Bibliot3ca FERNANDO PESSOA

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Entraves, Possibilidades e Alcances da Pesquisa Maçônica no Brasil (LEP X – última parte)

 Por    Ivan A. Pinheiro[1]

Ao longo da Série “Sobre as Lojas (Maçônicas) de Estudos e Pesquisas (LEP)” publicada pelos blogs Bibliot3ca Fernando Pessoa[2] e Freemason[3]eu procurei explorar um tema sobre o qual praticamente inexistem trabalhos no Brasil. Realidade que não passa despercebida, afinal, estudo e pesquisa (E&P) são expressões presentes na maioria dos textos maçônicos, surgem mesmo como enfáticas recomendações independentemente de as matérias aludirem ou não às LEP. Desde o primeiro texto foi deixado claro que o intento não era exaurir o tema, mas antes trazer à lume, para estimular as reflexões e os debates, alguns pontos que a juízo do autor foram considerados relevantes. Assim, não só praticamente todos os assuntos já comentados ainda comportam reflexões complementares e desdobramentos, como há outros tantos à espera de serem explorados; admitindo-se que os caminhos já foram (em parte) delineados, a pavimentação caberá, doravante, àqueles que se dispuserem a continuar o empreendimento. Há ainda, como a seguir se dará a conhecer, muito a fazer.

A ausência de trabalhos sobre as LEP, claro que a depender do juízo de quem procede, é em si mesma um sinal da existência de algum problema, senão outro, a falta de clareza do que, afinal, elas são. Quais os propósitos que as justificam enquanto espécie do gênero Loja? Ou, quiçá, o entendimento de que elas senão se equiparam, não são suficientemente diferenciadas das Lojas Simbólicas (LS) a ponto de serem merecedoras, elas mesmas (as LEP), de E&P específicas. Por que não são conhecidas em meio ao seu próprio público? A partir dessas conjecturas, vários aspectos foram apreciados ao longo da Série e, se há semelhanças, há também singularidades que distingue as LEP das LS, o que, salvo melhor juízo, são suficientes para considerar, sim, as primeiras como objetos específicos merecedores de acompanhamento, estudos e pesquisas. Hoje, quantas LEP existem no Brasil? Aonde elas estão (regiões, Potências, etc.), quantos Irmãos elas congregam, como têm operado, que tipo de interação mantêm com as LS e as demais instituições do ecossistema, quais as entregas têm proporcionado à comunidade relevante, etc.? As respostas a essas, assim como a tantas outras questões, ainda são desconhecidas.

Por oportuno, aproveito para “dar uma dica”: não sabe sobre o quê pesquisar e escrever? Uma olhada panorâmica por sobre a literatura deixa à vista os temas ainda não abordados, ou se já abordados, talvez de modo insuficiente, avaliação que por si só descortina as perspectivas abertas à exploração; está aí, pois, a oportunidade para se afastar dos aspectos meramente históricos e/ou do chamado “mais do mesmo”!

Ao longo da Série, por mais de um momento foi mencionada a dificuldade de fazer pesquisa maçônica no Brasil, o que muitas vezes conduz a uma situação que beira ao paradoxo: os pesquisadores que se aventuram a sair da trilha histórica por vezes se arriscam a trabalhar e a fazer afirmações (generalizadas[4]) a partir de dados que, na origem, são insuficientes para sustentar os seus argumentos, seja porque baseados em estudos de caso ou em estudos amostrais com poucos eventos e sem que tenham observado, minimamente, os critérios de representatividade, etc. – vide, por exemplo, Pinheiro, Dutra e Mendes (2023). Todavia, mesmo assim e não sem cautela[5], procedem porque os poucos dados disponíveis vão ao encontro das suas percepções, das suas experiências, o que as reforça e forma convicções, ainda que não devidamente sistematizadas em estudos com representatividade estatística. Entretanto, se os estudos e as pesquisas (como afirmado em vários textos) são as bases para a tomada de decisão, é possível que estas venham a estar equivocadas.

