Bibliot3ca FERNANDO PESSOA

E-Mail: revista.bibliot3ca@gmail.com – Bibliotecário- J. Filardo

Galeria: Gilbert du Mortier, Marquês de Lafayette

UMA PERSONAGEM CHAVE

La Fayette, perpétuo, universal e múltiplo

Por Gonzague Saint Bris  (Tradução José A. Filardo)

Tendo escolhido solicitar sua iniciação em Paris, apesar de ter apenas 18 anos, Gilbert du Mortier, marques de Lafayette será fiel à sua escolha até sua morte. A maçonaria é a moda da época. “Eles todos são”, escreve Marie-Antoinette a seu irmão a respeito das pessoas da corte que pertencem  a lojas maçônicas. Os maiores nomes as frequentam: os Beauharnais, os Clermont-Tonnerre, os Cossé-Brissac, os Crillon, os Crussol, os Colbert, os Durfor e outros Dreux-Brézé, Gramont, Harcourt, La Rouchefoucauld, Montesquieu-Frezenac, Vendreuve, inciados muitas vezes por esnobismo.

Não é este, porém, o cado do “herói de dois mundos” que leva o ensinamento maçônico a sério e sempre se esforçou para se comportar de uma maneira compatível com o ideal professado pelos irmãos. É um especialista em história do século XVIII de grande talento, mas adversário da maçonaria, Bernard Fay quem melhor caracterizou deste ponto de vista, a atitude do general marquês: “La Fayette oferecia ao universo charmoso a imagem mais brilhante de um grande senhor filósofo e maçom (…) La Fayette era um maçom perpétuo, universal e múltiplo.”

Em Paris, é na loja La Candeur que Gilbert, apadrinhado pelo tio de sua esposa Adrienne, dá seus primeiros passos. Ele encontra ali o seu cunhado, Louis de Nouailles. Esta experiência coincide – como ficar admirado? – com uma crise de curiosidade intelectual. Ele lê Rousseau, Montesquieu, o abade Raynal sobretudo, que o fazer sonhar com a América. Ele frequenta outras lojas célebres como a Saint Jean d’Ecosse du Contrat Social e a Neuf Soeurs que virá a acolher Voltaire no final de sua vida, e que Benjamim Franklin terá a ocasião de presidir. É nesses lugares que La Fayette descobre a importância, o poder de atração, as noções de liberdade, de virtude e de igualdade entre os homens, os três pilares do ideal de sua vida.

Na América,  assim que se torna ajudante de campo de George Washington, ele mesmo um maçom de alta qualidade, ele lhe devota seu apoio, e suas relações encontram-se fortemente melhoradas – e elas se tornarão realmente fraternais. O jovem major-general pode frequentar as lojas locais de combatentes, como a L’union americaine em Charlotte ou a Quatre de Willmington. Ele também frequentará o grupo Trois Amis, formado por oficiais do corpo expedicionário de Rochambeau. Assim que ele escreve à sua esposa que “a América tornar-se-á o asilo seguro e respeitável da virtude, da honestidade, da legalidade e de uma tranquila liberdade”, esta fórmula é bem próxima daquilo que se pode chamar de ideal maçônico, o maçom sendo, por definição segundo o ritual do primeiro grau da época “igualmente amigo do rico e do pobre se eles são virtuosos”.

Quando retornou dos Estados Unidos, La Fayette reencontra com alegria, em Paris, seu “irmão” Benjamim Franklin. Inclusive, Adrienne, sua esposa, borda, ela mesma, um avental maçônico que George Washington vestirá em 18 de setembro de 1793, no dia do lançamento da pedra fundamental do Capitólio na cidade que virá a se tornar a capital federal da nova nação. Ele pode ser admirado atualmente ainda, no museu da Grande Loja da Pensilvânia, em Filadélfia.

Pode-se dizer que a música maçônica embala seus últimos anos. Ele se dedica, sobretudo, a defender, sempre que pode, seus irmãos ainda perseguidos pelo mundo afora, e continua modestamente, como maçom autêntico, a assistir aos trabalhos de uma pequena loja de Seine-et-Marne, em Rozoy-em-Brie, composta essencialmente por funcionários subalternos e agricultores. Sua memória é venerada no mundo maçônico sem distinção de fronteiras. É por isso que muitas lojas na Europa, na América do Norte, na América Latina, ainda trazem o seu nome.

Deixe um comentário