Bibliot3ca FERNANDO PESSOA

E-Mail: revista.bibliot3ca@gmail.com – Bibliotecário- J. Filardo

Os cátaros

Tradução José Filardo

Introdução

Entre os séculos X e XII, uma “heresia” misteriosa emergiu no sul da França. Logo, a sua expansão e sua ameaça são tais que a Igreja Católica é forçada a empreender uma guerra para erradicar esta religião. Duas Cruzadas serão conduzidas pelo reino da França; trata-se principalmente de o rei da França dominar toda a Languedoc e Aquitania. A luta contra os cátaros vai acabar com a queda da fortaleza de Montsegur em 1244.

O Contexto

A civilização Occitana

No século XII, no sudoeste da França é uma região muito diferente daquela do norte do Loire.

Alí se fala uma língua distinta (langue d’oc e não d’oil) e uma civilização brilhante e refinada floresce. Movendo-se de castelo em castelo, os trovadores, poetas e músicos cantam o amor, mas também a honra e a negação do direito do mais forte. Estas ideias e valores estão presentes em uma região onde as pessoas educadas, especialmente nas cidades, mantinham vivas as memórias da civilização romana. Regras, leis e códigos limitam o poder dos grandes e regem as relações que os unem a seus vassalos e seus súditos. Enquanto que na Ile de France, o rei luta a cavalo e se impõe de várias maneiras a seus vassalos recalcitrantes, nas cidades do Midi languedociano e na Aquitaine, os habitantes elegem cônsules ou conselheiros que governam e falam de igual para igual com os senhores de quem dependem. Mais livres, as cidades do Sul também são mais acolhedores às ideias estrangeiras: sua importante atividade comercial (Toulouse é a terceira cidade da Europa) os coloca em contato com muitos países. Os comerciantes que trocam mercadorias e bens, desenham ideias então eles espalham em seguida pela Occitânia.

Os cátaros expulsos da cidade de Carcassonne

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(Iluminura das Grandes Crônicas de França. Biblioteca Britânica, Londres. Foto D. R. )

A origem da religião cátara

É neste ambiente que se espalhou uma nova religião cujo sucesso foi tão rápido que assustou a Igreja Católica.

Esta última foi em parte responsável por esse crescimento extraordinário: criticada por todos os lados e incapaz de se reformar, ela preparou o terreno sobre o qual os cátaros puderam criar raízes. Muito antes do aparecimento da religião cátara, muitos monges haviam pregado a revolta aberta contra a Igreja, seus sacerdotes e seus sacramentos: a exigência de maior simplicidade na relação dos homens com Deus, um retorno à uma fé menos prisioneira do ambiente luxuoso que havia invadido a Igreja eram alegações muito difundidas na época. Mas o catarismo era muito mais do que um movimento de simples crítica; ele era também, e acima de tudo uma religião diferente do catolicismo romano. A tradição que o alimentava era muito antiga, uma vez que se desenvolvera a partir do século VII a. C. , em torno de uma personagem importante da antiguidade, o profeta persa Zoroastro. Este último pensava existir no universo dois princípios irredutíveis, o Bem e o Mal, em luta permanente, um contra o outro. As ideias de Zoroastro exerceram uma influência considerável em toda a Antiguidade e elas eram, em linhas gerais, mais uma vez retomadas no terceiro século d. C. pelo profeta Mani, o fundador da doutrina maniqueísta.

No século X, na Bulgária, esta doutrina deu à luz aos Bogomilos (De Bogomil, o fundador da seita), que havia retomado as ideias religiosas das concepções maniqueístas. Posteriormente, muitas vezes se estabeleceu um vínculo de filiação entre os cátaros e o Bogomilismo; no entanto, essa relação é hoje contestada. Se essas duas doutrinas são muito próximos, parece que Catarismo derivou diretamente do cristianismo e das doutrinas Marcionitas (de Marcião) e gnósticas. O Catarismo é, de fato, o resultado de um trabalho escritural, oferecendo uma interpretação diferente dos Evangelhos, incluindo a rejeição de todos os sacramentos da Igreja Católica (batismo nas águas, adoração de relíquias, casamento, etc.)