Se é possível, como alterar essa realidade? Acredita-se que sim, e o como será visto na sequência. Mas antes, para tecer considerações sobre o futuro deste campo se faz mister alguns esforços: primeiro no sentido a reunir os motivos que levaram à tal situação – às dificuldades; em segundo, a partir destes refletir sobre as possibilidades de mudanças – é o que, na sequência, se propõe. Tanto no que refere aos primeiros (os motivos), quanto às reflexões, não há como fugir das conjecturas, circunstancialmente também hipóteses à espera de corroboração ou contestação lastreadas em futuros projetos de E&P, sejam reflexões teóricas (a partir, por exemplo, do já constatado em outros países) ou atividades de campo no Brasil, senão na sua totalidade, por uma ou outra Potência.

Na sequência, sem que se possa estabelecer uma hierarquia de relevância, passo em revista, igualmente sem a pretensão de exaurir a matéria, alguns motivos que identifico como entraves para o desenvolvimento do E&P no âmbito da Maçonaria brasileira; ato contínuo, junto a cada um, alinho algumas iniciativas que imagino podem contribuir para alterar o quadro delineado e aumentar o alcance e a relevância das LEP. Esses motivos devem ser vistos como complementares aos outros tantos já apresentados e discutidos nos números anteriores desta Série, como é o caso, por exemplo, de trazer para as LEP os usos e costumes já disseminados nas LS de origem dos Quadros, notadamente a indicação e a seleção estritamente baseadas na amizade. Na mesma linha, as LEP também não podem ser consideradas muletas das LS, isto é: preencher as lacunas (históricas, doutrinárias, simbólicas, etc.) deixadas em aberto por estas últimas.

Mas se de um lado não é possível hierarquizar e priorizar os mais diversos motivos, por outro parece ser claro e certo que as iniciativas exigem alinhamento, convergência de intenções e algum grau de coordenação na implementação no curso de um horizonte de tempo. Algumas medidas – notadamente as que implicam em mudanças culturais – à primeira vista podem parecer de difícil implementação, em parte porque requerem o envolvimento simultâneo de vários coletivos; todavia, tão logo sejam postas em movimento (induzidas[6]) por alguma liderança, o empreendimento, pela evidência dos seus resultados, por si mesmo pode catalisar uma reação em cadeia, um efetivo círculo virtuoso. Já há outras (medidas) que cujos graus de liberdade são mais amplos, porque mantêm menor dependência de agentes externos, podem ser implementas a critério[7] das Lojas, das Potências e/ou de acordo com as parcerias firmadas com as Academias Maçônicas, Universidades, Organizações Paramaçônicas e/ou outras cujo alinhamento seja mais imediato.

Isolados, deixados ao léu (o que significa eventualmente submetidos a interesses pessoais estranhos à Ordem), mas sobretudo pela força do conjunto, cada um dos motivos (abaixo, e os já mencionados) podem exercer (a depender da gestão, das lideranças) efeitos devastadores, inclusive ir de encontro aos objetivos mais fundamentais da Maçonaria, o que significa dizer que, interna corporis, há forças que a longo prazo atuam no sentido a comprometer, senão a sua existência, o significado e a missão que o imaginário ainda hoje alimenta.  Na sequência: 1) a cultura do segredo; 2) a Tradição; 3) a pluralidade rival; 4) o individualismo; 5) o papel dos editores; 6) a estrutura organizacional da maçonaria brasileira; e, por fim, 7) os veículos de divulgação.

