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Breve histórico do pensamento místico judaico: origem da Cabalá

Rui Samarcos Lora[1]

A origem do pensamento místico judaico é incerta. No entanto, há um fundamento que possibilita a todas as escolas e tradições cabalistas ter um ponto de partida comum. Tal ponto se divide em duas formas de estudo ao longo dos séculos, a saber: Maasê Bereshit (atos da criação) e Maasê Mercavá (Atos da Carruagem). São esses os dois “mistérios” básicos da Cabalá. Dois segredos presentes nos cânones do Tanach[2]. O primeiro deles, Maasê Bereshit, se refere ao texto de Gênesis e o segundo, Maasê Mercavá, corresponde ao primeiro capítulo do livro de Ezequiel e ao sexto capítulo do livro de Isaías. A questão fundamental de Maasê Bereshit é como D’us criou o universo. Está relacionado a uma longa discussão a respeito do chamado Ein Sof, Infinito, um estado anterior à criação do mundo e à discussão a respeito da origem do mundo. Em Maasê Mercavá a preocupação é como esse Infinito se revela de maneira antropomórfica, isto é, finita no universo fisicamente criado e limitado. Essas são as principais questões e discussões que permearão boa parte do pensamento místico judaico ao longo dos anos e, por sua vez, são as fontes de onde a Cabalá procurará trabalhar em seus textos e tratados até os dias atuais.

A história do pensamento místico judaico pode ser dividida em diversas fases, períodos, regiões e até mesmo em grupo de sábios e autores. De modo a facilitar e tornar prática a referida divisão, este trabalho procurará apresentar quatro principais períodos para o desenvolvimento histórico da Cabalá: o primitivo, relacionado aos essênios de Qumran; o período medieval, ligado à tradição de Sefarad; o período áureo em Safed, na Galiléia; e o período contemporâneo, voltado para o surgimento do movimento Hassídico, da Haskalá e da Cabalá na atualidade. É nessa ordem e dessa forma que está organizado o artigo.

A Cabalá primitiva e a contribuição dos Essênios

Para entender como o pensamento místico judaico se desenvolveu, importante mencionar que, do ponto de vista histórico, o cânone bíblico surge em 515 a.E.C[3]. Dessa forma, o pensamento em apreço, por sua vez, só pode ser estudado ou conhecido a partir dessa data. Os primeiros escritos a esse respeito surgem entre o Século II e I a.E.C[4], de modo que alguns autores chegam a considerar Jesus de Nazaré como um místico de sua época pertencente à comunidade dos essênios[5].

A esse respeito, interessante notar que o misticismo tem a peculiaridade de ser não gregário, isto é, a relação com a divindade é individual, diferentemente da forma comunitária empregada pelas religiões. Por essa razão, o misticismo, desde sua forma mais remota, sempre esteve em “perigo”, pois afirmar ou propagar a ideia de que se pode acessar, falar, se conectar com D’us sem intermediários perturba, desintegra o poder e a ordem das instituições e do sistema religioso. Assim, pode-se entender que o misticismo não é antissistema, ele é a-sistêmico. Nesse mesmo sentido, a figura do Profeta, Navi em hebraico, pode ser entendido como vidente, ou seja, aquele que é capaz de se conectar diretamente com o divino, sem Intermediários, razão pela qual não interessa a ele o poder e a intermediação realizada pelo Rei e instituições[6], a ele interessa a revelação direta.

A partir dessa percepção, é possível entender por que existem poucos místicos na história, assim como porque pouco se sabe a esse respeito. Em geral, são afastados das comunidades, trabalham de forma individual e não informam o que estudam ou praticam para a comunidade. Isso porque sempre houve receio e perigo em fazer afirmações e até mesmo declarar um contato direto com a divindade sem a religião como intermediário. Daí a base do segredo da Cabalá estar associada muito mais com este receio/medo do que por falta de entendimento em temas considerados avançados em qualquer época.

Curioso notar que até o século XX, os cabalistas se mantiveram longe das congregações[7]. Da mesma forma, a comunidade também não se inteirava pelos estudos que eles empreendiam. De modo geral, não havia interação entre um cabalista e a comunidade. Em resumo, o cabalista tinha o objetivo de se conectar diretamente com o divino realizando uma mudança interna que ele entendia ser a verdadeira Teshuvá[8], um retorno a si mesmo. Diferente do conceito de retorno à religião ou até mesmo conversão, como na percepção cristã. A partir dessa conceção do termo Teshuvá começam a aparecer duas principais ideias a partir do pensamento místico judaico: a de redenção da alma por meio do aumento da consciência e a redenção final no chamado tikkun olam[9].