O desenvolvimento da religião cátara

A religião cátara deriva seu nome do termo grego catharos, que significa puro, porque ela dá como meta para o homem chegar a perfeita pureza da alma. Durante o período de sua vida terrena, considerado uma prova, o homem deve se esforçar através de um comportamento apropriado, para romper com a matéria, o mundo físico e necessidades grosseiras. Para os cátaros, também chamado de albigenses (da região de Albi), tudo isso representa o Mal que se opõe ao Bem, isto é, a alma purificada, ignorante dos desejos do corpo. Aqueles que conseguem purificar sua alma descansam para sempre no Bem depois da morte. Os outros devem se reencarnar indefinidamente. Para os cátaros, a morte não era temida, porque ela podia significar a libertação. Este desprezo pela morte lhes deu a energia para lutar contra o rei da França e o Papa. Desde 1147, monges foram enviados para devolver à razão os Albigenses, mas todos falharam. A última tentativa foi a de São Domingos (fundador da ordem dos Dominicanos), mas ele teve sucesso apenas limitado. O Papa veio gradualmente a acreditar que era preciso lançar uma guerra santa contra eles. A ruptura entre cátaros e católicos foi total em 1208, quando o Legado papal foi assassinado.

Crentes e Perfeitos

Os cátaros e aqueles chamados “Perfeitos” ou “Homens Bons”, que desempenhavam de alguma forma o papel de sacerdotes, deviam observar regras muito estritas. Eles eram obrigados a jejuar com frequência, e uma série de alimentos lhes eram proibidos em tempos normais. Eles não construíam templos; eles oravam e pregavam em qualquer lugar, sempre que surgia a oportunidade. Eles rejeitavam todos os sacramentos, exceto o Consolamentum. Este se referia aos crentes que desejam se tornar Perfeitos (espécie de batismo). O crente assumia o compromisso de respeitar as regras específicas dos Perfeitos: não mentir, nem jurar; não ter relações sexuais e uma dieta muito rigorosa… Recebendo o abraço de seus iniciadores, que, em seguida, se ajoelhavam diante dele, o novo Perfeito deveria sentir descer sobre ele o Espírito Santo. Embora pudessem dar suas opiniões livremente, os Cátaros se vestiam de preferência de preto. Após a repressão, eles se contentavam em esconder uma faixa preta sob suas roupas comuns.

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Bernard Delicieux, o agitador de Languedoc (desconhecido, século XIX)

A luta contra os cátaros

A primeira cruzada contra os Albigenses (1209 – 1218)

O assassinato de seu legado levou o papa a mover uma cruzada contra os hereges. O rei de França, Philippe Auguste respondeu ao chamado e deixou seus vassalos mais poderosos, o duque de Borgonha, os condes de Montfort e Saint. Pol tomar a frente do exército. Estes serão 300 000 cruzados que descem o Vale do Rhone. O Conde de Toulouse, Raymond VI , suspeito de cumplicidade no assassinato do legado juntou-se à Igreja e voltou-se contra seus próprios súditos. O exército dos cruzados cercou a cidade de Beziers, uma cidade solidamente fortificada. No entanto, os habitantes fortes devido a esta sensação de segurança, atacavam os acampamentos que estavam ao pé das muralhas. Os vulgares (cavaleiros e mercenários recrutados para a expedição) se aproveitaram que as portas das muralhas foram abertas para abrir o seu caminho até o interior da cidade e para fazer penetar em seguida, uma parte do exército. Aos soldados a quem se perguntava como distinguir, entre a população, quem eram os hereges daqueles que eram fiéis, o abade de Cister, Arnaud Amaury respondeu com esta frase terrível: “Mate-os todos, Deus reconhecerá os seus! ” O incêndio do Languedoc começou: a cidade foi queimada e seus habitantes massacrados. Depois de Béziers, foi a vez de Carcassonne, onde o exército se anunciou em fim de julho de 1209. A alma da resistência da cidade era o jovem visconde Roger de Trencavel. O cerco durou três semanas, os sitiantes privaram a cidade de água, forçando os defensores a negociar. Trencavel que veio parlamentar foi feito prisioneiro pelos cruzados, quebrando assim o código de honra da cavalaria. Simon de Montfort , um Cavaleiro Cruzado cuja coragem tinha sido notável foi escolhido para suceder aos bens de Trencavel. No entanto, seus súditos lhe eram naturalmente hostis. Além disso, até sua morte em 1218, ele esteve constantemente em guerra contra seus súditos recalcitrantes.

