Publicado em FREEMASON.PT

Por Alexandre Fortes

reciprocidade

Certa feita, correram-me a mim e aos olhos, como Irmão e como Mestre, a reflexão sobre a reciprocidade da intervisitação maçónica e a sua Força. – E Força só se faz e é mantida com a União Fraternal…

Chamou-me a atenção, no tocante e especificamente a MESTRES, em lições semelhantes e presentes no Rito Moderno, (analogamente também noutros Ritos), e que aqui apenas cotejam-se, em paralelo, à guisa de mera ilustração, o REAA, por exemplo, ensina-nos que ao grau de Mestre consagra-se à Moral que não transige ao cumprimento do Dever, consagra-se, pois, à firmeza de carácter, que se sobrepõe a si mesmo; que se liberta das baixas contingências gregárias e que espalha a Luz e faz da Fraternidade a mais forte, a mais pura e tangível realidade. O Mestre Maçom sublimiza-se!.

No Rito Moderno ensina-nos, também a nossa Sábia Sebenta Francesa, que ao Mestre

exalta-se o sentimento de pundonor inflexível; de dignidade e brio inflexíveis, e que o Mestre é um co-responsável ad aeternum pelo destino da nossa Sublime Ordem, assim como a sua projecção no mundo profano, e que o Mestre é a expressão humana da ordem, num pacto irrevogável de fidelidade à Maçonaria e de solidariedade aos seus Irmãos.

A visitação é, pois, um “caminho”; é um dos lados do vector de mão dupla que fortalece a nossa Ordem, sobretudo quando se tratam de Lojas que iniciam os seus labores e encetam os seus primeiros trabalhos de cinzelamento da P∴ B∴, sem antes ter podido sequer iniciar, elevar, exaltar, ou admitir regularizandos Mestres nas suas Oficinas. Além de ser o 14° Landmark de Albert G. Mackey um direito, constitui-se uma sublime acção de amor fraternal, e com o seu exercício frequente, estimula-se, mais ainda, os trabalhos em Loja e da Loja, principalmente da Oficina que se inicia, inclusive expurgando, fatalmente, as terríveis faltas de quórum altamente desmotivadoras para todos, sobretudo para os Irmãos Aprendizes. – Mas são precisos, para o funcionamento legal de uma Atelier Maçónico, no mínimo, 7 Mestres! (RGF. Art 96, Inciso XXII). E, para que uma Loja forme um Mestre Maçom, são precisos, no mínimo, admitindo-se um Aprendiz Maçom Neófito hoje, de 1 ano e 6 meses completos para se “fazer” um Mestre.

Por outro turno, há de se dizer que falta um pedaço ao todo, falta o outro vector para a consolidação da completude dessa Força Fraternal através da visitação: a RECIPROCIDADE!. Há de se ter em mente que a completude dessa Força através da visitação se concretiza, efectivamente, quando há “o retorno”; “a volta”; o outro ósculo fraternal da Guilda!, pois, em verdade, em verdade, digo-vos, que não existe um abraço fraternal, triplo ou não, realizado apenas por dois braços, mas sim por 4, em mútua e recíproca harmonia, e realizado, para maior vigor e força, por 3 e depois, por várias e permanentes vezes…

Aí está, Irmãos, fruto desta humilde reflexão, a conclusão sobre a teoria da Completude da Força Fraternal resultante da visitação ou intervisitação maçónica: a RECIPROCIDADE FRATERNAL.

Jesus de Nazaré (Yeshua) e outros grandes iluminados, assim como originalmente foi dito em Levítico, (antes de Yeshua, portanto), no terceiro livro da Bíblia hebraica, atribuída a escrita por Moisés do Egipto (Moshe), no séc. XV a. C., no Capítulo 19, verso 18: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.”, ensina-nos sobre a Força da Fraternidade no seu mais alto grau de simplicidade e complexidade, simultaneamente.

Neste particular abordado, devemos todos nós, especialmente Mestres, pensar e reflectir sobre como está sendo executado o nosso inflexível dever fraternal à Ordem; como está sendo efectuada a nossa prática maçónica fraternal e sobretudo como Mestres frente às nossas Lojas neófitas (ou não), incipientes ou seculares. Caberia a pergunta feita por nós mesmos aos nossos íntimos (ou várias perguntas reflexivas), a cada um de nós, principalmente Mestres, sobre o que realmente estamos fazendo sobre a ajuda fraternal e a visitação às Lojas dos nossos Irmãos, (que também são as nossas Lojas e que pertencem à nossa Constelação Jurisdicional, ou àquelas que não necessariamente o são e que precisam de todos nós); se estamos praticando a reciprocidade e a completude da Força Fraternal na visitação e consagração da nossa luzida e verdadeira União Fraternal…

Caso não caiba nenhuma reflexão que possa aparentemente parecer pedante, pretensiosa ou arrogante por parte deste articulista, fica a minha humilde teoria sobre a Força Fraternal e a sua Completude na efectiva Reciprocidade da Visitação Maçónica. Que a Força Fraternal e a sua completude estejam connosco!

Alexandre Fortes, 33º – CIM 285969 – ARLS Cícero Veloso n° 4543 – GOB-PI

Referências