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Grau 20 – Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre “Ad Vitam” (REAA)

Publicado em FREEMASON.PT

Por Rizzardo da Camino:

Avental do Grau 20 - Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre "Ad Vitam"
Avental do Grau 20 – Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre “Ad Vitam” (REAA)

Os trabalhos são realizados numa Câmara denominada de “Tribunal”.

O Grau é outorgado por comunicação, dispensada a Iniciação.

Não é usado Avental, mas, apenas uma Faixa azul marchetada de amarelo; a jóia consiste num triângulo dourado onde está inserida a Palavra Sagrada.

Para a abertura dos trabalhos devem estar presentes, no mínimo, nove Irmãos portadores do Grau 20.

O Presidente denomina-se Grão-mestre e representa a Ciro Artaxerxes; os Vigilantes denominam-se Oficial e Segundo Oficial; os Oficiais são resumidos em Mestre de Cerimónias, Hospitaleiro, Orador, Secretário e Guarda do Templo; os Oficiais apenas ocupam os seus lugares, sem interferir no Cerimonial.

A Cerimónia do Grau refere dois factos: a construção do Templo e o conhecimento da Verdade.

A Câmara é decorada com ornamentos em azul com franjas amarelas; o Trono é colocado no Oriente erguido sobre nove degraus; diante do Altar, há um grande Candelabro de nove Luzes em forma de triângulo.

O Presidente dirige os trabalhos empunhando um Malhete.

No centro da Câmara encontram-se três Colunas colocadas em forma de triângulo, sobre as quais são colocadas as inscrições: Verdade, na do Oriente, Tolerância na do Sul e Justiça na do Ocidente.

No Dossel situado no Oriente é colocado um Triângulo radiante e no centro, inserida a inscrição: “Fiat Lux”.

O Candidato toma o nome de Zorobabel; o tema da sessão obedece às inscrições das Colunas.

Os participantes têm o nome de Soberanos Príncipes da Maçonaria e o seu dever é o de difundirem a Verdade por todos os recantos da Terra.

Inspira os trabalhos a lenda dos sábios caldeus, adoradores do fogo.

A Caldeia, denominada pelos gregos de Babilónia, abrangia apenas alguns povoados na parte inferior dos rios Tigre e Eufrates; era uma das civilizações mais antigos, três mil anos antes de Cristo; o povo cultivava o trigo e trabalhava os metais; as cidades eram edificadas com tijolos de barro cozido; cada cidade tinha um Rei- sacerdote; eram os adoradores do Fogo e a sua missão era educar o povo, daí a origem da “liberdade de ensino”, tão discutida no século passado, em especial, no Brasil.

O Grau 20 preocupa-se em analisar os métodos de ensino: o sintético, o analítico.

A orientação é manter o ensino privado e estatal; essa liberdade conduz à liberdade de pensamento.

Na actualidade, num país democrático, já não há essa preocupação do ensino laico, de modo que o Grau 20 passou a ser de mera comunicação, sem relevância alguma.

A Maçonaria, sendo Escola, instrui os seus Membros e cada Mestre tem a autoridade de, em discussão tolerante, expor os seus pensamentos e contribuir para que do diálogo surja, sempre, a Verdade.

O Juramento do Grau envolve a sua filosofia:

Juro e prometo, propagar e sustentar os princípios da Igualdade, o gozo dos Direitos Naturais, a Liberdade de Ensino e do Pensamento e difundir a Verdadeira Luz em qualquer lugar onde me encontrar; guardar profundo silêncio sobre os segredos do Grau e aperfeiçoar-me na arte da Palavra para tornar-me digno desta Tribuna “.

Assim o Maçom passa a ser considerado Mestre “ad vitam“, ou seja, vitaliciamente, somente depois de prestado o juramento do Grau 20.

Podemos então asseverar que um dos deveres filosóficos do Soberano Príncipe da Maçonaria será o de se aperfeiçoar na Arte da Palavra, o que equivale a retroceder ao Grau 2 e dedicar-se, agora, no campo experimental, à arte da Retórica. Assim preparado, poderá o Maçom prosseguir na trajectória que tem o direito de concluir, até alcançar o Grau 30, ou seja, o “Kadosch”.