Simon de Montfort, vencedor e vencido

Após esses cercos longos e cansativos, os cruzados vitoriosos ofereceram-se para poupar os hereges que concordassem em renunciar à sua fé, mas eles eram muito poucos. Pelo ferro, fogo e sangue, a cruzada continuou, mas a questão que ficava mais clara a cada dia, era para os senhores do Norte controlar o sul. O Conde de Toulouse e o rei de Aragão, eventualmente ficaram preocupados e, em 1213, eles uniram forças para atacar  Simon de Montfort  no castelo de Muret. O assalto foi interrompido apesar da vantagem numérica, Pierre de Aragon foi morto, e  Raymond VI  teve que se retirar para sua cidade de Toulouse, que mais tarde foi invadida pelo exército de  Simon de Montfort . Mas o povo manteve uma lealdade profunda e preferia ir para a fogueira cantando, ao invés de negar sua fé. Quando  Raymond VI  e seu filho Raymond VII voltaram da Inglaterra, onde eles tinham se refugiado, eles foram recebidos com muito entusiasmo. Uma revolta popular tinha expulsado os cavaleiros franceses da cidade de Toulouse. Diante dessa notícia, Montfort  correu imediatamente para sitiar a cidade, onde foi morto em 1218. Sua morte foi recebida com gritos de alegria: os Cátaros viam desaparecer o mais cruel dos seus inimigos.

Simon de Montfort

Líder da cruzada contra os albigenses, ele liderou a guerra com coragem e crueldade.

Ele já havia se distinguido por sua bravura durante a Quarta Cruzada. Ele representava o “puritanismo do Norte”. Ele era o oposto perfeito de seu inimigo, o Conde Raymond VI de Toulouse , símbolo do “libertino do sul.”

Eles são o modelo do choque entre duas culturas.

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A segunda cruzada contra os Albigenses (1226)

Em 1224, novas ameaças tornaram-se mais claras sobre o país Occitano. O novo rei  Louis VIII se mostrará ainda mais cruel do que seu pai Philippe Auguste . Em 1226, enquanto os lordes e condes do Sul viam-se reinstalados em suas terras, um segundo exército cruzado varreria o Languedoc, com o próprio rei de França, à sua frente. A maioria das cidades entravam em colapso ou se submetiam com bastante facilidade. Apenas Avignon opôs uma feroz resistência por três meses. A morte de  Louis VIII salvaria Toulouse de um novo cerco, mas as rendições sucessivas de seus vassalos terminariam por convencer Raymond VII de que era melhor capitular. Pelo Tratado de Meaux assinado em 1229, o conde de Toulouse se comprometeu a permanecer fiel ao rei e à Igreja Católica, liderar uma guerra incansável contra os hereges e casar sua única filha com o irmão do novo rei da França ,  Louis IX  para preparar a anexação do Languedoc à França. Após a assinatura do tratado e o retorno de Raymond VII em Toulouse, o tribunal da Inquisição foi criado e confiado a um punhado de dominicanos.

Com um poder ilimitado, os inquisidores vasculharam o Sul em busca de hereges. Mas, estas medidas não foram suficientes para sufocar o desejo do Sul de acreditar e governar como bem entendesse. Uma segunda revolta sacudiu a região depois do assassinato, em 1242, dos juízes da Inquisição pelos cavaleiros cátaros.

Batalha de Muret

A batalha de Muret, em 12 de setembro de 1213, foi um ponto de viragem na luta para o Sul Occitano, com vantagem para o exército real.

