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Perspectivas Junguianas acerca de vivências na Ordem Maçónica

Publicado em FREMASON.PT

Por:

Claudiney Rodrigues Calsavara 
Paulo Ferreira Bonfatti 

Introdução

O presente estudo traz aspectos da vivência maçónica experienciados pelos integrantes da Maçonaria, conhecidos como maçons, que seguem e estudam os ensinamentos que estão contidos nos regulamentos, rituais, cerimoniais, símbolos, alegorias e instruções normativas dessa organização.

É-se levado a considerar que essa experiência pode proporcionar uma modificação no sentido de ampliar a consciência dos seus integrantes, não na meta de chegar à perfeição ou com a finalidade de obter uma fórmula mágica que garanta o sucesso. Mas algo que está numa possível sintonia com o resultado proporcionado por um processo de individuação, conceito presente na psicologia junguiana que tem como meta levar a um processo de transformação psicológico na busca de uma totalidade psíquica.

Os principais conceitos da psicologia analítica junguiana e da Obediência Maçónica, relacionados ao processo de individuação e a vivência maçónica, servirão de referência para o presente artigo, o qual, nos seus estudos, tomou como base uma revisão de narrativa de carácter exploratória.

A necessidade de se ter uma abordagem que procura entender o que traz sentido à vida, faz parte dos instintos inatos do ser humano e dos seus impulsos profundos fundamentais. Jung (2013d) coloca que o ser humano apresenta, sem variações notáveis, pontos de entendimento filosóficos e religiosos sobre o sentido da existência e da sua própria experiência vivencial. Alguns se gabam de não se enquadrarem nisso. Porém são raros entre a maior parte dos seres humanos; carece-lhes uma função fundamental que já foi constatada como necessária à psique humana.

A crença maçónica no Grande Arquitecto do Universo deixa cada Maçom livre para escolher como crer na sua manifestação na existência. Segundo Maxence (2010), esse termo seria a maneira que os maçons se referem a Deus. O seu significado não é imposto como um objecto de veneração ou de crença. Ele é algo significativo e representativo. Não sendo colocado como dogma redutor e é o representante de uma dimensão que perpassa o homem.

Buscar o sentido da vida permanece uma necessidade da humanidade como um todo, e, especificamente, do Maçom na Ordem Maçónica. Considerar a compreensão da mitologia é uma possibilidade para encontrar esse propósito, tendo em vista que, juntamente com o simbolismo, ela está presente nos rituais e cerimoniais de iniciação da Maçonaria auxiliando nessa procura (MAXENCE, 2010).

Jung (2012b) proporcionou-nos estudos sobre o que é o inconsciente. A psique possui aspectos individuais e colectivos, não é apenas um produto da experiência pessoal, uma vez que envolve, ainda, uma dimensão muito maior que se manifesta em padrões e imagens universais, tais como os que se podem encontrar em mitologias e crenças diversas (EDINGER, 2020).

Importante destacar que essas imagens estão presentes nas cerimónias da Ordem Maçónica, estes serão descritos, nas suas partes essenciais, ao longo do presente artigo. Na sequência, serão apresentados conceitos da psicologia profunda que permitirão uma melhor compreensão da perspectiva junguiana que está particularmente relacionada à vivência maçónica nos seus aspectos fundamentais.

Conceitos da psicologia Junguiana

Segundo Sanford (2020), um termo de muita importância na psicologia profunda é o conceito de individuação e entender o seu significado é essencial para a compreensão da psicologia junguiana. A Individuação é a identificação dada ao processo de transformação psíquico que ocorre constantemente em nós e que tem como fim o desenvolvimento de uma personalidade completa. Este processo não é aquilo que queremos fazer com consciência, mas uma necessidade imperativa que tem origem espontânea na nossa psique.

A individuação, seguindo o estudo de Stein (2020), tem como material a ser trabalhado as forças opostas, como por exemplos: bem e mal, luz e sombra, activo e passivo, dentre outras. Para ser alcançada é fundamental a integração desses componentes divergentes pelo indivíduo na sua consciência.

Tendo como referencial Stein (2020), o processo de individuação não se limita a uma especificação simples da maneira como um indivíduo se desenvolve ao longo da infância e da juventude, vivenciando, então, essa forma de ser construída que se apresenta como adulto. O processo de individuação pode ser caracterizado quando o ego-consciência vai além das suas características e hábitos pessoais determinados. Ele ultrapassa as atitudes contextuais introjetadas e pode chegar a um maior autoconhecimento e totalidade.

Outro importante conceito da psicologia profunda, conforme Jacobi (2016), é o conceito de complexos que podem ser considerados como sendo energias psíquicas desconhecidas de forte carga afectiva que estão em raízes profundas da psique, sendo possíveis de conscientização. Tal conquista de consciência, pode ser alcançada através do método analítico da psicologia junguiana, por exemplo. (JACOBI, 2016).

Esclarece a autora supracitada, especificamente, que os arquétipos são factores e temas que organizam elementos psíquicos, formando determinadas imagens que são percebidas pelas consequências que trazem no comportamento do ser humano ao longo da sua vida. O arquétipo é sempre actualizado de acordo com a vida interior e exterior do indivíduo.

Em sintonia com os esclarecimentos de Stein (2020), os arquétipos podem ser considerados como não necessariamente presentes no passado ou no tempo, são a-históricos e atemporais. Eles materializam estruturas genéricas e motivos de vida. A identificação com um arquétipo é algo totalmente inconsciente no seu processo. Somente para alguns é possível perceber claramente essa ocorrência.

As diversas ocorrências culturais estão no nosso mundo exercendo mudança de comportamento em diversos grupos sociais e transformando as suas visões de mundo. Da perspectiva da psicologia profunda, argumentamos que diversas manifestações do saber cultural são comportamentos com ligações aos arquétipos universais que continuam a exercer influência com o passar do tempo, tais como: persona, sombra, mãe e pai (STEIN, 2021).

Ainda em conformidade com Jacobi (2016), o arquétipo se manifesta no aqui e agora do espaço e do tempo. Caso pudermos percebê-lo na consciência de alguma maneira, então falaremos de símbolo. Isto quer dizer que cada símbolo é, também, ao mesmo tempo, uma expressão de um arquétipo, de maneira que seria um desenho básico arquetípico imaginado.

Edinger (2020) observa que o homem é carente de uma vida constituída de símbolos, assim como necessita de um contexto contendo os signos. Para melhor compreensão é importante deixar claro que o signo é uma unidade de significado que materializa algo do nosso entendimento, exemplificando: a língua é um sistema de signos, e não de símbolos. O signo veicula um significado abstracto e objectivo. Ele é morto. Já o símbolo, por sua vez, é vida. Ele é uma imagem ou representação que nos mostra o desconhecido, algo subjectivo, ele é dotado de um dinamismo que exerce sobre o indivíduo uma poderosa atracção e um poderoso fascínio.