  1. a cultura do segredo possui vários elos históricos. Embora nem todos concordem ou considerem relevante, muitos insistem em retroagir à Antiguidade para situar a origem da Ordem, vista então como legatária das Ordens Iniciáticas, cujas atividades eram envoltas em mistério, cujos saberes esotéricos (privados, restritos aos Iniciados) deveriam ser mantidos apartados daqueles exotéricos, tornados públicos. Os motivos? Porque especulavam sobre os primeiros princípios (arché): a origem da vida, a natureza da alma, sobre a morte, o tempo, a eternidade, a metempsicose, a ressurreição, os ciclos do eterno retorno (vida-morte-vida-morte-…) e temas correlatos no domínio da metafísica. Entre os exemplos mais citados encontram-se a Escola Pitagórica (Conte, 2010), os Ritos e os Mistérios de Elêusis[8] (Wright, 2004), bem como o Orfismo (Casoretti; 2010, 2014; Reale, 2012). Com efeito, os leitores que se aventurarem em meio à bibliografia citada encontrarão várias semelhanças entre os cultos realizados nas Escolas de Mistérios e os Ritos de Passagem (as sucessivas Iniciações) ainda hoje praticados na Maçonaria; todavia, como esclarecido por Muniz (2016, p. 22): “[…] há um mundo de distância entre elas [as antigas religiões, as escolas de mistérios] e a Franco-Maçonaria”. Há também os que, retroagindo ainda mais no tempo, buscam as origens nos Mistérios do Antigo Egito, da Babilônia e da Pérsia, por onde, há registros, teriam passado Pitágoras[9], Platão[10] e outros que assinaram as primeiras páginas da História. Controvérsias à parte (e há muitas), entre outros motivos porque nem sempre é fácil distinguir a realidade dos mitos e das lendas, tendo estas as preferências (e admitidas como verdadeiras) no imaginário popular (leia-se: maçônico); o fato é que a cultura do segredo e a do conhecimento esotérico são muito presentes na Ordem, o que resulta, pelos mais diversos procedimentos (resistência velada, ostensiva, postergações, tergiversações[11], etc.), e não se exclui que por vezes inadvertidamente, em constrangimentos aos que se aventuram a sair da caverna (Platão, 2000) ou alçar voos nas alturas inimagináveis (Bach, 2017);
    1. o próximo elo pode ser representado pelos movimentos gnósticos, muito atuantes na fase inicial, nos primeiros séculos do cristianismo, deixaram traços indeléveis de um misticismo que porque ainda muito presente em alguns Ritos também contribui para a cultura do sigilo e da interioridade;
    1. os sinais, toques e palavras que durante o medievo eram formas de comunicação e identificação entre os integrantes das guildas de ofício[12], ao lado da profunda religiosidade (católica) lastreada no conhecimento revelado, mantiveram unida a corrente do sigilo que liga a Antiguidade à Modernidade;
    1. nesta, sobretudo desde o Iluminismo, quando a Maçonaria Especulativa sucede a Operativa, a cultura do segredo adquire novas razões de ser, inclusive por questões de segurança no caso dos ambientes social e politicamente instáveis em razão das disputas. Assim, ao longo da História, não faltaram motivos para acentuar, na Ordem, a cultura do segredo;
    1. esse brevíssimo histórico acerca do segredo estimula a especular se, no futuro, sem que hoje se saiba o quê e nem o porquê, não surgirá algo que levará a muitos desejarem que seja mantido em segredo. Sabe-se lá! Desse modo, seja por falta de conhecimento e adequação aos tempos, mas também (é provável) por interesse de alguns, o segredo já é parte e compõe a     
  2. Tradição na qual se inscreve a Ordem. Todavia, também aqui não se sabe se por desconhecimento ou não, mas o fato é que a Tradição – por vezes referida como conservadorismo – é entendida (equivocadamente) como algo imutável, o que talvez também explique a reduzida importância e apoio às iniciativas (E&P) que possam resultar em propostas de mudanças de qualquer natureza, sobretudo as consideradas mais radicais, a exemplo da chamada “questão de gênero”. Na prática, a Tradição quando trazida à contemporaneidade se assemelha ao Navio (por vezes referido como paradoxo) de Teseu;
    1. ainda no  âmbito da Tradição, conforme consta em Pinheiro (2023) “[…] um dos usos e costumes mais disseminados (não sem razão) na Maçonaria […] é o elogio. No momento adequado reveste-se de naturalidade, sinceridade e sinaliza o reconhecimento (os psicólogos o denominam de reforço positivo) que motiva, portanto, deve ser continuado e estimulado. De outro lado, se amplamente generalizado para todos e para qualquer realização, o elogio tende a depreciar-se, não mais aponta para algo singular e meritório; consequência: tem o significado reduzido e o efeito (desejado) eliminado. Ademais, se de um lado o efeito do elogio é capaz de alavancar as futuras realizações, de outro não pode ser perdido de vista que é a crítica justa, ponderada e oportuna que aponta os caminhos para a correção e a melhoria; dessarte, tanto o feedback positivo quanto o negativo contribuem para o atingimento dos objetivos”. Em outros termos, o que se alerta é para a existência de um risco: o elogio pode induzir à inércia (o auto reconhecimento de já saber), enquanto a crítica tende a provocar iniciativas que levem à saída da zona de conforto, o que no caso significa mais E&P, inicialmente bibliográficas. De regra, a melhor postura parece ser a socrática: “tudo o que sei é que nada sei” – o reconhecimento da ignorância e a dúvida permanente são as plataformas para alçar os voos mais altos;
    1. também no mesmo texto, que analisa algumas falácias habituais no seio da Ordem, o autor chama a atenção para outro lugar-comum na Maçonaria: “[…] a interpretação simbólica é livre, cada um interpreta como quer e de acordo com o seu nível”. Por ser parcialmente verdadeira, a afirmação pode levar (e tem levado) a aceitação de “qualquer coisa”, sem que se perceba o compromisso com o estudo mais acurado, histórica e doutrinariamente contextualizado, o ambiente no qual a interpretação, aí sim, quiçá, adquira sentido. Se não for deliberadamente evitada, impedida, essa falácia pode contaminar a Loja e desestimular até mesmo o mais zeloso dos futuros Iniciados; por fim,    
