Tradução Sergio K. Jerez

por Eric Wynants

Em 1988, o historiador escocês David Stevenson publicou sua pesquisa sobre as origens escocesas do final do século XVI e o subsequente desenvolvimento escocês da Maçonaria “moderna”, que ele colocou dentro de um contexto intelectual europeu de sério interesse nas ciências ocultas.[1]

Trabalhando a partir dos documentos escoceses sobreviventes de lojas operativas e especulativas, Stevenson preencheu as frustrantes lacunas entre a cultura Stuart[2] primitiva, seus vínculos com a Maçonaria escocesa e sua preservação dentro da diáspora jacobita[3] ocorrida após a expulsão do último rei da dinastia Stuart, James VII e II.

A aluna de doutorado de Stevenson, Lisa Kahler, levou essa pesquisa adiante, ao início do século XVIII e documentou as imprecisões e distorções da versão inglesa “ortodoxa” da história maçônica, que servia a propósitos políticos hanoverianos[4]-whig.[5] [6]

Mais importante para minha própria pesquisa, essa história revisionista me permitiu rastrear as ramificações da Maçonaria Escocesa do século XVIII até suas primeiras origens na história da arquitetura judaica e escocesa. 

Segundo Stevenson, “a história maçônica foi corrompida pelo equívoco dominante de que o surgimento da Maçonaria ocorreu na Inglaterra – “uma crença mantida mesmo em face da esmagadora preponderância de evidências documentais escocesas relacionadas ao processo, evidências que muitas vezes são simultaneamente explicadas… e então usadas em um contexto inglês para compensar a falta de evidências inglesas.”

(…)

Com a ascensão do Eleitor de Hanover[i] como Rei George I da Inglaterra, em 1714, os apoiadores maçônicos dos Stuarts montaram uma campanha clandestina de décadas para reconquistar o trono britânico.

Em 1717, um sistema rival hanoveriano de Maçonaria foi estabelecido, com o objetivo de suprimir e derrotar aquela campanha. Quando os hanoverianos venceram na Inglaterra – e seus descendentes entre os historiadores Whig escreveram as histórias desta grande rivalidade cultural e política – criaram seu próprio mito de progresso e tolerância protestante, que quase obliterou os elementos celtas-católicos-judeus na luta contra seus opositores e que ignorou a sobrevivência desses elementos em uma cultura jacobita internacional.

A Maçonaria Escocesa tinha menos a ver com os “Cavaleiros Templários” da Idade Média, como é frequentemente afirmado nos livros de história da indústria de romances, mas tinha sim interesse na cabala e, posteriormente, por um período de tempo, na restauração da monarquia Stuart.


[i]      Príncipe alemão com direito a participar da eleição do Sacro Imperador Romano. N.T.

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