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Grau 32 – Sublime Príncipe do Real Segredo (REAA)

Publicado em FREEMASON.PT

Por João Anatalino Rodrigues

Avental do Grau 32 - Sublime Príncipe do Real Segredo (REAA)
Avental do Grau 32 – Sublime Príncipe do Real Segredo (REAA)

A Câmara do grau

A lenda do grau 32 sugere que o seu simbolismo tem como meta a reedificação do Templo de Salomão, a partir de uma nova Cruzada. O grau 32, ao que parece, teve a sua origem entre os maçons templários, que o adaptaram a partir do simbolismo do grau 25 do Rito Escocês. Teria sido criado primeiramente no Rito de Heredom, e depois incorporado ao Rito Escocês Antigo e Aceito como grau 32. Esta disposição transparece inclusive no desenho do avental do no estandarte próprio do grau.

Duas são as alegorias fundamentais em que se apoiam os ensinamentos do grau 32: A Divina Comédia e a Gruta dos Grandes Filósofos. Estes são os motivos que os Irmãos encontrarão nessa Câmara, representados na decoração do ambiente, no painel do grau e nos quadros representando os oito grandes construtores do pensamento humano, através dos quais se prestam homenagem a todos os filósofos que lançaram luz sobre a mente humana.

Assim, depois de comungar com Dante os mistérios do céu e da terra, onde todo o psiquismo humano finalmente se desnuda, e compartilhar com os grandes filósofos as verdades fundamentais que modelam a alma humana, o Irmão, finalmente estará apto a contemplar a Estrela Flamejante, cujo significado lhe será apresentado no último grau, o 33.

A Divina Comédia

A Divina Comédia é um poema iniciático que apresenta a visão da Igreja Medieval a respeito da hierarquia nos três mundos: o mundo celeste, o mundo material e o mundo espiritual. A inspiração para a composição dessa genial obra, Dante foi buscar nas teses gnósticas, nas tradições pagãs anteriores ao Cristianismo e principalmente na filosofia de São Tomás de Aquino, contando também com uma forte inspiração nas doutrinas cabalísticas.

A Divina Comédia é uma obra iniciática de conteúdo altamente esotérico. Ela reflecte o que de melhor foi produzido pelo pensamento medieval, tanto no campo da filosofia religiosa, admitida pela Igreja, quanto nas doutrinas esotéricas, por ela condenada publicamente, mas secretamente cultivada por muitos dos seus membros mais ilustres.

Já de início se percebe a razão de a Divina Comédia figurar como uma importante influência na Maçonaria. Para começar, a obra foi escrita em três livros, cada um dividido em trinta e três cantos. Cada canto tem aproximadamente 40 a 50 tercetos, com versos isolados no final, dando um fecho à ideia trabalhada.

Como na Loja Simbólica, são três as estruturas trabalhadas nesse genial poema: Inferno, Purgatório e Paraíso. No total, o poema todo é composto por cem cantos. [1]

Tudo é simbólico neste grandioso poema. Entrelaçam-se tradições cabalísticas e gnósticas, juntamente com filosofia aristotélica e escolástica, formando um enredo formidável, que só um grande génio, com qualidades de iniciado, poderia produzir.

Inferno, Purgatório e Paraíso são divididos em nove círculos cada um, formando um total de vinte e sete. Três ao cubo, que forma um número cabalístico. Todos os versos finais rimam usando a mesma palavra, estrela. Aliás, o número 27 é o número maçónico por excelência. Resulta de uma tríplice multiplicação trinitária (3.3.3). Na Maçonaria do Arco Real esse número simboliza o Arco vivo, formado pelos irmãos em união (Egrégora). É a Trindade do céu sendo reflectida pela trindade humana. [2]

O genial poema de Dante pode ser interpretado como uma jornada em busca da luz. Quando o poeta se encontra no meio da vida, ele vê-se numa floresta escura e percebe que está perdido no meio das trevas. [3]

Ao tentar escapar deste território de trevas, ele vê uma montanha e tenta subi-la, no que é impedido por três animais: um leopardo, um leão e uma loba. Simbolismo puro. [4]

Já desanimado com a situação, encontra o espírito de Virgílio, poeta romano que ele muito admirava. Ele veio a pedido de Beatriz, antigo amor de Dante. Virgilio estava no Limbo e Beatriz desceu do céu para tirá-lo de lá com a finalidade de ajudar o poeta a achar o caminho para a luz. [5]

Virgílio se propõe a guiá-lo pelo centro da terra, passando pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, terminando na Porta do Céu. Durante toda a jornada Dante é guiado por Virgílio, e este, à medida que vai mostrando a geografia do mundo subterrâneo, explica também ao poeta quem são as almas que eles vão encontrando pelo caminho.

Como na iniciação maçónica, representada pelas três viagens feitas pelo neófito pelo interior dos fenómenos naturais, Dante mistura personagens históricos e lendários, justificando a presença de cada um naquele lugar, sempre pela óptica do credo cristão, defendido pela igreja católica. Assim, aqueles que viveram antes da época de Jesus e, portanto, não conheceram a “salvação” do Cristianismo não eram condenados ao inferno porque não tinham culpa de terem nascido em época errada, mas também não podiam ir para o paraíso, mesmo sendo dignos. Alguns deles são filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles, por exemplo. Virgílio também não era cristão, mas a sua jornada junto com Dante pelos círculos infernais dá a ele o direito de reivindicar a salvação, na óptica do poeta.

