François Hollande é compatível com a maçonaria
Diante das desvantagens de seu adversário, a tarefa de François Hollande parece ser claramente mais fácil. “Ele é compatível com a maçonaria”, resume Roger Dachez, presidente do instituto maçônico da França e amigo de Alain Bauer. Para começar, ele é de esquerda. Todo candidato da direita ou do centro é suspeito de desacreditar dos valores da República, particularmente o secularismo.” E, sobre este tema, Hollande bateu forte no dia 22 de novembro, quando falou diante dos irmãos no templo Groussier, na sede do GODF, em Paris. Ele propôs integrar à Constituição os princípios da lei muito maçônica de 1905 de separação da Igreja e do Estado. Bateria de aplauso nos templos! A ideia não ocorreu sem ajuda ao vencedor da primária socialista. Dois antigos grãos-mestres do GODF a assopraram: Philippe Gugliemi, primeiro secretário do OS de Seine-Saint-Denis e Patrick Kessel, presidente do Comitê de Secularismo República.
VALORES – O secularismo continua a ser o maior combate dos maçons. Eles recusam que a construção de edifícios religiosos (a mesquita de Lyon) e o funcionamento de estabelecimentos escolares confessionais (um colégio católico em Marselha) se beneficie de verbas públicas. Além disso, eles militam para que as populações desamparadas e sem direitos (como os ciganos) sejam tratadas com dignidade.
Com o concurso de Jan Glavany, especialista no assunto, e de François Rebsamen. Segundo este último, “François [Hollande] tem a vontade de portar os valores da República secular.” Música para os ouvidos dos irmãos de Dijon, em comparação aos esforços que ele fez em 2007 para convencer a cristã e praticante Ségolène Royal de falar aos irmãos em um templo. Ela acabou por aceitar. Antes de anular. Um efeito muito ruim nas lojas! Mesmo o rocardosarkozista Alain Bauer se diz pronto a dar uma ajudazinha a François Hollande: “Eu aceitaria escrever um discurso para ele”, confessa aquele que continua amigo de Manuel Valls, diretor de comunicação do candidato do OS e antigo membro do GODF. Exceto que, segundo Rebsamen, Hollande não apelará a Bauer: “Ele não precisa disso, retruca ele.
François Mitterrand cultivou a proximidade com a maçonaria. Vários irmãos fora ministros quando ele esteve no Eliseu: Pierre Joxe, Roland Dumas e Charles Hernu, todos os três do GODF.
É verdade que “François Hollande está bem assessorado, alegra-se o irmão Jean-Michel Rosenfeld que foi encarregado de relações entre o PS e o GODF quando Pierre Mauroy era Primeiro Ministro. Ao lado de Rebsamen, está Gérard Collomb, o prefeito de Lyon, e Jean le Garrec, diretor da fraternal Ramadier, dos maçons parlamentares de esquerda. E, além disso, Corrèze continua a ser uma terra de maçons. René Teulade, que foi suplente do deputado Hollande na Assembleia Nacional frequenta uma loja de Brive. Como Chirac antes dele, Hollande adula os irmãos. “Ele veio diversas vezes nos visitar em nosso templo” confessa Daniel Noni, antigo venerável da loja do GODF em Tulle.
Marine Le Pen nunca colocou os pés em tal edifício. O GODF se recusa a convidá-la, tratando a filha como trata o pai. “Impossível de agir diferentemente, visto que a FN não será republicana, visto que ele exalta a rejeição da outra” sustenta Guy Arcizet. Sua obediência, mesmo assim, diminuiu sua oposição: ela se contenta a partir da agora em recomendar a baixa da nota do FN e seu desaparecimento. “Quando pedíamos a interdição deste partido no final dos anos 90, eramos mais coerentes”, lamenta Alain Bauer. “Ao nos boicotar, o GODF demonstra que pertence ao sistema de partidos, um sistema em fim de carreira”, acusa Louis Aliot. O vice-presidente do FN e companheiro de Marine Le Pen introduziu dois advogados maçons na equipe presidencial: Gilbert Collard (GLNF) e Valéry Le Douget (GODF), este último estando a ponto de ser expulso. Ao maçons, tendo sido, como os judeus, sempre atacados com ódio pela extrema direito, estas duas conquistas do FN geraram uma viva emoção. “Não estou realmente preocupado, garante, entretanto, Arcizet. Isto prova exatamente que a iniciação maçônica não representa uma garantia de virtude”.
Uma provocação recente criou outro “frisson”. “Marine Le Pen é a única defensora do secularismo”, ousou declarar Elisabeth Badinter. Os irmãos receberam isso muito mal. “Como dizer isso quando a candidata frentista flerta com o integrismo católico”, retruca Gérard Contremoulin. “A extrema direita atacava os judeus antes da guerra. Hoje, o FN ataca o Islã e para isso instrumentaliza o secularismo”, reforça Guy Arcizet.
Em seu ardor, a filósofa esqueceu-se de um virtuose do secularismo, o candidato Jean-Luc Mélenchon. O único maçom na corrida presidencial, ele alcançou um sucesso real ao publicar sua prancha de 22 de janeiro de 2008 contra os discursos de Nicolas Sarkozy, junto à rede de lojas e também no mundo profano. Este engajamento não lhe trará, entretanto os favores eleitorais de muitos irmãos.
(continua)