Bibliot3ca FERNANDO PESSOA

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Rito Francês – Ritual de 1788 (observadas as reformas de 1877)

 

Tradução do francês setecentista e adaptação para o português : André Otávio Assis Muniz.

LOJA DE APRENDIZ

1. Descrição da Oficina de Aprendiz:

A Loja será inteiramente decorada de azul, e o mestre maçom eleito como Venerável terá seu assento ao Oriente.

A mesa do Venerável Mestre será coberta por uma toalha azul,e terá sobre ela o Esquadro e o Compasso na posição do Grau em que a Loja trabalhará.

O Esquadro e o Compasso serão posicionados sobre o Livro da Lei Maçônica e o conjunto todo ficará voltado para o Venerável Mestre.

Haverá também um candelabro de três braços, que portará três velas que estarão acesas em todas as sessões, independentemente do Grau Simbólico a ser trabalhado.

O Oriente será dividido da nave da Loja por uma pequena balaustrada.

A carta patente da Loja será exposta ao pé da mesa do Venerável Mestre, para que todos possam vê-la e verificar sua regularidade.

O tapete em que está gravado o Quadro Simbólico do Grau, será estendido no chão, em sentido Oriente-Ocidente.

Em volta do tapete, três castiçais altos portando velas. Um a Oriente (à direita de quem olha do Ocidente) e os outros dois ao Ocidente, nas extremidades do tapete.

Os dois Vigilantes se sentarão junto das Colunas Vestibulares, o Primeiro Vigilante (P.˙.V.˙.) junto à Coluna B.˙. e o Segundo Vigilante (S.˙.V.˙.) junto à Coluna J.˙.

O Venerável Mestre terá um colar com um esquadro feito de metal dourado, assim como as jóias dos demais oficiais serão do mesmo feitio.

As Jóias dos oficiais são as mesmas do ritual atual do GOB, frisando-se que o Guarda-Externo usa como jóia um olho aberto e o Mestre de Cerimônias usa um bastão com uma pequena régua em cima.

No Oriente, à esquerda do Venerável Mestre estará a mesa do Irmão Orador. À direita, estará a mesa do Irmão Secretário ( é o contrário para quem olha do Ocidente).

Os demais oficiais da Loja são:

– O Tesoureiro (T.˙.) , que se sentará próximo ao Orador, onde terá sua mesa.

– O Chanceler (C.˙.), que se sentará próximo do Secretário, onde terá sua mesa.

– O Mestre de Cerimônias (M.˙. CC.˙.), que se sentará ao lado da mesa do Irmão Chanceler.

– O Elimosinário (E.˙.), que se sentará ao lado da mesa do Irmão Tesoureiro.

– O Guarda Interno (G.˙.I.˙.), que se sentará no meridiano da Loja, entre os Vigilantes, em frente ao Venerável, mas em seu lado oposto.

– O Guarda Externo (G.˙.E.˙.), que se sentará fora da Loja, na Sala dos Passos Perdidos.

Todos os mestres maçons portarão suas espadas. O M.CC. a manterá embainhada pois andará pela Loja portando seu bastão cerimonial.

2- Abertura dos Trabalhos:

Estando os Irmãos devidamente paramentados e enfileirados na Sala dos Passos Perdidos, o G.E. se postará com a espada em punho na porta e ouvirá de cada um a P. de P. do G. de A., franqueando o ingresso à oficina.

Quando todos os irmãos do quadro estiverem no interior da oficina, sentados em seus lugares, estando as portas fechadas, o G.E. comunicará ao G.I. a entrada do V.M. dando uma pancada com o pomo de sua espada na porta.

O G.I. anunciará em voz alta:

-De pé para a entrada do V.M. dessa oficina !

E, em seguida, abrirá a porta para que o V. M. entre.

Todos ficarão de pé (sem estar à Ordem) e aguardarão o V. M. chegar ao seu trono. Lá chegando, ele tomará o malhete e dará uma pancada sobre a mesa dizendo:

-Sentemo-nos !

O S.V. anunciará:

-Meus Irmãos da Coluna do Sul, o V.M. vos convida ao silêncio para a abertura da Loja de Aprendiz !

O P.V. anunciará:

-Meus Irmãos da Coluna do Norte, o V.M. vos convida ao silêncio para a abertura da Loja de Aprendiz !

O V.M. então anunciará:

-Meus Irmãos, preparai-vos !

