Tradução José Filardo
Palestra ditada pelo próprio Ir.’. Snoek no Freemason’s Hall patrocinada pela Cornerstone Society em 13 de maio de 2001.
- O DESCOBRIMENTO DE HIRAM
Passemos agora para a terceira parte da Lenda de Hiram, a descoberta do corpo de Hiram.
Pritchard disse que quinze amados irmãos, por ordem do Rei Salomão, saíram pelo portão Oeste do Templo (em busca de Hiram), e que se separaram da direita para a esquerda dentro do alcance um do outro; e que concordaram que se não se achasse a Palavra nele ou sobre ele, a primeira palavra seria a Palavra do Mestre.
Diante dos recentes desenvolvimentos, devemos notar duas coisas: em primeiro lugar, não é especificado quem são esses quinze irmãos, e, em segundo lugar, que eles que decidem mudar a Palavra do Mestre não tinham nenhuma razão para suspeitar que Hiram tinha morrido e, menos ainda que ele fora assassinado e por quê.
Como tudo isso não tem lógica procuraremos uma solução melhor.
O ritual inglês Rite Ancien de Bouillon de 1740 resolve o problema assim:
Os (três) irmãos que saíram para procurar Hiram encontraram um corpo e relataram isso a Solomon que então disse:
Ai! Queridos irmãos, estamos satisfeitos que vocês tenham descoberto o enterro do nosso digno Grão-Mestre. Pouco depois de vossa partida, meus irmãos, um Tírio das pedreiras nos informou que dois Companheiros tinham esperado nosso Digno Grão-Mestre por um curto período antes de sua morte, exigindo dele os segredos de um Mestre Maçom, a quem naturalmente respondeu que não podia revela-los a ninguém devido ao acordo feito com o rei de Tiro de não o fazer em sua ausência, mas que imediatamente após a dedicação do Templo todos os Companheiros dignos e fiéis seriam recompensados com eles. Irritado com tal resposta eles retornaram às pedreiras e ao se reunir com o Tírio relataram tudo a ele e confessaram uma trama diabólica para assediar nosso digno Grão-Mestre e dele extrair a Palavra do Mestre Maçom.
O Tírio tentou persuadi-los a abandonar uma ação tão vil, mas eles lhe asseguraram que resolveram executar o plano, apesar do perigo, e em troca eles zombaram dele por não ser um súdito leal de Tiro, pois nosso digno Grão-Mestre, como afirmavam falsamente, pretendia por seus trabalhadores nada menos do que uma usurpação da coroa do rei Hiram. Ao dizer isso, o Tírio ficou muito perturbado e com medo de ser denunciado como um rebelde ao seu soberano, concordou em manter esta trama em secreto, embora não aprovasse nada da conspiração.
Assim é, Ai! é verdade que o nosso venerável Grão-Mestre foi vilmente assassinados por seus próprios Companheiros de Ofício. Mas os criminosos fugiram, abandonando toda pretensão e o que eles poderiam ter obtido -tornaram-se vagabundos sobre a face da terra e serão para sempre amaldiçoados.
A isso, um dos buscadores respondeu: “Sire, nosso Grão-Mestre Hiram Abiff foi assassinado, mas temo muito que a palavra mais sagrada e misteriosa pode ter-se perdido“. Esta sim é uma reação lógica. Surpreendentemente é, no entanto, que tudo o que se segue não está de acordo com Pritchard. Pois Salomão responde:
“Espero que não, meu irmão, nós o permitimos, essa é a verdade, depois de levantar os pilares de J(achim) e B(oaz) gravar a Palavra mais misteriosa em uma placa de ouro dentro da figura cabalística de nosso selo, e usá-lo como uma marca especial de nosso real favor e boa vontade, e sem dúvida permanece com ele. Prossigamos, mesmo assim, até a sepultura e a examinemos nós mesmos.”
Quando isso é feito, é claro, encontra-se a “medalha de ouro onde está gravado um triângulo duplo encerrado em um círculo, no meio do qual está o Tetragramaton“.
Esta solução para o problema, embora posteriormente trabalhado em um dos chamados “alto grau” não foi adotado por nenhuma outra versão da Lenda de Hiram de nossa coleção.