Um símbolo que impõe a sua natureza simbólica, ainda não é necessariamente vivo. Pode actuar, por exemplo, apenas sobre a compreensão histórica ou filosófica. Desperta interesse intelectual ou estético. Um símbolo é vivo só quando é para o observador a expressão melhor e mais plena possível do pressentido e ainda não consciente. Nestas condições operacionaliza a participação do inconsciente. Como diz Fausto: Quão diferente é a actuação deste sinal em mim […] (JUNG, 2013e, p. 489).

Jung (2013d) instrui que o símbolo está presente ao longo dos anos na nossa civilização. Ele participa em diversos processos da evolução da humanidade. O desenvolvimento do indivíduo é muitas vezes alcançado pela vivência, singular, do significado simbólico.

De acordo com Edinger (2020), a psicologia junguiana nos traz o conhecimento de que a psique arquetípica conta com um princípio estruturador ou organizador de conteúdos arquetípicos: o Si- mesmo. O Si-mesmo pode ser identificado, na psicologia junguiana, como a divindade empírica interna e equivale à imago Dei, a imagem de Deus e não Deus. Observemos a explicação seguinte de Carl Gustav Jung:

A imagem divina decorrente de um acto de criação espontâneo é uma figura viva, uma entidade que existe de per si e por isto se torna autónoma com relação ao seu aparente criador. Como prova disto lembramos que a relação entre o criador e a sua obra é dialéctica e, de acordo com a experiência, não raro é a obra que fala ao seu criador. Certa ou erradamente, o homem comum conclui daí que não foi ele quem a criou, mas que ela se moldou dentro dele – uma possibilidade que crítica alguma pode refutar, pois o vir a ser desta figura é um processo natural orientado para um determinado fim, no qual a causa antecipa a finalidade. Como se trata de um fenómeno natural, fica em aberto se uma imagem divina é criada ou se cria a si mesma. O homem comum não consegue negar esta independência e desenvolve na prática o seu relacionamento dialéctico. Assim, em todas as situações difíceis ou perigosas apela para a sua presença, com o intuito de deixar a seu cargo as dificuldades aparentemente insuportáveis e esperar a sua ajuda […] (JUNG, 2013g, p. 82­83).

Edinger (2020) complementa trazendo-nos a informação que o Si-mesmo é o ordenador e unificador da psique total, consciente e inconsciente, assim como o ego é o centro da personalidade consciente. O ego está ligado a identidade subjectiva, ao passo que o Si-mesmo à identidade objectiva.

Segundo Sanford (2020), por intermédio da relação entre o ego e o Si-mesmo é que começa o processo de conscientização. O ego é o componente de nós com o qual estamos estreitamente ligados e identificados. Devido a isso, é comum se entender que a personalidade não vai além da divisa do ego, ainda que, de facto, a parte significativa da psique esteja contida no inconsciente. O Si-mesmo é o nome que Jung deu à psique na sua totalidade na seguinte descrição: “A este cabe funcionalmente o significado de um Senhor do mundo interior, isto é, do inconsciente colectivo” (JUNG, 2013g, p. 433). Jung aqui se expressa metaforicamente, tanto que utiliza a palavra “significado” e o pronome indefinido “um”. Ele não diz que o Si-Mesmo “é” o Senhor do mundo interior.

O Si-mesmo pode ser visto como a nossa personalidade plena. O Si-mesmo é composto tanto pelo consciente quanto pelo inconsciente numa totalidade paradoxal. Ele está presente dentro de nós a partir do início da vida como uma força com potencialidade (SANFORD, 2020).

Ainda conforme Sanford (2020), caso a individuação vir a ser, a experiência do Si-mesmo precisa realizar-se através da vida que participamos realmente. Para isso, é imprescindível o trabalho conjunto entre o ego e o Si-mesmo, porque o ego precisa tornar-se uma espécie de recipiente através do qual o Si-mesmo é realizado e manifesto.

Neumann (2021) coloca que o conceito junguiano de persona se refere a uma veste psíquica utilizada pelo indivíduo. Por detrás dessa, podem, muitas vezes, estar presentes as sombras, aquilo que está fora do que se considera certo, algo que está secreto ou é misterioso, dentre outras possibilidades.

O bem e o mal são forças psíquicas opostas que nos acompanham, tanto individualmente quanto no ambiente externo ou contextualmente. Assim sendo, a conscientização das suas presenças permite o desenvolvimento ao longo da vida de uma possível totalidade de consciência. A negação da existência do mal leva a sua manifestação sem controle, tais como podemos observar nas diversas guerras pelo mundo, nas inúmeras formas de agressões, no fanatismo religioso e instabilidades no meio que vivemos (NEUMANN, 2021).

Franz (2018) argumenta que a abordagem do sentido do mal em qualquer indivíduo é o problema da sombra; do mal que lhe é característico. Todos temos uma fuga no sentido a não atentar para a nossa sombra ou a utilizar uma suavização através do uso de eufemismos e justificá-la em determinados conjuntos de ideias. Sem o reconhecimento das nossas deficiências ou daquilo que nós negamos, não se pode desenvolver um processo de individuação com progresso rumo à totalidade.

Conceitos da Maçonaria

A Maçonaria, contemporaneamente, não pode ser considerada tão secreta como outrora, pois é uma instituição civil que possui registro nos livros dos cartórios, tendo personalidade jurídica, estando assim, sob a obediência das Leis Constitucionais. No Brasil, a Ordem Maçónica tem progredido multiplicando as suas representações locais, conhecidas entre os maçons como lojas maçónicas. Nelas são recepcionados novos adeptos que comporão os seus quadros pessoais. Elas possuem os seus templos e as suas características próprias para a ritualística (CAMINO, 2015).

Conforme nos ensina Boucher (2015), a Obediência Maçónica preserva tradições presentes nos ensinamentos iniciáticos e na simbologia maçónica. O símbolo possui a capacidade de fazer adquirir certos detalhes que podem estar fora da ciência, mas que nem por isso é menos importante. O símbolo, na perspectiva maçónica, é uma possibilidade ou espécie de descobrimento e de esclarecimento. (BOUCHER, 2015).

Camino (2015), aponta que a Ordem Maçónica se manifesta por intermédio de reuniões que buscam uma referência ao Ser Supremo, conhecido como Grande Arquitecto do Universo. Ela faz uso dos ritos e dos símbolos. Um exemplo do simbolismo no templo é a presença no interior do ambiente de um livro considerado sagrado. Ele simboliza a palavra divina, o verbo ou verdade suprema, escrita no nosso arquivo da memória, é a lei natural.

Para os países de predominância católica e protestante é representado pelo uso de uma Bíblia, mas em outros credos pode ser o Livro dos Mortos, o Vedas, o Torah ou o Alcorão. Evidencia-se na Ordem o culto ao amor fraterno, a liberdade e a igualdade que são reconhecidos como valores importantes (CAMINO, 2015).

