Bibliot3ca FERNANDO PESSOA

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Ataque a uma Grande Loja americana (The Affair Minnesota, 2001-2002)

 

Tradução José Filardo

 

Por V.´. Irmão Jack Buta MPS
PM Paradise Valley Silver Trowel Lodge #29
Arizona Grand Lodge, EUA
Maçom Grau 32 do Rito Escocês

Extrato do Artigo “A CONSPIRAÇÃO DE DEUS”

 

Eu já publiquei um artigo sobre os acontecimentos em torno da suspensão das relações com a Grande Loja de Minnesota por 11 jurisdições dos EUA e quatro jurisdições não americanas. [Lxiii] Portanto, vou restringir minhas observações a um rápido resumo aqui. O seguinte é um trecho do discurso feito pelo PGM Terry Tilton da Grande Loja de Minnesota no Festival Anual da Philalethes Society em 2006, no Hotel Washington. Eu estava na plateia.

“A história começa bastante inocentemente. Em 31 de março de 2001, em nossa sessão de Grande Loja, o Past Grão-Mestre e Presidente da nossa Comissão de Relações Exteriores, David S. Bouschor apresentou o relatório de seu comitê. Explicando a cada uma das jurisdições que o comitê estava recomendando o reconhecimento ele anotou essas palavras sob o título FRANÇA. “Recebemos mais uma vez um pedido de reconhecimento da Grande Loja da França. Sua comissão havia recebido sua constituição, os rituais de grau, e consideráveis outras informações. Que preenchem os requisitos para o reconhecimento e são considerados uma Grande Loja regular ………….. Sua comissão se reuniu e discutiu o assunto exaustivamente, e recomenda que se conceda pleno reconhecimento à Grande Loja da França e que troquemos representantes com eles”.

O livro de Anais continua, para dizer: ‘Foi proposto e apoiado que a Grande Loja de Minnesota reconhecesse a Grande Loja da França, e isso foi aprovado. (Foi salientado que atualmente nós reconhecemos a Grande Loge Nationale Français, mas que, ao longo dos anos, já reconhecemos a Grande Loja da França e eles foram fundados em 1728). Um ano depois, na Comunicação Anual em 13 de abril de 2002, o Presidente da Comissão de Relações Exteriores informou, novamente, “Como vocês sabem, nós estendemos a mão fraterna de amizade aos nossos irmãos franceses através do reconhecimento da Grande Loja da França no ano passado. Após este movimento começamos a receber uma série de cartas da Grande Loja Unida da Inglaterra e da Grande Loja Nacional da França. Elas eram o intimidadoras e sarcásticas. A Inglaterra até ameaçou considerar a retirada do reconhecimento de Minnesota. Finalmente, nosso Grão-Mestre Roger Taylor escreveu-lhes dizendo que parassem e desistissem, pois eles não estavam ajudando a sua causa. Isso pareceu resolver o problema ………… ”

Cito essas referências para vocês possam entender que não tínhamos grandes projeto por trás do nosso reconhecimento da Grande Loja da França. Além do fato de que a Grande Loja Unida da Inglaterra havia expressado suas preocupações e até ameaçado retirar o nosso reconhecimento, principalmente sobre a questão da falta de amizade entre a Grande Loja Nacional e da Grande Loja da França, não tínhamos preocupações excessivas. Pacientemente acreditávamos que progressos estavam sendo feitos para a amizade mútua.

Em minhas conversas com o Irmão David Bouschor, Presidente da Comissão de Relações Exteriores, ele tinha uma firme convicção, depois de analisar todas as evidências citadas pela Grande Loja da França como sendo regular, de que na verdade a única coisa que os impedia de ser reconhecidos era o estímulo constante da Grande Loja Unida da Inglaterra de não lhes conceder reconhecimento e a rivalidade que se desenvolveu entre os representantes das estas jurisdições perante a Comissão de Informação para o Reconhecimento da Conferência dos Grandes Mestres de maçons na América do Norte. Seria em 1 de maio de 2002, apenas duas semanas depois da minha eleição como Grão-Mestre, que a Grande Loja de Michigan nos informaria e ao mundo que eles iam retirar o nosso reconhecimento. Citando a correspondência sob a assinatura de seu Grão-Mestre Paul N. Cross, lemos: “Uma situação lamentável se apresentou, que ameaça minar as próprias bases da Maçonaria, tanto na América do Norte quanto mundialmente. Os Padrões de Reconhecimento exigem que, quando uma Grande Loja ocupa o mesmo território de jurisdição como uma Grande Loja Regular previamente estabelecida, eles devem primeiro estabelecer um tratado de mútuo acordo com a Grande Loja Regular.