Passam pelos nove círculos do inferno, onde eles encontram personagens históricos, conhecidos e desconhecidos, sofrendo os mais terríveis castigos pelos pecados que cometeram em vida. [6]

Contemplam a horrorosa geografia do inferno, com os seus monstros, rios de fogo, cidades horripilantes, demónios, e chegam ao centro da terra, onde habita o rei dos demónios, Lúcifer [7]

No inferno Dante percebe que as almas que ali estão não tem mais esperança de redenção.

Saindo do inferno por um caminho subterrâneo, eles passam ao purgatório, representado por uma altíssima montanha. Ela é tão alta que o seu cume parece tocar o céu.

Na base da montanha está o ante-purgatório, lugar onde as almas que não se arrependeram dos seus pecados a tempo, aguardam, com muito sofrimento, o momento de entrarem no purgatório propriamente dito, onde poderão pagar os seus pecados e se redimirem. [8]

Atravessando os sete terraços do purgatório, que representam os sete pecados capitais, Dante e Virgilio chegam, finalmente ao fim dessa jornada no território onde as almas pagam os seus pecados e adquirem a esperança da redenção.

No último círculo do purgatório Virgilio despede-se do poeta e ele passa a ser guiado por Beatriz. Pelas mãos dela ele é levado para atravessar o paraíso. [9]

O paraíso de Dante divide-se em duas partes: uma parte material e uma espiritual. A parte material representa o cosmo, segundo o modelo de Ptolomeu, astrónomo mais acreditado pela Igreja durante o período medieval. O cosmo ptolemaico é dividido em nove círculos concêntricos, formado pelos sete planetas místicos, (Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter, Saturno, Sol e Lua) circundados pelos dois círculos que são o das estrelas fixas e o Primeiro Céu, que é o último círculo da matéria. [10]

É no paraíso terrestre que Dante encontra as pessoas, que na sua opinião, fizeram obras boas na terra e encontraram mérito para viver nesse lugar de sabedoria, harmonia e paz, que é o paraíso. [11]

Quando chega ao último círculo do paraíso, que é o céu cristalino, ele adquire, enfim a iluminação, a Gnosis, e consegue compreender como o mundo foi feito, o que é o mundo angélico, que são, na verdade, campos energéticos que giram em volta da Suprema Alma, que é o Grande Arquitecto do Universo. [12]

Inspiração Cabalística

Esta visão de Dante encontra correspondência nos ensinamentos da Cabala, segundo os quais os anjos são seres transcendentais que vivem na luz. São imortais, mas não eternos, já que também são criaturas de Deus, e a eternidade é atributo somente do Criador. Todavia, como todo elemento da criação divina, não se criam, não se perdem, mas apenas se transformam nos elementos que constituem o todo universal.

Eles são os Mestres do Universo, e através dele se constrói o mundo. De acordo com esta tradição, o universo tem quatro fases de construção que podem ser listados da seguinte forma, com as respectivas classes de obreiros angélicos como seus mestres supervisores:

Mundo da Origem (Atziloth)Mundo da criação (Briah)Mundo da formação (Yetzirah)Mundo da matéria (Asiah)
 Metraton
O anjo portador da luz
10 ordens angélicas
Elohins, os anjos construtores
10 ordens angélicas
Aralins, o coro celeste
10 ordens angélicas, presidindo os 4 elementos, os sete planetas, e os homens de boa vontade.

Metraton é o título do Anjo Arcano Superior, (O Grão Mestre da Ordem dos Elohins, a classe mais alta dos arcanjos). Outros anjos que “giram” em volta do trono de Deus, são Ratziel, o arcanjo da sabedoria, nome divino de Jeová. Ele é o guardião dos segredos divinos. Segundo a tradição cabalística foi ele que falou com Moisés no Monte Sinai e não o próprio Deus. Ratziel é o Grão Mestre da Ordem dos Auphanins, arcanjos que mantém a roda da criação em movimento. Outros anjos que pertencem à mesma hierarquia são: Kamael, da Ordem dos Seraphins, que também corresponde à Serpente; Miguel, Rafael, Gabriel e Avriel, que são os anjos da beleza e da força, respectivamente, sendo Miguel, o fogo, Rafael, o ar, Gabriel a água e Aviel a terra. Uma analogia a essa metáfora cabalística. Esta também pode ser buscada na moderna física, que tem nas partículas atómicas os elementos formadores da realidade universal. Neste caso as partículas atómicas elementares seriam os correspondentes energéticos dos anjos construtores do universo, os quais edificam o mundo físico e espiritual através das interacções realizadas entre eles. [13]

Depois de ter a visão da Rosa Mística, Dante sente, enfim o Amor Divino, que é a Suprema Energia que constrói e move o universo. [14]

A Rosa Mística

A Rosa Mística é um símbolo cristão, desenvolvido pela doutrina da Rosa-Cruz, que significa a aquisição da Gnose cristã, obtido pelo perfeito entendimento da Vida, Paixão e Morte do Nosso Senhor Jesus Cristo.