Segundo Boucher (2015), a Maçonaria tem como grande meta abrir o caminho à conscientização do Aprendiz Maçom que se inicia na Ordem. Para isso, faz uso da dramatização ritualística nos cerimoniais de iniciação dos diferentes graus e conta com instruções ministradas pelos Mestres maçons. Além disso, faz uso da simbologia maçónica que está contida nos diferentes ritos, manuais, na decoração e harmonia do interior dos espaços de reuniões. A maneira de agir do Maçom depende muito da afinidade, da capacidade cognitiva de aprendizagem e principalmente da dedicação dos seus integrantes.

A tolerância é um atributo importante no processo de conscientização dos maçons, a aceitação das diferentes visões de Deus presentes nos integrantes da Obediência Maçónica é respeitada. Para ser admitido na organização, há a necessidade de se crer em Deus, pois os ensinamentos são baseados na existência de um Ser Supremo (CAMINO, 2015).

A crença numa Força Superior na Ordem Maçónica materializa um significado de algo muito maior e muito mais complexo, muito além da capacidade de compreensão da inteligência humana. Ele é conhecido na Ordem como “Grande Arquitecto do Universo”. Existe na vida maçónica a liberdade de crer, sem ortodoxia ou dogmatismo (CAMINO, 2015).

A estruturação ou organização da Ordem Maçónica se baseia em três graus de simbolismo maçónico, grau 1 ou de Aprendiz, grau 2 ou de Companheiro e grau 3 ou de Mestre (CAMINO, 2015).

Seguindo o estudo de Adoum (2010b), no grau de Aprendiz a meta é o estudo de onde se origina o ser. Já no grau de Companheiro, que é o segundo grau, o foco é buscar uma resposta à pergunta: Quem Somos? No grau de Mestre, fica evidente a efemeridade da vida com a percepção da morte a nos aguardar num futuro inevitável.

Segundo Camino (2015), a aprendizagem do Maçom na Ordem não é uma fórmula pronta, não é um gabarito para se chegar a um padrão de excelência e ausência de defeito, sendo destaque, entender que a singularidade de cada um é imprescindível para o aumento da conscientização do ser. Além disso, a compreensão dos postulados simbólicos da Maçonaria, a capacidade de transformar em prática para si mesmo e reverberar esse progresso para o contexto social são fundamentais.

Psicologia Junguiana e a vivência Maçónica

A Obediência Maçónica apresenta vários aspectos que permitem uma comparação, não necessariamente equivalente ou superior, mas no sentido de poder se aproximar de alguns conceitos junguianos, apesar das suas diferenças. Em conformidade com Maxence (2010), a psicologia junguiana pode contribuir para os estudos maçónicos que buscam uma ampliação da consciência, e, também, para o aperfeiçoamento da instrução nas sessões (trabalhos) da Maçonaria que é constituída de ritos e símbolos. Importante frisar que a psicologia junguiana não tem propósito de educar ninguém e nem servir de base ou ferramenta para doutrinação.

A busca de sentido

Na contemporaneidade, o sentido da vida está relegado a um segundo plano de importância. Como consequência, o vazio existencial e a falta de sentido fazem com que o indivíduo procure um propósito que lhe preencha, trazendo maior motivação para vir a ser.

Começamos, no entanto a sentir as consequências deste atrofiamento da personalidade humana. Por toda a parte se levanta o problema de uma cosmovisão, o problema do sentido da vida e do mundo. na nossa época, numerosas tem sido as tentativas de anular o curso do tempo e de cultivar uma cosmovisão de estilo antigo, ou seja, a teosofia, ou, para empregarmos um termo mais palatável, a antroposofia. Nós temos necessidade de uma cosmovisão; em todo caso tem-na a geração mais nova. Mas se não queremos retrogradar, qualquer nova cosmovisão deve renunciar à superstição da sua validade objectiva, e admitir que é apenas uma imagem que pintamos para deleite da nossa mente, e não um nome mágico com o qual tornamos presentes as coisas objectivas. A nossa cosmovisão não é para o mundo, mas para nós próprios. Se não formarmos uma imagem global do mundo, também não podemos nos ver a nós próprios, que somos cópias fiéis deste mundo. Somente quando nos contemplamos no espelho da imagem que temos do mundo é que nos vemos de corpo inteiro. Só aparecemos na imagem que criamos […] (JUNG, 2013b, p. 337).

Segundo Adoum (2011), o indivíduo que procura a iniciação na Ordem Maçónica tem a esperança de encontrar uma opção para suprir a sua falta de sentido na vida. Os candidatos que serão admitidos na Ordem Maçónica são, geralmente, carentes de respostas sobre a vida, sobre a morte, são sedentos de um caminho de crescimento em liberdade, precisam de uma direcção, necessitam de alguém que já percorreu o caminho para lhe passar o conhecimento, são indivíduos que querem respostas para os seus questionamentos, que buscam uma conscientização maior. Importante destacar que as ausências do fanatismo, do egoísmo e, também, da vaidade (conforme será descrito adiante no presente artigo ao tratar do cerimonial de mestre Maçom) são fundamentais para atingir um crescimento na vivência maçónica.

Para a Maçonaria a conscientização da finitude da existência desperta a importância de se ter um sentido de existir da criatura humana. Nascer, viver, morrer e, quem sabe, renascer, são etapas sucessivas e obrigatórias de passagem de todos os seres, elas visam uma construção. O Maçom é, simbolicamente, alguém que vai passar por essas experiências nas participações activas. Nas instruções dos graus maçónicos ao longo da aprendizagem que ocorre na ritualística simbólica da Maçonaria, é importante destacar que a perfeição nunca será alcançada. É algo que se busca sempre (CAMINO, 2015).

Edinger (2020), considera que as várias influências materiais do mundo ocidental aprisionam o indivíduo e o condicionam a um padrão de comportamento totalmente dependente de um contexto externo. Esta falta de liberdade leva o indivíduo a procurar o significado da vida nos objectos que possuem valor, no aspecto do capital e do reconhecimento externo.

Sanford (1998), mostra-nos que a liberdade é o verdadeiro tesouro psicológico a ser conquistado, uma vez que ser livre, é ter a condição de se adquirir conscientização e de vivenciar um desenvolvimento de propósito no caminho que percorremos nas nossas vidas. Tal opção não está necessariamente vinculada a uma direcção pré determinada, não existe um padrão ou fórmula mágica pronta.

Adoum (2010a), assevera que o acto de fazer parte da Obediência Maçónica, através do ingresso numa cerimónia de Iniciação, com toda a ritualística e simbolismo característicos, proporciona a possibilidade de viver um renascimento, tal aspecto será apresentado mais adiante no presente estudo.

