Tradução José Filardo
Pelo irmão Chalmers Paton
É impraticável entrar aqui na história dos Steinmetzen da Alemanha. O relato de Findel é muito interessante, e provavelmente ele está certo na maioria de suas opiniões a respeito de datas relativas à formação e extensão da fraternidade. É mais para o nosso presente propósito considerar a organização e o sistema efetivo da fraternidade. A declaração a seguir é de especial importância, e é notável que o historiador alemão de Maçonaria que a faz nunca parece, por um momento sequer, chamar a atenção para a sua importância, ou perceber que ela tem alguma relação com a questão da identidade da Maçonaria moderna com a Maçonaria Operativa dos séculos medievais: – “Os maçons operativos formavam uma espécie de confraternitas juntos, unindo-se por um juramento, a cuja união, além dos confederados, amadores também eram admitidos, desde que eles consentissem em entrar na fraternidade, e submeter-se às suas leis “. – Findel, p. 59.
Por que razão, poder-se-ia perguntar, esses amadores eram admitidos, se a fraternidade era um ofício meramente operativo?
Parece claro que temos aqui provas da existência de maçonaria especulativa, pelo menos em seu germe e rudimentos (antes de 1717. N. do T); e não é necessário que tentemos provar mais do que isso, a fim de identificar a Maçonaria moderna com a dos Steinmetzen medievais da Alemanha. Admite-se, para todos os fins, que Maçonaria foi melhorada e desenvolvida no decorrer do tempo, e que ela é susceptível de ser melhorada por tempo indeterminado. Ninguém está mais pronto que eu para reconhece que Ashmole, e depois dele Desaguliers e Anderson contribuíram muito para o aperfeiçoamento do sistema. O único ponto aqui defendido é que eles encontraram um sistema já existente, um sistema tal que atraiu suas admirações, e ao qual eles se dedicaram em seu renascimento e desenvolvimento.
Os costumes e símbolos dos Steinmetzen alemães estão quase de acordo com aqueles em uso entre os Maçons modernos. A iniciação de um candidato acontecia de uma forma muito semelhante, e as mesmas regras eram aplicadas quanto às qualificações dos candidatos. Elas são, de fato, as regras que são familiares para todo Maçom tal como consta das antigas obrigações; e que eles eram reconhecidos e postas em prática na Alemanha, assim como na Inglaterra e na Escócia, não é uma prova pequena de sua alta antiguidade, e da unidade essencial do sistema, o que tem prevalecido em todas as partes do mundo civilizado desde que a civilização moderna começou, com o que surgiu a partir dela, e que ainda prevalece onde quer que a civilização se estendeu.
O declínio da irmandade alemã começou após a Reforma, quando a construção de catedrais e mosteiros deixou de ser o grande emprego na época. Ela foi acelerada pelos problemas da Alemanha durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). A Maçonaria floresce em tempos de paz, pois ela surge da paz, e produz a paz, mas a guerra civil é de todas as coisas, a mais desfavorável para o seu progresso. Quando a história da Alemanha durante os séculos XVI e XVII é considerada, não pode parecer maravilhoso que no início do século XVIII, pouco havia sobrado no país do velho sistema de maçonaria, embora o suficiente tenha permanecido para permitir um ponto de partida para o sistema melhorado então introduzido a partir da Inglaterra.
Ao mesmo tempo em que as Lojas (Bauhütte) dos Steinmetzen alemães surgiam na Alemanha, uma fraternidade semelhante de maçons formavam Lojas na Inglaterra. Findel escolhe chamá-las empresas de construção; mas este também é, evidentemente, um termo adaptado para o mero propósito de uma teoria (de que a Maçonaria Especulativa foi criada do nada em 1717. N.do T) . Os maçons ingleses, como seus irmãos continentais, reconheciam uns aos outros por sinais secretos e símbolos; eles cobravam contribuições de seus membros; eles socorriam os aflitos; eles escolhiam seus Mestres e Vigilantes, e eles mantinha reuniões e banquetes regulares. “Suas lojas eram ao nascer do sol, o Mestre assumindo seu posto, no oriente, e os irmãos, formando um semicírculo ao seu redor. Depois da oração cada artesão tinha o seu trabalho diário designado a ele, e recebia suas instruções. Ao pôr do sol, eles novamente se reuniam depois do trabalho, ofereciam uma prece, e seus salários lhes eram pagos”. – Findel , Pp 75, 76.
Dever ser destacado aqui que os maçons operativos da Alemanha, bem como os da Inglaterra, distinguiam-se pelo seu grande respeito pela religião, de acordo com as antigas obrigações, como de fato vemos que os maçons operativos em ambos os países exigiam uma profissão de religião dos candidatos, e umaconduta consistente com aquela profissão, dos membros de sua Ordem. No entanto, eles não exigiam a maior ortodoxia da Igreja. Seu sistema era livre demais para isso; e durante a Idade Média, um protesto contínuo pode-se dizer ter sido mantido pelos maçons operativos em favor de uma liberalidade que não tinha outra existência naqueles tempos. Os maçons operativos da Alemanha, nos dias de sua existência mais florescente, até mesmo protegiam os membros da sua Ordem contra perseguição, e se opuseram à Inquisição com sucesso.