Em 1743, John Coustos deu o primeiro passo em outra direção: quando os quinze pesquisadores encontraram um corpo, estão reconhecendo implicitamente nele como “o corpo do Mestre.” Isso foi comunicado a Salomão que ordenou aos Oficiais e Aprendizes, desenterrar o corpo. Agora sabendo que Hiram fora morto, eles decidiram que, se no corpo do Mestre, ou em seus bolsos não se achassem os meios para reconhecê-lo em sua qualidade de Mestre, seguiriam o procedimento de usar a primeira palavra e sinal que eles disseram uns aos outros depois de usar aquela normalmente usada como Oficiais e Aprendizes.
Esta decisão é consistente com o relato de Prichard, mas é mais lógica, porque pelo menos eles sabem que Hiram está morto, embora desconheçam por que ele foi assassinado. Com relação a isso, essa versão é menos convincente que aquela do Rite Ancien de Bouillon. Note-se também que John Coustos ainda se refere à possibilidade de encontrar “sobre o corpo do Mestre ou em seus bolsos … meios para reconhecer sua capacidade como Mestre “. Pritchard salienta que “nele ou sobre ele”. Nesse sentido, a versão de John Coustos é intermediária entre as versões inglesa de Pritchard e o Rite Ancien de Bouillon por um lado, e o Catecismo Francês de 1.744 de outro. Neste Catecismo encontramos pela primeira vez que o número de pesquisadores é reduzido de quinze a nove. Além disso, os pesquisadores, pela primeira vez são Mestres, um ponto sobre o qual voltarei mais tarde. Três desses nove mestres encontraram o cadáver… e indicaram aos demais de se juntar a eles, e tendo reconhecido seu Mestre, suspeitaram que poderia ter sido alguns Companheiros tentando forçá-lo a dar a palavra do Mestre; e temendo que eles tivessem conseguido, em primeiro lugar decidiram trocá-la e escolheram a primeira a ser pronunciada qualquer um deles ao desenterrar o corpo. (11)
Nota do Tradutor.: a expressão utilizada por Pritchard é “in him or about him”, o que se pode entender literalmente por “nele ou em torno dele“, mas também “Nele ou sobre ele”.
Então, aqui o reconhecimento do corpo como sendo o de Hiram é mencionado explicitamente, enquanto se formulam suspeitas sobe o que poderia ter acontecido. Isso torna muito mais aceitável a decisão dos pesquisadores de trocar a Palavra do Mestre.
No entanto, agora se introduz um novo problema: Quão aceitável é a dúvida sobre a lealdade de Hiram, temendo que pudesse ter entregado a Palavra do Mestre ? Contudo, na França tornou-se a versão padrão. Enquanto isso, na Inglaterra, foi-se desenvolvendo uma variante. O manuscrito do ritual de Ecossais Anglois, provavelmente entre 1745 e 1750, que pretende ser, e provavelmente é uma tradução francesa de um antigo texto em inglês, diz:
Não tendo Hiram retornado como de costume, Solomão fez com que fosse procurado em todos os lugares que poderia ser encontrado. Os responsáveis por isso informaram que algo extraordinária poderia ter acontecido, porque uma certa quantidade de sangue fora derramada dentro do Templo, e não se conseguia encontrar Hiram. Salomão reuniu todos os trabalhadores e constatou que só faltavam três que haviam se retirado quando essa ordem foi dada….Salomão então não duvidou mais que estes eram os assassinos e emitiu ordens estritas de prossegui-los e aplicar-lhes a lei de Talião depois de comprovar, mesmo usando a força da dor, que eles não tinham conseguido arrancar de Hiram a Palavra do Mestre. (12).
Aqui, o sangue derramado no Templo convence Solomon de que Hiram fora assassinado, e o desaparecimento de três irmãos esclarece quem o fez.
Além disso, não presume que Hiram pudesse ter quebrado seu juramento, e passa por estar certo disso. Quando um dos Mestres encontra o corpo de Hiram e olha sua postura, “faz com que seus companheiros verifiquem e conclui que Hiram nada havia revelado” ( ele observa isso para seus camarades e deseja que ele nada tenha revelado). Depois de Hiram novamente enterrado, é Salomão quem “ordena (aos mestres) guardar esses sinais e toques e usá-los durante o restante da construção do Templo “(Enjoignit [aux maîtres] de conserver ces signes et ces attouchemens pour s’en servir pendant le reste de la construction du Temple), mas não há nenhuma dúvida em substituir a antiga Palavra do Mestre.
