice, a Maçonaria agora pode fazer uma verdadeira auditoria de sua ação, que balanço não tem grande coisa de valioso. Poder-se-ia reconhecer a elaboração do código nacional de ética para os oficiais de polícia (escritos sob Joxe em 1986), que é uma das raras evidências de que os maçons podem exercer uma influência positiva na sociedade, mas conceber que um possa ser exercido no lugar do povo e de forma  criptosectária seria talvez muito evidente em uma França que procura uma nova Weltanschauungs aliada ao progresso técnico, mas tendo em conta os desafios do século XXI, ela hoje parece tão útil quanto um cinzeiro em uma moto.  É, entretanto, o lugar onde devem comparecer todos os candidatos à República francesa, se eles quiserem o selo para se apresentar e construir lentamente, passo a passo, a república universal, ou seja um governo mundial que beneficiará apenas uma elite, de que se fala um pouco nos meios de comunicação – de acordo com o método desenvolvido anteriormente-, a fim de preparar a opinião pública.

Antes deste novo ” fim da história “, onde talvez seremos as  testemunhas contemporâneas de um retorno a uma monarquia supranacional, vem uma pergunta hegeliana e de eterno retorno do concreto: alguém tem uma pedra para afiar nossas guilhotinas?

Publicado 7/1/ 2013 em http://www.egaliteetreconciliation.fr/

2 comentários em “França, filha mais velha da Maçonaria?

  1. Parece-nos um relato um tanto ou muiiito faccioso. Sem falta de conhecimento, sem nexo, a título de avacalhar a Ordem Maçônica que não é nada disso. Infelizmente e isso é culpa nossa em não divulgar as nossas atividades perante o público mais esclarecido e consciente de nossa validade. Claro, tem gente que se delicia.

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