Os rituais

Jung (2014) descreve que os ritos serviram e, ainda, estão presentes no processo de desenvolvimento da cultura do ser humano. Eles muitas vezes são experienciados na transformação do indivíduo. Os ritos também se modificam ao longo do tempo, muitas vezes é determinado pelo contexto cultural presente.

Jung (2013c) instrui-nos que o ser humano, desde os tempos remotos sente a necessidade de realizar rituais como apoio para tentar compreender o que lhe é desconhecido. Num mundo primitivo, não se deixa de acreditar nos deuses, nos espíritos, no destino e nas características fantasiosas do local e do tempo, que são referenciados com frequência nesses rituais.

De acordo com Jung (2013f), não há nada de novo em falar que as imagens arquetípicas são projectadas. Isto verdadeiramente tem de se manifestar, pois caso não, elas dominariam a consciência. O desafio consiste apenas em achar uma maneira que seja um recipiente próprio, adequado. A iniciação dentro de uma religião através do baptismo é uma possibilidade para tal. No curso da diferenciação da consciência, a iniciação tem evoluído nas suas manifestações ao longo do passar do tempo e do contexto que fazem parte.

Campbell (2008) afirma que o ritual permite a materialização de uma ocorrência ou projecção de um drama, visível e activo de um determinado mito. Ao fazer parte de uma encenação através de um rito, o indivíduo se vincula no mito e este adentra ao sujeito, como se fizesse parte dele – desde que, é claro, seja influenciado significativamente pela imagem.

Jung (2012a) assevera que o simbolismo de alguns ritos, quando devidamente compreendido, vai além do aspecto simples e antigo, em direcção àquela motivação psíquica presente no nosso interior, ou seja, inata, produto e armazém de toda a vida ancestral. É necessário destacar como é importante os ritos para a o ser humano. Se os ritos não produzissem nenhum efeito, não só teriam desaparecido como nem teriam originado.

Destaca-se para a compreensão do entendimento do significado de símbolo, tendo como referencial Jung (2013e), que se algo é um símbolo ou não vai necessitar, primeiramente, da atitude da consciência de quem observa. De acordo com o que aponta Jacobi (2016), essa compreensão vai depender de saber se um indivíduo tem a possibilidade e a capacidade de enxergar determinado facto, por exemplo: uma árvore não só na sua aparência física, mas também como expressão ou como imagem sensível de algo desconhecido. Portanto, é possível que o mesmo facto ou objecto seja representado para um ser como sendo um símbolo e para outra apenas um signo [1].

Nas mitologias dos primitivos, por exemplo, se você estuda as línguas primitivas, as palavras têm vinte sentidos, elas não são, de modo algum, fixas num sentido. As palavras […] nas grandes palavras primitivas há todo um cosmo que é designado por essa palavra. Ainda é desse modo na visão do inconsciente, por assim dizer. O inconsciente tem uma visão sintética das situações, pode-se dizer. A essência do símbolo ainda é assim, segundo Jung. O símbolo não tem um sentido. Não se pode dizer: a cor verde é a esperança. Cada símbolo tem um sentido absolutamente complexo que não se pode esgotar; de acordo com Jung não podemos jamais esgotar […] (FRANZ, 2018, p.27).

Sobre os rituais maçónicos, verifica-se uma influência diferenciada, no sentido psicológico, num ambiente devidamente preparado, conhecido entre os integrantes como templo, local que possui características de contexto próprias no que se refere a possibilitar um cenário que apoia a reprodução da ritualística de acordo com as cerimónias da Ordem Maçónica.

As imagens nos cerimoniais dos graus

A imaginação é a chave para que se consiga alcançar uma transformação, de modo que seja possível nascer de novo, de um jeito diferente. Ela tem a capacidade de dar acesso a um local intermediário no qual é possível o contacto com uma nova revelação simbólica que terá uma presença significativa na realidade (STEIN, 2021).

De acordo com o estudo de Jung (2013b), os conteúdos do inconsciente são o produto da dinâmica funcional psíquica de toda a nossa ancestralidade. Na sua totalidade, eles formam uma representação natural do contexto, ou seja, do mundo, uma condensação de milhões de anos de vivência do ser humano. Estas imagens são míticas, ou seja, simbólicas, porque manifestam a sintonia do indivíduo que experimenta com o objecto experimentado. Certamente, toda mitologia e descobrimento tem origem nesse contexto de experiência e todas as nossas suposições futuras, a respeito da vida no mundo, terão como fonte original esse depósito existencial. Seria um engano crer que as imagens fantasiosas do inconsciente podem ser manipuladas directamente como uma categoria de revelação conquistada. São apenas o material em estado rústico que necessita ainda de ser transformado para a compreensão na linguagem do presente. Se a tradução for eficiente, o contexto em que vivemos, tal qual o concebemos, será acoplado de novo à experiência primordial da humanidade através do símbolo de uma cosmovisão. O homem antigo e universal oferecerá ajuda ao homem individual recém surgido, será um modo de ser que chegará perto daquela do primitivo que se une ao seu ancestral por meio de um ritual.

Cerimonial de iniciação ao grau de Aprendiz

Adoum (2010a), apresenta os aspectos que caracterizam a cerimónia do grau de Aprendiz que ocorre no momento de entrada do profano, como é conhecido o candidato a Aprendiz Maçom, na Ordem Maçónica. Acontecimento que permite ao indivíduo que aspira fazer parte dos quadros da Maçonaria passar pela experiência simbólica na transposição das provas do ritual de iniciação. Dentre elas está a realização de percursos dentro dos rituais conhecidos como viagens.

Elas são dramatizadas no templo maçónico, local este, que é devidamente preparado para a encenação ritualística, tais como: a presença das pinturas nas paredes do templo maçónico das seguintes representações: o sol, a lua e os 12 signos zodiacais. As figuras ficam dispostas nas paredes laterais, no tecto é pintado a abóbada celeste com a representação do cosmos, reproduzindo a galáxia do sistema solar. Há o delta luminoso localizado na parte frontal do interior do templo, simbolizando Deus ou Grande Arquitecto do Universo. Existe no local um livro sagrado, a bíblia ou outro livro (ADOUM, 2010a).

Conforme Adoum (2010a), há a colocação de obstáculos a serem transpostos durante a dramatização. Existe a presença de sonorização que reproduzem o barulho das tempestades, terremotos, maremotos, incêndios e outros ruídos diversos. No ritual do Aprendiz Maçom é destaque a pergunta reflexiva: de onde viemos? Algumas viagens (percursos) são realizadas no transcorrer da cerimónia.

A primeira está configurada com artefactos que criam dificuldades de transposição ao iniciando e apresenta-se simbolicamente como se vencesse perigos inquietantes. Esta passagem materializa a prova da água ou domínio do corpo de desejos ou a sua purificação (ADOUM, 2010a).

