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O Novo Poder dos Maçons na França

Tradução José Filardo

Por Vincent Nouzille – Le Figaro

MUSEE ET TEMPLE DU GRAND ORIENT DE FRANCE FRANC MACONNERIE
Créditos das fotos: LA VIE/C. BOISSEAUX/LAVIE-REA


A maçonaria conta 150.000 membros na França. O retorno  dos socialistas aos negócios, após dez anos de ausência é uma excelente notícia para as Obediências maçônicas na vanguarda das quais está o Grande Oriente de França, que pretende influenciar novamente o debate político. Mas, discretamente… Interpretação.

 

“Queremos refundar a escola da República. E queremos refundar a República através da escola!” Nesta noite de 16 de novembro, em pé atrás da mesa do orador, no grande templo Groussier do Grande Oriente de França (GODF) na sede da obediência em Paris, na rue Cadet (Paris IX) Vincent Peillon, o ministro da educação nacional, sabe que a audiência, consistindo principalmente de maçons está atenta. Sem notas, este filósofo por formação defende por trinta minutos o retorno de um poder republicano espiritual – o do conhecimento e de uma certa “moralidade secular” – onde os professores seriam os mensageiros. “A escola deve superar a crise do futuro e da identidade nacional”, lança o ministro com ardor. No templo, os irmãos e irmãs ouvem fervorosamente este discurso de um “profano” que lhes vai direto ao coração. Sem ser um maçom, Vincent Peillon escreveu extensivamente sobre o pensamento de Ferdinand Buisson, o braço direito do irmão Jules Ferry, pai do ensino público na França e sobre Pierre Leroux maçom defensor de um socialismo fraternal e espiritualista nos anos 1848-1870. «Peillon compartilha de nossos valores, é um maçom sem avental”, se entusiasma um dos convidados desta noite.

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Créditos das fotos: JEAN-ERICK PASQUIER

Vincent Peillon, convidado do Grand Orient em 16 de novembro de 2012.

Depois do ministro, outros oradores, incluindo dois ex grão-mestres do GODF, Patrick Kessel e Jean-Michel Quillardet, entoam versos líricos sobre o mérito do secularismo, congratulando-se com os novos ventos que sopram da rua de Grenelle desde o mês de maio. Sendo inspetor de educação nacional, Alain Seksig, ele mesmo afiliado ao GODF, invoca de seu lado uma formação dos professores sobre o secularismo. “Senhor Ministro, não ceda nos princípios”, lança para encerrar o atual grão-mestre do GODF, José Gulino, antes de fechar a sessão, emocionado com esta excelente conferência. Vincent Peillon não é a única personalidade da esquerda a comparecer diante do GODF, transformada na obediência farol e local de encontro da maçonaria francesa nos últimos meses. O GODF recebe principalmente em visita à rue Cadet, em 9 de dezembro, Claude Bartolone, o Presidente da Assembleia Nacional. As propostas deste que se apresenta como um profano – mas que muitos dos irmãos veem como um dos seus apoios – serão provavelmente apreciadas. Pequeno detalhe revelador: quando de sua eleição à liderança da câmara em junho, cerca de trinta deputados “iniciados”  foram mobilizados nas últimas horas. Nos bastidores, o fabiusiano Philippe Guglielmi, eleito por Romainville, chefe da Federação do PS de Seine-Saint-Denis, terra de eleição de Bartolone e antigo Grão-Mestre do GODF (de 1997 a 1999) manobrou para  promover a eleição de seu amigo. “Eu não desminto”, diverte-se este colosso afável quando perguntado sobre este episódio.

O Grande Oriente, marcadamente à esquerda, reencontra as cores

A esquerda voltou ao poder, exultam-se os maçons. Para Philippe Guglielmi, sem dúvida, a hora é de reconquista. “Perdemos muitos combates nos últimos anos, sobre os temas do secularismo e da luta contra a extrema-direita; é hora de reagir,” disse ele. Eleito Grão-Mestre do GODF em setembro, para um curto mandato de um ano, José Gulino, um sólido socialista de Pas-de-Calais, é desta linha. Ele não esconde sua vontade de influenciar a cena política independentemente do assunto, desde casamento gay até o projeto de lei bancária, a reforma do Estado e a das instituições. Ele quer mesmo enviar “livros de queixas” republicanas aos eleitos.

