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Nem tudo são flores no jardim da maçonaria francesa…

A Revista Franc-Maçonnerie perseguida por Francois Stifani. Audiência perante um juiz

06 de outubro de 2011

por FRANÇOIS KOCH  (Tradução José Filardo)


 PS (07 de outubro), como era provável, Helene Cuny e Jacques Perret foram interrogados. A audiência poderá ser realizada no final da primavera de 2012.

Os representantes legais do periódico Franc-Maçonnerie Magazine (FMM) foram recebidos em 7 de outubro de 2011 por um juiz de instrução do Tribunal de Alta Instância de Paris, para um interrogatório. Isto se segue a uma queixa de difamação protocolada por Francois Stifani em outubro de 2010: ela visa uma entrevista de Jacques Perret Ex-Grão Mestre Provincial de Grande Couronne (veja aqui entrevista com Jacques Perret, em Fmmagazine em setembro-outubro 2010 ).

O Grão-Mestre da Grande Loja Nacional Francesa (GLNF) François Stifani acusa Jacques Perret de tê-lo acusado de mergulhar a obediência em “deliquescência“; de se engajar em uma “caça às bruxas“; de “excessos autocráticos; “megalomania“; de ter permitido numerosos “erros“; de ter organizado uma “paródia de justiça maçônica“… e de ser responsável por um” sistema delinquente“.

 

Foram convocados separadamente diante da juíza de instrução Nadine Berthélemy-Dupuy amanhã, sexta – feira 7 de outubro no final da manhã: Helene Cuny, Diretora de publicação da FMM, Nicolas Georges, Gerente da empresa FMM e Jacques Perret.

Hélène Cuny e Nicolas George são defendidos pelo advogado Jean-Michel Quillardet, ex-grão-mestre do  GODF  (2005-2008). Francois Stifani é defendido pelo Dr. Olivier Pardo.

Esperamos uma decisão de cancelamento da ação, confidenciou-me o Dr. Quillardet, porque eu não vejo o que existe de difamatório neste artigo da imprensa.”

A entrevista parece-me, de fato, bastante moderada. Nada impede, entretanto, que a juíza indicie a diretora de publicação da FMM e o entrevistado (o gerente, eu não entendo a razão), o que não prejudicaria uma eventual condenação. Pergunta-se, a queixa tendo sido apresentada em nome da GLNF, a Dra. Monique Legrand, administradora judicial e diretora ad hoc da obediência, vai continuar o processo ou vai abandoná-lo?

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Tradução da entrevista que desencadeou a polêmica:

 

 PARÓDIA DE JUSTIÇA MAÇÔNICA NA GLNF: O COLAPSO DE UM SISTEMA

 A GLNF continua a viver seus piores momentos. Enquanto a direção da obediência persiste em sua recusa de considerar as reivindicações dos irmãos, Jacques Perret decidiu não comparecer perante o Conselho Nacional de Disciplina da GLNF, agendado para 22 de julho próximo passado. Por este ato simbólico forte, ele continua a denunciar um sistema delinquente, nas mãos de um grão mestre que perdeu o seu senso dos valores maçônicos. Entrevista exclusiva para a revista Franc-Maçonnerie.

Helene Cuny: Por que você se recusou a comparecer perante o Conselho de Disciplina Nacional da GLNF, agendado para 22 de julho?

 Jacques Perret – François Stifani decidiu levar perante o conselho disciplinar todos aqueles que resistem à empresa de demolição da obediência a que ele se engajou. Então, tenho a honra de fazer parte desta “carroça de condenados”. No entanto, eu não pretendo comparecer a esta convocação, porque eu nego qualquer legitimidade a este conselho de disciplina e não desejo associar-me a esta triste paródia de “justiça maçônica”. Eu acredito que se deve haver um conselho disciplinar, seria para exigir explicações de Francois Stifani pelos prejuízos que ele causa à GLNF.

HC: O que você espera deste ato?

