Publicada em FREEMASON.PT
Por Maxell Egens

- Os cinco tatvas
- A rosa e a cruz
- Os cinco sentidos
- A inteligência
- A razão
- A intuição
- As cinco ordens de arquitectura
- O pentagrama
- A secção áurea
Os cinco tatvas
Os quatro elementos, em união com a Quintessência, formam os cinco Tatvas ou Bhutas, os princípios elementais da matéria física, segundo a filosofia tradicional da Índia: Akasha, Vayu, Tejas, Apas e Prithivi, que se traduzem ordinariamente como Éter, Ar, Fogo, Água e Terra. Não há necessidade de dizer que estes princípios não devem confundir-se com as suas manifestações materiais, ou sejam os estados da matéria, que se tomam unicamente como símbolos dos mesmos.
Deles ,os Upanishads nos falam nos seguintes termos: “O universo é originado pelos tatvas, sustentado pelos tatvas, e se dissolve nos tatvas”. Estes tatvas tem, pois simultaneamente valor e importância como princípios cósmicos, energéticos e vitais, enquanto produzem a matéria, a anima com as suas energias (emanando cada um deles uma particular modalidade vibratória nos seus átomos e moléculas), ao mesmo tempo que presidem as diferentes funções orgânicas e regram as manifestações da vida nos seus diferentes aspectos.
Akasha, o princípio etéreo do “espaço”, dá a cada coisa, forma ou expressão da vida, o lugar correspondente para sua manifestação: é o veículo do Verbo ou do som (Shabda), na sua essencial primordial. A sua vibração acha-se representada por um círculo cheio de pontos, imagem do espaço, cuja existência se relaciona com a sua manifestação. Preside os órgãos do ouvido e da voz e a função orgânica directora da vida conhecida com o nome de Udana, que regula a saúde e a enfermidade. É amargo e a sua cor é o branco ou índigo escuro.
Vayu (etimologicamente “vento”) é o princípio do “movimento” e da locomoção. A sua vibração acha-se representada por uma esfera, quer dizer, pela forma que naturalmente se produz em toda a matéria em movimento. Preside a função orgânica conhecida com o nome de Prana ou respiração, o órgão do tacto, as mãos como órgãos de acção e todo movimento e actividade do organismo. A sua cor é azul ou verde e o seu sabor ácido.
Tejas ou Agni, o Fogo, é o princípio de “expressão”, veículo da luz e do calor. A sua vibração representa com um triângulo, enquanto procede para cima e forma ângulos agudos. Preside a função orgânica de Samana ou nutrição, o órgão da vista e dos pés, como órgãos da acção. A sua cor é vermelho e o seu sabor picante.
Apas (as águas) é o princípio de solução. A sua vibração se irradia para baixo e está representada por um semicírculo ou semi-lua, manifestando o movimento ondulatório próprio do liquido elemento, que se move com toda facilidade, sem perder nunca a sua unidade. Preside a função conhecida como Viana ou formação, o órgão do gosto e o reprodutor. A sua cor é branco prata ou violeta e o seu sabor salgado.
Prithivi é o princípio de coesão, produzindo a solidez característica da terra neste estado. Representa-se portanto por um quadrado que corresponde a forma particular da sua vibração, que procede por ângulos rectos. Preside a função vital Apana, ou excreção, ao olfacto entre os sentidos, e ao ânus entre os órgãos activos. A sua cor é amarelo e o seu sabor doce; o seu som, grave.
Cada um destes cinco elementos deve ser considerado como a expressão física de um princípio (ou modalidade vibratório-formativa) metafísico ou mental, que o corresponde, chamado tanmatra. E isto por sua vez não seriam outras coisas senão diferenciações do primeiro princípio universal da objectividade, chamado Praktri ou Shakti, sendo este na sua natureza essencial simplesmente o poder de Purusha ou Shiva, o princípio universal da consciência ou subjectividade de todo o existente.
A rosa e a cruz
Também se relacionam com o quinário o símbolo da Rosa e da Cruz, emblema conhecido de um importante grau superior. A rosa – o quinto elemento, e em si mesma, pelas suas cinco pétalas, um quinário ou o pentagrama -, representa a vida nascida na cruz dos quatro elementos que forma a matéria, aos que anima com as suas folhas (a vida vegetativa) que se estende sobre os quatro braços da cruz.