“Especificamente, os GODF marca pontos”, constata Patrice Hernu, promotor do Clube francês que reúne diferentes obediências, Dialogue et Démocratie que tentou, sem sucesso, organizar debates com todos os candidatos durante a campanha presidencial. O GODF conseguiu torpedeá-los, preferindo trazer os candidatos à rue Cadet…

Naturalmente, este retorno à graça não tem a mesma força que em 1981, quando da eleição de François Mitterrand. Na época, os pilares da equipe de Mitterrand – de Charles Hernu a Pierre Joxe – eram “irmãos de três pontos” e o grão-mestre do GODFr, Roger Leray, chamava ministros diretamente ao telefone para dar conselhos. “Esta época desapareceu e a influência política dos maçons, depois de atingir o ponto alto sob a Terceira República, não parou de diminuir,” estima o historiador Roger Dachez, Presidente do Instituto Maçônico da França. O abandono do projeto do grande serviço público unificado de educação após os protestos monstros em favor da escola livre em 1984, foi um jato de água fria para os irmãos. François Mitterrand, educado por padres maristas, eventualmente não deu seguimento às injunções das Obediências.

Jacques Chirac, neto de um venerável de uma loja do GODF, era mais sensível às ideias defendidas pelos maçons. Seu sucessor Nicolas Sarkozy tinha uma posição dúbia em relação aos irmãos: seus voos de campanha em 2007, citando figuras históricas da República, eram inspirados em parte por Alain Bauer, antigo grão mestre do GODF de 2000 a 2003; por outro lado, seus discursos de Latrão (2008), de Grenoble (2010) e aqueles da última eleição presidencial  emprestavam mais de um registro católico de seu conselheiro Patrick Buisson. “Tivemos bons contatos com Sarkozy graças a Bauer, mas o retorno de temas da direita dura só podia nos desagradar,” resume Jean-Michel Quillardet.

SEANCE DE QUESTIONS AU GOUVERNEMENT, A L 'ASSEMBLEE NATIONALE

Créditos das fotos: Sébastien SORIANO/LE FIGARO/Sébastien SORIANO/LE FIGARO

Claude Bartelone, um amigo dos irmãos.

Com Hollande, os maçons se sentem mais confortáveis. “É verdade, retomamos um pouco de ar”, diz o ex-ministro socialista do Emprego, Jean Le Garrec, irmão do GODF e Presidente do Círculo Ramadier, que reúne perto de 1500  maçons de esquerda. Promotor da Alliance de empregos de cidades, que reúne representantes eleitos sobre este tema, Le Garrec recentemente visitou os ministros amigos – Michel Sapin, Marylise Lebranchu, Benoît Hamon – e saiu confiante: “Entendemos que a crise é profunda, que é preciso mudar nossos modos de pensar, e por isso, queremos contribuir para alimentar este debate sobre o estado ou a economia,” disse ele, confiante nas capacidades de François Hollande.

O presidente pode contar, por sua vez, com o apoio do GODF e da maioria dos seus 52.000 membros. Ao passo que Ségolène Royal ou Martine Aubry, consideradas distantes, irritavam as lojas, Hollande tranquiliza. O candidato do PS também veio “apresentar uma prancha” na Rue Cadet, em 22 de novembro de 2011. Uma visita muito apreciada. A presença de muitos irmãos e irmãs em torno do Presidente reforça este clima favorável. Durante sua campanha, Hollande foi assistido fiéis, incluindo alguns, como Jean-Marie Cambacérès, cercado da promoção Voltaire, ou François Rebsamen, senador-prefeito de Dijon são irmãos. Sua atual conselheiro político, Aquilino Morelle, teria sido iniciado no GO, um boato que este último afasta com diversão: “Eu nunca foi iniciado, a não ser por algumas jovens , infelizmente há muito atrás…” Christophe Chantepy, o chefe de gabinete do primeiro ministro Jean-Marc Ayrault, também faz parte da irmandade. Perguntado sobre o assunto, ele não reagiu.