No antigo ritual, segundo informa Paul Naudon, a contemplação da Rosa Mística era o corolário do ensino maçónico, que se dava no último grau, após o recipiendário fazer uma “viagem” de três dias, na qual ele dava trinta e três voltas ao redor da Loja. Depois dessa viajem, ele descia aos “infernos”, de onde voltava com a Palavra Perdida. A Palavra Perdida revela-se nas iniciais que Pôncio Pilatos mandou gravar na cruz de Cristo. Este é um segredo da Fraternidade da Rosa-Cruz, que é referido no grau 18. As iniciais INRI significam Ígnea Natura Renovatur Integra (A natureza inteira se renova pelo fogo). Esta interpretação faz reminiscência ao “baptismo pelo Espírito Santo e pelo fogo” de que falava João Baptista, ao se referir ao magistério de Jesus. Além de ser uma divisa da Rosa-Cruz, ela também se refere ao processo alquímico de obtenção da pedra filosofal, a qual é obtida pela acção do fogo sobre a matéria prima da obra. [15)

Esta é mais uma indicação de que, mais que um simples poema clássico, a obra de Dante é um trabalho iniciático da mais alta envergadura.

A Cripta dos Grandes Filósofos

Cripta dos Grandes Filósofos, ou das Grandes Luzes, é a alegoria final e reveladora do que entendemos ser o verdadeiro mistério maçónico.

Ao longo dos nossos estudos sobre os objectivos, a história e a filosofia fundamental da Maçonaria, temos sustentado que a Arte Real, como a chamamos, consiste numa ideia, numa prática e numa instituição. É ideia porque repousa no sonho utópico que sempre cativou o espírito humano na procura de um estado ideal de ordem, paz, tranquilidade e equilíbrio entre a sua natureza humana e divina.

É prática porque na perseguição desta quimera o Irmão desenvolve posturas morais e éticas destinadas a permitir que ele viva de uma determinada maneira que julga ser compatível com esse sonho. Desta prática nasceu à filosofia, a religião e o direito, como forma regulatória e necessária da sua conduta. E, por fim, é instituição, já que para tornar possível esta prática, é necessário dar forma a ela na figura de um ente real, com identidade social e cultural, e se possível, com personalidade jurídica.

Esta foi à evolução da Maçonaria ao longo da história das realizações humanas. Justifica-se, portanto, que os seus ensinamentos comecem com a ideia, expressa através da iniciação, que encerra o conceito de aquisição da luz e se encerrem na gruta dos Grandes Filósofos, construtores do espírito universal. Na verdade, esta é a grande obra da Maçonaria universal: a construção do espírito do homem, de acordo com a Vontade emanada do Grande Arquitecto do Universo. Por isso, todas as alegorias exploradas no ensino maçónico têm essa finalidade. Desde os conceitos de pedra bruta (o aprendiz iniciado nos mistérios da Arte Real), a pedra cúbica (o companheiro cujas arestas já foram rudimentarmente aparadas, mas que ainda não atingiu a plenitude da sua iniciação) a pedra lavrada (o mestre finalmente apto a iniciar a sua senda pelos mistérios maiores da Maçonaria), há toda uma pedagogia habilmente desenvolvida para levar o iniciado Maçom a esse resultado. A Cripta dos Grandes filósofos é, portanto, um resumo final desse resultado. Para os irmãos devidamente preparados nas antigas e modernas filosofias que norteiam o pensamento humano, e que também estejam devidamente informados sobre as crenças e esperanças que fazem o espírito de homem ser o que ele é, não é difícil entender o motivo da alegoria da Cripta dos Grandes filósofos ter sido colocada justamente no grau 32, quando o ensinamento maçónico, no que tange ao seu conteúdo filosófico, é encerrado. [16]

As oito colunas da Sabedoria

Na Cripta dos Grandes Filósofos iremos encontrar oito colunas, sobre as quais oito bustos, representando os fundadores das grandes religiões que orientam o espírito humano foram colocados.

Numa nona coluna, o resultado dos ensinamentos desses grandes construtores do espírito universal é demonstrado pelo aparecimento da Estrela, que é Gnose, a Iluminação, a Sabedoria, como a demonstrar que tudo que procuramos, seja qual for à religião que adoptemos, é simplesmente a Verdade. Os oito luminares que aparecem nessa gruta são, pela ordem:

Confúcio

Com este sábio chinês aprendemos que a verdade pode assumir muitas faces e deve ser buscada por variados caminhos. Assim, ela pode ser atingida através da doutrina de Confúcio, cujo núcleo fundamental era o respeito à hierarquia, à ordem estabelecida, à cultura dos ancestrais, como verdadeiro caminho para se possa obter a rectidão do carácter e o aprimoramento do espírito. A doutrina de Confúcio prega o respeito à tradição por excelência, razão pela qual encontraremos na Maçonaria esse anelo pela tradição e o profundo respeito que ela tem pela ordem estabelecida.

Confúcio (Kung-fu-tzu), nasceu provavelmente em 551 a.C., no antigo principado de Lu, na moderna Xantum, nobre descendente do clã dos Kong. Mesmo sendo de origem nobre, parece que a sua família era bastante humilde.

