Tradução José Antonio de Souza Filardo
Revista Nouvelle Observateur – Agosto 2011
Mitterrand e os irmãos
As relações entre François Mitterrand, o último (e único) presidente socialista da Quinta República e os maçons tiveram seus altos e baixos. No início de 1970, para aproveitar os restos da SFIO, o ex-aluno marista Charenteano se apoia com satisfação sobre os “irmãos-coceira” que ele despreza ainda que soberanamente. E isso em detrimento de Guy Mollet, primeiro secretário maçom, que tinha se demitido ruidosamente do Grande Oriente em 1969. Muito próximo de François Mitterrand, o irmão Charles Hernu vela pelas relações com a ordem. Roger Fajardie, um velho amigo de Mauroy, também é muito ativo. Assim, a vitória de Mitterrand em 1981 pareça ser um novo amanhecer para alguns “irmãos três pontos”. “Os planos do governo correspondem à sensibilidade dos maçons do Grande Oriente”, declara então o Grão-Mestre Roger Leray, acusado por seus adversários de praticar de uma “maçonaria de quintal”. “Nossos irmãos, infelizmente, muitas vezes colocam sua filiação partidária antes da consciência maçônica”, esbraveja Henri Caillavet.
Mas, a lua de mel entre o Eliseu e a Rue Cadet não dura. O Grande Oriente, que nunca esteve tão perto de poder desde os dias de glória de Emile Combes (lei de 1905), considera o projeto de lei Savary sobre o ensino insuficientemente secular! Sua retirada diante dos defensores da escola livre decepciona. Pior, a partir de 1984, François Mitterrand é suspeito de fazer o jogo da extrema direita, instrumentalizando a emergência do Front Nacional, inimigo jurado dos irmãos. Na segunda parte do reinado a Maçonaria “de esquerda” se afunda nos casos dos irmãos Yves Charlier e Christian Nucci (Carrefour du Dévelopment), Jean-Michel Boucheron (prefeito de Angoulême), Michel Reyt, René Trager (Caso Triângulo) ou Max Theret (caso Pechiney)… O Grande Oriente levará mais de uma década para se recuperar. S. C.