Para tanto, a ideia é entender o conceito de Messias como um olhar interno com vistas ampliar a consciência e, nesse sentido, a figura do Messias é resultado do processo de mudança de consciência individual coletivo de ampliação da consciência. Para o místico, cabalista, não há que se esperar pela figura física de um Messias, pois é muito mais um estado em que a humanidade pode alcançar ou até mesmo receber a qualquer momento, desde que haja essa ampliação coletiva de consciência. Assim, a congregação que se intitulava messiânica nesse sentido buscava essa mudança, e não uma pessoa que pudesse promover a redenção final. Como exemplo histórico mais conhecido, os essênios podem ser considerados os primeiros a serem reconhecidos como congregação mística que rompia com essa ideia de Messias humano e partia do princípio de que o autoconhecimento poderia produzir a experiência e o aumento de consciência para que alguém pudesse se conectar diretamente com o divino[10].

Os essênios entendiam que poderiam promover, por meio da pureza e de diversas práticas ascetas, a mudança de consciência, se conectando diretamente com a divindade. Em Qumran, perto do Mar Morto, surgem os primeiros escritos a esse respeito, onde a consciência impura é derrotada pelas forças do bem em uma luta da luz contra as trevas. Com o passar do tempo, o Segundo Templo é destruído e o judaísmo começa sua diáspora pelo mundo, fazendo com que a mística desapareça no sentido histórico, mas presente, ainda que oculto, dentro das comunidades e congregações exiladas[11].

Segundo período: Cabalistas em Sefarad

Já no século I, o pensamento judaico pode ser definido como gnóstico. Isso pode ser dito com base na afirmação de Rashi que diz que o conhecimento é o Espírito Santo[12]. Esse conhecimento não se refere ao conhecimento académico, mas, sim, relacionado à consciência. O conceito de conhecimento por parte da Cabalá está assentado em um tripé, isto é, o racional (Biná), o intuitivo (Chochmá) e a experiência (Malchut)[13]. Para tanto, conhecimento, para a Cabalá, está relacionado aos três aspectos ora mencionados. Assim, ao falar em elevar a consciência é elevar um ponto deste tripé, de modo que se consegue elevar os três a partir da experiência, do mundo físico, o aspecto material. A matéria, então, não deve ser recusada. Diferentemente do gnosticismo radical, que rechaçou a matéria[14], para a Cabalá a matéria é o principal instrumento para se ampliar a consciência, razão pela qual se explica o porquê das coisas e porque o mundo foi criado na forma física. Portanto, o desejo, desejar, não é um problema para a Cabalá. Pelo contrário, o entendimento é o de que o controle do desejo é que determinará a amplitude da consciência, mas para isso é necessário o mundo físico. Dessa forma, a matéria é necessária e essencial, porque se não houvesse matéria, não faria sentido o mundo físico, uma vez que o espiritual se revela no campo da matéria. Daí a não renuncia da realidade, o não isolamento proposto pelo pensamento místico judaico ao longo dos anos.

Nesse cenário, a tradição do pensamento místico começa a ganhar forma, ainda que em segredo. Tal tradição era passada oralmente, principalmente porque escrever, gravar e documentar poderia produzir um problema: criar um dogma. Alexandre Safrán a esse respeito afirma que é por isso que a Cabalá não ensina, ela insinua[15]. A Cabalá, em seus primórdios, procura se desenvolver no campo simbólico, com vistas a evitar se tornar dogma, fé, portanto, oral, a fim de se tornar livre.

Com o passar de dez séculos, o acúmulo de informações e discussão a respeito da Cabalá ganha volume e no Século XI passam a documentar e a escrever, por perceber que, à medida em que se transmitia o conhecimento, mais informações se produziam. Nesse ritmo, o discípulo que se tornava mestre já não conseguiria transmitir tudo o que sabia adiante devido ao acúmulo de informação e, assim, começava a tradição escrita, documentada, da Cabalá na cidade de Soria, Espanha.