Só desta forma pode ser reforçado o bom relacionamento entre Grande Loja e o Craft. Quando uma Grande Loja começa a reconhecer Grandes Lojas que não são reconhecidas pela Grande Loja Regular com a qual eles compartilham Jurisdição, então toda a estrutura da Maçonaria está ameaçada. Nada então impediria que tal Grande Loja reconhecesse Grandes Lojas irregulares dentro da nossa própria jurisdição, sem o nosso consentimento prévio. ”

O que está faltando nesse trecho é o fato de que Michigan não foi a primeira jurisdição a tomar medidas contra Minnesota, que tendeu para a GLNF em abril de 2002. Primeiro, eles enviaram um telegrama no dia 16 à Grande Loja de Minnesota, que incluía a seguinte acusação, segundo a qual a GLNF decidira suspender as relações com o GLMN “A ‘Grande Loge de France’ mantém relações e dupla filiação com o Grande Oriente de France ateu, lojas mistas como o Droit Humain e Grandes Lojas Femininas. Parece que os membros da Grande Loja de Minnesota esqueceram as obrigações que assumiram quando se ajoelharam diante do altar durante os seus três graus. ” “Há uma notável semelhança na redação deste telegrama, que eu incluí no Apêndice E, com as alegações feitas pela GLNF na década de 1960. No entanto, sinto-me compelido a salientar que em 24 de abril de 2002 apenas uma semana depois, foi a GLNF quem assinou um tratado com o GODF e não a GLdF. Este “Protocolo Administrativo e Disciplinar”, que, ao mesmo tempo em que declara que não constitui um reconhecimento formal nos termos especificados pela Grande Loja Unida da Inglaterra em 1929, reconheceu a qualidade da iniciação fornecidas pela outra (reconnaissent la qualité de l’iniciation delivree par chacune) e concordou com a ação para excluir a possibilidade de irmãos inadequados encontrar refúgio mudando de uma obediência para a outra.

Há duas outras facetas únicas da Maçonaria francesa relacionadas com as relações entre as “três grandes” Lojas francesas, o GOdF, a GLNF e a GLdF. Todas as três reconhecem a qualidade dos graus umas das outras e nos últimos 15 anos, um Mestre Maçom pode deixar uma jurisdição e filiar-se a qualquer uma das outras duas sem retomando os graus. No caso da GLNF ele tem que assinar uma petição em que ele afirma que acredita em um Ser Supremo, mas não faz qualquer juramento e não há qualquer processo de cura. É de se admirar que, após um anúncio em seu próprio boletim informativo sobre o “Protocolo Administrativo e Disciplinar”, o Grande Secretário da GLNF, Nate Granstein tomou a iniciativa extrema de efetivamente denunciar qualquer tipo de reconhecimento entre a GLNF e o GOdF. Entretanto, se um ateu que é exaltado ao sublime grau de Mestre Maçom no GODF pode deixar, e provavelmente deixou aquela jurisdição ingressou na GLNF reconhecida e após isso é bem-vindo em todas as Grandes Lojas regular e reconhecidas em todo o mundo, então, exatamente o que constitui o reconhecimento?

Outro aspecto do caso Minnesota me deixa desconfortável e que é a velocidade com que tudo aconteceu em uma comunidade maçônica conhecida por sua capacidade de mudar a um ritmo glacial. Apenas duas semanas depois de receber o telegrama da GLNF, e uma semana após a assinatura dos acordos entre o GODF e a GLNF, a Grande Loja de Michigan tornou-se a primeira Grande Loja norte-americana a suspender relações com Minnesota. Quase imediatamente, três outras Grandes Lojas, Maine, Kentucky e Nova York, juntaram-se a Michigan para intimidar Minnesota a voltar à linha e criar, talvez, o mais perigoso precedente na história maçônica dos EUA.

O Past Grão-Mestre Terry Tilton disse-me recentemente em um e-mail “Nós finalmente suspendemos o reconhecimento da GLdF após 11 jurisdições irmãs na América do Norte e quatro jurisdições internacionais suspenderem as relações conosco… mas apenas por duas razões: 1) nós simplesmente achamos difícil ter suspendido relações com algumas jurisdições onde havia irmãos ou pais que iam ser instalados em lojas ali, mas não poderiam ter seu filho ou pai de Minnesota comparecendo e, 2) a nossa esperança de que levaríamos ao NACOGMIA todas as questões e teríamos uma conversa significativa”. O que não foi dito foi o fato óbvio de que hospedar a conferência em fevereiro de 2003 teria sido muito difícil, com 11 jurisdições recusando-se a ter relações maçônicas com Minnesota.