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(Bibliotheque Nationale de France)

A Tomada do Castelo de Montsegur

Uma paz foi finalmente assinada em Lorris em 1243 entre o Rei de França e o Conde de Toulouse. Era o fim da Occitânia independente e, especialmente, do catarismo. Para desferir o golpe de misericórdia, no entanto, foi necessário tomar a fortaleza de Montségur, um símbolo da rejeição da autoridade real, onde 400 refugiados crentes da religião cátara se refugiaram. A posição da fortaleza (um pico dominante de mais de cem metros sobre as terras vizinhas) dava uma sensação de imensa confiança aos sitiados. Durante um ano, eles desafiaram com sucesso a autoridade do rei e do papa.

Os 10 mil soldados engajados no cerco só podiam observar a ineficácia das catapultas que lançavam pedras contra as muralhas. No entanto, uma noite em julho de 1244, graças ao reforço de um grupo de alpinistas acostumados a escalar e conhecendo perfeitamente o lugar, os atacantes conseguiram penetar no lugar de surpresa e conseguiram obter sua capitulação completa. Não dispondo de qualquer porto seguro, perseguidos pelos inquisidores, os últimos cátaros viviam como animais caçados, às vezes provocando breves revoltas. Os Perfeitos sobreviventes emigraram para a Catalunha, Sicília e Lombardia. Assim desaparecia a cultura mais refinada da época: a civilização Occitana originária do mito da cavalaria, da honra cavaleiresca e do amor-cortês, honrado pelos trovadores.

Montsegur, fortaleza inexpugnável

Montsegur não era um castelo como os outros.

Os arquitetos que o construíram tinha o desejo de construir um edifício facilmente defensável. Mas eles também tinham o desejo de construir um verdadeiro templo da religião cátara. Assim, a orientação do edifício não era apenas devido ao acaso: seus principais eixos estavam em alinhamentos que indicaram no horizonte, os locais onde o sol nascis e se punha em determinadas épocas do ano (equinócios e solstícios). O Sol desempenhava um papel importante como um símbolo da Luz e do Bem na religião dos cátaros. Montsegur tornou-se um símbolo do renascimento Occitano.

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O tesouro dos cátaros

Após a queda de Montsegur, muitas cátaros emigraram para a Itália. Foi para lá que eles sem dúvida transferiram o seu tesouro. Trata-se talvez do velho tesouro visigodo de Alarico escondido nos arredores de Carcassonne. No entanto, no início do século XX, perto de Rennes-le-Château, o Abade Berenger Saunière realiza exuberante gastos sem que se saiba de onde vinha sua fortuna. Uma coisa é certa, este sacerdote achou o tesouro. Poderia ser o tesouro dos cátaros? Não nos esqueçamos que durante o cerco de Montsegur, um punhado de sitiados fugiu do castelo para um misterioso destino.

Fontes e links

http://www. histoire-france. net/moyen/cathares

10 comentários em “Os cátaros

  1. O livro do Hermínio Miranda, “Os cátaros e a heresia católica” retrata muito bem, com base em livros de autores muito bons, a realidade dos cátaros e de todo o massacre que houve na perseguição a eles. Em Béziers, morreram pessoas dentro de uma igreja, numa total falta de amor a Deus! Os cátaros não pregavam a matança, o ódio. Buscaram viver simplesmente, tal como viveram os apóstolos de Jesus, e acreditavam na reencarnação. Muitos nobres e muitas pessoas cultas se uniram aos cátaros, devido ao modo de vida, sem imposições de fogo do inferno, mas sim da promessa de uma vida mais plena, de amor e paz. Infelizmente, por causa da intolerância de poucos poderosos, muitos morreram, inclusive muitos católicos, que simpatizavam com o modo de vida dos cátaros e estavam na cidade . È para refletirmos sobre os fatos da história, para não reproduzirmos ódio nem intolerância com a crença do próximo e respeitarmos quem não comunga conosco. Só para lembrar: a inquisição religiosa não promoveu o amor de Jesus…só a morte injusta.