Em Sória, a partir de 1100, Jacob HaCohen inicia por e explicar a estrutura da Etz HaChaim, a Árvore da Vida[16], o símbolo mais conhecido da Cabalá. No século XII, especificamente em 1176, na cidade de Girona, aparece o Séfer HaBahir[17] e o Séfer Yetsirá[18], que perfazem uma análise de Maasê Bereshit. Em 1290, o livro mais comentado da Cabalá surge em Castilha, o Sêfer HaZohar. Em Girona, assim como em Occitana e Provença, o conceito e a estrutura da Árvore da Vida também passam a ser debatidos e conhecidos pelos cabalistas. Dessa forma, é possível perceber que, entre os anos de 1100 e 1300, o pensamento místico judaico se concentrava na Espanha, a chamada Sefarad, com exceção dos escritos de Eleazar de Worms[19] que se discutia na Alemanha na mesma época.

Em 1270, uma das figuras cabalísticas mais proeminentes da época surge, Abraão Abulafia. Nascido em Zaragoza, estuda em Tudela, Navarra, e ensina Cabalá em Barcelona, no mesmo ano. Abulafia procura discutir os chamados Tserufim[20], o estudo dos nomes de D’us e a dá ênfase aos seus estudos e práticas de Cabalá à Guemátria[21]. Abraão Abulafia é conhecido por ser um expoente da chamada Cabalá estática[22]. Abulafia nasceu em 1240 e teve como discípulo outro grande nome, Yossef de Gikatilia. Gitakilia havia nascido em Medinaceli, vindo a falecer em Segóvia.

Abulafia tem uma biografia repleta de fatos inusitados e curiosos. Sabe-se que o rabino de Barcelona da época, Shlomo ben Adret, declarou Abulafia como louco, principalmente por suas técnicas de meditação, projeção astral, dentre as afirmações e declarações sobre desdobramento da alma. Ademais, é conhecida na vida de Abulafia a tentativa de, por volta de 1280, converter o Papa Nicolas IV ao judaísmo. Obviamente que não logrou êxito e, imediatamente após sua tentativa, foi determinada sua prisão. O curioso é que dias depois do ocorrido, o Papa Nicolas IV faleceu. Abulafia, por sua vez, acabou por se refugiar na Ilha de Comino, em Malta, onde anos mais tarde desapareceu sem que se saibam como ele morreu. Sabe-se, ademais, que em algum momento de sua vida se autoproclamou Messias.

É neste cenário que o Sefer HaZohar também é revelado por intermédio de Moshe de Leon em Ávila. A esse respeito, acredita-se que o Zohar tenha sido escrito por um grupo de cabalistas e que Yossef de Gikatilia, autor do Shaarei Orah[23], estivera presente. De acordo com os religiosos, o texto do Zohar é atribuído ao Rabino Shimon Bar Yochai que o teria escrito no Século I em uma caverna na cidade de Pekiin no norte de Israel durante a dominação romana.

No final do século XIII, o movimento cabalista além de ganhar muita força e intensidade, terminou por unir as muitas discussões sobre a Árvore da Vida de Girona juntamente com os ensinamentos, discussões e escritos de Abulafia. A isso, somasse o aparecimento do Sefer HaZohar, o que deu a esse período da história do pensamento místico judaico uma importância muito relevante para o que viria a surgir anos mais tarde na Galiléia.

Posteriormente, a Cabalá praticamente desaparece no Século XIV da Espanha. Neste mesmo período o país sofre com a peste negra e com o pogrom de 1391[24]. O último expoente cabalista surge em Toledo, em 1474, David Ibn Simbra[25], que viaja para o Egito em 1492 com a expulsão dos judeus da Espanha. Lá se torna o mestre de um dos maiores cabalistas da história, Isaac Luria.

A Cabalá de Safed

Até aqui podemos entender que a Cabalá começa a se desenvolver com a comunidade dos essênios. Com a diáspora dos judeus, o pensamento místico toma forma e tem uma grande produção na Espanha entre os Séculos XII e XIV. No entanto, é apenas na Galiléia, especificamente na cidade de Safed, que a Cabalá alcança o seu nível mais alto de interpretação e estudo. Dentre os expoentes desse período do pensamento místico judaico três figuras proeminentes se destacam: Moshe Cordovero, o autor do livro Pardes Rimonin, Jardim de Romãs, possivelmente entre os anos de 1568 e 1569, que explica o funcionamento da árvore da vida e faz uma análise da alma humana a partir da árvore; Isaac Luria, que, por sua vez, apresenta o conceito fulcral de Tzimtzum, a criação do universo a partir do ocultamento do infinito absoluto para dar espaço ao vazio, ao nada; e, por fim, um dos alunos de Isaac Luria, Chaim Vital, que apresenta diversos trabalhos e, no ano de 1571, a teoria a respeito da encarnação das almas, Sefer HaGilgulim. É dessa forma que, de 1565 a 1571, os principais conceitos de Cabalá ganham forma, a saber: a criação do universo, o estudo sobre a alma e o processo de encarnação.