A influência deste ritual Inglês sobre o francês é demonstrada por um ritual manuscrito francês, Cahier concernant les Receptions et les Ceremonies (etc.) de 1760, que combina elementos de ambos. A princípio, vê-se justamente a versão francesa, nove Mestres são enviados em busca de Hiram. Três deles encontram o cadáver e relatam sobre isso a Salomão. Ele então ordena que o corpo fosse resgatado. Até agora nada existe de surpreendente nesta versão. Mas, em seguida, Solomon inspeciona entre os trabalhadores e constata que três Companheiros desapareceram; em seguida, o texto continua na habitual maneira francesa: os nove mestres decidem trocar a Palavra do Mestre, porque temiam ter sido revelada.
Da mesma forma, o manuscrito francês Passus Tertius de 1766 menciona o sangue encontrado no Templo, e tem a frase “eles concluíram com satisfação que não tinha revelado nem divulgado coisa alguma” (Ils augurèrent alors avec satisfaction, qu’il n’avoit révélé où rien divulgué). Também tem neste parágrafo no ponto em que se descreve a elevação de Hiram: A tentativa dos Mestres de levantar o corpo do nosso venerável chefe resultou em seu dedo médio pressionado contra as costelas e o ar confinado naquela parte do corpo saiu pela parte superior do corpo, mas com um ruído tal que eles acreditaram que ele tinha gritado Ha!. Se o Venerável Mestre Hiram estivesse vivo, eu acredito e afirmo que havia pronunciado Moabon (13).
Comparemos ao seguinte:
… ao tentar forçar seu dedo médio entre as costelas, o ar confinado no corpo saiu com um ruído tal que eles acreditaram que o Venerável estava vivo e alguns disseram que ele pronunciara Moabon. (14)
Esta citação é novamente do Ecossais Anglois. Estes dois rituais franceses demonstram claramente a influência da tradução francesa de Ecossais Anglois sobre os últimos textos franceses. Posteriormente, esses itens foram copiados, demonstrando assim a sua influência duradoura, mas aparentemente isso nunca foi feito nas versões francesas impressas (15). Assim, eventualmente, desapareceram novamente.
Uma abordagem radicalmente diferente aparece em Three Distinct Knocks, também em 1760, mas em inglês. Vimos anteriormente que no princípio não havia apenas três, mas quinze conspiradores, doze dos quais se retiraram antes de cometer o crime. Esses doze desempenham um papel crucial no episódio, conforme veremos abaixo.
.Nosso Mestre Hiram tinha desaparecido, pois não tinha sido visto na Obra, como de costume, por isso, Solomão fazia muitas perguntas, mas nada escutava sobre ele. Assim foi que supôs estar ele morto. Os doze Companheiros que haviam se retirado ao ouvir o relato sentiram remorso e se apresentaram diante de Salomão, com luvas e aventais brancos como prova de sua inocência; e o rei Salomão os enviou em busca dos três bandidos que tinham fugido.
Se em o Ecossais Anglois a identidade dos assassinos é suposta apenas por suas ausências à inspeção, aqui eles estão positivamente identificados por aqueles que conheciam seus planos, como foi o caso do Rite Ancien de Bouillon de 1740. Além disso o que aconteceu a Hiram não é agora objeto de especulação. Por outro lado, assim como em Ecossais Anglois, os doze Companheiros primeiro encontraram os três assassinos, que foram trazidos diante de Salomão, confessaram seu crime e foram punidos. E em seguida surge um novo conceito interessante
Solomão lhes disse que se não encontrassem a palavra-chave nele ou sobre ele, era porque estava perdida, porque não havia no mundo, mais que Três que a conheciam e que nunca tinha sido dada, a não ser pelos Três em conjunto, mas como um tinha sido morto, portanto, ela estava perdida. Mas para o futuro, o primeiro sinal e as Palavras que se pronunciasse ao levantá-lo seriam para sempre.
Vimos anteriormente que neste ritual Hiram mencionou a um de seus extorsionários “não está em seu Poder entregá-la (a Palavra do Mestre) ele sozinho, exceto se estivessem os Três juntos, Salomão, rei de Israel, Hiram, rei de Tiro e Hiram Abiff”. Hiram, portanto, não só se recusou, mas não podia revelá-la. O conceito muito novo aqui é a necessidade de ter uma nova Palavra do Mestre rejeitando qualquer dúvida sobre a fidelidade de Hiram, mas desde a perda automática da antiga palavra do Mestre, agora que um dos três, ao lhe ser exigida sua pronúncia, tinha morrido justamente sem dá-la.