O Venerável Grão-mestre adquire o nome de Ciro Artaxerxes. Não vamos qualquer razão para isso, pois, invocar o nome de um dos imperadores persas somente porque os adoradores do Fogo surgiram na Síria, precedendo o fausto império persa.

O nome de Ciro está ligado à libertação de Jerusalém, permitindo a reconstrução do Grande Tempo de Salomão, destruído por Nabucodonosor.

Outra personagem mencionada e que não tem grande ligação com o Grau é Zorobabel.

Há uma confusão em torno do nome de Ciro que não poderia ser Ciro Artaxerxes. No ano 587 a.C. Nabucodonosor II tomou e destruiu Jerusalém, inclusive o Templo e levou os israelitas, mais conhecidos como judeus, para a Babilónia, como escravos,

No ano 560 a.C. Ciro, rei de Azam, derrotou os babilónios quando o seu rei era Nabonido, dominou o reino e libertou os judeus.

Sucedeu a Ciro, Cambises II, o seu filho mais velho; após, Dario, filho de Histaspes que deixou o maior império que o mundo já vira. Xerxes foi o sucessor de Dario, morrendo no ano 485 a.C. e lhe sucedeu Artaxerxes; a esse sucedeu Dario II, após, Artaxerxes II (405-359); após, veio Artaxerxes III que, não era descendente de Artaxerxes, o qual fundou Alexandria. No ano 330 a.C. Alexandre derrotou Dario III, tornando-se herdeiro do vasto Império.

O cativeiro dos judeus durou até a conquista de Ciro; o imperador persa permitiu aos israelitas retornarem a Jerusalém e o que mais importava, o restabelecimento do culto a Javé.

Muitos judeus preferiram permanecer na Babilónia e das suas escolas teológicas saiu o Talmude da Babilónia; outros fixaram-se no Egipto onde construíram o Templo de Elefantina; os que voltaram encontraram Jerusalém “helenizada”.

Zorobabel reconstruiu o Templo, que não chegou a igualar o esplendor do anterior; a Arca de Aliança já não existia.

Posteriormente, no ano de 320 os judeus tiveram com muita frequência de sofrer as consequências das rivalidades entre os reis do Egipto e da Síria e a partir do ano 169 a.C. foram perseguidos com crueldade por Antíoco Epifânio e libertados pelo levante dos Macabeus no ano 143 a.C..

No ano 64 a.C. a Judeia foi reduzida à condição de província romana por Pompeu, que fez demolir as muralhas de Jerusalém; após a invasão parta em 39 a.C. Herodes, o Grande, fez-se nomear, pelos romanos, Rei da Judeia.

O Templo que tinha sido, pela segunda vez, destruído, foi mandado reconstruir por Herodes.

No ano 70 da era actual, Jerusalém revoltou-se contra os romanos, porém o imperador Tito sufocou a rebelião e mandou destruir, novamente, o Templo.

Em Roma, vê-se, ainda hoje, um grande Arco do Triunfo comemorativo daquele cruento evento.

Um dos pontos altos do Grau 20 a relembrar a construção do Grande Templo de Salomão, contudo, não seria a primitiva construção, mas sim, a reconstrução feita por Zorobabel.

O resumo do Grau está contido no questionário de recepção dos Soberanos Príncipes:

P.: Sois Venerável Mestre de todas as Lojas?
R.: Observai o meu zelo para a reconstrução do Templo.

P.: Como chegaste até aqui?
R.: Viajando através dos quatro elementos.

P.: Que significam essas quatro viagens?
R.: O fim do Mundo e a pacificação necessária para chegar à Verdade.

P.: De onde vindes?
R.: Da “via sacra” de Jerusalém.

P.: O que vieste fazer aqui?
R.: Visitar-vos, mostrar os meus trabalhos, e verificar os vossos e trabalhar convosco e aperfeiçoar-me entre vós.

P.: O que trazeis?
R.: Glória, Grandeza e Bondade.

P.: O que desejais?
R.: Ser por vós julgado digno, submisso e virtuoso.

Fonte

  • Rito Escocês Antigo e Aceito – Loja de Perfeição – (Graus 1o ao 33°) 2a Edição – Madras, 1999

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