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  2. Estou lendo Os cátaros e a heresia católica, de Hermínio C. Miranda e deslumbrada com a história da civilização cátara, por isso busco outras referências sobre o assunto. As citadas acima contribuem para melhoe entendimento da abordagem feita por Hemįnio C. Miranda.

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  3. Em verdade, não entendi muito bem o que o sr. Morgan Moura a mim me solicitou.

    De qualquer modo, oferecerei para ele a bibliografia abaixo. Espero sinceramente que se dedique a estudar. Feito isso, pondere antes de lançar suas “teses”. Espero mais: lance fora esse imediatismo opiniático. Bem sei que estudar com dedicação exige paciência e esforço, renúncia e olheiras. Mas não há outro modo de bem aprender. Ler aqui e acolá orelhas de livros, se tanto, e a revista SuperInteressante, não transforma ninguém em alguma coisa.

    Enfim, aos livros!

    Sobre os cátaros, então, lhe recomendo os livros de Arno Borst, “Les Cathares”, e a série de livros sobre o catarismo do historiador PRÓ-cátaros Michel de Roquebert: “L´Épóppée Cathare” (4 vol.), “Les Cathares”, e ainda “Histoire des Cathares”.

    Caso queira outras referências, terei o maior gosto em lhe enviar.

    Agradeço pela paz que me deseja, sobretudo quando parte do único Senhor do Mundo – Jesus Cristo. A propósito, tudo por Jesus. Nada sem Maria.

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  4. “Aos soldados a quem se perguntava como distinguir, entre a população, quem eram os hereges daqueles que eram fiéis, o abade de Cister, Arnaud Amaury respondeu com esta frase terrível: “Mate-os todos, Deus reconhecerá os seus! ” O incêndio do Languedoc começou: a cidade foi queimada e seus habitantes massacrados.”

    Triste, lamentável e preconceituoso os deturpados comentários deste sr. LUIZ COURI SAID, que deveria pelo menos se aprofundar nas leituras, visitar a região do Languedoc antes de afirmar com tanta convicção, comentários que denotam seu total desconhecimento da história e da verdade deste povo, com expressões (heresia, desvairado, abomináveis, infelizes, seita) que caracterizam o caráter de um verdadeiro fanático INQUISIDOR. Esta região até hoje não se sente parte da França, devido a barbárie sofrida pelo acordo firmado entre o Rei da França e o papa da Igreja Romana para acabar com uma religião cristã pura e anexação desta região.
    Chega de tanta hipocrisia e fanatismo “religioso” em nome de DEUS.

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    1. Já que o douto comentarista se consumiu em se servir mal do legítimo direito de opinar, pois o que ele trouxe para o debate nada mais foi do que uma mera e modesta e miúda opinião, desguarnecida pois de maior e melhor conteúdo histórico, continuarei a aguardar pela refutação dos nove pontos apontados por mim. Até que isso se dê, tomarei em minha defesa as palavras escritas por ele, MUTATIS MUTANTIS: “chega de tanta opinião a maltratar a história”.

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      1. Cabe ao nobre estudioso agregar aos nove pontos PROVAS DOCUMENTAIS, pelos “Nove Pontos” entende-se que esta “seita desvairada” não progrediu, ela desapareceu totalmente pela extinção de seus seguidores através do suicídio e que o Rei da França e o papa da ” Igreja ” católica fez de tudo para salvá-los desta ideia de ser purificados tirando suas vidas.
        Contra fatos sem comprovação encerro a minha participação antes de ser taxado de herege e ser induzido ao suicídio pelas armas da inquisição que o Cristo do Amor nunca promoveu.
        Que a Paz do Senhor lhe conforte.

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  5. “Aos soldados a quem se perguntava como distinguir, entre a população, quem eram os hereges daqueles que eram fiéis, o abade de Cister, Arnaud Amaury respondeu com esta frase terrível: “Mate-os todos, Deus reconhecerá os seus! ” O incêndio do Languedoc começou: a cidade foi queimada e seus habitantes massacrados.”