    1. embora a crítica interna esteja cada vez mais presente e tornada pública, ela ainda confronta a Lenda do Ofício, a crença em um mundo de personagens idealizados, distantes da realidade do cotidiano.
  3. a pluralidade rival. A Maçonaria, é sabido, não é monolítica, hoje apresenta-se na forma de incontáveis Ritos, alguns tão diferentes entre si, como o Moderno e o Escocês Retificado (Pinheiro e Piva, 2025) que custa crer que estejam ao abrigo da mesma instituição. Para o leitor que desconhece a ambos, a título de exemplo, tome-se 2 (dois) celebrados autores: B. Espinoza[13] e J. Böhme[14], enquanto o primeiro transita com desenvoltura e tem a sua contribuição reconhecida entre os adeptos do Rito Moderno (Costa, 2020), o segundo chega a ser inadmissível (um herege); de outra parte jamais se esperaria ver Espinoza debatido e tampouco aceito pelos praticantes do Rito Escocês Retificado (RER), pelos mesmos motivos só que em perspectiva oposta: também considerado um herege. Outro sinal da distância (visão de mundo, doutrina, etc.) entre os 2 (dois) Ritos: Ecce Homo é o título comum a 2 (duas) obras, ambas focam o mesmo argumento, porém visto a partir de perspectivas radicalmente distintas: a primeira, escrita por F. Nietzsche[15] (2006), encontraria[16] espaço para discussão em meio aos Modernos, mas jamais entre os Retificados – corresponderia a perder tempo; já a segunda, escrita por Louis-Claude de Saint-Martin[17] (2024), analogamente ao exemplo anterior, teria a sua condição espelhada. E que fique absolutamente claro: não se critica a pluralidade, mas se deixada por si mesma, a tendência é que os seus efeitos segregacionistas se sobreponham à expectativa da unidade da e na Ordem – a própria literatura maçônica já aponta: não só há quem considere o “seu” Rito o melhor, como, entre os Ritos, dirigentes que consideram os seus pares como representantes da elite da Maçonaria. Essa é, pois, a realidade da Maçonaria no século XXI, tão diversa que é, em si mesmo, um vasto objeto de pesquisa à espera de exploração (E&P) para maior conhecimento da sua própria natureza contemporânea: primeiro, a realização de estudos de Ritos comparados (doutrina, ritualística, liturgia, etc., a partir da bibliografia) para, na sequência, especular e avaliar o comportamento (relações sociais) dos maçons que trilharam os diferentes caminhos – com efeito, é possível afirmar que a partir do ingresso na Ordem se tornaram pessoas e cidadãos melhores? No que tange a esse aspecto é possível identificar diferenças, estatisticamente significativas, entre os Ritos? O impacto das respostas a essas questões teria efeito inimaginável, talvez, também por isto, a manutenção da cultura do segredo – da verdade que não se quer conhecer. Também há espaço para os estudos exegéticos no sentido a esclarecer as diferenças entre Ritos: quais os elementos predominantes no tempo-espaço em que viveram os autores fundantes e que os teriam levado a firmar as convicções e a se pronunciarem tal como fizeram, quais foram as suas intenções, algumas ainda estariam veladas?
    1. Embora a Ordem se apresente como progressista[18], o que sugere o acolhimento de inovações e a adequação aos novos tempos, nem todos os Ritos, conforme já foi dado a perceber, seguem o mesmo alinhamento. Enquanto alguns são mais receptivos às reflexões (filosóficas, existenciais, etc.) – leia-se: E&P – à luz das sucessivas descobertas científicas e tecnológicas, às inovações em geral, assim como às mudanças nos usos e costumes da sociedade, outros, mais dogmáticos, como é o caso do RER (teísta cristão), apresentam maiores resistências. Todavia, nem sempre, ao que à primeira vista se afigura, a resistência tem origem propriamente na doutrina do Rito, localiza-se antes e sobretudo nos integrantes (eventualmente os dirigentes, a exemplo das Luzes) que encontram nas Lojas, sem contestação, um espaço para as manifestações de fé e o proselitismo[19]. Por oportuno, nada a objetar contra as opções e as iniciativas per se, mas antes e sobretudo em razão do ambiente[20], pois ao transitarem com desenvoltura configuram uma realidade que vai de encontro ao espírito por excelência especulativo (em suas várias acepções) que identifica, caracteriza e singulariza a Maçonaria contemporânea, ainda que vinculada às Tradições. No RER, bem mais do que no Rito Moderno e no Rito Escocês Antigo e Aceito, com raras exceções ainda não foi encontrado um espaço aonde as reflexões (E&P) sejam exploradas e desenvolvidas para além da mera afirmação (reiteradas vezes) dos aspectos históricos (do surgimento à constituição da doutrina e da ritualística, à contribuição dos autores seminais, miscelâneas, etc.), quando não, simplesmente da fé. O que ora se pretende, e o RER talvez seja um dos melhores exemplos para fazê-lo, é chamar a atenção para o fato de que, contrário ao senso, mesmo em meio ao dogmatismo, em um ambiente aparentemente adverso (pela histórica oposição entre fé e razão)[21] há um largo espaço a ser explorado pelos E&P, como bem revelam os trabalhos de Stark (2021) e de Pearcey (2023), mas também os de Dacanal (2004), Haidt (2020) e tantos outros que trazem numerosas ideias para a reflexão teórico-prática, o que poderia, ademais, levar à superação da contradição interna apontada acima. Algumas citações de Stark e Pearcey não só ilustram o que se disse como delineiam o horizonte à frente: enquanto o primeiro atenta para o fato de o quanto é falsa a dicotomia radical entre fé vs razão; a segunda observa que os cristãos ainda não sabem transpor e aplicar a sua fé em todos os aspectos do cotidiano, limitando-se a repetir o mesmo e para os mesmos:

Igualmente desconcertante é o fato de que, embora os literatos que proclamaram o Iluminismo tenham sido irreligiosos, as figuras centrais nas conquistas científicas dessa época foram profundamente religiosas, e entre elas havia tantos católicos quantos protestantes […] Na verdade, a ascensão da ciência foi inseparável da teologia cristã, porque esta deu direcionamento e confiança àquela (Stark, op. cit, p. 100);

Os teólogos cristãos sempre tiveram mais fé na razão do que têm a maioria dos filósofos seculares de hoje (op. cit., p. 102);

A base da crença singular dos europeus no progresso não foi um triunfo do secularismo, mas da religião (op. cit., p. 103);

Quanto à teologia, ela tem pouco em comum com a maior parte das formas de pensamento religioso, uma vez que é uma disciplina sofisticada e altamente racional, que tem suas raízes no judaísmo e na filosofia grega, e que ademais foi plenamente desenvolvida unicamente no cristianismo. A busca do conhecimento foi inerente à teologia, à medida que os esforços de compreender a Deus mais plenamente foram estendidos para incluir a criação de Deus, inaugurando, destarte, uma disciplina acadêmica conhecida como filosofia natural, definida como o estudo da natureza e dos fenômenos naturais (op. cit., p. 153);

O primeiro passo para formar uma cosmovisão cristã é superar esta divisão severa entre “coração” e “cérebro”. Temos de rejeitar a divisão da vida em uma esfera sagrada, limitado a coisas como adoração e moralidade pessoal, em oposição a uma esfera secular que inclui ciência, política, economia e o restante do cenário público. Esta dicotomia em nossa mente é a maior barreira para liberar o poder do evangelho por toda a cultura de hoje (Pearcey, op. cit., p. 22);

Ou seja, quando entramos no fluxo de discurso em nosso campo de atuação ou profissão, participamos mentalmente como não-cristãos e nos servimos de conceitos e categorias vigentes, pouco importando quais sejam nossas crenças particulares (op. cit., p. 36);

Pensar cristãmente significa compreender que o cristianismo tem a verdade sobre todo da realidade, uma perspectiva para interpretar todos os assuntos da vida (op. cit., p. 37);