Uma meia dúzia de ministros são maçons, sem o confessar.

Entre os membros do governo, presume-se que uma boa dúzia sejam maçons, mas apenas uma pequena metade deles o admitem com meias palavras. Alguns não respondem, como Marylise Lebranchu, Stéphane Le Foll ou Alain Vidalies. Otros desmentem formalmente, tais como o ministro do trabalho, Michel Sapin ministro, embora esteja de acordo com os ideais das lojas, bem como Benoît Hamon, George Pau-Langevin ou Michèle Delaunay. Enquanto isso, Frédéric Cuvillier, ministro delegado dos transportes, próximo do GO, explica que ele “não pode responder” às perguntas sobre o assunto. Iniciado há muito tempo, Jean-Yves Le Drian, o ministro da Defesa, contenta-se com um “sem comentários” diplomático, não desejando falar sobre suas “convicções pessoais”. A mesma resposta de Victorin Lurel, ministro delegado para o Ultramar, membro do GO. Quanto a Jérôme Cahuzac, que reconhece a participar de “sessões” e de quem várias fontes no GO atestam sua qualidade de membro desta obediência, ele respondeu muito bem, de uma fórmula muito maçônica: “A cortesia e mesmo o espírito de cavalheirismo, obrigam-me a não desmentir nem confirmar.”

Mais surpreendentemente, a radical de esquerda Anne-Marie Escoffier, ministra-delegada responsável pela Descentralização, bem conhecida na Grande Loja feminina da França  (GLFF), esquiva-se do assunto afirmando em primeiro lugar ela não se sente “competente para responder a esta pergunta”, antes de dizer que ela não pretende se expressar! Por outro lado, Manuel Valls é um dos poucos a assumir sua afiliação do passado.  Seus assessores confirmam sua iniciação no Grande Oriente em 1988 e sua frequência às lojas até 1996. “Em seguida ele deixou a Maçonaria, por falta de tempo e interesse,” disse um dos seus conselheiros.

SEANCE DES QUESTIONS AU GOUVERNEMENT A L'ASSEMBLEE NATIONALE.
Créditos das fotos: Jean-Christophe MARMARA/Le Figaro

Manuel Valls e Jean-Yves Le Drian, dois iniciados membros do governo.

Mas, a importância da Maçonaria não se mede apenas com o número de Ministros iniciados; cuja lista pode ser oficial nem exaustiva. É também uma questão de networking, de homens chave em ministérios  ou no Parlamento. “A influência dos maçons desenvolve-se de forma difusa, por ação capilar, porque existem muitos irmãos nos gabinetes ministeriais, administrações e círculos políticos”, estima Emmanuel Pierrat, advogado, iniciado no GO e co-autor com Laurent Kupferman de “O que a França deve aos maçons… e o que ela não lhes deve (Edições First, 2012). Resultado: os esquema nascem nas lojas, informações circulam e pequenos favores são trocados. A solidariedade obrigatória e o segredo maçônico (veja quadro na página 40) que os maçons comungam, alimentam, portanto, um certo favoritismo invisível, muitas vezes em detrimento de profanos privados destas influências fundamentais. Bem introduzido nos círculos de esquerda, o GO tem, nesta área, alguns passos de vantagem.

Os ministérios do Interior e da defesa, dois feudos de maçons

Na Rue de Grenelle, vimos, Vincent Peillon é muito inspirado pelas ideias defendidas nas lojas. Um dos seus assessores políticos mais próximos, Marc Mancel, que oficia ao lado de George Pau-Langevin, o ministro responsável pelo Sucesso educativo, seria um membro do GO. Entre outros “irmãos” influentes na educação nacional figura igualmente o antigo reitor Christian Forestier, que foi chefe de gabinete de Jack Lang, no ministério de 2000 a 2002. Administrador geral do Conservatoire National des Arts et Métiers e membro do Conselho de Educação Superior, ele co-presidiu o Comité de Pilotagem de ritmos escolares instaurado por Luc Chatel e ele foi nomeado em julho entre os quatro promotores da consulta sobre a escola por Vincent Peillon.