Este conceito da necessidade de três para proferir a antiga Palavra do Mestre, que mais tarde tornou-se o nome de Deus em hebraico, pode ser consideravelmente anterior a 1760.Por exemplo, o Manuscrito Graham de 1726 menciona quatro vezes que é necessário que três Mestres formem “uma Tripla Voz ” para proferir os segredos do Mestre. (17).
Também o Rite Ancien de Bouillon de 1740 diz que Salomão ” em conclave solene comunicou (este nome mais precioso) a (seu) amigo real, o rei de Tiro, e também ao nosso …Grão Mestre Hiram Abiff ” e ” escrevemos que ninguém pode pronunciá-la a não ser aqueles que o receberam desses lábios vivos.”
E John Coustos sabia que ” a (Hiram) somente lhe foi revelado o Sinal que lhe correspondia como Mestre”. Portanto, parece que temos aqui um aspecto da Lenda de Hiram que pode muito bem ser antes à de Prichard; não foi expressa por ele nem está em conflito com o que foi dito; não era conhecida na França, mas continuou a sê-lo na Inglaterra.
Ao mesmo tempo, convém enfatizar novamente a ideia: “se vocês encontraram uma Palavra-chave nele ou em torno dele” o que nos faz lembrar a sugestão de Prichard de que a palavra do Mestre poderia ser perdida “nele ou sobre ele”; a medalha de ouro com o Tetragrammaton do Rite Ancien de Bouillon, que se encontra no corpo de Hiram, e a sugestão de John Coustos de que o segredo poderia ser encontrado “no corpo do Mestre ou em seus bolsos “. Em outras palavras, este elemento também é constantemente apresentado em todas as versões inglesas e ausente das francesas. Além disso, isso pode ser encontrado já em 1726 no manuscrito Graham, que afirma:
Sem, Cam e Jafet ansioso para ir ao túmulo de seu pai Noé trataram de encontrar algo que lhes desse o verdadeiro segredo que tinha o famoso pregador (;) porque desejo e permitirei que todos reconheçam que as coisas necessárias para o novo mundo estavam na arca com Noé (.) Antes, os três homens concordaram que, se não encontrassem nada nele, (,) que a primeira coisa a ser encontrada seria para eles o segredo de que não duvidariam, mas que mais firmemente creriam que Deus era poderoso e provaria sua fé (,) por meio de oração e obediência para que os que acharam mostrassem ser tão verdadeiro quanto se tivessem recebido do próprio Deus.
Estas características se mantêm presentes em todos os textos ingleses posteriores.
Em todas as versões anteriores, o lugar onde Hiram foi sepultado, foi encontrado por acidente. No Rito Escocês Retificado de 1782, isso é alterado ao mencionar ” três deles, atraídos pelo brilho de uma luz extraordinária foram em direção a um promontório onde o corpo tinha sido enterrado. ” (Trois d’entre eux alleres par l’eclat d’une Lumiere extraordinaire se dirigent vers l’eminence ou le cadáve avoit ete enterré). Fora isso, a Lenda de Hiram do primeiro dos “grandes rituais” é um exemplo típico dos rituais franceses do século 18. O Rito Moderno de 1786 também apresenta um fenômeno natural que leva os buscadores à sepultura.
Na madrugada, um deles notou um vapor que se elevava sobre o campo à distância; este fenômeno chamou sua atenção, informou aos demais mestres e todos se aproximaram do local de onde saía o vapor. À primeira vista, viram uma pequena eminência, ou colina. (18).
Embora diferentes do Rite Ecossais rectifié em muitos detalhes, a Lenda de Hiram do Rite Moderne é além desse ponto, também um exemplo da forma geralmente encontrada nos rituais franceses do século 18.
A segunda edição do Master Key de Browne, de fato, retoma a forma de Prichard: apenas três conspiradores desde o início, e ” quinze amados irmãos ” enviados para procurar Hiram, embora seja claro que eles são” Companheiros”. Não há menção da possibilidade que poderiam encontrar a Palavra do Mestre “nele ou sobre ele”, ou a impossibilidade de pronunciá-la sem a presença de três Mestres.
Como um eco disso, só se menciona ” que (Salomão) informado de que Hiram tinha sido concluído, o segredo de uma palavra de mestre estava inevitavelmente perdido“. Este último acerto, embora surpreendente, também se encontra em um manuscrito francês de 1803.
