Tradução José Filardo
Primeiro as freiras, agora as Bandeirantes: Seria cômico se o objetivo não fosse tão pernicioso e o resultado tão prejudicial.
4 de Junho de 2012 |
The Conferência Americana dos Bispos Católicos esta tendo um momento de Embalos de Sábado à Noite. Encorajados pela tomada hostil pelo Vaticano da Conferência de Liderança de Mulheres Religiosas (LCWR), os cavalheiros mostraram sua superioridade, optando por investigar as Bandeirantes dos EUA. O que seria cômico – primeiro as freiras, agora as Bandeirantes – se o objetivo não fosse tão pernicioso e o resultado tão prejudicial, especialmente para os bispos.
As táticas contra as meninas e as mulheres são retiradas um guia estratégico, o objetivo da intimidação é o mesmo e o interesse em ambos os casos desviar a atenção dos problemas mais prementes em questão. Ainda assim, você fica imaginando quem se encarrega das relações públicas deles, pois os Bispos agora são quase tão populares quanto uma recessão.
O objetivo aparente deste exercício de “investigar” pessoas do gênero feminino é estabelecer e e impor um modelo de feminilidade para mulheres e meninas definido pelo homem. Uma investigação lançada pelo Vaticano-, ou neste caso, pela USCCB é o que a irmã Sandra Schneiders, IHM, chama de equivalente a uma investigação de grande júri. Há a presunção de que algo está errado, não algo certo; que há culpa a ser descoberta, e não virtude a ser liberada. O que é errado parece ser as mulheres e meninas pensar por si mesmas e agir para o bem comum.
O que impressiona é por que a Igreja Católica Romana seria tão presunçosa ao ponto de investigar o que não lhe cabe. Está certo, algumas tropas de Bandeirantes reúnem-se em igrejas católicas, mas isso não faz delas entidades católicas mais do que o grupo de Alcoólicos Anônimos que se encontra no mesmo porão. No caso das Bandeirantes, as supostas ligações com grupos que oferecem suporte à justiça reprodutiva são, na maior parte, links até sites onde meninas podem encontrar mais informações sobre as questões, dificilmente um endosso gritante das missões dos grupos. Educação sexual não é parte integrante do Escotismo; Isso é que algo que é deixado às famílias. O que está realmente em questão aqui é que as mulheres e meninas envolvidas nas Bandeirantes não pedem permissão aos homens eclesiais para viver como cidadãos responsáveis de um mundo global.
As Bandeirantes da América (Girl Scouts USA) pertence à Associação Mundial de Meninas Guias e Escoteiras, com cerca de dez milhões de membros em 145 países. Em uma conferência de julho de 2012 em Chicago, a Associação Mundial discutirá as Metas de Desenvolvimento do Milênio da ONU. Estas incluem a eliminação da pobreza, a educação primária universal, igualdade entre os sexos, redução da mortalidade infantil, melhoria da saúde materna, combate ao HIV/AIDS e malária, sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento de uma parceria global para o desenvolvimento, um plano para vida justa no século XXI. A Igreja Episcopal dos Estados Unidos adotou uma resolução em sua 74a. Convenção Geral para apoiar os objetivos. Talvez eles sejam investigados em seguida.
A hierarquia da Igreja Católica Romana mal está deixando as Bandeirantes Girl Scouts assustadas. Suas respostas fundamentadas e pacientes às acusações às quais elas nem deveriam ter que responder demonstram sua missão: “O Escotismo constrói meninas de coragem, confiança e caráter, que fazem do mundo um lugar melhor.” Talvez os Bispos devessem seguir o exemplo.
Vários paralelos com a investigação da Conferência de Mulheres Religiosos desnudam a cartilha aqui. A “investigação doutrinária” da LCWR estava baseada em Roma, empreendida pela Congregação para a Doutrina da Fé. A “investigação” das Bandeirantes é um inquérito baseado nos EUA, liderado pelo Comité dos Bispos sobre Leigos, Casamento, Vida Familiar e Juventude, presidida pelo bispo Kevin C. Rhoades de Ft. Wayne-South Bend, Indiana. Ambos os casos baseiam-se em relatório de longo prazo por católicos conservadores, tanto leigos quanto clericais, dos supostos pecados dos grupos. Esta é uma pequena indústria que inclui a Rede de TV Eternal Word e intrometidos eclesiais aleatórios que aparentemente enviam relatórios a Roma e ao USCCB regularmente.
O que me intriga é que com todas as questões econômicas, raciais e relacionadas com a guerra à mão, os Bispos ainda optam por atacar estas meninas e mulheres. Idos são os dias em que governos, empresas e exércitos se preocupavam muito sobre o que os Bispos tinham a dizer. Estes são os dias em que bispos em desgraça são depostos e acusados de crimes sexuais e acobertamentos que vem definindo catolicismo contemporâneo. Por outro lado, freiras e Escoteiras são poderosos símbolos e igualmente poderosos defensores da Justiça e da paz. Portanto, em um certo sentido os Bispos realmente atacam aqueles que estão moldando a cultura.