Nesse momento, o tapete simbólico deve ser aberto pelos Irmãos convocados pelo Irmão Secretário que dirá:

Irmãos (nomes), tende a bondade de abrir o tapete simbólico dessa L. de A.

Aberto o tapete, o V.M. dá um golpe de malhete que será repetido pelos II. VV. e anuncia:

Irmãos P. e S. V., anunciai aos Irmãos de vossas Colunas que estejam à Ordem, para que possamos abrir a L. de A.

O S.V. então anuncia:

Irmãos de minha Coluna, o V. vos convida a estar à ordem para poder abrir a L. de A.

O P.V. repete a mesma frase.

Terminada a fala do P.V., todos os II. fazem o Sinal Gutural (S.G.) voltados para o Oriente.

O V.M e os VV. não fazem o sinal, mantendo o malhete junto ao peito. O G.I. também não faz, permanecendo com a espada em sinal de alerta (com a empunhadura junto ao rosto e a lâmina apontando para cima).

O V.M. então diz:

I. P.V. qual é o vosso primeiro dever?

O P.V. responde:

Devo averiguar se a Loja está bem coberta.

O V.M. responde:

Averiguai então meu I.

O P.V. agora faz a mesma pergunta  e dá a mesma ordem ao S.V. que dá a mesma resposta e este, por sua vez, faz a mesma pergunta e a mesma ordem ao G.E. que dá a mesma resposta, indo, em seguida, buscar a chave da Oficina . Ele abre a porta e, passando a chave pendurada na ponta de sua espada ao S.V., anuncia:

-Estamos cobertos !

O G.E. então fecha a porta e não entra mais na Oficina.

O S.V. então, dá um golpe de malhete e anuncia:

– Estamos cobertos !

O P.V. repete o golpe de malhete e anuncia:

-V.M. estamos cobertos !

 V.M. : Pois se a Loja está coberta, I.P.V., anuncie ao I.S.V. que passem por suas Colunas e recebam o sinal, o toque, a palavra sagrada e a palavra de passe depois nos relatando se todos os presentes são II.

Os VV. fazem a verificação, indo do Oriente para o Ocidente. Os II. fazem a demonstração aos VV. e continuam de pé e à ordem.

Terminada a verificação o P.V. anuncia,

-São II. os de minha coluna.

O S.V. completa:

-São II. em ambas as colunas.

V.M.: II. P e S. VV., se o sinal, toque, palavra e palavra de passe estão justos, então, anunciai aos II. de vossas CC. que prestem atenção à instrução que lhes será dada na abertura da L. de A.

P.V.: II de minha Coluna, eu vos anuncio de parte do V.M., que prestem atenção à instrução que vos será dada na abertura da L. de A.

S.V.: Idem.

V.M. : I.P.V. sois maçom?

P.V.: Meus II. e Companheiros me reconhecem como tal.

V.M.: Qual é o dever dos VV.?

P.V.: Examinar se os II. estão à ordem em suas colunas.

V.M.: Vós já o fizestes?

Nesse momento, os II. que estão à ordem voltados para o Oriente, se voltam para o meio da Oficina, de modo que os VV. os enxerguem perfilados e à ordem.

P.V.: V.M., todos os II. de minha coluna estão à ordem

S.V.: Idem.

V.M.: Qual é o dever de um maçom em Loja?

P.V.: Obedecer, trabalhar e calar

V.M.: Qual é o dever de um maçom fora da Loja?

S.V.:  De cumprir aquelas tarefas às quais  é apresentado.

V.M..: A que horas se abre a L. de A.?

P.M.: Ao meio-dia

O V.M. dá um golpe de malhete que é repetido pelos II. VV.

V.M.: Pois que a L. é justa e perfeita, que todos os maçons estão à ordem, que é meio-dia e é a essa hora que se abrem os trabalhos, II. P e S. VV., avisai aos II. de vossas CC. que vou abrir a L. de acordo com os costumes.

P.V.: II. de minha C. o V.M. manda vos avisar que, estando a L. justa e perfeita, estando todos os maçons à ordem, sendo meio-dia e sendo essa a hora em que se abrem os trabalhos, ele irá abrir a L. de acordo com os costumes.

S.V.: Idem

V.M.: A mim meus II.

(O V.M. faz o sinal e dá a bateria do grau)

V.M.: Os trabalhos estão abertos , tomai vossos lugares.

