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A Mais Recente Conquista da Maçonaria – Mônaco

Tradução: José Filardo

Albert II – Sereníssimo, mas não grão-mestre

Um dos últimos estados da Europa onde o catolicismo é a religião do Estado, Mônaco resistiu muito tempo às sereias da maçonaria. E se uma grande loja vem a ser, finalmente, criada, o príncipe Alberto II recusou-se a ser o Grão-Mestre.

Desta vez, os maçons realmente conseguiram se implantar no Rochedo. A Grande Loja Nacional Regular do Principado de Mônaco – GLNRPM – primeira e única obediência monegasca, comunica agora sua alegria, sem grande contenção, exatamente um ano após sua consagração oficial.

Ela teve lugar em 19 de Fevereiro de 2011 na sala das Estrelas do Clube Sporting de Monte Carlo. Na manobra, um colégio de “grandes oficiais instaladores”, dignitários de três obediências conhecidas – a Grande Loja Unida da Inglaterra – GLUI, as Grandes Lojas Unidas da Alemanha e a Grande Loja Nacional Francesa- GLNF.

Uma cerimônia de prestígio termina, como se deve, com uma noite de gala. Entretanto os irmãos monegascos vêm de longe. Muito longe. O empreendimento não tinha, com efeito, nada de evidente em um país onde o catolicismo é a religião do Estado. O Arcebispo de Mônaco, Monsenhor Bernard Barsi, fez questão de relembrar, após o lançamento da GLNRPM que um católico não pode ser maçom.

Mais grave ainda, uma luta feroz  de influência entre ingleses, alemães e franceses retardou a consagração da obediência. A GLNF acreditava poder ganhar a corrida de velocidade após a publicação em 30 de janeiro de 2009 de um anúncio no Boletim Oficial do Principado de Mônaco, dando nascimento à GLNRPM. Em um segundo momento, em 7 de março de 2009, no palácio Acrópole de Nice, o grão-mestre da GLNF, François Stifani, deu carta constitutiva a três lojas de Mônaco, chamadas a Porta Nova, Santa Graça, e Jean Monoïkos. Os três veneráveis são Jean-Pierre Pastor, cônsul de Mônaco em Cuba, Claude Boisson, antigo vice-presidente do Parlamento monegasco e Franck Nicolas, organizador de manifestações. Este último é também um amigo de infância do Príncipe Albert: “Eu empurrava o seu trenó de corrida”, confessa ele.

E devido a esta proximidade entre Nicolas e o herdeiro dos Grimaldi que Stifani ousou um golpe arriscado?

Em 3 de Março de 2009, o alto dignitário francês escreveu à Sua Alteza Sereníssima: “Eu me permito fazer a proposta de ocupar a função de Grão Mestre da futura Grande Loja regular do Principado de Mônaco. Nós criaremos as condições de uma iniciação secreta onde estarão presentes somente os oficiais de sua escolha e os altos dignitários de minha obediência, dignos de confiança.” François Stifani, destacou que a GLNF prescreve “a submissão aos soberanos e chefes de Estado que protegem a maçonaria” e que o grão Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra é o duque de Kent. Nada se fez. A resposta foi negativa e o tapa dolorido.

Na hora, Stifani renunciou a consagrar a GLNRPM. “Foi preciso aguardar até novembro de 2010 para que François Stifani mudasse de ideia,” resumiu Franck Nicolas. O incidente deixou sequelas.

Devido a um veto da GLUI, a sede internacional da maçonaria regular, François Stifani não pode assistir à cerimônia de consagração de 2011, obrigando-o a se fazer representar por seu predecessor, Jean-Charles Foellner. Os três irmãos que tinham recebido o malhete de Stefani assumem o comando da obediência monegasca: Jean-Pierre Pastor, Grão Mestre; Claude Boisson, Grão-Mestre Adjunto e Franck Nicolas, Grande Secretário. A eles se junta Eugène Boccone, Grande Tesoureiro.

O empreendimento maçônica continua muito elitista. Com 7 lojas e 200 irmãos, os recrutamentos são raros e o número de irmãos em ligeira baixa depois de um ano. As condições de ingresso são drásticas: ser monegasco há cinco anos ou residir no principado há dez anos.

Por que fixar condições tão estritas? Para limitar as negociatas. Dito de outra forma, evitar que os homens de negócio batam às portas do templo com o objetivo de conquistar mercados apetitosos. O Grão-Mestre Pastor reconhece que para escapar desses desvios, que existem em outros países, é preciso ficar muito vigilante.

François Kock – Jornalista da revista l’Express desde 1988, especializado em maçonaria.

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