Na Praça Beauvau, Manuel Valls está em sintonia com uma administração onde pertencer às lojas é considerado ser capaz de acelerar a carreira. “Sob o Império, 90% dos Comissários de polícia eram maçons. Esta proporção diminuiu até atinger cerca de 10 por cento hoje”, estima Alain Bauer, criminologista de profissão e co-autor de vários livros sobre a Maçonaria. Quando Nicolas Sarkozy dirigiu o Ministério do Interior, ele recorria justament às “luzes” do irmão Bauer, nomeado em 2003 Presidente do Conselho de orientação do Observatório Nacional da delinquência. Claude Gueant, considerado mais próximo da Grande Loja Nacional Francesa (GLNF), obediência espiritualista não se afastou desta regra a Praça Beauvau, apoiando-se, quando necessário sobre as redes maçônicas, principalmente dentro dos sindicatos da polícia e da prefeitura de polícia de Paris.

Manuel Valls, apoiado por seu conselheiro Yves Colmou, outro iniciado do GO, pode contar com o seu passado maçônico para consolidar a sua base. “Isso não é necessário para afirmar a sua autoridade política”, adianta um dos seus assessores. Mas um dos seus melhores amigos, que se cruzaram entre os jovens rodardianos continua a ser Alain Bauer, a quem ele continua a procurar, regularmente, para aconselhamento. A nomeação de Renaud Vedel, antigo braço direito do prefeito da polícia de Paris Michel Gaudin, como Diretor-Adjunto do gabinete de Valls, não deixaria de estar relacionada com o apoio que ele recebeu por parte de Bauer. Este último , um especialista, resume: “A Maçonaria tem pouco poder real; por outro lado, tem uma grande capacidade de resistência. Ele pode frustrar um pouco quase tudo!”

O clima é semelhante no Ministério da defesa, onde as obediências  participam, tradicionalmente, de escaramurças de poder. “É difícil negar a influência maçônica no hotel de Brienne, sede do ministério”, diverte-se o iniciado Patrice Hernu, filho do antigo ministro de Mitterrand. A chegada de Jean-Yves Le Drian e seu chefe de gabinete Cédric Léwandowski, dois irmãos, ao ministério deu o que falar nas lojas. Cédric Léwandowski tem uma ampla rede, constituída ao longo de sua carreira: ele, entre outras coisas, trabalhou como assessor do Grupo Socialista na Assembleia, encarregado de missão junto ao irmão deputado Christian Pierret, chefe de gabinete do irmão Jean-Jacques Queyranne na prefeitura de Bron; assistente parlamentar e depois colaborador do ministro da defesa, Alain Richard; chefe de gabinete do Presidente da EDF, o irmão François Roussely e membro do grupo de reflexão sobre a pesquisa estratégica pilotado em 2007 pelo irmão Alain Bauer. Um CV muito maçônico – que o interessado não comenta – que explica em parte a sua nomeação como braço direito de Jean-Yves Le Drian!

O Grande Oriente retomou o controle da Fraternal parlamentar

O Grand Orient pode, sobretudo, vangloriar-se de relações muito sólidas no Parlamento. Historicamente controlado pelo GODF, a Fraternal parlamentar, chamada Frapar, que reúne 410 Membros de todas as potências, incluindo 150 deputados e senadores (dois-terços são de esquerda), tinha sido recuperada em  2009 pela GLNF, potência rival, graças à eleição para a sua Presidência de Bernard Saugey, senador UMP de l’Isère. Sob sua liderança, a Frapar foi um pouco acordada, registrando seus estatutos oficiais e multiplicando as audições entre partidários, particularment sobre Bioética ou o fim da vida. O termo de três anos de mandato do Saugey e a chegada de uma maioria de esquerda ao Senado e à Assembleia Nacional soou o fim da era GLNF -UMP. O GODF fez de tudo para recuperar a Presidência dessa Fraternal muito política. Uma batalha ganha discretamente. Quando da Assembleia Geral, em 13 de novembro, o deputado do PS do Norte, Christian Bataille, membro do GODF, que já tinha anteriormente comandado a Frapar foi eleito Presidente, com cinco votos de vantagem diante de  Pascale Crozon, deputado do PS de Rhone.

