José Antonio de Souza Filardo M.´. I.´.
Um assunto que sempre causa um “frisson” enorme e reações boçais é a questão das potências “espúrias”… Como se houvesse uma patente requerida e concedida que estivesse sendo violada. De certa forma, isso acontece, pois a Grande Loja Unida da Inglaterra reivindica para si o status de Vaticano da ordem, exigindo que todos rezem por sua cartilha. Quem não o fizer não será “reconhecido” e, por conseguinte estará “irregular”.
Tudo bem, já que a Grande Loja Unida da Inglaterra herdou a Grande Loja de 1917 a invenção deste maravilhoso instrumento de controle social. Alterou um ponto fundamental relativo à religião, mas tratou-se de uma correção de rumos que visava ampliar o alcance do novel instrumento até audiências mais conservadoras que jamais teriam aderido se tal alteração não tivesse sido feita. Uma pena que desfigurou uma invenção genial.
A invenção da coroa inglesa com a ajuda dos protestantes na época visava acalmar uma parcela da sociedade inglesa que se ressentia das restrições impostas pelo Riot Act de 1714, segundo o qual a reunião de mais de 12 homens seria punida com a morte.
A Inglaterra vivia um momento político muito sério e procurou, através desse novo instrumento, acalmar os ânimos, sob a condição de que política ou religião não fossem objeto de discussão nas reuniões.
As lojas proliferaram em Londres e na província nos anos seguintes, pois ofereciam a possibilidade de uma nascente burguesia privar da companhia de nobres, alavancar negócios e fazer lobby junto ao poder.
Fora da Inglaterra, os poderosos logo se aperceberam da genialidade da invenção e de sua utilidade para controlar as opiniões e os sentimentos das classes que poderiam, eventualmente, criar problemas sociais e políticos.
Na França, em um primeiro momento, a invenção foi transplantada pelos ingleses que haviam se exilado, os Jacobitas e, sendo uma corte completa, exigiu outra formatação da invenção, que acomodasse os diferentes níveis de “aristocracia” e que satisfizessem os egos dos nobres escoceses. Modificaram a formatação para o que conhecemos como Rito Escocês.
O Craft, como se chama a franco-maçonaria no mundo saxão, passou a ser um instrumento da expansão imperial da Inglaterra, onde os aventureiros ingleses encontravam suporte fora da Inglaterra e também cooptavam as lideranças locais no interesse da Coroa.
Com a eclosão da Revolução Francesa (que franco-maçons deslumbrados e desinformados atribuem à franco-maçonaria, quando pelo contrário, as lojas francesas eram extremamente conservadoras – como são normalmente as lojas até hoje – ainda que alguns revolucionários fossem franco-maçons) a franco maçonaria francesa absorveu os ideais revolucionários, recuperou a formatação original de 1717 e se transformou em uma força viva da vida social e política francesas.
Este momento foi um divisor de águas. De um lado ficou a franco maçonaria francesa, viva, influente, relevante, progressista, envolvida com as lutas sociais, os anseios libertários que herdou do ideário da Revolução Francesa…
De outro ficou o Craft e seus sucedâneos como uma instituição engessada e dedicada ao controle social, abrigo de conservadores, retrógrada e alienada.
Em termos mundiais, as correntes influenciadas pelos franceses, como a maçonaria da América, assumiram uma postura libertária, enquanto que nos outros países onde outras correntes informavam e influenciavam a ação da franco maçonaria, ela assume uma postura conservadora de um sucedâneo de religião.
Em Portugal, a franco maçonaria era perseguida porque era vista como uma perigosa influência dos revolucionários franceses, tendente a criar as condições para a derrubada da monarquia.
No Brasil, temia-se a influência “dos franceses”, e este temor justificou-se, pois seguindo o modelo francês, a franco maçonaria tornou-se uma força política e social. Era relevante!
Pena que isso se perdeu com a proclamação da república, a partir da qual tornou-se tão medíocre quanto o Craft.
Mas, no imaginário popular ficou impressa a imagem de uma instituição influente, que faz e acontece, que tem um papel de motor da mudança.
