Tradução José Antonio de Souza Filardo
Revista Nouvelle Observateur – Agosto 2011
PARTIDO DE ESQUERDA, PARTIDO DE MAÇONS!
Mélenchon: A Foice e o Compasso
Intelectualmente, o peso da maçonaria é inegável. Quanto ao resto, você vai dizer, é uma questão de privacidade.
“Se eu sou maçom? Isso não lhe diz respeito!” Jean-Luc Mélenchon não gosta de responder à pergunta. No entanto, mais por razões de forma do que substância, pois o Partido de Esquerda que ele dirige se inspira em ideais maçônicos. Secularismo, Social, República. Em 2008, ao microfone de France Info, ele acabou por reconhecer: “A Maçonaria é fundamental na defesa da República, eu pertenço filosoficamente à corrente do Iluminismo que é a minha maior referência! O que eu posso te dizer a mais?” Nada, na verdade…
Poucos dias antes, Mélenchon tinha falado diante dos irmãos do Grande Oriente de França para responder ao discurso de Latrão de Nicolas Sarkozy e seu conceito de “secularidade positiva”. Mesma resposta um pouco elíptica quando se lhe pergunta a outros membros do partido originários como ele do OCI. Camarada e irmão? “Isto pertence à vida privada”, responde o secretário nacional, Alexis Corbiere, quando colocado contra a parede. Maçom ou um simples secularista? Ele, pelo menos, tentou diante do Conselho muito público de Paris no final de 2010, opor-se aos subsídios para as creches de judeus Lubavitch. Perdida em Paris, a luta foi, no entanto, bem sucedida no Conselho Regional de Ile de France. Outro secretário nacional do PG, Pascale Le Néouannic conseguiu acabar no início de julho com a concessão de subsídios à Rádio Fréquence, protestante.
“Quando nos deslocamos para as províncias e saudamos o chefe do departamento, há muitos aqui que apertam as mãos daquele jeito característico” (dos maçons), reconhece um membro do partido. Alexis Corbiere tempera: “O peso dos maçons na orientação do PG é intelectualmente forte, mas estruturalmente inexistente.” O que equivale a dizer: as orientações do partido não são decididas em lojas. “Embora feliz”, continua um responsável não-maçom, “eu já teria ido embora há muito tempo.” Antes de deixar escapar: “É que a época evoluiu mais que as ideias. Temos muitos republicanos sociais e secularistas que aderem ao PG para defender esses valores, com nada a ver com a Maçonaria. “Por força de se frequentar, acaba-se falando a mesma linguagem”. O humano primeiro” insiste Jean-Luc Mélenchon hoje. Os maçons não dizem outra coisa.
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PLACÉ É SEU PORTA-VOZ!
Quando os irmãos se tornam verdes
Irmãos entre os Verdes? Sim! E eles são ainda cada vez mais numerosos. “A sua presença tem aumentado nos últimos anos!” garante um ecologista que frequenta as lojas. A cada ano, na véspera da abertura das jornadas de verão do partido, os irmãos Verdes organizam um jantar; eles até mesmo fazem uma discreta publicidade no boletim publicado para a ocasião. Junto aos ecologistas, menciona-se muitas vezes o nome do ex-número dois do partido, Jean-Vincent Placé, ou às vezes do deputado por Gironde, antigamente próximo a Tapie, Noël Mamère.
“Domínio privado!” Eles respondem em coro. Mas, Jean-Vincent Placé, candidato nas próximas eleições para o Senado, acrescenta: “Os combates que a Maçonaria traz sobre a República, secularidade, bioética ou liberdades públicas honram o debate político”.
Nas lojas, os temas ecológicos ganham terreno, diz-se. Embora o peso da Maçonaria nas áreas de eletricidade e nuclear nem sempre facilite os contatos! A chefe do Europe Ecologie – os Verdes, Cécile Duflot já falou diante dos irmãos. A candidata presidencial Eva Joly, também. Durante sua primária, diante de Nicolas Hulot, ela foi recebida pelo Grande Oriente em uma sessão branca em segredo na sede da Rue Cadet. Desde a sua nomeação, a Franco-norueguesa novos convites.
Na Rádio Europe 1, alguns meses atrás, a antiga juíza defendeu a ideia de que os magistrados declarem sua condição de membro da Maçonaria. No interesse da transparência!
Não tenho certeza que os irmãos, mesmo os Verdes, estejam de acordo! M.T.