Depois de Chaim Vital a produção, assim como a divulgação dos estudos praticamente adormece, não há qualquer expoente em destaque. Não obstante, é necessário mencionar que, em 1665, Nathan de Gaza, desenvolveu alguns conceitos da Cabala Luriânica e acaba por se encontrar com uma figura polêmica que, no Império Otomano se declara Messias, Shabatai Tzvi. Tzvi, para não ter problemas com os turcos da época acabou por se converter ao Islã.

Com as declarações de Shabatai Tzvi, os rabinos da época entenderam que o conhecimento e a divulgação, assim como o estudo da Cabalá, poderiam causar grande prejuízo ao povo judeu, de modo que o assunto passou a ser proibido. O estudo de Cabalá, mais uma vez, se mostrava perigoso por várias razões, dentre elas o despertar de falsos messias e a criação de movimentos messiânicos como o encabeçado por Tzvi[26]. A esse respeito se faz necessário mencionar que, juntamente com Tzvi, outras muitas famílias se converteram ao islamismo na época no Império Turco.  

A Cabalá Moderna

No século XVIII o Rabino Baal Shem Tov torna-se o maior representante do judaísmo da época e muito aclamado até hoje, principalmente pelo movimento religioso conhecido como Hassidismo. Afinal, o rabino foi o responsável pela criação do movimento na Ucrânia. Tal movimento tem, dentre suas premissas, o fato de ser religioso significar ser alegre, de modo que tudo o que não esteja proibido pela Torá, está autorizado. Assim, fumar, beber, dançar, enfim, os prazeres do mundo físico faziam parte da experiência de se viver, desde que não estivessem proibidos pela Lei Judaica. Com esse objetivo, muitos judeus passaram a fazer parte do movimento e se identificar com o Hassidismo, principalmente na Europa oriental.

O Hassidismo então passa a identificar e destacar em seus ensinamentos de que a fagulha divina presente na alma de cada um estava associada à mesma ideia de Messias inicialmente discutida, isto é, a vinda do Messias estava atrelada a um estado de espírito necessário em cada um e relacionado ao restrito cumprimento das mitzvot, mandamentos da Torá. Sob o movimento, a Cabalá se popularizou em um nível mais baixo, interno, diferentemente do experimentado pela Espanha e Galiléia. A Cabalá passou a ser vista com elementos da ética, não totalmente diretamente relacionados à alma, aos estados de consciência, práticas meditativas, pois esses temas ficaram restritos à elite judaica da época, como os místicos de outrora que estudavam o assunto em pequenos e restritos grupos.

Em 1796 surge o Tannya, um texto mais rebuscado escrito pelo movimento Hassídico que apresenta elementos relacionados à alma e às discussões cabalísticas de maneira mais complexa. No entanto, na Alemanha, no mesmo período, o judaísmo é reformado por Mendelssohn [27] e a Cabalá passa a ser vista quase como algo relacionado à superstição, simpatias, especialmente por influência do pensamento racional e iluminista na Europa naquela época. No judaísmo o período é conhecimento como Haskalá[28], o chamado iluminismo judaico. Dessa forma, a Cabalá deixa de ser tratada com a relevância espiritual que ela tinha até então e passa a ser vista como um assunto místico voltado para superstição e assim permaneceu ao longo dos últimos séculos.

Somente no século XX é que o judeu-polonês, marxista-leninista, Yehuda Leib HaLevi Ashlag, conhecido como Baal HaSulam[29] [30], ao se deparar com textos e teorias filosóficas europeias da época em Varsóvia identifica um vazio em seus principais teóricos e autores e passa a se dedicar ao pensamento religioso e místico com profundidade. Yehuda Ashlag se tornou um cabalista proeminente de sua época, um verdadeiro expoente da Cabalá, pois percebeu que a resposta para a falta de espiritualidade na filosofia europeia poderia ser encontrada na Cabalá.

