Tradução José Filardo
19 de fevereiro de 2013 | PARIS
François Koch –
Três perguntas-respostas-choque com Alain BAUER (grão-mestre do GODF de 2000-2003).

Em que estado está o panorama maçônico francês?
Infelizmente está em declínio. Em 2003, a Maçonaria francesa tinha permitido a reunião de todo panorama maçônico, seja de um ponto de vista histórico e cultural, seja em um espaço comum. Este dispositivo foi gradualmente se estiolando, mas parecia aguentar. A explosão da GLNF, a incompreensão do GODF diante da questão da regularidade inglesa e os impulsos irresistíveis da GLDF concluíram o processo. Após a ofensiva do “bando dos 5 ” [GLDF, GLAMF, GLTSO, NFL e GLIF], o “club dos 6” [GODF, FFDH, GLFF, GLMF, GLMU GLFMM] contratacou mas sem projeto estruturador identificado. Posteriormente, o GODF pôs-se a trabalhar em um projeto de manifesto com toques leninistas (” a cada um segundo as suas necessidades »), que também não aguentou mais que algumas semanas durante a Revolução Russa.
Onde se encontra a dimensão maçônica em tudo isso?
É um estado de estagflação: Obediências demais e poucas perspectivas de produção sobre questões sociais. Não há qualquer debate sobre os cenários de saída da crise ou sobre a virtualização da sociedade. Nada sobre a Maçonaria 2.0. Esta é a primeira vez que as religiões não levam em conta a medida da evolução da sociedade. Geralmente elas trabalham, especialmente o GODF, de maneira muito subtil mas sempre à frente. Algumas lojas continuam, mas a obediência está atrasada embora seja a identidade do GODF expressar coletivamente opções e posições progressistas.
A crise da GLNF não produziu uma recomposição com um projeto de Confederação?
Cinco grandes lojas discutem entre si, certamente. Está bem se reunir, mas ainda é precisa fazê-lo sem pretensão, sem mentiras, sem omissões. Duas questões essenciais para a regularidade, identificadas como tais na declaração de Basileia[das cinco Grandes Lojas Europeias], não foram resolvidas. Finge-se acreditar que elas são secundárias e que podem ser tratadas ao final do processo!
Trata-se, primeiro, do peso do Conselho Supremo na GLDF, por exemplo, a tomada da palavra do Soberano Grande Comendador em conventos ou a sobreposição de responsabilidades de alguns deputados no convento entre loja azul e oficina de aperfeiçoamento. Ninguém acredita que uma grande loja possa se tornar um grande Oriente, especialmente em uma potência de rito único.
Trata-se, em seguida da intervisitação com irmãos pertencentes à potências adogmáticas, e que, além disso, reconhecem a qualidade maçônica das irmãs, como o GODF ou a FFDH. Os representantes da Grande Loge da França, há dez anos, tentaram na Conferência de Grandes Lojas Americanas fazer-se reconhecer ao proclamar, contrariamente à evidência, que o GADU era um Deus reconhecido e que a GLDF não tinha relações com qualquer outra obediência, que se dissesse, ‘irregular’. Ela tinha, então, conhecido uma crise incrível sancionando mentirosos e honestos em um mesmo movimento. Parece que a lição não foi parcialmente aprendida.
A Maçonaria francesa estás em crise?
Na verdade, é uma crise tripla. Uma crise em perspectiva para o GODF, passando por uma pane de imaginação social. Uma crise de identidade para a GLDF, retalhada e obcecado com a regularidade. Uma crise de explosão-recomposição para a GLNF, que François Stifani queria transformar em um GODF de direita. Essas três crises diferentes ocorrem ao mesmo tempo. Elas produzemuma recomposição sem visibilidade. Só o aumento do número de membros, o quantitativo, mascara ainda por algum tempo este crepúsculo que se estende. Jean Mourgues* explicava já há muito tempo que as potências eram um mal necessário, porque elas tinham sido inventadas para regular o caos. Agora elas contribuem para ele. Vai exigir muita coragem dos irmãos, das irmãs e das lojas para retomar seu destino.
(*) Jean Mourgues (1919-1990) dirigiu o Grande Colégio dos Ritos no GODF e publicou cinco livros sobre a Maçonaria.