Era conhecido como sendo um homem educado, cortês e justo. Casou-se muito jovem e entrou para a administração pública. Por sua rematada sabedoria, logo alcançou o cargo de ministro da justiça.

Mas logo se cansou da vida de Ministro e por não concordar com algumas das práticas utilizadas pelo Imperador na distribuição da Justiça logo abandonou o cargo. Trocou a vida política pelo ensino, tornando-se famoso como professor.

Com 35 anos de idade viu-se forçado a voltar para as lides políticas em consequência de uma guerra civil. Chamado pelo novo Imperador para seu ser conselheiro, Confúcio começou aí a sua carreira de filósofo, divulgando os seus pensamentos acerca de moral e política, reunindo muito discípulos em volta de si.

Viajou por toda a China divulgando a sua doutrina. Todos se admiravam com a sua sabedoria e a sua moral inatacável. Não obstante, as disputas políticas e as rivalidades intelectuais acabaram por envolvê-lo em inúmeras querelas. Por isso foi preso várias vezes e submetido inclusive a duras torturas físicas e morais. No entanto, as suas ideias expandiram-se por toda a China e fora dela. A sua doutrina serviu de fundamento para diversos sistemas políticos e morais durante todo o período imperial chinês. Por isso Confúcio é saudado, ainda hoje, como um dos grandes construtores do espírito universal. Morreu em 479 a C.

Zoroastro ou Zaratustra

Zoroastro, ou Zaratustra, segundo a tradição, nasceu de uma virgem. Dizem que a natureza ficou tão feliz com a sua vinda ao mundo que durante três dias o sol não se pôs. Dizem que desde a mais tenra idade ele possui uma sabedoria extraordinária que se manifestava na sua conversação e na sua maneira de ser. Aos sete anos descobriu que no cultivo do silêncio estava o princípio da sabedoria. Vários sábios profetizaram a sua vinda para o cumprimento de uma missão divina. Ficou conhecido pela bondade com que tratava a todos, indistintamente, fossem eles pobres, ricos, jovens, nobres, plebeus, anciãos, enfermos e animais.

Aos 20 anos retirou-se para uma montanha e passou a viver numa caverna. Conta-se que foi várias vezes tentado pelo demónio e o venceu. Depois de sete anos de solidão e vida ascética voltou para a cidade, onde começou a ensinar ao povo a doutrina das sete ideias. Estas ideias, que comportavam os sete passos para se atingir a luz da iluminação, seriam o cerne da nova religião que os persas adoptariam no futuro. Esta religião era o Mazdeísmo, cuja doutrina se centrava na eterna luta entre dois princípios contrários, a luz e as trevas, representadas por dois deuses, o do mal, Arimã, e o do bem, Ormuz.

A doutrina de Zaratustra ensina que antes de o mundo existir, reinavam dois espíritos ou princípios antagónicos: os espíritos do Bem (Ahura Mazda, ou Ormuz) e do Mal (Arimã). Abaixo deles uma plêiade de divindades menores formava contigentes do bem e contingentes do mal. Vários génios e espíritos ajudavam Ormuz a governar o mundo e a combater Arimã e a legião do mal, da mesma forma que outros tantos ajudavam Arimã na sua luta para fazer triunfar o mal. Entre estas divindades auxiliares, a mais importante era Mithra, um deus benéfico que exercia funções de juiz das almas.

O culto a Mithra, já no final do século III d.C., tornou-se um dos cultos mais importantes do Império Romano. Por sua semelhança com o Cristianismo, o Mitraísmo muitas vezes com ele foi confundido, provocando a ira da Igreja Católica.

O deus do mal, Arimã, é representado como uma serpente, criador de tudo que há de ruim no mundo. Crime, mentira, dor, secas, trevas, doenças, pecados, entre outros malefícios, é produto de Arimã. Ele é o espírito hostil, destruidor, que vive no deserto entre sombras eternas. Ormuz, no entanto, é o Criador original, organizador do mundo de modo perfeito. No plano cosmológico, ele é o criador do universo e da raça humana, com poderes para sustentar e prover todos os seres, na luz e na glória supremas.

Na doutrina de Zoroastro, Bem e Mal não são apenas valores morais, que existem para regular a vida quotidiana dos seres humanos. Eles são, antes disso, verdadeiros princípios cósmicos, que estão em perpétua discórdia. A luta entre Bem e Mal originam os fenómenos da vida do universo e da humanidade. A vitória definitiva de Ormuz sobre Arimã só poderia ocorrer se os homens conseguissem formar uma legião de seguidores e servidores, forte o bastante para vencer o Espírito Hostil e expurgar o Mal do universo. Esta era missão de Zoroastro.

De acordo com os ensinamentos de Zoroastro, o mundo duraria doze mil anos. No fim de nove mil anos, ele viria outra vez ao mundo como um sinal e uma promessa de redenção final para aqueles que professassem a verdadeira doutrina. Mas antes da sua vinda, um precursor o precederia para lhe preparar o caminho.

A ideia de um julgamento final, com a condenação dos maus e a salvação dos bons já está presente na doutrina de Zoroastro. Nela também está presente a noção da ressurreição.