A Lenda de Hiram do Rito Escocês Antigo e Aceito, o terceiro dos “Grandes Rituais” segue, como veremos o traçado inglês, do qual é um exemplo perfeito. A inovação mais notável é que se diz que os doze companheiros enviado para buscar Hiram, tinham “a promessa de Salomão de que eles seriam recompensados com o mestrado se conseguissem ter sucesso” ( la promesse de Salomon d’être récompensés par la maîtrise, s’ils parvenaient au but de leur recherche).
Isso faz sentido. Nas versões francesas são sempre os Mestres que procuram Hiram, com o que não existe problema. Agora, nas versões inglesas, os doze Companheiros trazem novos segredos de um Mestre Maçom, por definição e conhecidos por eles. Assim, a consequência lógica é que eles são Mestres Maçons a partir de agora e que eles não o eram antes.
O único texto que se aproxima disso é o Ecossais Anglois de 1745-1750, que é a tradução francesa de um texto inglês. Tem os (aparentemente muitos) Mestres procurando Hiram (o que pode ser uma influência francesa), enquanto os Companheiros acham os assassinos. Então este texto excepcionalmente extenso, faz Salomão dizer após a conclusão do Templo “premiou com o mestrado os mais virtuosos entre os Companheiros e especialmente aqueles que tinham vingado a morte de Hiram “(gratifia de la maitriseles plus vertueux des Comp et surtout ceux qui avoient vengé la mort d’hiram).
O ritual de Emulação, o quarto e último dos “grandes rituais” segue a mesma linha inglesa com relação às variações discutidas acima. O principal desvio é que Salomão não enviou em busca de Hiram doze companheiros que haviam se recusado a conspirar, mas ” selecionou quinze leais companheiros ” para fazê-lo. Isto foi inspirado nos “quinze amados irmãos ” de Prichard.
- Os assassinos são descobertos.
Prichard nada diz sobre o que eles fizeram. O Rite Ancien de Bouillon de 1740 menciona que “Os malfeitores fugiram e abandonaram qualquer pretensão sobre o que poderiam ter obtido”. A quarta parte da Lenda de Hiram fala sobre como os assassinos de Hiram foram descobertos.
“vagando errantes sobre a face da terra e para sempre malditos” .
O Ritual Ecossais Anglois é o que primeiro elabora este ponto.
Vimos que se menciona que “Salomão fez uma chamada geral dos trabalhadores e viu que haviam desaparecido somente três irmãos que se retiraram ao se dar essa ordem “. (Salomon fit faire l’appel général des ouvriers, au quel il ne manqua que les trois freres, qui s’êtoient retirés à cet ordre). Este fato é mencionado em alguns rituais manuscritos franceses de 1760 em diante. Mas o ritual Ecossais Anglois é muito mais informativo, dando-nos este relatório:
Os Companheiros, angustiados pela ideia de que trabalhadores de sua própria classe tinham tirado a vida de Hiram, imploraram a Solomon permissão para vingar o crime, que lhes garantiu embora proibisse remover qualquer vestígio de sangue até que a vingança estivesse completa.
Para isso, escolheram 60 entre eles, dos quais quinze que permaneceriam guardando o templo, com 5 em cada porta. 45 divididos em três grupos, sendo 15 ao sul, 15 a leste e 15 a oeste, após combinar um modo especial de andar com a finalidade de distinguir os lugares pelos quais eles haviam passado, bem como um sinal especial para se reunir se necessário.
Os que foram em direção ao Oriente, encontraram J(ubelus), que admitiu seu crime e foi submetido à mesma pena; queimaram seu corpo e espalharam suas cinzas ao vento. Chegaram a Jerusalém no terceiro dia após a sua partida e o quinto dia da morte (de Hiram).
J(ubela) foi encontrado no Sul, e depois de admitir o crime, teve o ventre aberto e as vísceras arrancadas e queimadas; as cinzas espalhadas ao vento. Eles chegaram a Jerusalém no quinto dia desde sua partida e o sétimo da morte.
J(ubelum) foi encontrado no Oriente e depois de se ter a certeza que mesmo com torturas não arrancara de Hiram a palavra do Mestre, seu coração, entranhas e língua foram arrancados, seus quatro membros (braços e pernas) foram cortados e expostas sobre figueiras às quatro partes do mundo; o resto foi queimado e as cinzas lançadas ao vento. Este grupo chegou a Jerusalém no sétimo dia desde a partida e nono da morte. (19).