“Em 1389”, diz Findel, dando um histórico dos atos legislativos da Inglaterra com relação à Maçonaria operativa “foi promulgado que, em caso de resistência, os Juízes de Paz podiam recorrer à assistência do xerife do condado, ou ao prefeito da cidade, ou ao Vereador da cidade; eles devem, portanto, ter estado presente em suas reuniões trimestrais. A constituição mais antiga, de 1427, e Anderson seguindo sua indicação, tenta transformar essa circunstância em uma honra para a fraternidade, levando-nos a supor que esses diferentes oficiais estiveram presentes na qualidade de irmãos iniciados. Mas, não podemos acreditar que, naquele período, amadores pudessem ter estado presentes como maçons aceitos, ou como membros honorários. Vez por outra, possivelmente, aqueles patronos que eram nomeados pelo rei para supervisionar a construção de edifícios podem ter estado presentes em uma reunião, mas eles certamente não tinham qualquer conhecimento dos costumes e usos secretos do Ofício”. – Findel , P. 77.
É fácil dizer, “não podemos acreditar que naquele período, amadores pudessem ter estado presentes”, e assim por diante; mas tudo isso é evidentemente a mera afirmação de uma opinião preconcebida, – uma conclusão precipitada. Nós nos convencemos de que nada havia na Maçonaria, durante os tempos medievais, ou mesmo até o século XVIII, a não ser maçonaria operativa; e, portanto, não poderia haver amadores aceitos como membros das Lojas!- assim deixemos o mundo tomar este argumento, e adotar nossa opinião! – Consideremos por um momento a frase já citada de Findel, relativamente à admissão de amadores nas Lojas dos Steinmetzen da Alemanha e a confiança com que ele declara sua opinião sobre a impossibilidade de amadores poderem estar presentes como maçons aceitos como membros honorários, na Inglaterra, no século XIV, deve parecer quase ridícula.
Da mesma forma, sua declaração de que “vez por outra, possivelmente, aqueles patronos que eram nomeados pelo rei para supervisionar a construção de edifícios podem ter estado presentes em uma reunião, mas eles certamente não tinham qualquer conhecimento dos costumes e usos secretos do Ofício” deve ser posta de lado como mera afirmação gratuita- a expressão de uma opinião para a qual nenhum fundamento é oferecido. Não, nessa afirmação está implícito que os patronos nomeados pelo rei eram apenas nomeados para supervisionar a construção de edifícios particulares, do que estamos longe de ter qualquer prova.
Pode ter havido alguma dificuldade em mostrar qual era realmente a realidade na Inglaterra; mas temos, na nomeação do Conde de Orkney e Caithness por James II da Escócia, prova de que algo mais do que a superintendência da construção de edifícios particulares estava contemplada em concessões reais do mesmo tipo na Escócia, e com certeza a probabilidade é que fosse o mesmo caso nos dois países. Até que prova clara do contrário seja apresentada, deve-se considerar que os patronos dos maçons da Inglaterra nomeados pelo rei mantinham uma relação importante com toda a fraternidade, e não apenas com aqueles que trabalhavam na construção de certos edifícios. Sobre este ponto, no entanto, mais prova é desejar muito. A probabilidade parece muito grande, de um lado, mas resta-nos ouvir o que pode ser dito, se há alguma coisa a ser dita, do outro.
(trecho do livro THE ORIGIN OF FREEMASONRY: THE 1717 THEORY EXPLODED (1900) – pag. 50 -54)
Olá…
Também gostaria de receber, se possível…
nil.grupos@gmail.com
MI33REAA
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Caro Ir. Filardo:
O Saudo por 3×3.
Poderia indicar um email para enviar um longo trabalho referente a Origem da Maçonaria.
Tem coisa delicada, por isso quero ser sigiloso, ate o Ir. se puder esclarecer.
Att
David Lorenzo Sotolepe
MRGLMERGS.
Loja Unidade, Justiça e Liberdade, 274
Rito Schroder
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Pode mandar pars jfilardo@gmail.com
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Não foi ele que afirmou ter elaborado os três rituais simbolicos!!?? antes mesmo de ter sido iniciado!!??
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Ainda não me debrucei sobre essa figura, mas se tomarmos a pesquisa e a opinião do Irmão Paton como base (não sei se verdadeira, vou pesquisar) o que se fez em 1717 foi uma “releitura”, uma “reencadernação” e uma sistematização de algo que já existia há muito tempo.
Até onde pesquisei, cheguei à conclusão de que a maçonaria especulativa é herdeira da rosa cruz (quem inventou efetivamente a loja) ajustada às regras dos pedreiros que eram bem organizados em suas guildas. Os RC+ emergiram em 1616, o Ash viveu por volta de 1646 e segundo registros ele foi iniciado em uma loja (maçônica não era, pois elas ainda não existiam) e pode, perfeitamente ter elaborado rituais que mais tarde foram aproveitados pela dupla protestante em 1717. Ainda segundo algumas pesquisas, chego à conclusão que as lojas especulativas eram evolução dos Clubes Fogo do Inferno de Wharton, Montagu e Folkes. (Esses clubes já eram meio secretos e geravam na sociedade a mesma reação que existe hoje, ou seja, um lugar onde se adora o bode, onde se desfiguram crucifixos). Vou explorar isso proximamente quando for explorar a questão da presença de ateus confessos publicamente conhecidos nos altos escalões da nova instituição, ao mesmo tempo em que os organizadores incluiram o famoso “ateus estúpidos e libertinos irreligiosos” no texto da constituição. Alguma coisa não bate.
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O Ashmole não foi um embusteiro?
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Brother Sergio,
Agora que consegui situar melhor o Ashmole na historia da maçonaria, estou curioso em relação a essa figura. Tudo indica que ele e mais importante do que eu pensava. Parece ter sido um elo de ligação entre a maçonaria operativa e as lojas rosacruzes.
Não acredito que era um embusteiro.
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Dicionario de MAÇONARIA : JOAQUIM GERVÁSIO DE FIGUEIREDO – Editora Pensamento… PP & TFA … aam
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