No final dos tempos haveria o julgamento derradeiro de todas as almas e a ressurreição dos mortos. Não fica claro se o inferno tem duração eterna, se os maus se agitarão eternamente “nas trevas”. Nos Gathas, cantos de Zaratustra, consta também que o mal poderia ser banido para sempre do universo, com o nascimento de um novo mundo, física e espiritualmente perfeito, aqui na Terra.

Não seria possível, assim, a coexistência de um mundo físico degradado e um mundo hiper-físico perfeito.

A doutrina de Zoroastro propugna por um equilíbrio perfeito entre o homem e a natureza. Aconselha que tenhamos o devido respeito para com a terra, a água, o ar, o fogo e a comunidade. O cultivo de uma boa mente, através das palavras e acções boas é de livre escolha do homem: o indivíduo tem livre arbítrio para decidir o que deve fazer em face das circunstâncias que se apresentam para ele. O bom resultado é consequência de uma adequada reflexão a respeito de cada acção que devemos fazer.

E isto faz surgir uma responsabilidade social que nos torna colaboradores de Deus no projecto que Ele se propôs desenvolver para o mundo. Por isso, os principais mandamentos para que se possa ter uma vida correcta são: falar a verdade, cumprir com o prometido e não contrair dívidas. O homem deve tratar o outro da mesma forma que deseja ser tratado. Daí a regra de ouro do Mazdeísmo: “Age com os outros como gostarias que agissem contigo”.

O Mazdeísmo, como se pode perceber, foi o precursor do Cristianismo. Nele encontraremos a maioria dos pressupostos doutrinários que Jesus ensinou aos seus discípulos. Nos primeiros anos do Cristianismo, quando a doutrina de Zoroastro competia com o Cristianismo, muitos foram os conflitos entre os adeptos de uma e de outra religião. A vitória final dos bispos de Roma empurrou para o rol das heresias a maior parte desses ensinamentos, omitindo o facto de que as doutrinas que eles estavam defendendo eram, na sua grande maioria, oriundas do Zoroastrismo.

E para quem percorreu conosco o labirinto das tradições maçónicas, não será difícil entender a razão de alguns sectores dessa mesma Igreja olharem com desconfiança a Maçonaria, pois ela tem muito do Zoroastrismo.

A doutrina de Zoroastro está contida no compêndio conhecido como Zend Avesta, conjunto de cinco livros que significam “comentários sobre o conhecimento”.

Sidarta Gautama, o Buda

Não menos correcto estava no seu caminho o grande Sidarta Gautama, príncipe indiano que se despiu da importância que tinha como Brâmane e renunciou a todo o conforto da sua alta estirpe para se tornar um monge mendicante.

Assim fez porque entendia que a iluminação procurada pelo espírito humano só poderia ser alcançada se ele se despisse de todos os desejos da carne, responsáveis pelo seu apego à matéria.

Sidarta Gautama alcançou, ainda em vida, o Nirvana, que é o estado do completo esvaziamento do Ego. Fez isso através de uma vida de meditação e prática ascética, criando uma doutrina e um modo de viver que é seguido hoje por um quarto da população do mundo.

Sidarta nasceu de família nobre, provavelmente no ano de 560 a C. Era filho de um rei do povo Sakhya (razão pela qual o seu nome verdadeiro era Sakhya Muni). Este povo habitava a região da fronteira entre a Índia e o Nepal. Foi contemporâneo de grandes nomes da filosofia tais como Heráclito, Pitágoras, Zoroastro, Confúcio e Lao-Tsé.

Sidarta viveu confortavelmente no seu palácio até os trinta anos de idade. Casou-se, teve um filho e nada prenunciava que não viesse a ser rei do seu povo. Criado de forma reclusa, como era tradição naqueles tempos e lugares, Sidarta tinha pouco contacto com o mundo. Um dia, andando pela cidade, fugindo da rotina do palácio, ele viu três coisas que mudaram a sua visão do mundo: a primeira foi um ancião encurvado que não conseguia andar e se apoiava num bastão; a segunda um indivíduo que agonizava no meio de terríveis dores devido a uma doença, e por último um cadáver envolvido numa mortalha.

Foram estes três eventos que o fizeram ver a triste realidade em que o ser humano está envolvido: a velhice, a doença e a morte. A estas três realidades ele chamou de “as três marcas da impermanência”.

Esta visão abalou-o profundamente e ele passou a ver a vida de outra maneira. Pensando nessas coisas teve uma visão. Viu um Sadhu (monge eremita errante) pedindo esmolas. O seu rosto irradiava uma paz profunda e ele mantinha uma dignidade impressionante. Isto impressionou-o de tal modo que ele decidiu renunciar à sua vida de príncipe e dedicar-se à busca da verdade.

Sidarta Gautama abandonou o palácio e tornou-se um asceta mendicante. E assim viveu durante sete anos tentando entender a razão dos sofrimentos humanos. Um dia, cansado das suas peregrinações, sentou-se ao pé de uma figueira e resolveu que não sairia de lá enquanto não tivesse alcançado a iluminação. Lá ficou durante 49 dias, meditando, amortecendo todos os sentidos, até encontrar o nada psíquico, onde todos os desejos desaparecem. Assim ficou até atingir a Iluminação, estado chamado de Nirvana, aniquilamento total do Eu.