Conclusões

Ao pesquisar a situação de Minnesota me deparei com um discurso proferido pelo Past Grande Secretário da Grande Loja da Pensilvânia, o irmão Thomas W. Jackson na Conferência de Grandes Secretários em 2002. Eu gostaria de citar uma pequena parte daquele discurso, que eu admito é um pouco fora de contexto, mas eu acho que é relevante para este assunto.

“Pessoalmente, eu não gostaria de nada mais do que ver toda a Maçonaria no mundo unida como uma irmandade de homens com o mesmo pensamento, e um objetivo comum. Tal unidade não só contribuiria para o fortalecimento da nossa nobre instituição, mas aumentaria o nosso potencial para ser uma influência sobre a evolução contínua da sociedade civil e busca da paz mundial.

Isso não pode acontecer e não acontecerá, no entanto, desde que as nossas lideranças permaneçam ignorantes ou ignorem os protocolos de relações fraternas. Nem pode acontecer, nem acontecerá, desde que a conformidade com estes protocolos que nos sustentaram por quase 300 anos não são cumpridos por aqueles que buscam reconhecimento. Nós, enquanto líderes maçons de hoje não podemos permitir-nos ser seduzidos a aceitar nada menos que isso. Não podemos nos oferecer para venda pela melhor oferta.

Então onde isso nos deixa ao lidar com esta questão das relações Exteriores e Fraternas? Em primeiro lugar, devemos reconhecer e admitir enquanto líderes que não podemos e não sabemos tudo … ”

No momento em que o primeiro pacto internacional de 1814 foi assinado, a Maçonaria já havia sobrevivido a brigas amargas entre os Antigos e Modernos e à separação de Lojas Americanas. Se fosse para ter um olhar objetivo de cada jurisdição que mencionei neste artigo, eu arriscaria dizer que cada uma tem muito mais em comum do que diferenças. Infelizmente, tem sido um costume entre a fraternidade dos Maçons Livres e Aceitos desde tempos imemoriais perder templo com nossas diferenças. Nossas constituições maçônicas têm grandes seções dedicadas à punição daqueles que sentimos não ter seguido rigorosamente a linha maçônica, mas pouco ou nada sobre a forma de tomar medidas ativas para resolver nossas diferenças.

Pouco tempo depois que eu comecei este projeto fui aconselhado por um Past Grão-Mestre que tinha muitas cicatrizes de batalha devido aos anos que passou nesta batalha constante pela Fraternidade universal. Ele deu-me o seguinte conselho. “Tenha cuidado de não ser pisado pelos dois gorilas de 500 quilos presentes na sala. Todos nós podemos nos encontrar no nível, mas Grandes Lojas não são criadas iguais – o tamanho não importa. Em nossa pequena lagoa, somos supremos, até certo ponto, mas as coisas mudam drasticamente em uma reunião com outros Grãos Mestres. A força dominante na COGMINA está com os Grandes Mestres da Pensilvânia, Nova York e Michigan, que estão estreitamente alinhados. Estas Grandes Lojas também estão muito alinhadas com as Grandes Lojas dominantes na Europa, Inglaterra, Espanha e Grande Loja Nacional da França. Estas grandes Grandes Lojas, junto com seus Grandes Secretários e Past Grandes Secretários representam o objeto irremovível proverbial que pode repelir qualquer ataque frontal”. Outro PGM, Terry Tilton, é um ministro ordenado e um dos irmãos mais graciosos que conheci. Ele tinha isso a dizer no mesmo discurso que citei anteriormente. “Por que Michigan foi a primeira Grande Loja a retirar relações fraternas? O motivo foi sussurrado em meu ouvido por funcionários da própria Grande Loja, após um novo Grande Mestre, David R. Bedwell ter sido eleito algumas semanas mais tarde. Parece que o seu então Grande Secretário, o irmão Don Baugher, através de associações estreitas com Nat Granstein da Grande Loja Nacional Francesa pressionou um crédulo Grão-Mestre a iniciar este rompimento e até mesmo escreveu o decreto que ele assinou.

