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Iniciação de Mulheres no GODF – Evolução (Parte 2)

Tradução José Filardo

O Grande Oriente recusa-se a iniciar as mulheres: retorno à análise da Maçonaria

Por Evariste (evariste@gaucherepublicaine.org)

A Maçonaria existe há quase três séculos. Ela nasceu em Londres em 1717 após a decisão de quatro lojas de criar a Grande Loja de Londres. Esta decisão filosófica e progressiva acontece em uma atmosfera de guerra civil religiosa e reconstrução de Londres após o incêndio que destruiu a maior cidade do mundo de sua época, no final do século 17.

Durante estes três séculos, três principais correntes existem dentro dela: a corrente filosófica e progressista, a corrente conservadora e retrógrada e a corrente que visa transformar as atuais organizações Maçônicas em aparelho ideológico do Estado em suas versões progressistas, conservadora ou reacionária.

Na França, a introdução da maçonaria na década de 1720 permitiu a ação e consolidação da burguesia esclarecida pelo Iluminismo em uma lógica filosófica e progressista. Este agrupamento participou na batalha pela hegemonia ideológica necessária para a transformação social conforme teorizado mais tarde pelo grande filósofo comunista italiano Antonio Gramsci.

Este agrupamento foi concretizado pela criação do Grande Oriente de França em 1786. Sua influência sobre a Revolução Francesa foi importante, tanto pelas ideias quanto pelo número de parlamentares que eram membros dela. Todas as facções os possuíam, até mesmo os girondinos e Montagnards.

Após a reação de Termidor, o Grande Oriente da França sob Napoleão torna-se um aparelho ideológico do Estado napoleônico. A queda do Imperador e o retorno da monarquia clerical e reacionária é um período de refluxo da Maçonaria em grande parte controlada pelo poder que, de fato, nomeava os grãos mestres.

A chegada de Napoleão o Pequeno (n º III para os historiadores) altera o cenário. Desejando ser como seu avô, ele devolve o esplendor à Maçonaria que se torna, paradoxalmente, em sua base, especialmente depois de 1860, um centro de reunião republicano. Apesar disso, ela está dividida. Lojas inteiras assumir a causa pela Comuna, enquanto outros argumentam que os massacres da reação agrupados em torno de Thiers. Karl Marx iria tomar nota disso em suas obras e em sua ação.

Então, pela segunda vez em sua história, ela desempenha um papel filosófico e progressiva durante a Terceira República, contra a atividade de restauração da monarquia, contra o clericalismo católico e para os avanços sociais e institucionais Todos os partidos de esquerda (Partido Socialista Radical e Partido Socialista) e de extrema esquerda têm maçons em seu seio até mesmo Cachin e Marty, membros do PC em 1920, que renunciarão à Maçonaria a devido à vigésima segunda condição (não oficial mas aplicada) da Terceira Internacional, que proibia ser, ao mesmo tempo, maçom e comunista.

1901 (a lei que trazia a legalidade das associações) e 1914 (a guerra) são para a Maçonaria como para a história da França, um ponto crucial dos quais ainda não se terminou de falar. A Segunda Guerra Mundial vê seus “melhores” membros partir para a resistência não mais voltar. Deve-se notar que, a pedido de Marcel Paul (ministro comunista no Libertação, que organizou com os maçons uma rede de resistência durante a guerra) o Grande Oriente recebeu na Liberação uma carta assinada por León Mauvais, na sua qualidade de birô político do PCF, colocando um fim à aplicação da vigésima segunda condição de Zinoviev. Os comunistas retomam o caminho das lojas.

O renascimento da Maçonaria na Liberação vê, no entanto, mudar seu centro de gravidade devido à morte de seus “melhores” no campo de batalha. Apesar disso, nos trinta anos que se seguem a Libertação, a corrente filosófica e progressista já é majoritária ao ponto de ter uma grande influência na legislação favorável à contracepção e ao aborto. Digamos sem rodeios, a batalha sobre a lei de 1975 foi aprovada por toda a esquerda e uma fração da direita. Os deputados maçons de esquerda e direita desempenham um papel decisivo em torno de Pierre Simon, militante do planejamento familiar, que anima os ativistas parlamentares na câmara e apoiam assim a luta das feministas no movimento social.

Depois, há o buraco negro. O desenvolvimento da globalização neoliberal na década de 1970 muda o jogo. A corrente conservadora e retrógrada da maçonaria desenvolve. Os Intelectuais e atores sociais grandemente interessados pela Maçonaria no passado favorecem outras organizações.

Um último canto de cisne tem lugar quando o Grande Oriente organiza o lançamento da batalha por uma lei contra os sinais religiosos nas escolas por parte do banquete republicano de Créteil, agrupando 1500 reunindo pessoas em 21 de outubro de 1989.

No início do ano de 1992, o Grande Oriente abandona este trabalho militante fazendo naufragar sua própria iniciativa de comemoração do o bicentenário da República que foi organizado passivamente.

Então, em 1995, o Grande Oriente da França começou a permitir que os candidatos presidenciais viessem fazer suas campanhas dentro do Grande Oriente de França. Em vez de ser um local de emissão de novas ideias como ele fora no passado, torna-se um lugar de aceitação de toda a confusão intelectual da sociedade.

Hoje, a Maçonaria francesa é dividida entre a Grande Loja Nacional Francesa (segunda obediência maçônica francesa afiliada ao Vaticano maçônico anglo-saxão), que visa tornar-se um aparelho ideológico do Estado ao serviço do neoliberalismo e Maçonaria adogmática animada pela corrente conservadora. Foi nessa atmosfera que o voto do Convento do Grande Oriente, já referido, pode ser analisado.

Mas este não é o fim da história. O corrente filosófica e progressista, que é uma forte minoria tem como compromisso histórico do Grande Oriente, amplamente citado nas Constituições e rituais da maçonaria adogmática. O futuro nos dirá o que se tornará esta moda organizacional maçônica, hoje com mais de 130.000 membros na França.

Ver Também:

Iniciação de Mulheres no GODF – Evolução

Os maçons do Grande Oriente da França dão à luz à maçonaria mista com fórceps

Um novo começo para a primeira organização maçônica na França?

publicação original
http://www.gaucherepublicaine.org/respublica/le-grand-orient-refuse-d%E2%80%99initier-lesfemmes-retour-sur-l%E2%80%99analyse-de-la-franc-maconnerie/487

Um comentário em “Iniciação de Mulheres no GODF – Evolução (Parte 2)

  1. Excelente matéria, não podemos ficar submetidos a Londres e a uma Constituição elaborada por um Protestante. A Maçonaria é também um Estado laico…

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