  • é amplo, pois, mesmo nos Ritos mais dogmáticos, o espaço e as alternativas ao E&P com vistas, p. ex., a dar materialidade, sentido mais prático às doutrinas maçônicas, afinal, o que se pretende, no primeiro momento[22], é influenciar (via reflexão, autoaperfeiçoamento e desenvolvimento da razão crítica) as atitudes e os comportamentos individuais para, na sequência, pelo exemplo e realizações, o entorno (familiares e outros) – como bem observado por Pearcey, a partir da atuação no campo profissional. Considerações para além do plano sensível, já no domínio da transcendência, são mais apropriadas no campo e espaço próprios às religiões. No contexto da Maçonaria Especulativa não há como escapar: tudo é simbolismo e requer contínuos exercícios cognitivos para trazer e atualizar ao dia a dia. A propósito, nas próprias Escrituras, mais especificamente em Mt 13:10-17, está estabelecido que, senão tudo, quase tudo é parábola, linguagem simbólica, metafórica, cujo entendimento, para além da leitura literal, requer interpretação e atualização ao invés reiterações dogmáticas. E o notável, como também sublinhado por Pearcey, é que os 2 (dois) mundos podem (deveriam) conviver em harmonia. E assim, se inexiste produção intelectual para além da visão historicista apartada da realidade, sem a indispensável perspectiva da evolução longitudinal até os dias atuais, ou é por falta de vontade ou de entendimento dos Quadros, mas seja por um ou outro motivo, para as LEP é mais uma oportunidade de E&P a ser explorada com oportunidade à voz para todos os interlocutores. Independentemente da situação, e também movido por outras experiências, sou levado a concluir e sugerir, enfaticamente, que os maçons (de regra) deveriam ampliar o seu escopo de leitura e buscar, em outros autores e textos não maçônicos, identificar e estabelecer as relações da Ordem com a realidade cotidiana dos seus Quadros, caso contrário ela e eles tendem a se fechar em si mesmos. Essas diferenças e o insulamento entre os Ritos, que de naturais parecem ter evoluído para um novo estágio, o da “disputa pelo mercado”, em parte respondem por outra característica que obstaculiza o desenvolvimento do E&P na Maçonaria:
  • o individualismo. Conforme já por inúmeras vezes comentado nesta Série, o empreendimento do E&P é demasiado complexo e oneroso, pelo que deve ser planejado e implementado com visão de longo prazo; condições que o situam fora do alcance (bem sucedido) individual, razões pelas quais (idealmente) requer que seja desenvolvido por uma equipe, no caso, a LEP. Não obstante, um breve passar de olhos pelas publicações nacionais (livros, blogs, coletâneas, periódicos sociais ou acadêmicos e outros) permite verificar, sem margem a dúvidas, que a maioria absoluta dos textos é monoautoral, mesmo quando, sabidamente, os autores são integrantes de uma LEP. Essas evidências estimulam novas problematizações:
    • que as ideias expostas são pessoais, e não a resultante de reflexões e debates em que todos, então, seriam os responsáveis em coautoria. Salvo melhor juízo, o senso mais disseminado sugere que “duas ou mais cabeças pensam melhor do que uma”;
    • em segundo lugar, em sendo iniciativas e trabalhos eminentemente individuais, a LEP torna-se um sujeito oculto, mais uma entre tantas desconhecidas no universo maçônico. Ao contrário das Universidades (sim, pois se o tema é E&P), sempre destacadas quando os seus integrantes conseguem um feito singular e merecedor de destaque, as LEP cedem espaço às projeções individuais. A questão que se coloca é: o inverso, à semelhança das Universidades, não seria o mais adequado à Ordem? A notoriedade de uma LEP, é de se esperar, atrairia talentos para catalisar um verdadeiro círculo virtuoso;  
    • a cultura individualista não se limita ao nível dos autores, integrantes ou não de uma LEP: ela se estende e discrimina, como sugerido acima, os integrantes/Rito e também por Potência. Se são raros os textos com múltipla autoria, mais raros ainda os que reúnem autores de Ritos e Potências distintas.