Cito esta história não para denegrir nossos irmãos de Michigan, mas para enfatizar o que eu vim a acreditar ser um fato simples. A Maçonaria é fundada sobre amizades. Por definição, ela é um “sistema de moralidade velada em alegoria e ilustrado por símbolos”, mas mais do que isso – é “a irmandade dos homens sob a paternidade de Deus.” A amizade e o amor fraternal é a pedra fundamental da Maçonaria. Sem eles, você ergueu um edifício moral com belos ensinamentos, regras e estrutura, mas não lhe deu vida ou transcendência. O perigo está em que, por vezes, essas amizades quando forjadas em alianças políticas frustram qualquer tentativa de promover o próprio conceito de fraternidade universal que a Maçonaria criou. Foi dito que, se Deus não existisse, então o homem inventaria o Ser Supremo. Nos últimos cem anos, algumas Grandes Lojas têm refeito a divindade à sua própria imagem. Em 1722 o Dr. Anderson abriu as portas para a Maçonaria, e desde então, eles vêm tentando fechá-la novamente. Há ampla documentação para ilustrar o uso das mesmas técnicas ideológicos utilizados pela Inquisição espanhola para punir qualquer Grande Loja que se recuse a acompanhar a linha do partido. Agora está certo iniciar wiccanos em Grandes Lojas americanas, mas não está certo reconhecer uma Grande Loja Prince Hall “mais católica que o Papa” unicamente com base em sua localização em um estado anteriormente escravagistas onde uma Grande Loja predominantemente branca se recusa a reconhecer o seu direito de existir.

Na Europa está certo para a Grande Loja Unida da Inglaterra recusar ou retirar o reconhecimento de algumas das mais antigas Grandes Lojas “regulares” na França, Itália, Grécia, Portugal e outros países, ao mesmo tempo em que cria, reconhece e promove a Grandes Lojas iniciantes que falham em atender às suas próprias normas para o reconhecimento. Eles têm feito isso em quase todos os casos, desafiando o direito de uma Grande Loja existente de acreditar em seu próprio conceito de Ser Supremo. Talvez nós mereçamos ter chegado ao ponto em que, na França, pelo menos nos últimos 15 anos, um ateu, que por suas próprias crenças declaradas nega a existência de Deus pode obter seus Graus no Grande Oriente da França e pelo simples expediente de marcar um quadro em uma petição pode se tornar um membro em boa posição na única Grande Loja reconhecida da França.

Se uma Grande Loja regular é ou não é regular pode ser determinado por meio de investigação, mas o reconhecimento é uma questão política que pode mudar da noite para o dia. Eu salientei várias situações em que maçons que haviam desfrutado do reconhecimento de outras jurisdições durante décadas acordaram uma manhã para descobrir que tinham se transformado em párias maçônicos. Nada realmente mudou, exceto que alguém em sua Grande Loja tinha incomodado o gorila Maçônico de 500 quilos. Obviamente, precisamos melhorar a situação política. Não há razão para esperar isso possa realmente acontecer conforme indicado por um comentário feito pelo novo Grão-Chanceler da GLUI, irmão Alan Englefield:

“Como a mais antiga Grande Loja, nos foi imposto, à Inglaterra, o papel de guardiões da regularidade e, de muitas maneiras, espera-se que sejamos a polícia do que é regular e do que não é – em momentos tranquilos eu me pergunto se é por isso que um antigo “policial” de Oxfordshire foi escolhido para ser o primeiro Grande Chanceler! Estes que não são papéis que procuramos e não podemos ser um policial internacional resolvendo problemas dentro de e entre Grandes Lojas. O que podemos fazer é ouvir e dar conselhos com base em nossa longa experiência de relações exteriores, mas há uma linha muito tênue entre oferecer conselhos e interferir no funcionamento interno de um órgão soberano.

Vivemos em tempos difíceis, irmãos, e relações externas maçônicas são cruciais para a futura harmonia e estabilidade da Maçonaria em um nível global. Como muitos de vocês sabem, estamos hospedando uma grande reunião em Londres, em novembro, para a qual convidamos os Grão-Mestres de todas as Grandes Lojas regulares na Europa. Nossa intenção é reafirmar os princípios básicos que definiram as nossas relações com o resto da maçonaria regular, e discutir como podemos cooperar para assegurar a continuidade das relações calorosas por toda parte. Sinto-me imensamente orgulhoso e honrado que através do novo cargo de Grande Chanceler eu tenha sido convidado para fazer parte dessa grande tarefa”.

Só o tempo dirá.

“Seers seek for wisdom’s flowers in the mind,

And write of symbols many a learned tome.

“(Grow roses still, though rooted in black loam);

The mystic searches earth till eyes go blind

For soul of roses, yet what use to find

A spirit penned within a catacomb?

Nay, all they learn is weightless as sea-foam

That drifts from wave to wave upon the wind.

“In rushes Cap and Bells. How very droll

The ways of students and the foolish books!

He finds the secrets of Freemasons’ art

In mind nor rose nor tomb nor musty scroll.

Where no wit is, where all loves are, he looks

And reads their hidden meaning in his heart.

De países estrangeiros

MW “Carl H. Claudy

1925

Um comentário em “Ataque a uma Grande Loja americana (The Affair Minnesota, 2001-2002)

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