A partir desta conquista e da descrição do que ela significava, Sidarta foi chamado de Buda (o que despertou) ou Shakyamuni (o sábio dos shakyas). A doutrina que nasceu das suas experiências ficou conhecida como o Caminho do Meio, ou simplesmente o Dharma (a lei). Depois disso Sidarta, agora conhecido como Buda, O Iluminado, dedicou-se a ensinar os seus discípulos o caminho da Iluminação.

Moisés

Saudemos a Moisés, pois com o caminho que ele abriu para os judeus e para os povos que adoptaram a religião mosaica, um novo conceito de viver e honrar o Grande Arquitecto do Universo foi ensinado à humanidade.

Pois foi ele que intuiu o conceito da unidade morfológica do universo e o manifestou através da ideia de um Deus universal e único. O espírito humano, fragmentado e disperso, torna-se escravo da ignorância e da tirania, e é exactamente isso o que a grande saga dos hebreus, libertos por Moisés do cativeiro egípcio, está a nos inspirar.

Ela é uma grande jornada em busca da unificação espiritual. Este é o grande Mistério contido no Inefável Nome de Deus, e é por isso também que o magistério maçónico tanto se vale das fontes bíblicas como inspiração desses ensinamentos [17]

Hermes Trismegistos

Em seguida temos o lendário Hermes Trismegistos, tido como fundador das primeiras civilizações instaladas na terra. Hermes é associado também ao deus Toth e Osíris, sendo crença geral dos antigos egípcios que eram todos a mesma entidade, vinda ao mundo em diferentes etapas da humanidade e para diferentes propósitos.

Hermes teria ensinado aos seres humanos não só os rudimentos das suas ciências, mas também uma sabedoria secreta que somente alguns iniciados poderiam conhecer. Por isso essa ciência ficou conhecida como hermética e a Maçonaria, dada a sua própria característica de doutrina iniciática, contém um forte apelo a esse tipo de doutrina.

Hermes Trismegisto (Hermes Trismegistus em latim), significa três vezes grande. Este é o nome dado pelos filósofos neoplatónicos, e também pelos gnósticos e alquimistas, ao deus egípcio Thoth, que na Grécia foi identificado com o deus grego Hermes. Tanto no Egipto como na Grécia esses deuses eram identificados com a escrita e a magia.

Na cultura egípcia Toth simbolizava a lógica organizada do universo. Por isso os sacerdotes egípcios o identificavam aos ciclos lunares, cujas fases expressavam a harmonia universal. Nos escritos egípcios ele é referido como sendo “três vezes grande”. Patrocinava a escrita e a filosofia, sendo naturalmente identificado com o Hermes Grego, que também tinha essa prerrogativa.

Na hagiografia greco-romana, Hermes tornou-se “escriba e mensageiro dos deuses”, enquanto no Egipto, na época helénica, era tido como o autor de um conjunto de textos sagrados, chamados “herméticos”, contendo ensinamentos esotéricos sobre artes, ciências, religião e filosofia. Este conjunto de ensinamentos ficou conhecido como Cor-pus Hermeticum, e quem os adquirisse alcançaria a chamada iluminação, obtida através do conhecimento das coisas divinas.

Os escritos herméticos foram a base para a doutrina que viria depois, com o advento do Cristianismo, chamada Gnose. É evidente que o conjunto de livros denominado Corpus Herméticum foram escritos por várias pessoas, mas como representam um corpo doutrinário único, eles foram atribuídos ao grande deus da sabedoria.

Corpus Hermeticum foi escrito provavelmente entre os séculos I, II e III, da nossa era. E como já dissemos, foi a fonte de inspiração do pensamento hermético e neoplatónico renascentista que se se convencionou chamar de Gnose. Na época veiculou-se a ideia de o Corpus Herméticum seria mais antigo que a Bíblia Sagrada, anterior inclusive a Moisés e que nele estivesse contido também as raízes do Cristianismo.

Clemente de Alexandria, um dos mais famosos bispos da Igreja Romana, que viveu nos primeiros séculos do Cristianismo, afirmava que o Corpus Herméticum era composto originalmente de 42 livros subdivididos em seis conjuntos.

O primeiro conjunto tratava da educação dos sacerdotes; o segundo, dos rituais do templo; o terceiro falava de geologia, geografia botânica e agricultura; o quarto, tratava de astronomia, astrologia, matemática e arquitetura; o quinto era dedicado aos hinos que louvavam aos deuses e era também um guia de ação política para aqueles que detinham autoridade; o sexto tratava de medicina.

Costumava-se creditar também a Hermes Trismegisto o Livro dos Mortos, tratado egípcio que ensina como as almas se devem portar perante o julgamento no Tribunal de Osíris. Além disso, Hermes teria sido também o fundador da alquimia, através do famoso texto alquímico conhecido como “A Tábua de Esmeralda”.