A rosa na cruz constitui uma perfeita união do quinário com o quaternário, ou seja dos cinco elementos que expressam a vida (ou tatvas dos que acabamos de falar) com suas manifestações materiais que integram o mundo dos objectos. Como pentagrama no meio da cruz, a rosa representa ao homem crucificado ou expresso nos quatro elementos materiais, e os seus cinco sentidos, por meio dos quais se manifesta e obra sua inteligência, no reino de tais elementos. E também a Natureza que expressa a sua quíntupla potencialidade criadora dentro das quatro direcções ou dimensões do mundo fenoménico.
Quanto ao significado iniciático e místico do símbolo da Rosa e da Cruz, reservamo-nos a examiná-lo detidamente no VIII Manual desta série.
Os cinco sentidos
Cumpre-nos dizer algo, todavia, sobre os cinco sentidos e as cinco funções activas, simbolizados uns e outros nas cinco pontas do pentagrama e representados, respectivamente, em nove e sete órgãos distintos. São estes, evidentemente, com as cinco funções vegetativas (respiração, digestão, circulação, expressão e reprodução) as mais características expressões do quinário, que é o número que preside a todas as manifestações da vida, especialmente animal, que se encontra no homem sob o domínio de um princípio superior.
A observação da “vida psíquica” dos animais nas suas fases mais elementais, leva-nos a reconhecer como primeiro sentido a percepção indistinta de uma presença em geral distanciada e relacionada com o espaço, para o qual se formou um órgão cujo desenvolvimento pode muito bem ter sido anterior à capacidade de se mover.
Paralelamente com este órgão desenvolveu-se a capacidade de se expressar por meio de ruídos instintivos que evolucionaram finalmente na voz humana.
O órgão da vista nasceu depois, como evolução daquela sensibilidade a acção da luz, que é muito evidente também no reino vegetal, manifestando-se a acção dos diferentes raios em distintos pigmentos que se desenvolveram sob sua influência, análogos aos que se encontram também nos nossos olhos.
Paralelamente à vista desenvolveu-se a capacidade de se mover ou se estender em determinada direcção, faculdade que manifestam também as plantas, crescendo em direcção a luz, que estimula o seu movimento.
O órgão do tacto, apesar de que pareça o mais material, não é o primeiro na escala evolutiva, estando relacionado com a faculdade de pôr-se em contacto e, por onde, de “ir” em determinada direcção, impulsionando-o a ele uma percepção anterior de diferente natureza. Este órgão é um complemento evidente da vista e do ouvido, enquanto por meio do mesmo nos é dado assegurar-mos da realidade física ou tangível do que vemos ou ouvimos.
Assim como o órgão da vista impulsiona naturalmente a tocar o que um vê, desenvolvendo as mãos na sua dupla função de órgãos activos e sensitivos (função especialmente característica do homem) e os pés para mover-se na mesma direcção, assim também esta capacidade fez evolucionar o gosto, ao que podemos considerar como uma espécie de tacto refinado que nos permite reconhecer pelos seus sabores as diferentes substâncias, na sua relação de afinidade com as substâncias que integram o nosso organismo, distinguindo especialmente as que melhor podem aproveitar-se neste como materiais de construção.
Os órgãos de geração tem uma manifesta afinidade como o tacto e o gosto, prevalecendo o primeiro dos dois (como expressão dos elementos masculinos fogo e ar, derivados do enxofre) no órgão masculino, e o segundo (expressão análoga dos elementos femininos água e terra, derivados do sal) no feminino.
Enquanto o sentido do olfacto, ou seja a capacidade de reconhecer a natureza das substâncias difundidas no ar, é um dos últimos na escala evolutiva, já que tem um desenvolvimento distinto unicamente nos animais superiores, paralelamente com a função respiratória, e é provável que se ache destinado a refinar-se, especialmente na espécie humana. A faculdade activa que o corresponde, a de emitir odor, é evidentemente a mesma função excretora relacionada intimamente com a faculdade genésica, como aparece também naquelas plantas e alguns animais (como o cervo e o almisqueiro) que a desenvolvem em forma mais atractiva, tanto que se caçam para apossar-se do seu perfume.
A inteligência
Por meio dos sentidos se desenvolve a inteligência (o sexto sentido ou “sentido interior”, chamado Buddhi na terminologia indica) que corresponde ao centro do Pentagrama, ou seja a consciência individual e a faculdade de perceber e reproduzir interiormente os objectos da sensação. Com a sua Inteligência, e segundo o desenvolvimento da mesma, o homem chega a conhecer mais ou menos intimamente todas aquelas coisas que por meio dos mesmos sentidos se lhe revelam.