Segundo Jung (2013g), os instintos actuam com maior liberdade quando não há qualquer consciência que os detenha, ou quando uma consciência já presente está adaptada a eles. Mas este último estado está em enfraquecimento, pois sempre encontramos sistemas psíquicos que se opõem à impulsividade pura.

A segunda viagem projecta a vitória com relação ao mundo mental. O barulho do choque de metais ocasionados pelas lutas de espadas estão presentes na dramatização como componente do cerimonial que se escuta durante esse percurso, ou viagem. Representa o emblema das batalhas que se travam no seu mundo interno. É o baptismo do ar, é a capacidade de conhecer através da mente e da imaginação os seus erros, sombras e defeitos (ADOUM, 2010a).

A sombra representa um obstáculo de ordem moral que desafia a personalidade do eu como um todo. Ninguém é competente para adquirir consciência desta verdade sem grande esforço. Mas nesta conquista de conhecimento sobre a existência da sombra, reconhece-se as características obscuras da personalidade, tais como existem na vida real. Este procedimento é o fundamento essencial para qualquer tipo de autoconhecimento e, por isso, em geral, ele se enxerga à frente de uma grande barreira resistente. Enquanto, por um lado, o autoconhecimento é um expediente terapêutico, por outro implica, muitas vezes, um esforço significativo que pode se propagar por um tempo longo (JUNG, 2013a).

A terceira viagem coloca o profano em contacto com o baptismo do fogo. É a representação projectiva da descida do Espírito Santo em línguas de fogo, que depura todo traço de erros e sombras que dominavam a alma. É a execução do uso do fogo nas antigas iniciações de onde surgem e, também, de onde se consomem todas as coisas que nascem. É o controle permanente do mundo, do espírito de vida, cujas fronteiras se estabelecem junto ao mundo Divino. A descida do espírito sobre o candidato com o seu fogo, proporciona que o mesmo adquira condições de submeter ao seu controle as sombras dos sentidos e com ela toda a insegurança, dando-lhe capacidade de agir com equilíbrio (ADOUM, 2010a).

Camino (2015), aponta que, fazendo uma comparação metafórica maçónica com o ofício de polir uma pedra em estado rústico e imperfeito, é possível observar numa pedra bruta a própria imperfeição. O Aprendiz a submete à esquadra, retirando as pontas ou arestas, mas por melhor que execute o seu ofício, que atravessa o tempo, sempre ocorrerá a presença de uma falha ou uma deficiência, fazendo-se necessário empregar com vontade e determinação muito esforço para eliminar as imperfeições, muitas vezes com mais sabedoria e técnica do que de força desproporcional.

Segundo Jung (2013a), com entendimento e força de vontade, a sombra pode ser integrada de alguma maneira na psique do indivíduo, enquanto alguns traços, oferecem uma enorme dificuldade para isso, fugindo assim a qualquer influência. De modo geral, estas dificuldades estão conectadas às projecções que não podem ser identificadas como tais e cujo conhecimento requer um dispêndio de trabalho sobre si mesmo muito grande que vai além das forças habituais do indivíduo e que requer perseverança e tempo significativo de transformação.

Cerimonial do grau de Companheiro

De acordo com o autor Adoum (2010b), atesta que nesse ritual, o Companheiro Maçom deve realizar viagens que possibilitarão a conquista progressiva da liberdade. Destaca-se ainda que é fundamental a reflexão, nesse grau, da seguinte pergunta: quem somos?

Na primeira viagem, o Companheiro levará consigo as ferramentas: malhete e cinzel que possuem o objectivo de desbastar a pedra bruta, retirando dela toda rigidez e partes desnecessárias. Esta passagem representa a vontade e o livre-arbítrio (ADOUM, 2010b).

A segunda viagem é uma manifestação de compromisso com o progresso intelectual. Neste percurso, o Companheiro conduz consigo dois instrumentos simples para o seu trabalho: a régua e o compasso. Simbolicamente, com a régua e o compasso, pode-se projectar todas as figuras da geometria, iniciando pela recta e o círculo. A régua e o compasso representam harmonia e equilíbrio. A régua traça a linha da experiência de vida que faz a junção do tempo actual e as suas consequências com o amanhã. É responsável ainda pela relação entre a causa e o efeito, também, entre o passado e o porvir. O compasso desenha juntamente com o círculo, o alcance da nossa condução de vida em sintonia com o infinito (ADOUM, 2010b).

Na terceira viagem, o Companheiro mantém consigo a régua na sua mão esquerda e faz uso da ferramenta alavanca que segura com a mão direita sobre o ombro direito. Esta alavanca configura as chances que surgem e que são oferecidas com o aprimoramento da cognição e da sabedoria. A alavanca projecta a potência que deve ser empregada para ajustar e submeter a ausência de energia dos instintos, erguendo-os e movimentando-os, para obrigá-los a trabalhar na edificação do nosso templo individual (ADOUM, 2010b).

Na quarta viagem, o Companheiro percorrerá o caminho do trajecto no interior do templo, utilizando-se de uma régua juntamente com o esquadro, que mostra a finalidade que é buscada. A régua e o esquadro demonstram a dimensão ideal dos materiais que utilizamos para a edificação, os quais devem ser proporcionais nas suas três dimensões, em sintonia com o local onde serão utilizados. A pedra cúbica não serve ainda para a construção social. O que é essencial é conseguir uma pedra em perfeito [2] esquadro nas suas seis faces. O lapidar, constante, é uma necessidade do ser, para isso ele utiliza as seis faculdades espirituais: a vontade, o livre-arbítrio, a harmonia, o equilíbrio, a força e a sabedoria. Estas são simbolizadas pelas seis ferramentas utilizadas pelo Companheiro nas suas viagens: o malhete, o cinzel, a régua, o compasso, a alavanca e o esquadro (ADOUM, 2010b).

Na quinta viagem, o Companheiro já não precisa dos instrumentos usados nas passagens antecedentes; isso torna perceptível o desenvolvimento das habilidades internas. Consequentemente, o Companheiro percorrerá uma direcção oposta à que se propôs até o momento actual e, destacando, com uma espada dirigida contra o seu próprio peito. O sentido oposto às viagens anteriores materializa que está agora compromissado a buscar o mundo interno de cada um, ou seja, em busca do seu Deus interno, o Si-mesmo (ADOUM, 2010b).