Platão

Entre os filósofos da Cripta encontraremos também o grego Platão. Ao contrário dos demais, Platão não fundou uma religião e a sua inclusão nesse seleto rol seria injustificada não fosse ele o organizador das ideias do grande Sócrates. Este, embora também não tenha fundado nenhuma religião, foi o pioneiro entre os pesquisadores da psique humana. O seu trabalho abriu caminho para o entendimento de como a mente humana funciona e como ela pode ser construída a partir de certo modo de pensar e agir. Entendendo a verdadeira natureza das entidades ontológicas que influenciam o espírito humano, entidades essas que exprimimos através de conceitos (bom, mau, belo, feio, justo, injusto, verdadeiro, falso, etc.), e vivendo de forma adequada com esses conceitos, é possível chegar ao conhecimento da Verdade.

Platão nasceu em Atenas, em 428 ou 427 a.C., filho de pais aristocráticos e abastados, de antiga e nobre família. Tinha um temperamento educado para as artes e para a filosofia, característica dos gregos bem-educados. Na sua mocidade, cultivou a poesia e a retórica, actividades que nunca abandonou durante a vida toda, e que muito o ajudou na expressão estética que deu aos seus escritos.

Aos vinte anos, Platão tornou-se discípulo de Sócrates – então já com quase sessenta anos. Por oito anos estudou com o grande mestre. Estudou também os outros filósofos, anteriores a Sócrates, e depois da morte deste, Platão foi estudar com Euclides, que então mantinha uma famosa academia em Mégara.

De volta a Atenas, em 387 a C, Platão fundou a sua famosa escola nos jardins de Academo, razão pela ela ficou famosa com o nome de Academia.

Platão legou-nos uma vasta obra literária. A parte mais importante dessa obra é representada pelos diálogos, composição discursiva em que ele mostra a evolução do seu pensamento, desde os tempos em que era discípulo de Sócrates, passando pela sua fase com Euclides, até chegar ao início do aristotelismo.

A filosofia de Sócrates, absorvida por Platão, tem um fim prático e destina-se a desenvolver a moral do ser humano.

Todavia, Platão amplia o campo de investigação de Sócrates, limitado a mera pesquisa filosófica, conceptual, e a leva para campo antropológico e moral. Mais ainda, estende-a para o campo metafísico e cosmológico, abrangendo toda a realidade fenoménica do mundo.

O pensamento de Platão parte do conhecimento empírico, sensível, integrando a opinião do povo e as conclusões dos sofistas, para chegar a um conhecimento intelectual, conceptual, universal e imutável das realidades universais. Chama a isso gnosiologia. Mas, diferentemente dos gnósticos, que mais tarde utilizariam as suas conclusões para justificar os seus postulados, a Gnose de Platão tem carácter científico, lógico, fundamentada mais em axiomas deduzidos de raciocínios silogísticos, bem à moda de Aristóteles e os sofistas.

Platão, e depois dele, Aristóteles, lançaram as bases do pensamento científico, que após esses dois espíritos luminares, só viriam a ser confrontados por Descartes. Este pensamento corresponde à noção, bastante objectiva, de que o conhecimento só pode ser entendido como tal se corresponder à realidade. Ou seja, conhecimento que não pode ser comprovado empiricamente corresponde ao mundo das ideias, ou conceitos abstractos e imperfeitos que não podem ser materializados, e por isso mesmo impossíveis de serem conhecidos verdadeiramente.

Ainda assim, Platão não descarta a existência de um mundo sobrenatural que se sobrepõe ao mundo das ideias e das substâncias prováveis e cognoscíveis através da razão. Este mundo situa-se num território entre o mundo das ideias e a matéria manifestada. Nesse território intermediário estão o Demiurgo e as almas, através dos quais tudo no mundo se manifesta.

O sistema platónico unifica-se na ideia do Bem. O Bem é a realidade suprema, da qual dependem todas as demais ideias e todos os valores cultivados pelo homem, (valores éticos, lógicos e estéticos) que constituem o conjunto que formata o “ser”.

A filosofia de Platão, como se pode perceber, encontra eco profundo na filosofia maçónica, no sentido de que não se formata um “ser” sem que se cultive de um lado as qualidades morais e de outro os atributos espirituais. Um e outro são componentes da natureza humana e não podem ser desenvolvidos separadamente. Daí o mundo platónico ser constituído por dois princípios que parecem opostos, como a ideia e a matéria, mas isso é só uma ilusão dos nossos sentidos. Aprender a unificar a realidade é construir o universo. Isto é o que se propõem fazer os Obreiros do Universo, que são os maçons.

Jesus de Nazaré

Em seguida vem o nosso Mestre Jesus de Nazaré. Deste, que deu contornos universais ao conceito do Deus Único expresso por Moisés, pouco precisamos falar nesse resumo. O magistério maçónico é essencialmente um magistério cristão, ainda que em muitas das suas alegorias os antigos conceitos defendidos pelas religiões solares estejam presentes. Mas Jesus de Nazaré condensa na sua figura ímpar todas as virtudes dos deuses antigos e ele mesmo resume a Verdade procurada pelo Espírito Humano: a aquisição da Luz pela prática do Amor. A sua história e a sua obra são por demais conhecidas e não vemos necessidade de comentá-la aqui. [18]

Maomé

Por fim, temos o grande profeta árabe, fundador da religião dos muçulmanos, praticada por milhões de pessoas no mundo inteiro. Para Maomé o mundo é Islão, o mundo de Deus, universal e único, e deve, no final, unir-se num único pensamento e num único gesto, realizando a doutrina da comunhão universal intuída por Moisés e pregada por Jesus de Nazaré.