Os hindus fazem corresponder a cada órgão da sensação ou sentido exterior uma análoga faculdade ou sentido interior, por meio do qual se efectua a percepção correspondente. Portanto a nossa mente pode representar-se por uma estrela de cinco pontas que indicam os seus cinco sentidos, enquanto ao centro permanece a consciência com a sua tríplice faculdade de reconhecer as percepções, reconhecer-se a si mesma e reconhecer as relações entre todas estas coisas.
Esta faculdade é a da inteligência nos seus diferentes graus de desenvolvimento, que caracterizam um diferente grau de elevação ou evolução sobre o reino animal.
Primeiro existe a simples faculdade de perceber por meio dos sentidos, as coisas exteriores formando-se um “reflexo” interior que reproduz a sensação como percepção. Várias percepções que se referem a um mesmo objecto, condensam-se num local, ou seja na recepção interior das mesmas como unidade, que origina a memória. Estes dois primeiros estados se produzem no homem igual que nos animais.
Vem depois a faculdade de emitir conceitos concretos, reunindo-se ou sintetizando-se numa só imagem interior vários locais da mesma natureza, ou que tem algo em comum entre eles. Assim, por exemplo, depois de ver vários cavalos, se forma um único conceito geral do cavalo que não corresponde a nenhum destes cavalos particulares, senão que os sintetiza e os compreende todos numa única ideia; o mesmo pode dizer-se de todas outras coisas. Esta faculdade é própria do homem e tem a sua expressão natural no linguajar articulado que manifesta as ideias e que se diferencia portanto do linguajar não articulado dos animais que expressa unicamente as impressões.
O mesmo linguajar mostra o desenvolvimento desta faculdade nas diferentes raças. Assim, por exemplo, o facto de alguns povos tenham uma palavra para designar a vaca branca, outra para a vaca negra e outra para a vaca de cor, sem ter uma só palavra genérica para designar a vaca, mostra que lhes falta a ideia ou conceito geral de “vaca”. Os povos intelectualmente mais evoluídos o são também e sobre tudo na faculdade de expressar nos seus idiomas conceitos e ideias gerais, em preferência dos conceitos e ideias particulares, considerados como aspectos daqueles. Isto explica também a natural prioridade do politeísmo sobre o monoteísmo, toda vez que a imaginação predomine sobre a reflexão e a razão, e como aquele sempre prevalece entre as massas populares, de uma forma ou de outra, e só uma exígua minoria pode chegar a formar uma ideia mais universal da Divindade como sínteses pré-antimónica e Unidade Transcendente e Absoluta do todo existente.
As primeiras duas destas faculdades, a percepção e a memória, são primordialmente subconscientes, em que constituem a base necessária das faculdades propriamente conscientes. A terceira, a imaginação ou concepção, constitui o laço de união e ponte, por assim dizer, entre a consciência e a subconsciência: a sua actividade caótica ou semi-caótica nos sonhos e no estado de hipnose, faz-nos ver com toda a claridade até onde pode chegar, toda vez que não seja regulada pela consciência e dirigida pela razão.
A razão
A Inteligência desenvolve-se e evolui com a faculdade de abstrair e generalizar, procedendo constantemente do particular para o geral, da visão concreta a percepção abstracta, do símbolo a realidade que nesta se revela, do domínio da forma ao da essência, e do fenómeno a sua causa, ou seja do Ocidente ao Oriente simbólico.
Assim chegamos ao quarto e quinto graus que representam a evolução do poder intelectivo, caracterizados respectivamente pela capacidade de conceber ideias gerais e abstractas. Por exemplo, da ideia particular do cavalo e das outras ideias relativas a seres semelhantes, evoluciona a ideia geral de “animal”, é desta, a sua vez, a ideia abstracta da “vida”, comum a todos os seres manifestados, sem aplicar-se particularmente a nenhum deles.
Com esta faculdade de comparação e abstracção, se acompanha a de formar juízos das coisas, ou seja, a razão que diferencia a inteligência humana da inteligência puramente instintiva dos animais.
Razão (do latim ratio) é uma palavra que tem originariamente vários sentidos, sendo entre eles fundamental o de “divisão, parte ou medida” que implica exactidão e precisão, aplicando-se por extensão àquela faculdade da inteligência por meio da qual apreciamos devidamente as coisas e julgamos rectamente delas e das suas recíprocas relações.