Em resumo: é mais vantajoso, e também psicologicamente mais “correcto”, considerar certas forças naturais que se manifestam em nós, sob a forma de impulsos, como sendo a “vontade de Deus”. Com isto nos pomos em consonância com o habitus da vida psíquica ancestral, isto é, funcionamos tal qual tem funcionado o ser humano em todos os lugares e em todas as épocas. A existência desse habitus demonstra a sua capacidade de sobreviver, pois, se não a tivesse, todos os que o seguiram teriam perecido por não haverem se adaptado. Se estivermos em consonância com ele, existirá para nós uma possibilidade racional de sobreviver. Se uma concepção tradicional nos garante tal coisa é porque não só não há motivo algum para considerar tal concepção como errónea como também temos toda razão de considerá-la “verdadeira” ou “correcta”, precisamente no sentido psicológico. Verdades psicológicas não são conhecimentos metafísicos. São, pelo contrário, modos (modi) habituais de pensar, de sentir e de agir que se revelam úteis proveitosos à luz da experiência (JUNG, 2013a, p.40).

No cerimonial descrito, simbolicamente, o Companheiro adquire conhecimento sobre o seu mundo interno, um processo de aumento de consciência de si próprio. Na próxima dramatização esse conhecimento será utilizado para um possível alcance da completude na vivência maçónica, conforme será apresentado logo adiante.

Kast (2013), traz-nos a informação que uma fracção importante da experiência da obtenção da nossa identidade é a conquista de uma parte da autonomia, pois a mesma não é totalmente incorporada ao longo da existência, mas tornamo-nos, a cada tempo, um pouco mais livres. Podemos afirmar que a independência substitui o lugar da subordinação nos tornando mais livres. Percebemos estar, cada vez mais, como nós mesmos na nossa identidade. Sendo assim, deixamos de ser apenas o resultado da situação moldada, por nós mesmos, pelo outro e pelo meio.

Cerimonial do grau de Mestre

Adoum (2011), esclarece-nos que os ensinamentos desta dramatização, conhecida como exaltação, tem como centro a Lenda de Hiram. Ela transmite a mensagem que a edificação do templo significa que o progresso se faz pelo uso da dedicação no trabalho com objectividade. Tal esforço busca a conquista da verdade e a prática desinteressada do bem. O templo de Salomão é a representação da estrutura física do corpo humano. Jerusalém, considerada cidade paz, é a configuração do mundo interno (ADOUM, 2011).

Os quatro pontos cardeais do templo são representados no corpo físico, correspondentemente, da seguinte maneira: a cabeça ao Oriente, o baixo-ventre ao Ocidente, o lado direito ao Sul e o lado esquerdo ao Norte. Os obreiros que edificam o templo de Salomão são os átomos que fazem o corpo físico. Os dirigentes da construção do templo são: Salomão que simboliza o saber, inteligência; Hiram ou Hirão, rei de Tiro, representa o poder, a força; e Hiram Abiff [3], configura o fazer, a acção. Retratam ainda: a fé, a esperança e a caridade (luzes), respectivamente (ADOUM, 2011).

Os obreiros podem ser classificados em três categorias: os Aprendizes, 1 ° grau, eles trabalham na parte baixa do corpo: o ventre; os Companheiros, 2° grau, eles labutam na parte média do corpo: o tórax; e os Mestres, 3° grau, eles agem na parte superior da estrutura corporal: a cabeça. Na entrada do templo temos duas colunas imponentes que são análogas a dois polos: o passivo e o positivo, simbolizados pelas pernas esquerda e direita (ADOUM, 2011).

Entre as duas colunas, supracitadas, está presente um local denominado câmara do meio, considerado um lugar secreto, ou o mundo interno do homem. Este local está situado no coração ou no peito do ser humano. Nesta localização, cripta, não há luz, sendo um local escuro e sinistro. No seu interior há uma caveira que representa no ritual de Mestre a imagem das sombras. Não se chega neste local senão passando pela morte e enfrentando o terror do umbral com os seus horrores (ADOUM, 2011).

Esta câmara é o lugar secreto do coração onde deve isolar-se o Mestre antes de lhe serem administradas as provas. É o símbolo da morte em vida que deve sofrer o iniciado que desce ao seu inferno para poder renascer depois. A luz interior se localiza nesse local. Esta luz vem do centro do seu próprio crânio, em forma de estrela microcósmica, tal como representa o crânio ou caveira, emblema do grau de Mestre, que deixa bem claro a finitude e a fragilidade humana. A caveira é algo que faz lembrar ao ser humano a perspectiva da sua finitude física no futuro (ADOUM, 2011).

Na Lenda cada categoria era recompensada de acordo com a acção realizada e em relação à posse de um código secreto que os identificavam dentro da hierarquia dos trabalhos. Esta senha é conhecida como palavra sagrada. Os Aprendizes eram pagos de acordo com a sua fé. Os Companheiros de acordo com a sua esperança e os Mestres proporcional à intensidade do seu amor. Todos trabalham silenciosamente na Obra do Grande Arquitecto porque este templo não foi, nem é edificado por acção humana, nem por ferramentas físicas (ADOUM, 2011).

Sete anos foi o tempo necessário para a conclusão da construção do templo. Hiram Abiff representa o espírito que surge e se manifesta na matéria. Ao chegar próximo do final da construção do templo com triunfo, se apresentam ao iniciado as três sombras: ignorância, fanatismo e ambição, representadas pelos três Companheiros que fazem parte da Lenda e que querem, sem merecimento e preparo, os proventos (o salário e a palavra sagrada) de Mestre (ADOUM, 2011).

Cada sombra estava armada com uma ferramenta para obter o que almejavam de maneira violenta. A ignorância agrediu o lado direito do Mestre, considerado projector do poder positivo, utilizando-se de uma régua de 24 polegadas. Esta régua que representa o dia de 24 horas, e, atingindo e ferindo a mão de Hiram, destruiu a obra, ou o instrumento da obra, a mão (ADOUM, 2011).

O fanatismo atingiu o coração com o esquadro, que é o símbolo do homem apegado à matéria, inferior, aprisionado pelo seu fanatismo. O esquadro é a forma física, é o saber adquirido intelectualmente que é imprescindível ao ser humano. Mas em diversas ocasiões ele não se lembra de usar o compasso que simboliza a intuição divina. Ao ferir o coração, extingue nele a tolerância e o amor (ADOUM, 2011).

A última sombra, a ambição, golpeou a cabeça do Mestre com o malhete, representando, nesta atitude, a vontade mal guiada e sem estar sob o controle do ser. Uma vez morta a consciência, os três Companheiros que simbolizam as sombras agem de forma a deixar o acontecimento por conta do esquecimento, sepultando e escondendo o corpo do Mestre (ADOUM, 2011).

Doze Mestres [4] iniciam a busca pelo corpo do Mestre assassinado e o encontram. Neste local é colocado um ramo de acácia amarela para identificar a localização do cadáver. Os três primeiros, que são a fé, esperança e caridade fazem a retirada dos três vícios do corpo, a ignorância, o fanatismo e a ambição. Os outros nove exaltam a luz interior que estava sepultada, o fazendo renascer (ADOUM, 2011).