3. Leitura da Ata.

V.M.: I. S. tende a bondade de fazer a leitura da prancha traçada de nossos últimos trabalhos.

II. P e S. VV., convidai os II. de vossas CC. a prestarem atenção a essa leitura.

P. V.: Atenção II.

S.V. Idem.

O S.  faz a leitura da prancha.

Terminada a leitura, o V.M. diz:

II. P. e S. VV., convidai os II. de vossas CC. a fazer as observações sobre a redação da prancha traçada de nossa última assembléia.

P.V.: II. de minha C., tendes observações?

S.V.:  Idem.

4. Entrada de visitantes.

Igual a que está no Ritual atual do GOB.

Todas as outras ações que ocorrem em Loja , ou seja, saco de propostas e informações, ordem do dia e palavra a bem da Ordem são conduzidas livremente pelo V.M. que as ordenará de acordo com o que achar melhor ou de acordo com o costume da Loja.

Os sacos são corridos à partir do V.M. em círculo, em sentido horário.

O tronco de beneficência será passado no momento do fechamento da L.

5. Fechamento da Loja.

V.M.: I. E. qual é a virtude mais recomendável aos maçons?

I.E.: A caridade, V.

V.M.: Meu I. tomai o tronco dos pobres e apresentai-o a todos os II. a fim de que cada um lá deposite aquilo que suas faculdades o permitam para o auxílio dos indigentes.

O I.E. faz o giro e vai diretamente à mesa do V.M. que designa um I. para fazer a contagem do dinheiro. Feita a verificação, o I. designado diz a quantidade ao V.M. que comunica ao I.S. para que tome nota. Feito isso, o I. S. chama o I.E. para que tome o tronco e o encaminhe para as devidas providências.

V.M.: I.S., faça a leitura dos apontamentos tomados de nossas discussões do dia de hoje.

O I.S. faz a leitura

V.M.: II. P. e S. VV. Convidai os II. de vossas CC. para que façam suas observações sobre a redação dos apontamentos de nossas discussões do dia de hoje.

P.V.: Meus II., o V.M. vos convida a fazerem suas observações sobre a redação dos apontamentos de nossas discussões do dia de hoje.

S.V.: Idem

Se não há nenhuma observação o V.M. diz:

Ajudai-me, meus II. a celebrar um vivat em favor do I.S.

Todos os II. guiados pelo V.M., fazem o sinal, dão a bateria e aclamam: Vivat, Vivat, Semper Vivat !

O I. S. responde com a bateria e toda a L. cobre a bateria do I.S.

V.M.: I.P.V., a que horas se fecham os trabalhos de A.?

P.V.: Meia-noite.

V.M.: Que horas são?

P.V.: Meia-noite.

V.M.: Pois se é meia-noite, se os trabalhos são regulares, os obreiros estão pagos e contentes, II. P. e S. VV. Convidai os II. de uma e de outra C. a me ajudar a fechar os trabalhos de A.

P.V.: II. de minha C., é meia-noite, os trabalhos são regulares, os obreiros estão pagos e contentes e, por isso, o V. vos convida para ajudá-lo a fechar os trabalhos de A.

S.V.: Idem

O V.M. dá  golpes de malhete, de acordo com a bateria do Grau  e os VV. repetem. Terminada a bateria do S.V., todos os II. ficam à ordem.

V.M.: Meus II. prometais nada revelar de tudo o que haveis visto e de tudo o que se passou em Loja.

Todos desfazem o sinal de ordem e estendem a mão direita em direção à mesa do V.M., refazendo em seguida o sinal.

V.M.: A mim , meus II.

Todos acompanham o V.M. que desfaz o sinal, dá a bateria e faz a aclamação:

Vivat, vivat, semper vivat !

O V.M. dá um golpe de malhete que é repetido pelos VV. e diz:

II. P. e S. VV. anunciai que a L. está fechada e que eu convido todos os II. a se retirarem com a decência devida aos nossos Mistérios.

P.V.: A L. está fechada e eu  vos convido, da parte do V.M. a se retirarem com a decência devida aos nossos Mistérios.

S.V.: Idem

O G.I. abre a porta e os II. se retiram livremente, retirando antes seus paramentos.

 

2 comentários em “Rito Francês – Ritual de 1788 (observadas as reformas de 1877)

  1. As melhores coisas do mundo não se ver nem pode tocar oh falar :nascendo ,morrendo, nascendo mais uma vez não termos todo conhencimento do mundo! !.

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