Os bispos se preocupam em ambos os casos com sexo e gênero, especialmente justiça reprodutiva. A gota d’água para as freiras foi o apoio que algumas delas mostraram para uma política de cuidados de saúde mais abrangente. Para as Bandeirantes, foi a aceitação pública da organização de uma criança transexual em uma tropa de Colorado. Sob essas decisões se esconde o fato de que as freiras, não os Bispos, eram vistas como normativamente Católicos, e embora um quarto de todas as Bandeirantes sejam católicas, elas não consultaram os Bispos antes de fazer a coisa certa. Quem diria, considerando-se o tratamento masculino de casos de abuso?
Em cada caso, a Igreja Católica romana está apoiando uma alternativa concreta. Para o LCWR, o subserviente Conselho de Superioras Maiores das Mulheres Religiosas já está canonicamente organizado e aceitando membros. Para aqueles que acham as Bandeirantes ricas demais para o seu sangue, existem as American Heritage Girls multirreligiosa e o Little Flowers Girls’ Club já implantados. Função destes grupos de maneira muito parecida com as Bandeirantes e as Brownies a quem procuram substituir, mas com uma ideologia conservadora muito mais explícita.
Curiosamente, para uma igreja que tende a manter as pessoas púberes em grupos do mesmo sexo, outra alternativa é o Venturing, um programa de desenvolvimento juvenil patrocinado pela Boy Scouts of America para meninas e meninos em idade 14-21 anos. Os Escoteiros são um grupo declaradamente antigay que exige fé em Deus, não apenas qualquer poder superior. As Bandeirantes modificaram sua promessa há vários anos para acomodar o crescente pluralismo religioso.
As investigações destinam-se em grande parte a intimidar, pois elas realmente não têm um impacto direto muito forte. A intimidação acontece em pequenas formas – algumas freiras se autocensuram, as líderes das Bandeirantes cortam conteúdo de algumas publicações. Mas, assim como a maioria das freiras continuam com suas atividades destemidamente, as Bandeirantes reunirão mais de 100.000 para a manifestação “Girl Scouts Rock the Mall” em Washington DC no dia 9 de Junho. Elas esperam estabelecer um recorde mundial para o maior canto em grupo na história. Sua nova canção-tema diz tudo: “Bandeirantes inflamam um sonho, inflamam sua esperança, inflamam o mundo em fogo.” Agora, isso deve ser suficiente para fazer com que os Bispos tremam em uníssono. O contraste entre as meninas e “os meninões” será vívida naquele dia.
Minha tropa local favorita acabou de voltar de um passeio a cavalo durante a noite. Elas limparam um parque local e plantaram árvores perto da Baía de Chesapeake. Eles hospedaram um jogo de basquete feminino e vestiram fantasias históricas para guiar os visitantes em um parque do Canal C&O em Washington, D.C. Para o dia internacional do Pensamento das Bandeirantes, quando as tropas aprendem sobre as meninas de outros países, este grupo estudou a Libéria onde a Presidente liberiana Ellen Johnson Sirleaf e a ativista liberiana Leymah Gbowee compartilharam o Prêmio Nobel da paz em 2011 com Tawakul Karman do Iêmen. Elas estão se preparando para ser boas cidadãs e líderes de um mundo globalizado que os Bispos mal podem imaginar.
A multidão na Avenida (Mall) de Washington será festiva neste 100 º aniversário de fundação do grupo por Juliette Gordon Low. Elas têm motivo para comemorar. Assim como as congregações religiosas femininas têm capacitado inúmeras mulheres, as Bandeirantes, fundada por uma mulher cujo marido alienado deixou a maior parte do seu patrimônio para sua amante, inculcou “coragem, confiança e caráter” em milhões de meninas. Deus sabe que elas precisam na cultura atual onde o bem estar das mulheres está sendo ameaçado de muitos lados.
Eu espero ver algumas freiras, antigas freiras e amigos de freiras na Avenida naquele dia quando eu levantar minha voz como uma antiga Bandeirante. A História registrará que em 2012, as Bandeirantes e as freiras eram valores vivos que os Bispos só poderiam engolir enquanto procuraram em vão por preservativos nas caixas de bolachas.
Ver também:
Por que o Papa Odeia Freiras
Mary E. Hunt, pH.d., é uma teóloga feminista que é cofundadora e codiretora da Aliança das mulheres para a Teologia, Ética e Ritual (WATER) em Silver Spring, MD. Uma católica ativa no movimento de mulheres da Igreja, ela faz palestras e escreve sobre teologia e ética com particular atenção às questões de libertação.
Publicado em AlterNet
Quando uma mulher evolui, tudo a sua volta evolui também,a mulher é um simbolo de adaptacão aos novos tempos.ou seja, se adaptaria melhor ao celibato e temos muitos exemplos de freiras que desenvolveram comunidades inteiras com projetos de amor e caridade.se as mulheres pudessem realizar se ordenarem assim como os padres seria ótimo e um grand avanco.
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