A experiência proporcionada pelo contexto ritualístico cria um ambiente com forte poder de despertar os conteúdos do inconsciente e são materiais a serem ressignificados e revividos, daí a importância da mitologia e dos rituais.

As poderosas forças do inconsciente manifestam-se não apenas no material clínico, mas também no mitológico, no religioso, no artístico e em todas as outras actividades culturais através das quais o homem se expressa. Obviamente, se todos os homens receberam uma herança comum de padrões de comportamento emocional e intelectual (a que Jung chamava arquétipos), é natural que os seus produtos (fantasias simbólicas, pensamentos ou acções) apareçam em praticamente todos os campos da actividade humana (FRANZ, 2016, p.207).

Conforme Adoum (2011), ao atingir o terceiro grau, conhecido como o grau de Mestre, o Maçom passa a ter uma conduta que é influenciada por um duplo sentido: individual e colectivo — inseparáveis — como tópicos que pertencem ao seu mundo interior e também que encontra abrigo no contexto em que se vive, aquilo que é feito passa a ter uma influência na vida de toda a humanidade. É imprescindível ter conhecimento para poder passar esse saber e tornar-se capaz de contribuir para o contexto em que está inserido, de modo que possa auxiliar na evolução de todos.

Aquilo que mantém as coisas juntas, é adesivo, razão pela qual, na alquimia, cola, goma e resina, são sinónimos da substância transformadora: essa substância semelhante à força vital (vis animans) é comparada por outro comentador, com a cola do mundo (glutinum mundi), o espaço intermediário entre a mente e o corpo e a sua união. (EDINGER, 2006, p.239).

Stein (2007) afirma que ao passar pela experiência da separação e aceitar a transformação, a alma liberta-se das amarras de uma identidade antiga, através de um processo de conscientização das limitações da vida. Esta forma de separação é uma amostra experiencial de morte e um passo para uma nova vida mais consciente.

Segundo Zimmer (1998), nascimento, morte e renascimento, em ciclo infinito, materializam o carácter estável do processo da vida. Exemplificam-no os ciclos do ano e do dia, a passagem das gerações e as metamorfoses do ser humano durante a etapa de uma existência. Este é o mais antigo romance da alma, implementado pelo aspecto mítico que é capaz de atingir a nossa intuição com significado para os enigmas da existência.

Individuação e vivência Maçónica

Conforme Maxence (2010), a individuação é, em diversas ocasiões, confundida com a conquista de consciência do Eu. O Eu é então posto como sendo o Si-mesmo, ocasionando equívocos nos conceitos. Logo, a individuação não seria senão egocentrismo ou auto-erotismo. O Si-mesmo é mais amplo do que um simples Eu. Assim, o Si-mesmo é um conceito, um arquétipo central que deve ser bem assimilado para melhor entender que é realmente uma individuação em processo. O Si-mesmo é uma figura da totalidade psíquica.

O conceito de individuação desempenha papel não pequeno na nossa psicologia. A individuação, em geral, é o processo de formação e particularização do ser individual e, em especial, é o desenvolvimento do indivíduo psicológico como ser distinto do conjunto, da psicologia colectiva. É, portanto, um processo de diferenciação que objectiva o desenvolvimento da personalidade individual. É uma necessidade natural; e uma coibição dela por meio de regulamentos, preponderante ou até exclusivamente de ordem colectiva, traria prejuízos para a actividade vital do indivíduo […] (JUNG, 2013e, p.467).

Nise da Silveira (1981) [5], esclarece-nos que a evolução das capacidades do ser humano pode ser proporcionada por forças de origem inatas, inconscientes. Além disso, é notório destacar que esse ser humano tem uma condição de adquirir consciência desse crescimento. Esclarecendo que indivíduo é possuidor de energia capaz de influenciar na aquisição desse desenvolvimento. Tal possibilidade é obtida, justamente, no embate do inconsciente com o consciente, na disputa ou na união entre ambos, permitindo que os inúmeros integrantes da personalidade se conscientizem e juntem-se num todo, numa síntese, ou seja, na realização de um indivíduo específico e inteiro.

Individuação não quer dizer perfeição. Aquele que procura individuar-se não tem o menor desejo de se tornar perfeito e sim de evoluir para um indivíduo melhor, no sentido de completar-se, situações que são totalmente diferentes. Em busca desta completude, será necessário conhecer e entender as forças psíquicas opostas que agem dentro de si e também no universo, tais como: bem ou mal e claro ou escuro. Outro equívoco, seria confundir individuação com individualismo. Observa-se que o processo de individuação leva em consideração os integrantes do inconsciente colectivo (SILVEIRA, 1981).

Boucher (2015), argumenta que a verdadeira iniciação maçónica é uma participação prática que pode produzir efeitos em si mesma, depois de serem vencidos e vividos os degraus de: Aprendiz, Companheiro e Mestre. O iniciado adquire a capacidade de estar acima dos rótulos e das amarras que o limitam no saber, sendo capaz de ultrapassar o racionalismo estéril para atingir a sabedoria. Da mesma forma que o movimento se faz pela acção, tal como o caminhar, a Maçonaria procura fazer uso do simbolismo na instrução dos seus integrantes de forma disciplinada e organizada, amparada nos seus regulamentos, estatutos, manuais e rituais. Tais dramatizações podem despertar a imaginação nos seus membros através dos rituais que ocorrem nos templos devidamente preparados para as encenações. Tudo de acordo com os graus dos rituais e as suas ritualísticas que são vividas na prática dos trabalhos.

A vivência de uma ocorrência na vida, de maneira muito significativa, pode oferecer elementos essenciais (a prima matéria alquímica) para as etapas que se seguem rumo ao conhecimento e a totalidade na obra de individuação (STEIN, 2020). Estas experiências precisam, em diversas oportunidades, continuar sendo trabalhadas no processo terapêutico.

Stein (2021) pontua que comparando os diversos avanços na tomada de consciência do indivíduo e levando em consideração os diversos contextos que se desenvolveu essa conscientização, a individuação é um conceito que também está presente em outras culturas e em outras possibilidades de ocorrência.

A individuação não passa apenas pela consciência e, por conseguinte, não está associada a uma intencionalidade ou busca de uma divindade sagrada. Ela é a conscientização e a integração dos níveis somático, psicológico e espiritual do ser humano, nos aspectos individual e colectivo (STEIN, 2020).

“O alvo do processo de individuação é obter uma relação consciente com o Si-mesmo” (EDINGER, 2020, p. 294). Este caminho de conquista é uma viagem ao encontro do desconhecido em si mesmo.

Para Camino (2015), a experiência proporcionada pelo ensino maçónico tem como metas: dar condições à convivência harmónica que se situe longe da polarização radical, permitir a busca por uma conscientização ampla, alcançar um sentido para a vida a fim de possibilitar a felicidade individual e reverberar tais conquistas em benefício do contexto social.

