José Filardo MI.´.
O começo do fim tem data e lugar precisos: 20 de Setembro de 1898 na Loja “UNIÃO COSMOPOLITA” de Ponte Nova, RJ. Nessa data foi iniciado mario marinho de carvalho behring, que em apenas três anos – deve ser o recorde na história da maçonaria universal – foi de Aprendiz a Grau 30 no REAA. Em 1901, para nossa vergonha, filiou-se a uma loja do Rito Moderno onde foi eleito VM por duas vezes.
Transcrevo agora as palavras de José Castellani.
“Enquanto o ambiente político estava agitado diante da nova eleição presidencial e dos episódios que supostamente envolviam Arthur Bernardes, a situação do Grande Oriente também não era tranquila, pois iniciava a década com nova cisão provocada por uma eleição fraudulenta.
Com a morte, a 28 de janeiro de 1921, do Grão-Mestre Adjunto Luís Soares Horta Barbosa, realizaram-se novas eleições, a 25 de Abril daquela para o preenchimento do cargo vago. A 3 de março, havia se realizado no Rio de Janeiro, uma convenção para a escolha do candidato ao cargo; nessa reunião com mais de 40 convencionais, surgiram duas candidaturas: a de mario marinho de carvalho behring, sustentada por uma pequena maioria que detinha o poder no Grande Oriente, e ado general Jose Maria Moreira Guimarães. Com o apoio de São Paulo, que não se fizera representar na convenção. Moreira Guimarães obteve a maioria dos votos (2.770 ante 2.124 de behring). Manipulando, todavia, os dados, a junta apuradora anulou votos de ambos os lados, mas principalmente os do general, de tal maneira que behring acabaria sendo eleito com 1.410 votos, quando só em São Paulo, Moreira Guimarães havia recebido 1.643 votos.”
A reação de São Paulo não tardou, e o GOSP pediu seu desligamento do GOB, exceto pela loja PIRATININGA que se recusou. O GOB retrucou com a fundação da Grande Loja Simbólica de São Paulo em 1921.
Em 1922, mario behring seria eleito Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil. Um comentário de testemunha contemporânea da uma ideia de seu calibre: “Foi, então, elevado ao Grão Mestrado Geral da Ordem, o Ir. mario behring, figura medíocre da Ordem, mas insinuante em conquistar posições, substituindo o General Cavalcanti.”
Em 1924, behring promove uma maracutaia, hipotecando o palácio do Lavradio para construir um orfanato em terreno alheio que viria a comprometer o futuro do GOB por muitos anos.
Em 1925, a Grande Loja Simbolica criada em 1921 é substituída por uma Delegacia do GOB no estado. Ouçamos novamente as palavras de Castellani: “Ocorre que na eleição de 20 de Maio acontecera a vitória de behring sobre Pedro Cunha, mas o pleito fora fraudado, já que apenas 176 lojas das 315 haviam votado e, dentre elas, so 16 mostraram mapas eleitorais corretos; diante disso, a Assembleia Geral, em sessão extraordinária de 5 de junho reconhecera que o eleito, na realidade, seria Pedro Cunha”.
O pleito é anulado e behring reassume para renunciar logo em seguida diante da perspectiva de não ser reeleito e pressionado pela impossibilidade de saldar a hipoteca do palácio do Lavradio.
Não querendo largar o osso (como é muito comum na ordem maçônica) ele manteve o cargo de Soberano Comendador do Supremo Conselho que era acumulado pelo Grão Mestre do GOB. Nesse cargo, em 1925 ele conseguiu separar o Supremo Conselho do GOB, passando esse a constituir uma entidade separada.
Afastada a maçã podre, São Paulo retorna em 1926 ao seio do GOB e a “primeira iniciativa de Octavio Kelly no sentido de sanar a irregularidade aconteceu pelo Decreto no. 859 de 21 de junho de 1927 que revogava para todos os efeitos o Decreto no. 858 que Hermes Fonseca assinara a 23 de fevereiro no sentido de transformar a Assembleia Geral em Constituinte a ser instalada a 24 de junho para colocar a Constituição do Grande Oriente do Brasil de acordo com o tratado celebrado com o Supremo Conselho.”
Matreiramente, behring roubou os documentos do Supremo Conselho no Lavradio e os transportou para a Rua da Constituição no. 38. Que acabará por criar uma cisão no Supremo Conselho.
Novamente, ouvimos Castellani: ‘… behring, todavia, programara essa cisão, criando um substrato simbólico para o seu Supremo Conselho na figura das Grandes Lojas Estaduais. A primeira delas a da Bahia, já havia sido fundada em 22 de maio de 1927 recebendo do Supremo Conselho, a carta constitutiva no. 1…”
Em Agosto de 1927, behring declara o GOB como potência irregular no seio da Maçonaria Universal. No mesmo mês, o Grão Mestre suspende os direitos maçônicos de mario behring e outros cumplices dele.
Em 1930 a situação do GOSP se define, reincorporado que foi ao GOB depois de toda a confusão.
Porém, esse estado de coisas teve consequências tão profundas que decretaram o fim da Maçonaria no Brasil. E o que renasceu das cinzas não foi uma fênix, mas uma galinha depenada…
Capengou nos três anos seguintes até o golpe de estado de 1930 com a implantação do estado de sítio, quando muitas Lojas suspenderam seu funcionamento. A política se radicalizou na sociedade polarizando-se em integralistas e comunistas, e criando abismos entre irmãos; o ditador infiltrou as lojas com seus quintacolunas medíocres e o espírito combativo da Ordem foi finalmente anulado.
CASTELLANI, J – História do Grande Oriente do Brasil,
Se o Ir.’. Subiu em 3 Anos do Grau de Aprendiz ao 30° e o Grande Oriente sancionou, Logicamente o Grande Oriente Sustentou a Evolução e com isso é Conivente.
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Sempre essas contradições (típicas do Castellani): tinha pequena maioria, mas perdeu as eleições. Os votos em SP para o outro candidato não eram os esperados? Então houve fraude. Ele subiu de grau muito rápido? A culpa é dele, não do GOB. A história, na verdade, é outra e diz respeito à separação entre Potências Simbólicas e Supremos Conselhos, exigência que não foi de Behring, mas do Supremo Conselho mundial a fim de que o nosso SC pudesse ser reconhecido. Só isso. O resto é mágoa.
Aliás, qual a história da cisão dos Grande Orientes Independentes? Também fraude nas eleições?
Um TFA.
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