Ashlag percebeu, ainda, que se as mulheres, as crianças e todos os demais não passassem por uma transformação espiritual, a tecnologia tomaria conta do mundo e destruiria a humanidade. Por essa razão, a Cabalá deveria ser expandida para salvar a humanidade. Nesse mesmo sentido, pode-se afirmar que a sobrevivência da raça humana dependeria da espiritualidade. O movimento contemporâneo da Cabalá que começa com Yehuda Ashlag é seguido por dois principais discípulos: seu filho, Baruch HaAshlag e Philip Berg. De Philip Berg surge o conhecido centro de Cabalá onde muitos famosos hoje se vinculam, o Kabbalah Center[31]. Por sua vez, é de Baruch HaAshlag, seu filho, que descende outro discípulo da era contemporânea, Michael Laitman, idealizador do movimento Bnei Baruch[32], filhos de Baruch HaAshlag.

É basicamente desses dois movimentos que todos os demais movimentos e escolas atuais de Cabalá surgiram. A fórmula encontrada por Ashlag foi conectar o pensamento místico judaico com a filosofia europeia, dando resposta e modernizando os componentes até então atrasados na antiga tradição mística judaica.

Notas

[1] Candidato ao PhD em Ciência Política na Universidade de Coimbra e à maestria em Cabalá na Escola de Meir Sabán.

[2] A bíblia hebraica é a coleção canônica dos textos israelita, que é a fonte do cânone Cristão do Antigo Testamento. Esta coleção é composta de textos no Hebraico Bíblico, com exceção de dois livros, o de Daniel e o de Esdras, que contêm trechos no Aramaico Bíblico.

[3] McDonald, L. M.; Sanders, J. A. (2002). «Introduction». The Canon Debate (em inglês). [S.l.]: Hendrickson Publishers. p. 13

[4] De acordo com Flávio Josefo, tais escritos estavam na posse dos essênios e foram guardados por eles contra a revelação, para o qual eles alegaram uma certa antiguidade (veja; Filo, De Vita Contemplativa, iii, e Hipólito, Refutação de Todas as Heresias, ix. 27).

[5] Do hebraico, Issi’im, eram um grupo asceta, de origem judaica fundado em meados do 2º século a.E.C.

[6] A relação entre o Profeta Natan e o Rei David pode ser utilizada como exemplo nesse sentido. Natan ao longo da história mantém o respeito pelo Rei, mas a independência dele com relação ao Rei é clara e pode ser notada pelas previsões e respeito concedido ao Profeta pelo Rei.

[7] Scholem, Gershom Gerhard. “Jewish mysticism.” Merkabah Mysticism, and Talmudic Tradition (1967): 3642.

[8] é a prática de voltar às origens do judaísmo. Também tem o sentido de se arrepender dos pecados de maneira profunda e sincera. Aquele que passa pelo processo de teshuvá com sucesso é chamado de Baal Teshuva.

[9] A Cabala luriânica ensina que a criação do universo por Deus era instável, e o universo “primitivo”, representado por um vaso de cerâmica, não podendo conter a Luz Sagrada do Ein Sof (Infinito, isto é, Deus), estourou. Assim, segundo os cabalistas, o Universo que conhecemos está literalmente quebrado e precisa ser reparado. Seguindo a Halachá (lei religiosa judaica) e cumprindo os mitzvot (preceitos), os judeus, através de suas ações, ajudam tikum olam. Isso é, ajudam a consertar o recipiente do Universo, fazendo com que este volte à forma originalmente desejada por Deus. E dessa forma, a Humanidade participa da criação divina.

[10] Taylor, Joan E. The Essenes, the scrolls, and the Dead Sea. Oxford University Press, 2015.

[11] Kaplan, Aryeh. Meditation and kabbalah. Rowman & Littlefield, 1995.

[12] Shnei Luhot Haberit, Massekeht Shevuot, Pereq Ner Mitsvah, Para. 28

[13] Drob, Sanford L. “The Sefirot: Kabbalistic archetypes of mind and creation.” Crosscurrents (1997): 5-29.

[14] Hans Jonas, The Gnostic Religion, p. 42, Beacon Press, 1963, ISBN 0-8070-5799-1; 1st ed. 1958

[15] Safran, Alexandre. A Cabala: São Paulo. Colel Torá Temimá do Brasil (1995).