De acordo com a simbologia maçónica, a Razão vem a ser o esquadro ou norma que se une a “faculdade compreensiva” da Inteligência, representada pelo compasso. A união perfeita destes dois instrumentos ou faculdades conduz ao homem a Verdade, representada pela letra G que em união com a estrela, se encontra entre o esquadro e o compasso.
A lógica é o caminho que nos conduz a essa Verdade, enquanto, por meio do silogismo ou união dos dois discursos ou juízos, sacando dos mesmos uma determinada conclusão, forma aquela cadeia ou concatenação inteligente que, como a cadeia de união dos nossos templos, parte do Ocidente simbólico para conduzir ao Oriente da Realidade, ou seja a uma perfeita compreensão dos Princípios que governam as coisas visíveis.
A intuição
Sem dúvida, o poder da Inteligência e da Razão se acham constantemente relacionados com o desenvolvimento da faculdade de abstracção, sendo os seus limites individuais os mesmos limites alcançados no indivíduo por essa faculdade.
A aritmética e a geometria, sobre as quais o Companheiro se há-de exercitar com o auxilio da lógica, referem-se principalmente a disciplina das ideias abstractas e universais, só por meio das quais podemos chegar ao relacionamento da Verdade que forma a meta das nossas aspirações filosóficas.
Neste caminho e mediante o seu exercício chegamos a um ponto no qual os instrumentos ordinários da Inteligência cessa de servir-nos. Aqui muitos se desorientam, e vendo inúteis os meios de que se serviram proveitosamente para alcançar este estado se retiram decepcionados, na crença de que não é possível prosseguir adiante.
Efectivamente, todas as regras usadas até agora se confundem as línguas em certo ponto da construção da Torre de Babel, de acordo com a lenda bíblica, já que é certo que nenhuma medida humana pode alcançar e medir o infinito. Assim, se considera este limite, marcado pela mesma Aritmética e a Geometria, como o non plus ultra do conhecimento humano, e se põe aqui as barreiras entre o conhecível e o incognoscível.
Porém onde não chega a razão alcança o poder da Inteligência, a faculdade destinada no homem a formar a mística escada que une a Terra com o Céu. uma nova faculdade tem que manifestar-se e desenvolver-se aqui, constituindo o sexto grau na evolução da Inteligência: a faculdade da intuição. Enquanto todos os esforços cumpridos até agora procedem de baixo para cima, a Intuição vem de cima para baixo, como uma nova luz ou compreensão sintética e imediata, que conduz a superar os limites fixados por Hércules da Inteligência Racional: discernindo esta Luz pode assim lograr e estabelecer-se no sexto grau da mística escada, adquirindo uma nova consciência da realidade de si mesmo e de todas as coisas.
Em outras palavras, o poente simbólico entre a Geometria e a Gnoses, significadas pela letra G, pode e deve franquear-se por meio do Génio individual, que nos guia neste caminho, e que Dante no seu poema imortalizou como Beatriz, ou seja a intuição da Realidade Supra-sensível e por onde beatífica, que guia ao homem aonde cessa o poder da Razão simbolizado por Virgílio, uma vez que temos chegados com esta ao extremo limite que a Inteligência Racional pode alcançar.
As cinco ordens de arquitectura
As cinco ordens de arquitectura estudados pelos antigos construtores, caracterizados pelas suas colunas, segundo aparecem na ilustração, podem servir como uma representação material dos cinco estados da inteligência, dos que acabamos de falar.
Estas colunas distinguem-se principalmente pelos capitéis, ou seja pela sua capacidade sustentadora do edifício mental que as coroa, na que se demonstra uma constante evolução, até um limite que não pode superar-se sem destruir as Leis ou regras da Harmonia e da Beleza.
O Toscano e o Dórico – os dois mais sólidos e simples – mostram a Inteligência rudimentar baseada sobre as percepções e a memória das mesmas, que o homem tem em comum com os animais. O Jónico indica os conceitos concretos elaborados sobre os primeiros, o Coríntio e o Composto, as ideias gerais e abstractas que provem das ideias mais particulares e concretas, expressando respectivamente a imaginação, o juízo e a compreensão.