Intermediários na confluência das lojas e do PS

Nos bastidores, vários ex-parlamentares conseguiram mudar alguns votos. Entre eles, o septuagenário Guy Lengagne, membro do GODF, oficialmente aposentado em Boulogne-sur-Mer. “Isso me incomodava um pouco em relação a uma mulher de destaque, mas eu habilitei para a batalha,” reconhece o antigo Ministro do Mar de Mitterrand. Mais valente do que nunca, o antigo senador centrista Henri Caillavet, que se baseia em seus 99 anos,  também escreveu ao mesmo tempo a seus colegas da Frapar para os incitar a retomar a luta. «Vivemos momentos quase revolucionário, defendeu o nonagenário.» Podemos mudar a sociedade. (…) Sem dúvida, a Fraternal vai organizar debates para tentar, apesar das objeções filosóficas e políticas, um texto que está coletando, tanto quanto possível, um grande número de nossos amigos. «Eu penso na energia, nas injustiça social e na necessidade de retornar a uma igualdade mais justa». Um verdadeiro programa de trabalho…

Por outro lado, a composição da nova mesa da Frapar deu lugar a dosagens sábias, para que ali figurassem deputados socialistas Pascale Crozon, Pascal Terrasse, Olivier Dussopt, Brigitte Bourguignon, Odile Saugues, o senador socialista Claude Domeizel e a senadora do PS Michèle André. Pequenos cargos foram ainda reservados para dois senadores da UMP, Sophie Joissains, eleita por Bouches du Rhone e Christophe-André Frassa, representando dos Rranceses do Exterior.

Um outro iniciado discreto figura na estrutura organizacional desta fraternal: trata-se de Alain Simon, a título do colégio de altos funcionários . Este homem pouco conhecido está na encruzilhada de várias esferas da esquerda e a maçonaria: veterano dos gabinetes ministeriais de Pierre Mauroy e Christian Pierret; secretário-adjunto do Grupo Socialista na Assembléia Nacional de 1995 a 1997, atualmente Controlador Geral em Bercy, Alain Simon é um membro do Círculo Ramadier. Acima de tudo, ele é um dos 35 membros do Conselho da ordem do GO, ou seuja, de seu Comitê Diretor. Muitos Iniciados da rua Cadet prevêm que ele será candidato em setembro de 2013 para suceder ao Grão-Mestre José Gulino. Próximo do poder, Alain Simon pode desde já contar com alguns pesos pesados do GODF por sua eleição.

Aguardando este aumento do poder de Alain Simon, outros intermediários se ativam. Alain Bauer tendo perdido o papel de intermediário entre a Maçonaria e o poder que ele tinha sob Sarkozy, é Philippe Guglielmi, chefe dos Socialistas de Seine-Saint-Denis, que oficia, em concorrência com o profano Jean Glavany. Ele trouxe para o PS o antigo grão-mestre Guy Arcizet no cargo ate setembro passado. Amigo de Claude Bartolone e ele próprio um membro da Fraternal Parlamentar – como antigo suplente de Elisabeth Guigou – Guglielmi monitorou de perto a eleição de Christian Bataille. Com outro antigo Grão-Mestre, Patrick Kessel, ele tambem tinha preparado a chegada de Fraçois Hollande à  rue Cadet em novembro de 2011. As declarações feitas no local pelo candidato socialista em favor da constitucionalização da lei 1905 quase não surpreendeu Guglielmi e seus companheiros: eles a tinham parcialmente teleguiado… No entanto, esta promessa está longe de ser realizada.