Gennep (2012) enfatiza que ao considerarmos os grupos, ou os seus integrantes individuais, o facto de existir é constantemente marcado pela acção de decompor-se e compor-se novamente de maneira diferente, em novo estado e forma, morrer e renascer, transformar-se e transformar. É necessário trabalhar arduamente, parar, esperar, repousar, recomeçar a peleja em seguida, de uma maneira diferente, mais eficiente. A certeza de novos desafios a vencer, Verão ou Inverno, dia ou noite, nascimento, adolescência, idade madura, velhice, morte e limiar da outra vida – para os que alimentam essa esperança.

Considerações finais

A psicologia arquetípica possui fundamentos que estão contidos na literatura de Jung e, também, em importantes estudiosos que seguem os postulados junguianos, como os que fazem parte das referências do presente estudo, dentre outros. Eles podem nos ajudar a compreender a jornada do indivíduo rumo à realização pessoal e à aquisição de uma totalidade, sem estar ligada ao dogmatismo, estando fora da ortodoxia.

A psicologia profunda, como também é conhecida, possui base conceitual que pode apoiar no desenvolvimento mais amplo da compreensão dos significados simbólicos e ritualísticos da Ordem Maçónica. A busca pelo aprimoramento é uma necessidade na mesma, sendo fundamental evidenciar que o sentido de se chegar à perfeição é algo inalcançável para o ser humano, seja ele Maçom, junguiano ou de outras escolas de pensamento.

A imaginação despertada nas participações activas nos rituais da Maçonaria tem a possibilidade de fazer emergir os conteúdos inconscientes adormecidos e negados. Eles poderão ser compreendidos e vivenciados de uma maneira consciente e com novo significado. Tal aspecto pode dar acesso ao desenvolvimento da tolerância, atributo essencial, que é sempre considerada para os trabalhos de aprimoramento individual e colectivo na Ordem Maçónica. A conquista supracitada é obtida como algo que está num patamar superior ao das forças contrárias que se polarizam e trazem atraso no alcance da completude ou totalidade.

Entre os principais aspectos, comuns em diversos simbolismos, estão as imagens arquetípicas, tais como: o sol, a lua, os pontos cardeais, o cosmos, a pedra bruta a ser trabalhada, o fogo, o ar, a terra, a água, o delta luminoso, a cripta (caverna) de reflexão, tão presentes nos cenários de dramatização ritualística na Maçonaria. A codificação de significados simbólicos na ritualística maçónica é um ponto de afastamento em relação aos ensinamentos junguianos, pois o símbolo é algo que possui uma significação viva e singular ao indivíduo.

A Ordem Maçónica pode aprender com os ensinamentos da psicologia profunda no que se refere a ampliação da consciência pelo conhecimento dos preceitos junguianos. A psicologia profunda tem a sua independência e não é ferramenta de apoio a nenhuma forma codificada de ensinamento, mas isso não impede que o Maçom considere os seus fundamentos na sua própria conscientização. Este apoio não é uma doutrina, nem é uma máxima, pois não existe, com certeza, um percurso único e uniforme para todos, não há conhecimento de uma fórmula pronta para encontrar a individuação, uma vez que ela pode ser encontrada em diferentes contextos que comungam perspectivas simbólicas e respeitam a singularidade de cada um.

Claudiney Rodrigues Calsavara [6]
Paulo Ferreira Bonfatti [7]

Artigo de trabalho de conclusão de curso de Graduação em Psicologia do Centro Universitário Academia, na Linha de Pesquisa Psicologia e Espiritualidade.

Notas

[1] Para um maior aprofundamento no conceito de símbolo na psicologia analítica, ver em Jacobi (2016)

[2] A Alquimia, atribuída a Hermes Trismegisto, trata da “Pedra Filosofal” e tem muita semelhança com a “Pedra Bruta” que todo Maçom deve converter em “Pedra Cúbica”. Logo, a Alquimia trata da transmutação dos metais inferiores em superiores: o chumbo em ouro; da busca do “Elixir de Longa Vida” ou a “Panaceia Universal”, simbolismo da realização espiritual, que é o objecto da Iniciação Interna, por meio da qual as faculdades inferiores e baixas se transformam em superiores. (ADOUM, 2010a, p. 18).

[3] Hiram Abiff significaria o Pai, tal aspecto pode ser melhor compreendido no estudo mais detalhado sobre Hiram Abiff pode ser encontrado em Ward (2010)

[4] As doze faculdades do espírito, que são: fé, esperança, caridade, fortaleza, acerto, poder, imaginação, sabedoria, vontade, ordem, zelo e vida. Elas correspondem aos doze instrumentos do construtor livre, respectivamente, são: o malhete, o cinzel, a régua, o compasso, a alavanca, o esquadro, o prumo, o nível, a trolha, a espada, a prancha e a corda (ADOUM, 2011).

[5] Psiquiatra brasileira e faleceu em 1999. Os seus trabalhos foram direccionados a novos métodos de tratamento para pacientes psiquiátricos. C. G. Jung não só foi referência para ela como também apoiou o seu trabalho que obteve reconhecimento internacional.

[6] Discente do curso de graduação em Psicologia do Centro Universitário Academia (UNIACADEMIA).

[7] Doutor em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e docente do Centro Universitário Academia (UNIACADEMIA).

REFERÊNCIAS

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  • ADOUM, Jorge. Grau do mestre Maçom e seus mistérios. São Paulo: Pensamento, 2011.
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  • CAMINO, Rizzardo da. Rito escocês antigo aceito: 1° ao 33°. São Paulo: Madras, 2015.
  • CAMPBELL, J. Mito e transformação. São Paulo: Ágora, 2008.
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  • EDINGER, F. Edward. Ego e arquétipo. São Paulo: Cultrix, 2020.
  • FRANZ, Marie-Louise von. A Busca de sentido. São Paulo: Paulus, 2018.
  • FRANZ, Marie-Louise von. O processo de individuação. In: JUNG, C. G. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil, 2016.
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  • MAXENCE, Jean-Luc. Jung é a aurora da Maçonaria. São Paulo: Madras, 2010.
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  • Petrópolis: Vozes, 2020. (Colecção Reflexões Junguianas)
  • SILVEIRA, Nise da. Jung: vida e obra. 7. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. (Colecção Vida e Obra)
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  • STEIN, Murray. No meio da vida: uma perspectiva junguiana. São Paulo: Cultrix, 2007.
  • STEIN, Murray. Sincronizando tempo e eternidade: Ensaios sobre psicologia junguiana. São Paulo: Cultrix, 2021.
  • WARD, J. S. M. Quem foi Hiram Abiff? São Paulo: Madras, 2010.
  • ZIMMER, Heinrich. A conquista psicológica do mal. Compilado por Joseph CampbellMarina da Silva Telles Americano. São Paulo: Palas Athenna, 1998.

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