Enquanto o edifício simbólico, construído pelos esforços da Inteligência Individual, a sua forma afecta melhor a imagem da Pirâmide da qual já falamos, que apoia a sua base tetragonal sobre a observação do mundo fenoménico, e desde o estudo dos factos, por meio dos quais chegam a formar-se os seus conceitos, passa a inferir e reconhecer as Leis que os governam, e por estas os Princípios fundamentais e primordiais, representados pelas ciências matemáticas, que nos introduzem no domínio da Metafísica, quer dizer, na compreensão da Realidade Transcendente simbolizada no ponto que constitui o Vértice da Pirâmide, o Oriente e a Origem primeira de toda Verdade, como de toda Realidade.
A Pirâmide truncada, símbolo dos conhecimentos puramente fenoménicos.
A Torre de Babel, símbolo dos esforços mal dirigidos fenoménico.
Passamos assim desde o domínio das ciências naturais, que constituem a parte inferior da Pirâmide da Gnose, ao das ciências físicas e matemáticas que informam a sua parte média, e destas as ciências metafísicas por meio da quais se constituem a sua parte superior, e sem as quais cairia truncada com a Torre de Babel, exemplo típico de toda construção que não se acha dirigida pela Sabedoria que provem do conhecimento das Causas e do discernimento do Real.
O pentagrama
No podemos deixar o estudo simbólico do número cinco sem examinar também o pentágono que, em união com estrela de cinco pontas ou pentagrama, o expressa geometricamente.
O pentagrama é uma figura muito usada pela Natureza nas suas construções minerais e orgânicas: tem face pentagonal várias espécies de cristais, e também afectam estas forma muitas folhas e células vegetais e animais. A mesma rosa primitiva forma um pentágono, com as suas cinco pétalas, como podemos ver no símbolo da Rosa na Cruz.
A solidez do conjunto desta figura geométrica a fez também eleger mais de uma vez pelos construtores de fortes, pois os seus ângulos obtusos oferecem mais resistência que os de uma construção quadrada.
A mesma Estrela Flamejante sai da sombra de um pentágono que a circunscreve e que representa mui bem as forças latentes da Natureza e a região obscura da mente que constitui o subconsciente na qual se destaca brilhante e luminosa, segundo expressa a pura luz da Consciência.
Unindo-se dois ou três dos seus vértices dividimos o pentágono, respectivamente, num triângulo e um quadrilátero ou em três triângulos. A primeira figura mostra a união do ternário com o quaternário e apresenta analogia com o avental maçónico; a segunda é outro emblema do ternário ou trindade.
A secção áurea
A união do pentágono e do pentagrama tem também importância enquanto a proporção existente entre o lado do pentágono e a linha que une seus vértices alternados (delimitando o pentagrama) dá-nos com exactidão essa secção áurea, conhecida pela matemática desde os tempos mais antigos, sobre a qual se fundava o cânon estético de várias civilizações, como aparece na escultura e arquitectura tanto grega como egípcia, e nas obras dos grandes mestres do renascimento.
Essa proporção constante, que a estrela de cinco pontas põem igualmente em evidência (sendo a proporção da distância entre duas das suas pontas e cada uma das cinco linhas que servem para a traçar), acha-se indicada matematicamente pela fórmula:
Tal proporção áurea é tal que, quando se divide uma linha segundo a mesma nas duas partes desiguais, corresponde a proporção entre estas, como a proporção entre a maior e a linha inteira. Um corpo humano perfeito parece obedecer-lhe, sendo a seção áurea determinada, pelo que se refere a altura, pelo umbigo; a mesma proporção pode observar-se, de diferente maneira, na relação entre as suas diferentes partes.
Daqui a importância que davam ao pentagrama, entre outros, os pitagóricos, sendo a estrela de cinco pontas o emblema da sua escola (por meio do qual os seus discípulos também acostumavam reconhecer-se), e a importância que igualmente tem não só entre os arquitectos e artistas dos séculos passados, senão também como emblema secreto das fraternidades construtoras de todos os tempos, especialmente medievais, pois nesse símbolo está escondido um dos mais apreciados segredos da Arte.
E também na Arte Real da Vida, que deve ensinar-nos a Maçonaria moderna e futura, esta secção e proporção áurea, que obedece a Lei do Pentagrama, nos indica-nos a áurea medida e o justo meio que devemos buscar em todas as nossas actividades e relações, para que na nossa existência se manifeste toda a Beleza e Harmonia que se encontra no seu Plano Divino.
(Continua)