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Um novo começo para a primeira organização maçônica na França?

Tradução José Filardo


Por Zohra Ramdane

Um evento importante acaba de ocorrer no Grande Oriente da França: as lojas que desejarem podem, a partir de agora iniciar mulheres. Esta feliz decisão que marca a recusa de segmentar a humanidade não deixará de reforçar a primeira obediência maçônica na França. Isso será suficiente para restaurar a influência que ela perdeu desde os anos 70?

Aconteceu com o Grande Oriente da França, como aconteceu com qualquer outra organização política, sindical ou associação: esta obediência também foi afetada pelo rolo compressor neoliberal. Esta ideologia é tão hegemônica que consegue impor a ideia de que não há alternativa política possível, até mesmo que a única política que vale é a “políticas das coisas”, no sentido entendido por Jean-Claude Milner, que, dito de outra forma, é a própria negação da política. Não é de admirar, em tal contexto, que o Grande Oriente de França tenha se despolitizado e, portanto, perdido sua influência.

No seu início, a Maçonaria francesa lutava de mãos dadas com a história.

Nascida durante o Iluminismo, portadora de um projeto inédito e coerente, ela foi fortemente envolvida na Revolução Francesa. Um século mais tarde, durante a segunda parte do reinado de Napoleão III, ela se tornou um local de encontro para os republicanos antibonapartistas. Ela contribuiu muito para o estabelecimento da Terceira República e a construção de suas grandes leis sociais, escolas e seculares. Na época da ocupação alemã, muitos maçons envolveram-se na Resistência. Mas desde a adopção da lei Veil, em 1975, está claro que o Grande Oriente de França não tem mais influência, seja através de seus trabalhos ou pela ação de um número significativo de seus membros.

Desprovida de qualquer projeto político, cada vez mais permeável à opinião dominante, o Grande Oriente da França, assim como a intelligentsia renunciou a defender o modelo social francês. A Obediência, portanto, isolou-se gradualmente do movimento social (1).  Ela se transformou em uma organização conservadora, em que não fala mais que no assunto “Fatos diversos” e que constitui uma excelente matéria jornalística para preencher falta de assunto. Seu crescimento (seu número passou de 30.000 membros em 1990 para 50.000 membros hoje) é menos um sinal de “boa saúde” que o sintoma de se tornar “um clube Inglês” e um recrutamento cada vez mais aberta para as pessoas cada vez menos politizadas.

Apesar deste período de perda de influência e combatividade, o Grande Oriente de França é ainda atraente. Mesmo que as leis de 1884 e 1901 tenham permitido que outros locais de associação existam, apesar de muitas organizações políticas e sindicais serem bem melhores que o Grande Oriente da França em termos de reflexão e ação, permanece o fato de que a democracia interna funciona, às vezes para melhor e às vezes para o pior. Poucas organizações podem se aproveitar: quantas pessoas deixam as organizações onde elas militavam depois de descobrir que a democracia interna era apenas para inglês ver? Com o seu ritual e dois séculos de funcionamento, o Grande Oriente de França ainda é um lugar onde uma abordagem filosófica, progressista, democrática e humanista é possível.

(1) É o suficiente para ser convencido, constatar colapso do número de seus membros com responsabilidades políticas, sindicais ou associativas.

Veja ainda:

Os maçons do Grande Oriente da França dão à luz à maçonaria mista com fórceps

Iniciação de Mulheres no GODF – Evolução

Iniciação de Mulheres no GODF – Evolução (Parte 2)

http://www.gaucherepublicaine.org/respublica/un-nouvel-elan-pour-la-premiere-obediencemaconnique- de-france/2172

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