Maomé nasceu em Meca, Arábia Saudita, no ano de 570 era Cristã. A sua família pertencia ao clã dos Hachemitas, da tribo dos Coraixitas. Como era costume da terra naqueles dias, foi entregue a uma família beduína para aprender a viver no deserto e se tornar um verdadeiro árabe. Maomé foi então criado por beduínos.

Em Meca existia o santuário da religião árabe daquela época, denominado Caaba (Cubo). A Caaba era o santuário venerado por todas as tribos árabes, que a ela faziam uma peregrinação anual. Dentro da Caaba encontrava-se a Pedra Negra (um meteorito) e uma série de ídolos, representando uma série de deusas e de deuses adorados pelas diversas tribos árabes. Os patrícios de Maomé, da tribo dos coraixitas, acreditavam no Deus único dos judeus, o qual tinham por fundador da Caaba.

Durante a adolescência Maomé foi pastor e também mercador, acompanhando o seu tio em expedições comerciais à Síria, Palestina e outros países do Oriente Médio. Segundo a tradição, quando Maomé regressava de uma das suas viagens encontrou no caminho um eremita cristão chamado Bahira que profetizou ser ele o enviado de Deus que os árabes aguardavam. E foi então que ele começou a pregar a doutrina do Islão, e se tornou o profeta de Alá.

Eis, portanto, nesse resumo, o que significa a Gruta dos Grandes Filósofos. Nela também poderiam estar Lao-Tsé, fundador do Taoísmo, e outros grandes filósofos que com as suas teorias e doutrinas ajudaram a construir o espírito humano. Estas doutrinas e ideias foram evocadas e discutidas ao longo dos graus pelos quais o Irmão passou para chegar até aqui.

Quem bem compreendeu esse ensinamento sabe a razão dessas alegorias. E se devidamente as compreendeu sabe agora o que verdadeiramente significa ser um Maçom, e pode, finalmente, saber o verdadeiro significado da Estrela.

João Anatalino Rodrigues

Do livro “Mestres do Universo” – ed. Biblioteca 24×7 – 2011

Fonte

Notas

[1] Analogia com os três graus da Loja Simbólica: Aprendiz, Companheiro e Mestre.

[2] Alusão à estrela flamejante, Letra G, que é o símbolo da Rosa Mística, segredo último e fundamental da Maçonaria. Veja-se no capítulo XV, o estudo intitulado “O Significado da Estrela”.

[3] Semelhante ao iniciando na Maçonaria que é “um profano que bate à porta do Templo à procura da Luz”.

[4] Esses animais simbolizam a iniciação.

[5] Como o Irmão Experto, que conduz o profano à porta do Templo.

[6] Judas e Pilatos são dois desses pecadores, que ali estão, sofrendo os mais horríveis flagelos.

[7] Monstros que assombram o espírito humano.

[8] Representação do mundo profano, onde os vícios nos impedem de progredir espiritualmente.

[9] Fim da primeira etapa da iniciação, quando o iniciado, finalmente é entregue ao Venerável para a segunda etapa do ritual.

[10] Representado pelo tecto do Templo maçónico, onde exactamente essa conformação é reproduzida.

[11] A Egrégora, formada pelos Irmãos, onde ele, finalmente, “recebe” a luz.

[12] Isto mostra que Dante conhecia a Cabala e a Doutrina Secreta, ou pelo menos estava ciente das doutrinas gnósticas que se referem aos sete céus, os sete anjos planetários, as sete esferas do universo onde a vida se manifesta. O que nos filósofos gnósticos foi taxado como heresia, em Dante foi considerado genialidade.

[13] Knorr Von Rosenroth, op citado, pg. 25. Segundo a moderna física atómica, a matéria universal é formada por prótons e nêutrons, mas estes não são as menores partículas existentes na matéria, pois estas são formadas por quarks, que por sua vez se decompõem em propriedades que podem ser representadas por “cores” e “sabores”. Isso é interessante, porquanto nas propriedades das séfiras da Árvore da Vida também se identificam essas mesmas propriedades de “cor e sabor.”

[14] O segredo do grau 33.

[15] Na Cabala as iniciais INRI significam (Iam=água), (Nur=fogo), (Ruah=ar) (Abech=terra). São as iniciais dos quatro elementos, que segundo as antigas tradições, constituem a essência de todas as coisas.

[16] Cripta é um local secreto onde segredos são depositados. É o local onde a semente germina e dá nascimento à luz. Por isso a cripta dos grandes filósofos é local secreto de onde nasce a sabedoria.

[17] A história de Moisés e a sua conexão simbólica e iniciática com a Maçonaria já foi tratada no contexto desta obra, razão pela qual, a biografia do grande líder dos hebreus e iniciador da verdadeira Maçonaria não será desenvolvida com mais pormenores aqui.

[18] Recomendamos a leitura da nossa obra “O Filho do Homem”, São Paulo, Ed. Scortecci, 2009.