Este texto pede comentários extensos, mas vou limitar-me. Permitam-me evitar a introdução de uma explicação das imprecações, que eram parte do juramento tradicional pelo menos desde 1727 (20). Note-se também que o texto, apesar de sua extensão é claramente incompleto, já que a declaração “o submeteram à mesma pena” (Ils luy firent subir la meme peine) levanta a questão: qual pena?
Aparentemente, assume-se que fosse conhecida, mas não há nada escrito. No que diz respeito a isso, fica claro a partir do texto que se segue, que contém tal elemento, e que é de Three Distinct Knocks de 1760.
Um dos grupos chegou até o mar de Joppa, e quem se pôs a descansar ao lado de uma rocha, pode ouvir um lamento terrível que vinha dali.
Oh! Que me seja cortada a garganta de um lado ao outro, minha língua seja arrancada e enterrada nas areias do mar na maré baixa a um cabo de distância da costa onde a maré flui e reflui duas vezes em 24 horas antes que parecer cúmplice da morte de nosso Mestre Hiram.
Outro disse: Oh! Que meu coração seja extraído de meu peito esquerdo nu e dado aos abutres do ar como presa antes de parecer cúmplice na morte de um Mestre tão bom. Mas oh! Disse Jubelum, fui eu quem lhe bateu mais forte que eles, assim que o matei. Oh! Que meu corpo seja dividido em dois, uma parte levada para o Sul e outra ao Norte, minhas entranhas reduzidas a cinzas no Sul e espalhadas aos quatro ventos da terra, antes de parecer cúmplice na morte do nosso mestre Hiram.
Este irmão, ao ouvir essas lamentações tristes chamou os outros dois e chegando à rocha os prenderam e amarraram levando-os diante do Rei Salomão a quem confessaram o que tinham feito, que o tinham matado e que não desejavam viver. Assim, Salomão ordenou que sofressem suas próprias sentenças; Ele disse: eles marcaram sua própria morte e que caia sobre eles o que eles pediram.
Jubela foi removido e sua garganta cortada de um lado ao outro. O coração de Jubelus foi removido de seu peito esquerdo nu e o corpo de Jubelum dividido em duas partes, uma levada para o sul e a outra para o norte.
Essencialmente o mesmo texto está em Master Key de Browne e no ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito, enquanto que no ritual de Emulação mostra-se uma versão reduzida onde falta a razão de ser dessa parte do relato, a saber, os lamentos e punições reais, bem como uma explicação sobre as imprecações do juramento.
Está claro, então, para encontrar e punir os assassinos é um elemento que se encontra exclusivamente no ritual Inglês, e que parece ter-se desenvolvido após 1740. Nenhum ritual francês tem isso, ao passo que todos os ingleses o têm. Isso confirma que o ritual mais antigo encontrado do Ecossais Anglais é de fato uma tradução de um ritual inglês, como já se disse, e que também o ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito deve ser considerado mais inglês que francês.
Mas, deduzir agora que este elemento do ritual Ecossais Anglais não deixou vestígios na França, ao contrário de outros menos notáveis que como se viu foram copiados nos últimos manuscritos franceses, seria uma conclusão demasiadamente precipitada.
Mas esse elemento foi claramente elaborado na França em um grau completo, mas separado, o de Maitre Elu. (Mestre Eleito)
Tradicionalmente se assume que este grau foi criado em Lyon em 1743, mas não há nenhuma evidência disponível que suporte esta reivindicação e Paul Naudon argumenta que “Definir a data de criação do grau Eleito – embora em sua forma primitiva de Elu Ecossais – tão cedo quanto 1743 não parece muito prematuro” (Il nous parait quelque peu prématuré de fixer des 1743 la création du grade d’Élu, meme Dans sa forme prinitive d’ Élu Ecossais, incluse Dans l´Ordre des Ecossais”(21)
Concordo aqui com Naudon e assumo que este foi o ritual Ecossais Anglois que na sua tradução para o francês, tornou-se o grau de Maitre Elu.
A primeira versão impressa deste ritual está em Les Plus Secrets Myteres des Hauts Grades de la Maconnerie Dévoilés, publicado pela primeira vez em 1766. Sem dúvida, há versões mais antigas do manuscrito, mas a falta de tempo me impediu de achar o rastro, então não se sabe realmente qual é a versão mais antiga datada com segurança.
Publicado por Víctor Guerra em http://www.ritofrances.net/