[16] Jacob Ben Jacob Há-kohen nasceu em Soria e viveu algum tempo em Segóvia. Ele transitou entre as comunidades judaicas na Espanha e na Provença, procurando vestígios de escritos e tradições cabalísticas anteriores preservados por cabalistas individuais. Passou muito tempo em Provença com seu irmão mais novo Isaac b. Jacob ha-Kohen e morreu em Béziers (c. 1270 – 1280). Foi fortemente influenciado pelo misticismo dos Ḥasidei Ashkenaz, principalmente no que diz respeito à numerologia. O principal aluno de Jacó foi Moisés b. Solomon b. Simeão de Burgos. Jacó foi um dos principais pilares da tendência gnóstica renascentista da cabala (ha-ma’amikim.)

[17] Trabalho místico anônimo, atribuído ao rabino Nehunya ben HaKanah do século I (um contemporâneo de Yochanan ben Zakai). É um trabalho inicial de misticismo judaico e fundamento da Cabalá.

[18] Tratado filosófico que trata sobre a origem do universo (macrocosmo) e da humanidade (microcosmo), por meio do arranjo alfabético e numeral apresentado no tratado.

[19] Foi um líder talmudista e cabalista, e o último membro importante do Hasidei Ashkenaz, um grupo de reformistas judeus alemães.

[20] Permutações de letras.

[21] É o método hermenêutico de análise das palavras bíblicas, somente em hebraico, atribuindo um valor numérico definido a cada letra. É conhecido como “numerologia judaica”. A cada letra do alfabeto hebraico é atribuído um valor numérico, assim, uma palavra é o somatório dos valores das letras que a compõem. As escrituras são então explicadas pelo valor numérico das palavras. Palavras de iguais valores numéricos são consideradas como explicativas umas das outras e a teoria também se estende às frases.

[22] Estudo da Cabalá que procura experimentar práticas meditativas de permutação de nomes divinos, assim como contemplação de palavras para atingir níveis superiores de consciência.

[23] Varner, William. “The Christian use of Jewish numerology.” The Master’s Seminary Journal 8.1 (1997): 4759.

[24] Foi uma revolta popular dirigida contra os judeus que começou em 6 de junho daquele ano na cidade de Sevilha. Houve saques, incêndios, massacres e conversões forçadas de judeus nos principais bairros judeus das cidades de quase todos os reinos cristãos da Península Ibérica. As revoltas mais graves foram as que começaram em Sevilha e as que ocorreram em Córdoba, Toledo e outras cidades castelhanas.

[25] Também chamado de Radbaz, foi um dos primeiros sacerdotes dos séculos XV e XVI e um importante rabino-chefe e autor de mais de 3.000 decisões haláchicas, bem como vários trabalhos acadêmicos.

[26] Os que seguiram tinham de justificar e se converteu para baixar as klipot, judaizar o Islã desde dentro do Islã e era a justificativa 20.000 seguidores e muitos aguardam ainda ele a voltar do céu. Se tapou a cabala e não se difuminou e

[27] Foi um judeu russo que liderou o movimento iluminista judaico, que também foi moldado por Aaron Halle-Wolfssohn (1754-1835) e Perl Joseph (1773-1839). O sucesso extraordinário de Mendelssohn como um filósofo popular e homem de letras revelou possibilidades até então insuspeitas de integração e aceitação de judeus entre os não-judeus. Mendelssohn também forneceu métodos para os judeus entrarem na sociedade em geral da Alemanha. Um bom conhecimento da língua alemã era necessário para garantir a entrada em círculos de cultura alemã, e um excelente meio de adquiri-lo foi fornecido por Mendelssohn em sua tradução alemã da Torá. Este trabalho tornou-se uma ponte sobre a qual ambiciosos jovens judeus podiam passar para o grande mundo do conhecimento secular. O Biur ou comentário gramatical, preparado sob a supervisão de Mendelssohn, foi projetado para neutralizar a influência dos métodos tradicionais da exegese rabínica. Junto com a tradução, tornou-se, por assim dizer, a cartilha de Haskalá.

[28] Haskalá é o Iluminismo Judaico. Este é um movimento surgido dentro do Judaísmo na Alemanha do século XVIII. E adotava os valores iluministas, incentivando a integração com a sociedade europeia e a valorização da educação secular, aliada ao estudo da história judaica e do hebraico

[29] Introvigne, Massimo. “Pragmatic Kabbalists: Bnei Baruch and the Globalization of Kabbalah.” Interdisciplinary journal of research on religion 13 (2017).

[30] Fishbane, Eitan. “The Communist Kabbalist: The Political Theology of Rav Yehudah Ashlag.” (2017).

[31] Bnei Baruch. Disponível em: https://www.kabbalah.info

[32] Kabbalah Center. Disponível em: https://kabbalah.com

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