    Triste, lamentável e preconceituoso os deturpados comentários deste sr. LUIZ COURI SAID, que deveria pelo menos se aprofundar nas leituras, visitar a região do Languedoc antes de afirmar com tanta convicção, comentários que denotam seu total desconhecimento da história e da verdade deste povo, com expressões que caracterizam o caráter de um verdadeiro fanático INQUISIDOR. Esta região até hoje, devido a barbárie sofrida pelo acordo firmado entre o Rei da França e o papa da Igreja Romana para acabar com uma religião cristã pura e anexação desta região.
    Chega de tanta hipocrisia e fanatismo “religioso” em nome de DEUS.

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  6. Uma vez que o autor do texto não se deu ao trabalho de tudo “revelar”, segue abaixo alguns pontos importantes para que aqueles que se interessam verdadeiramente pela História.

    Os cátaros ou algibenses foram os promotores do mais desvairado dualismo gnóstico presente na Idade Média.

    Sem entrar em pormenores históricos, é importante, no entanto, registrar algumas de suas teses e características do seu modus operandi, coisa que o texto em apreço não ousou informar.

    1) Como para “salvar-se” era preciso libertar a alma do corpo, o espírito da matéria, tornava-se necessário diminuir ao máximo o influxo do corpo sobre a alma. Assim, entre os atos “abomináveis” para os cátaros estariam os de comer carne, ovos, laticínios, etc., pois nessa louca visão tais alimentos contribuíam para o domínio do corpo sobre a alma.

    2) O mais terrível ato de todos seria o da procriação, mesmo no matrimônio. Ato “antinatural” que em sua opinião contribuía satanicamente para propagar os corpos. O uso do sexo no matrimônio, para esses infelizes, seria muitíssimo mais “pecaminoso” do que o ato homossexual, por ser ordenado à “diabólica” geração de filhos.

    3) O matrimônio era, como se pode deduzir, expressamente proibido entre os cátaros.

    4) O suicídio era estimulado na seita e praticado por alguns dos “perfeitos”, que serviam de mártires à facção. Há relatos de homens que se cortavam em partes estratégicas do corpo para morrer sangrando lentamente, à vista de outros membros do grupo. Outros simplesmente jejuavam até morrer.

    5) Pois bem, para adentrar o patamar dos “perfeitos” havia o consolamentum, batismo espiritual ou profissão religiosa que, por meio de uma espécie de rito mágico, prometia liberar a alma do maléfico cárcere da matéria. Nessas ocasiões, os ministros impunham as mãos sobre a cabeça do neófito, que prometia solenemente cumprir os preceitos “morais” da seita até o fim. O mesmo sucedia com as mulheres, que no catarismo eram obviamente separadas dos homens.

    6) A propósito, muitos neófitos eram aconselhados a suicidar-se imediatamente após o consolamentum, para não correr o risco de cair em “pecado”. Suicidar-se era, pois, uma forma simples, e para eles louvável, de libertar a alma do jugo da matéria.

    7) As cerimônias religiosas consistiam na leitura do Evangelho pelos “perfeitos”, que em geral realizavam uma confissão coletiva dos pecados, dando absolvição indiscrimiada a todos. Um detalhe nada desprezível: os pecados eram perdoados sem que o pecador precisasse arrepender-se.

    8) Toda vez que um crente comparecia diante de um “perfeito” (que, segundo as variadas doutrinas dessa gnose, era o verdadeiro cátaro) era compelido a um ato de adoração — no qual, de joelhos, suplicava para morrer na seita e obedecer cegamente os superiores, até o fim. Tal adoração era às vezes composta do rito de melioramentum.

    9) Os cátaros desprezavam todos os sacramentos da Igreja e negavam, particularmente, a presença real de Cristo na Eucaristia.

    Independentemente de qualquer dado relacionado à fé, imagine-se uma sociedade fundada em tais “princípios”: proibição de nascimentos e estímulo ao suicídio! Não duraria uma geração sequer.

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