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A Maçonaria em Portugal

João Evangelista Martins Terra, S.J.

Ignora-se a data precisa em que a maçonaria entrou em Portugal. Exis­tia já em 1733, por iniciativa do escocês Gordon, contando com duas lojas estabelecidas, primeiramente, entre comer­ciantes britânicos: uma, para católicos; ou­tra, para protestantes, provavelmente do rito escocês. Foi, sobretudo durante a estada do conde Lippe em Portugal (1762), que a maçonaria inglesa desenvolveu-se nos mei­os militares portugueses. O espírito clubista, cultivado pelos oficiais que acompanhavam o conde, propagou-a entre os colegas por­tugueses e, através destes, alastrou-se nos meios civis.

As invasões francesas prestaram-se a um novo surto maçônico de orientação irregu­lar, muito mais sectário, anticlerical e racionalista, com tendência marcada para o extremismo social e político, criando-se con­dições de rivalidade entre as duas correntes.

A primeira grande loja regular portugue­sa, ou Grande Oriente Lusitano, surgiu em 1804, aprovando-se a sua constituição em 1806. As constituintes de 1820 sofreram também o impacto das duas correntes. A difusão do ideário da Revolução Francesa encontrou, nas organizações maçônicas portuguesas, poderoso veículo.

As lutas liberais se beneficiaram de um recrutamento em grande escala que as li­gações maçônicas com a Inglaterra, a Fran­ça, a Bélgica e até a Espanha refletiram, nas influências de todo o gênero, patentea­das em muitos acontecimentos, particular­mente na campanha antimonástica de 1834, conduzida por maçons conhecidos. A atuação organizada, sobretudo a partir da Revolução de Setembro (1836), intensifi­ca-se. Em 1869, funda-se o Grande Orien­te Lusitano Unido, com seu Boletim Ofici­al, de publicação irregular, mas contando sempre com imprensa disponível para todas as lutas da vida pública. Isto aconteceu toda vez que se discutiram problemas de ca­ráter religioso, como a questão das Irmãs da Caridade (1862), o restabelecimento das re­lações com a Santa Sé (1857), a questão do Padroado (1857 e ss.), as missões religiosas nos domínios ultramarinos ou a liberdade associativa de caráter religioso para fins be­neficentes de ensino ou de evangelização, e a celebração do centenário da morte do Mar­quês de Pombal, com as concomitantes cam­panhas antijesuíticas (1882). Não obstante certa solidariedade, as cisões repetiram-se na data da fundação da Grande Loja de Portu­gal (rito simbólico), em 1882, do Grande Oriente de Portugal, em 1897, e do Grêmio Português, em 1889. De 1911 a 1926, ponti­ficaram figuras de vulto na maçonaria por­tuguesa.

Em 1935, a maçonaria foi envolvida na proibição promulgada contra as sociedades secretas, com larga repercussão no funcio­nalismo público. É difícil, porém, avaliar até que ponto foi eficaz esse diploma legal, tan­to em Portugal como em suas colônias ul­tramarinas, onde a influência das lojas, nes­te século, foi bastante visível.

13 comentários em “A Maçonaria em Portugal

    1. Prezado Irm. Rivaldo; tb sou MI GOB (Pouso Alegre, MG); da mesma forma tb tenho interesse contatar/relacionar com Irmãos de Vila do Conde; terra de meu bisvô; órfão foi embarcado p Brasil com 12 anos, só com algumas poucas roupas; anos depois foi iniciado pelo filho, Delfim Moreira (prs. Brasil 1918/9, faleceu); tb iniciado meu pai e iniciei meu filho. Assim, temos raizes Maçônicas em Vila do Conde. V. Hugo
      Moreira Moraes hmmoraes@hotmail.com

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    2. Gostaria de entrar em contato com irmaos macons de Portugal. Meu interese e conhecer melhos a historia judaica de cidade de Belmonte, e sua conexo com a Maconaria.

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      1. Querido Ir.’.,
        Já la estive quando de uma de minhas viagens. Muito bom acervo.

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    1. Boa noite, existe duas maneira para adentrar em nossa irmandade:
      1. Somente atraves de convite por um membro.
      2. Vc preenche um currículo externando seu desejo pela ordem, entregando em uma secretaria de qualquer loja, que o Veneravel ficarar incubido dos tramites.

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  1. A primeira organização da maçonaria em Portugal foi a de uma Grande Loja de Portugal em 1802, sob os auspícios de um tratado celebrado e ratificado nessa data com a Grand Lodge of England (Moderns), tratado cuja cópia possuo. Pelo seu emissário, por Hipólito José da Costa, ter sido detido, bem como perseguidos a maioria dos maçons em 1803 pela Inquisição, o projeto não prosseguiu até porque os ingleses não d eram qualquer apoio.
    Só em 1804 é que dois brasileiros – um Cavalcanti -, vindos de França trouxeram um tratado do Grand Orient de France, o qual tendo sido assinando unilateralmente pelo então chamado Grande Oriente de Portugal, permitiu a criação desta Obediência maçónica.

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    1. Efetivamente, a primeira organização maçônica surge em Portugal somente em 1804, mas já em 1733 existiam duas lojas fundadas uma por ingleses e outra por irlandeses em Portugal. O curioso é que a loja irlandesa se dissolveu imediatamente após a publicação da Bula do Clemente em 1738, ao passo que os “hereges” ingleses nem se abalaram.

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  2. Devo dizer que em Portugal, existem um numero significativo de obediências maçónicas, em suas multiplas possibilidades ( masculina, feminina, mista ). Pode seria encontrado na web variadas refencias sobre as diversas obediências.

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