A constitucionalização da lei de 1905 apresenta problemas

A Maçonaria tem aliados. Mas ela não tem todos os poderes. Recebidos secretamente em outubro, pelo secretário-geral do Elysee Pierre-Rene Lemas, graças à intervenção de Jean Glavany, José Gulino e alguns dignitários do GODF ouviram que que a constitucionalização da lei de 1905 enfrenta dois obstáculos. Juridico em primeiro lugar: é difícil incorporar na constituição um texto que flui no mármore da separação das igrejas e do Estado e prevê excepções como a Concordata de Alsácia-Mosela.  A seguir político: questionar a concordata seria ofender muitos eleitores e eleitos das regiões afetadas.

No entanto o Elysée já teme que as eleições territoriais de 2014 sejam uma derrota para a esquerda no poder… “É preciso ajudar o Presidente da República a entender o que se pode superar esses obstáculos”, argumenta Gerard Contremoulin, um irmão socialista do GODF, anteriormente próximo do irmão Jean-Luc Mélenchon, ardente defensor do projeto. Neste meio tempo, o ministro do Interior, Manuel Valls, explicou, na inauguração da grande mesquita de Estrasburgo em 27 de setembro, que o governo continua comprometido com o regime da concordata. Em suma: a constitucionalização do projeto de lei de 1905 vai encontrar dificuldades para  vir à luz, mesmo que José Gulino continue a acreditar urbi et orbi.

Por outro lado, as lojas se sentir revigoradas por outras batalhas em curso. A do “casamento para todos” faz parte delas. Promotoras – em nome da igualdade – desta abertura de direitos para os casais do mesmo sexo, algumas potências estão prontas apoiar o projeto de lei sobre o assunto. Pronta a fazer um pouco de super oferta. As declarações do Cardeal André Vingt-Trois, no início de novembro, tratando o casamento gay de “superqueridas” provocaram principalmente as iras do GODF.

As tentações hegemônicas do GODF incomodam seus aliados

Em uma viagem ao exterior, José Gulino ditou imediatamente uma declaração denunciando “as posições retrógradas e obscurantistas” e “amálgamas violentos e odiosos” do Presidente da Conferência dos Bispos da França. Efeito bumerangue: este comunicado muito anticlerical primeiro incomodou… outras potências maçônicas, que esperava um pouco mais de diálogo! “O GODF tem uma tentação hegemônica, que suas entradas no mundo político claramente reforçam, neste momento,” lamenta uma das diversas potências. “As religiões têm o direito de expressar suas opiniões.  E nós também, mas não como anátema”. disse, por outro lado, Catherine Jeannin-Naltet, gran mestra da GLFF. Uma vez dissipadas essas querelas, é provável que os irmãos e irmãs  mais militante desçam à rua para fortalecer o campo dos defensores do casamento gay. Eles também devem se mobilizar para apoiar projetos sobre acompanhamento médico do fim da vida, a fim de ir além da estritas disposições da lei Leonetti de 2005. O governo de Jean-Marc Ayrault confiou uma missão sobre o assunto Padre Didier Sicard, antigo presidente do Comité Consultivo Nacional de ética. Favoráveis a essa evolução, as lojas do GODF, da GLFF e do Direito Humano já se manifestaram por escrito sobre esta questão. “Nós enviamos nosso texto sobre a exceção da eutanásia ao Padre Sicard e aos parlamentares”, explica Jacques Samouelian, Presidente da Direito Humano, satisfeito com a primeiras reações positivas. Os irmãos da Grande Loge de France (GLDF) também manifestaram seus pensamentos a quem de direito. Estas potências são menos ruidosas que o GODF, mas quase tão eficazes… –

Publicado originalmente em http://www.lefigaro.fr/actualite-france/2012/12/07/01016-20121207ARTFIG00492-le-nouveau-pouvoir-des-francs-macons.php

2 comentários em “O Novo Poder dos Maçons na França

    1. Caros Irmãos:
      Já esta mais do que na hora que os maçons, assim definidos e desejosos que a França e o mundo mudem, para melhor, iniciarem um movimento pela ética e pela justiça. Este modelo atual de perde/ ganha não pode mais perdurar. Outra coisa coisa é todos entenderem que as colonias acabaram e os países devem rever suas politicas colonialistas e viverem de seus próprios recursos.
      Não é só a mudança da forma e sim de conteudo.
      Pheniel Mazziero

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