Por Alexandre L. Fortes, M.I.**

A joia do cobridor

– Ir∴ Cobridor Externo, onde estais que não respondeis? Por que tanto silêncio? Por que tanta invisibilidade? Cobridor Externo: Por que não adentrais ao Templo?

– Atualmente, no Rito Moderno, Ir Cobridor Externo, em verdade vos digo: jamais adentrareis ao Templo…

O Cobridor Externo como um cargo “anacrônico” e que em tempos atuais caiu em desuso no Rito Moderno…

Embora em nosso Ritual do Gr 1 do RM GOB, p. 41, faça referência ao “alfanje”: “Cobridor Externo – Alfanje”, não situa ou menciona este oficial do RM na Pl. do T. (em pp. 32 e 33). Onde estaríeis, oh! Cobridor Externo do Rito Moderno? Onde tomaríeis assento específico para o teu tão valoroso ofício?

Cobridor Externo do Rito Moderno, ao primeiro lance de permitida e racional ironia, pareceu-me que fostes “cortado com o vosso próprio alfanje”, pelo caráter anacrônico ou por desuso dado às vossas atribuições no mundo moderno…

O que mais, em Maçonaria, “não se usando” ou em não se praticando perder-se-ia, no esmagar do rolo compressor do fator tempo, sua função, presença, ou tradição?…

Segundo nosso Irmão Rafael Chaves Ferraz – CIM: 237590 – GOB-RJ, daAugusta, Respeitável e Grande Benfeitora Loja Simbólica Paranapuan n° 1.447, em O Cobridor, 2007, assim explica que “com o passar do tempo, esta proteção externa aos trabalhos caiu em desuso, pois que com o fim das tiranias a maçonaria pôde sair da sombra, nos dizeres de José Castellani e Frederico Guilherme Costa. Ainda segundo estes autores, apesar de alguns ritos conservarem o cargo de Cobridor Externo por tradição, o Rito Moderno, que é o rito mais progressista e adaptável às transformações sociais, excluiu-o, por ser anacrônico.”.

A isto, vem-me uma imediata indagação e reflexão: o que mais não seria, ou ainda, tornar-se-ia anacrônico no R∴M∴ ou mesmo noutros Ritos Maçônicos?…

E no R∴E∴A∴A∴, Rito mais praticado no GOB, o Cobridor Externo ainda existe?

– Atualmente, Ir Cobridor Externo, vós existis no REAA e deveis adentrar ao Templo imediatamente após a abertura dos trabalhos. Mas por que assim não o fazeis?

Observa-se, não muito infrequentemente, que há um “não preenchimento” do cargo por este oficial, o Cobridor Externo, em muitas práticas de muitas lojas do R∴E∴A∴A∴ e, quando se é perguntado o porquê, a principal resposta obtida é a de que “não queremos que um Irmão fique do lado de fora e não assista à sessão maçônica” ou “não queremos constranger o Irmão”. Mas, inacreditavelmente, não se justifica tal ou tais explicações ao caso, uma vez que o próprio Ritual do Rito prevê a entrada do Cobridor Externo ao templo.

No R∴E∴A∴A∴, o Cobridor Externo é oficial existente e presente, tanto fora, quanto dentro do T∴, como por exemplo, consoante Ritual do Gr∴ 1 do R∴E∴A∴A∴ 2009 GOB, p. 21: “ficando o C E junto à p do T (onde fica durante a abertura dos ttrab; depois, entra e senta-se no Oc, ao lado N da porta de entrada)”. (Grifo, negrito e apócope nossos).

Assim como é muito e bem claro o constante nas pp. 22, 23 e, sobretudo, na p. 51  do Ritual do Gr∴ 1 do R∴E∴A∴A∴ GOB, em que, inclusive, prevê a hipótese do Cobridor Externo se não entrar; descreve, o quando, (após a Aclamação do Rito), como também a função do Cobridor Interno em convidar e dar entrada ao Cobridor Externo ao T∴: “é o momento em que ele entra e senta ao lado norte da porta; se ele não o fizer, o Cobr.·. Int.·. abrirá a porta e o convidará a entrar”.

– Então, … Se vós existis no R∴E∴A∴A∴, por que não o fazeis o vosso trabalho, Ir∴ Cobridor Externo? Rompei vosso silêncio e vossas ausências, pois do contrário, caireis em desuso de vosso cargo também e assentar-vos-á na “Coluna do Anacronismo” ritualístico e desaparecereis, e talvez, até para sempre…

** — C I M 285969 –– A. R. L. S.  Irmão Cícero Veloso N° 4.543 – GOB-PI – GOB

BIBLIOGRAFIA

CASTELLANI, José. Consultório Maçônico. Vol VII. São Paulo: A Trolha, 2000.

_____. e COSTA, F. G. O rito moderno: a verdade revelada. São Paulo: A Trolha, 2005.

COSTA, F. G. e CASTELLANI, J. O Rito Moderno: a verdade revelada. Londrina: A Trolha, 2005. 3ª ed. P.177.

FERRAZ, Rafael Chaves. O Cobridor. 2007.

GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Ritual do Grau 1 – Aprendiz do R∴E∴A∴A∴. 2009

GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Ritual do Grau 1 – Aprendiz do Rito Moderno. 2009.

VAROLI, Filho, Theobaldo. Ritual do REAA. Grande Oriente de São Paulo: Ed. Gazeta Maçônica, s/d.