Hoje, temos duas Franco Maçonarias: a francesa e a outra. A francesa que é relevante, ativa e viva, e as outras… ah, as outras…
Olá, AA.: IIr.: Muito bem entendida e escrita a matéria pelo “Brother.: zehfilardo”, este tema muito instiga a Comunidade Maçônica Brasileira a muito tempo, pois pelo âmbito da Língua Portuguesa a palavra “Franco-” remete e entende-se que diz respeito a França/Francês, tal como a origem do nome Maçom, ( “Mason” – Pedreiro em Francês) então quando se fala em Franco-Maçonaria definitivamente não está se referindo a UGLE, como alguns IIr.: insistem em chamar de Loja Mãe; mas sim a Grande Loja da França.
TFA.:
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Meu prezado Ir. Evandro,
Eu creio que o irmão labora em erro ao afirmar que Franco-Maçonaria se refere exclusivamente à França.
De fato, a palavra “franco” significa livre e não um epíteto designando a qualidade de francês,
Assim, franco-maçom equivale a free-mason, a forma em inglês da expressão.
Em português, a rigor, não deveriamos usar “maçom” ou “maçonaria” que são palavras inexistentes em nossa língua.
Deveríamos usar o termo “pedreiro-livre” e encontrar outro termo para substituir maçonaria.
Nem a GLUI nem o GOdF seriam “lojas-mães”, pois as duas organizações são grandes lojas. Loja mãe seria uma loja que pariu outra, ou quando se refere a um irmão, a loja onde ele foi iniciado.
TAF
zehfilardo
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Obrigado por compartilhar esse texto…
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O termo Maçonaria , sendo de domínio público, tem sido muito banalizado e qualquer grupo de pessoas com objetivos espúrios têm aclamado clubes e agremiações com aquela designação, ignorando-se os antigos e verdadeiros landmarks, em especial o 18. Portanto entendo, “Brothers.:”, que o termo Franco-maçonaria guarde a devida exclusividade iniciática!
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Que bosta! A Inglaterra que foi o berço do liberalismo e da revolução industrial se tornando um país moderno e estável enquanto o câncer da revolução francesa mergulhou a França no caos e DITADURA GENOCIDA que de democrático e liberal não tinha nada!
Diga-se o mesmo das republiquetas latino-americanas que se desintegraram e sempre viveram em golpes, ditaduras, caudilhos, oligarquias, guerras civis e instabilidade essa sim a verdadeira forma de controle social! O Império do Brasil era muito mais democrático e liberal que qualquer republica latino-americana inclusive após o golpe de 15 de novembro de 1889 o presidente da Venezuela disse: “Acabou-se a única república da América”…
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Perdão, mas o irmão não sabe o que é o Craft.
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Brother,
Conte-nos a sua versão…
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em meu Rito(Emulação), lê-se a palavra franco maçom, isso já é motivo de discussão em loja. Será que o franco vem do Francês ou da liberdade de ir e vir?
Ivan cristo
M.M loja Atrium.
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Uma duvida que sempre pairou em mim.
Qual a diferença da Maçonaria para a Franco-maçonaria ou se ambas são iguais?
Obrigado.
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Leonardo,
Não existe diferença. Há quem chame a instituição de Maçonaria simplesmente e há outros que a chamam franco maçonaria, em uma tradução direta do francês e do inglês.
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Muito obrigado pela explicação.
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Resurgindo das cinzas e dos esquecimentos, não saberia imformar o por que, deste nova força Latino Americana,vem ai com toda força a
CMI,,,
O que me diz o Poderoso Ir.’.e MI.’.José Antonio Souza Filardo.
TFA.’.
Humberto Fernandes.’.
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Brother Humberto,
Pessoalmente acho que não levará a nada. Primeiro, porque são Grandes Lojas, tradicionais redutos de escocistas alienados. Segundo, porque a franco-maçonaria fora da França não tem a menor relevância na política do país onde está inserida. Talvez no Uruguay, a franco- maçonaria tenha melhorado sua relevância a partir do governo do Irmão Tabaré que desmistificou o conceito de que somente a direita ingressava na franco-maçonaria.
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