JP – Eu dei à minha recusa o caráter da minha carta aberta de 26 de junho Se eu usei esse procedimento incomum entre os maçons, é porque eu acredito que não se trata aqui de meu destino particular, mas do futuro da GLNF. Minha recusa em comparecer à convocação do Conselho de Disciplina não é, em si, um ato de rebelião, mas um ato de fé e respeito pela obediência que eu sirvo há quase 35 anos. Foi necessário apelar publicamente aos Irmãos da GLNF para que eles avaliem o estado de decadência em que se encontra a obediência e que saibam que milhares de Irmãos decidiram se opor à sua destruição.

HC: Diante da recusa de François Stifani de levar em conta as dificuldades da obediência, você estaria pronto para se manifestar diante da sede da GLNF?

JP – Não é meu hábito participar de manifestações de rua… A oposição a Francois Stifani está agora estruturada, ela se expressará apesar das exclusões e das intimidações durante a próxima Assembleia Geral civil e pela rede “FMR” (Franc Maçonnerie Régulière), na Web e na mídia.

HC: A próxima reunião geral da civil da GLNF está marcada para 16 de Outubro. O que você espera dela?

JP – A AG civil anterior da GLNF Civil foi encerrada pelo atual grão-mestre e sua equipe por uma negação total. Sobre todas as questões essenciais: relação-moral, aprovação de orçamento, orçamento provisório, F. Stifani ficou totalmente em minoria. Contra todos os costumes em uma associação democrática, contra os estatutos, o atual grão mestre ignorou totalmente o desafio que foi expresso em dezembro passado. Espero da próxima Assembleia Geral civil que ela seja “o Último Tango em Paris”, de François Stifani, e que finalmente, ele colha as consequências do seu senso de honra e, acima de tudo, o senso que ele devia ter do interesse que a GLNF deve ditar. Eu suspeito que Francois Stifani queira aproveitar-se da renovação parcial dos membros da A.G. (os veneráveis e primeiros vigilantes) para “retomar pé”; eu acho que ele alimenta ilusões e que ele não avalia que está completamente desligado dos irmãos que descobrem, a cada notícia nova, blogue após blogue, a extensão dos erros de seu grande mestre e seu “círculo íntimo”. Esta Assembleia Geral deve ser aquela em que a GLNF definitivamente virará a página Stifani para escrever uma nova, consistente com nossos valores e nossa missão no seio da Maçonaria da França.

HC: Os Irmãos da GLNF já não se reconhecem em François Stifani. Que futuro você vê para a obediência?

JP- Você tem razão; Francois Stifani já não tem qualquer legitimidade para comandar a GLNF. A urgência agora é sua partida imediata e incondicional. Tão logo esta página da nossa história pouco gloriosa seja virada, estou convencido de que assistiremos um retorno à calma. Muito provavelmente será necessário nomear um administrador provisório, depois reformar a “governança” da GLNF, para evitar qualquer desvio autocrático no futuro, talvez também rever os estatutos. Será necessário, em todo caso, abandonar sem intenção de retornar, os recursos de filiação e à competição com as outras obediências maçônicas francesas. Francois Stifani via a si mesmo como o maior grão mestre da maior obediência: Esta megalomania é absurda e deve cessar. A disputa feroz por filiações é responsável por muita coisa no estado atual da obediência: a iniciações apressadas, educação maçônica deficiente, gosto por cargos e homenagens são efeitos deletérios dessa política. Eu acho também que as contribuições devem ser revistas, bem como a gestão financeira da GLNF em seus fundamentos.

HC: Neste ambiente difícil, você mantem certo otimismo?

JP – Eu gostaria de lhe dizer que a GLNF vive hoje, pela primeira vez em sua existência uma espécie de pesadelo: um grande mestre que perdeu totalmente a sua orientação maçônica, caça às bruxas no seio da obediência, o risco de colapso. Há perigo na lentidão. É preciso sair dela! O futuro não é possível, a não ser rompendo com esta espiral infernal. A tristeza que eu sinto hoje, ao lhe dizer isso não me impede de nutrir a esperança de uma refundação da GLNF e uma reorientação de seus valores fundamentais, de um retorno à paz em nossos templos onde cada um aspire a formar novamente a cadeia de união. •

Jacques Perret é o ex- Grão Mestre Provincial da Província de Grande Coronne (Versailles) 

Matéria publicada no bloque sobre Maçonaria da revista l’Express – La Lumiére

 

 

 

 

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