    • Por fim, o individualismo, assim como o insulamento entre os Ritos e as Potências nada agregam ao desenvolvimento do E&P a partir das LEP. A quem, egos ou interesses coletivos, a manutenção dessa realidade interessa?   
  • o papel e a relevância dos editores. É sabido que um dos principais instrumentos para a qualificação das reflexões e das contribuições dos autores, além do empreendimento cooperado, como já ressaltado, é a avaliação crítica promovida por especialistas estranhos ao grupo, também referida como padrão-ouro: a avaliação duplo-cega (double-blind review), o que significa que nem o avaliador tem conhecimento do autor do texto sob sua avaliação, e tampouco o avaliado sabe quem o avaliou. Esse procedimento é ainda raro no Brasil, praticamente inexistente;
    • o double-blind review, porque evita o duplo constrangimento – o do avaliador criticar (publicamente ou não) um eventual conhecido, e de este ser exposto (idem) – contribui sobremodo para a qualificação da avaliação e, por extensão, do trabalho em tela. O motivo é a liberdade que confere, principalmente, ao avaliador que, livre de todos os sentimentos positivos ou negativos (amizade, interesses diversos, inimizade, revanchismo, etc.) pode então focar a análise crítica sobre o conteúdo objeto da avaliação. Idealmente a avaliação double-blind review é conduzida, simultaneamente, por 2 (dois) avaliadores e, em havendo divergências, um terceiro será chamado a arbitrar;
      • o inverso também ocorre: as avaliações que fogem ao padrão-ouro enfrentam dificuldades para escapar à crítica acerca da lisura do processo[23] que, em última análise, confere a credibilidade ao que é levado ao público (artigos, ensaios, relatórios de pesquisa, etc.). Se fosse o caso, a credibilidade (positiva ou negativa) se estenderia do autor à LEP, à Potência e, por que não (?) à Maçonaria brasileira;
    • paralelamente à adoção da modalidade double-blind review é preciso, no sentido à maior qualificação do sistema, rever as atribuições dos avaliadores que, hoje, basicamente, aprovam ou reprovam os trabalhos. A tarefa do revisor deve incluir a análise crítica do texto, questionar os seus pontos fracos, os argumentos não devidamente fundamentados, os objetivos não atingidos, as falhas e inconsistências metodológicas, a qualidade bibliográfica (fontes, autores e obras), bem como aspectos estruturais e normativos do texto, o que inclui a observação das normas atinentes à língua culta e a rejeição do coloquialismo. Em suma: o avaliador-revisor deve atuar no sentido à qualificação do texto e, se e quando necessário, reavaliar e ouvir as motivações do autor.
    • Atualmente, no Brasil, já há várias entidades (CMSB[24]; GOB[25]; Academias de Letras, Artes & Ofícios; editores independentes; periódicos; etc.) promotoras de eventos que reúnem trabalhos resultantes de E&P sobre o grande tema. Todavia, superada esta primeira etapa, que pode ser considerada exitosa, é chegado o momento de investir na sua qualificação, alcançar novos patamares e motivar os espíritos mais inquietos e exigentes;
      • se as LEP atuassem no formato de redes em cooperação, os integrantes de uma poderiam atuar como avaliadores-revisores das demais; e se vislumbrassem o ecossistema poderiam encontrar nas Academias parceiros para diversas atividades;
  • a estrutura organizacional da maçonaria brasileira, dividida em 3 (três) “Potências” – o GOB, a CMSB e a COMAB (Confederação Maçônica do Brasil) – sobre cujo relacionamento, parafraseando a Constituição Federal, em tese poderia ser dito que são poderes da Maçonaria, independentes e harmônicos entre si … só que não, não em todas as circunstâncias, aspectos e regiões deste país continental – a cooperação, levada ao seu limite, esbarraria em conflito de interesses. Esse é um entrave que de pronto e mesmo a priori desmotiva, porque limita, qualquer estudo que pretenda referir à Maçonaria brasileira, na sua totalidade. As palavras do Prof. K. Ismail (2018, p. 2), coordenador da maior pesquisa recente acerca da maçonaria brasileira, ainda ecoam:

A amostra válida obtida, num total de 7.817 respondentes, equivale a, aproximadamente, 4% do universo dos maçons regulares brasileiros, mostrando-se inédita e significativa […] A baixa participação de maçons do GOB em comparação com seu market-share, de quase 30%, pode ser reflexo da discordância de seu Soberano Grão-Mestre com a divulgação e realização da pesquisa.

  • veículos de divulgação. Por fim, há um efeito que guarda ambiguidades, por isto a sua resolução demanda, sem prejuízo dos aspectos positivos, eliminar o que hoje penso ser (mais) um importante entrave à qualificação dos E&P no universo maçônico. Trata-se da difusão dos veículos de divulgação, sejam eles impressos ou digitais; hoje, com algum recurso e empenho (e com a Inteligência Artificial nem precisa tanto), qualquer um pode ter um blog para chamar de seu – assim, de repente, todos podem ser autores e editores. Essa constatação se aplica, também, ao mercado livreiro: o selo independente e a produção customizada a baixo custo ampliaram, sobremodo, o número de autores nacionais. Nessa seara em expansão florescem tanto o joio quanto o trigo, sem que seja fácil distingui-los, sobretudo para os neófitos na Ordem, mas também para os estudiosos não-Iniciados e os interessados em geral. Um dos aspectos positivos[26] é a grande difusão de conhecimento, de tudo o que refere à Maçonaria, assim como o estímulo aos iniciantes que anseiam em ver, ter em mãos, os seus primeiros trabalhos publicados; de outro lado, conforme já antecipado, perde-se a qualidade, o que certamente é um aspecto negativo. Essa realidade, que per se já deveria suscitar preocupações[27], quando combinada às observações trazidas nos itens “5” e “6” acima, não só já produz efeitos deletérios[28]como, a longo prazo, se constitui como uma efetiva bomba-relógio contra os interesses maiores da Ordem;
    • uma das soluções: criar o Selo de Certificação de Qualidade (SCQ) – a marca de um sistema de governança comprometido com a qualificação do que no âmbito dos E&P no campo da Maçonaria é publicado no Brasil. A inspiração pode ser buscada no ambiente universitário, aonde as publicações que voluntariamente aderem ao sistema se comprometem a seguir os critérios (impessoais) estabelecidos pela Entidade Certificadora como, por exemplo: instituir um Conselho Editorial e/ou de Revisores Independentes; promover e zelar para que a atuação ativa de ambos também esteja submetida a critérios impessoais; dar publicidade e transparência aos atos pertinentes e relevantes; observar periodicidade regular, entre outros. Buscar a inspiração não implica copiar, mas antes e quando oportuno promover os ajustes necessários. Contudo, criar um ranking para classificar as publicações, por exemplo em 5 (cinco) níveis de exigências crescentes e mais rigorosas, parece ser uma iniciativa salutar. A expectativa é de que o SCQ mais elevado, naturalmente, viria a ser “o objeto de desejo” de todos os editores e, por extensão, dos autores; afinal, o mérito e o seu reconhecimento (a realização da obra-prima), revelam inúmeros textos, está na raiz da Maçonaria. Trata-se de uma solução de mercado, sem imposições, mas que pelos seus méritos e resultados – a separação do joio e do trigo – aos poucos irradiados pelo país poderia, por exemplo, acelerar a passagem do que Pinheiro (2025b) designou como: de lep, à Lep, à LEp e, finalmente, à LEP. Os impactos (positivos) esperados são tantos que se tornam, hoje, difíceis de enumerar, mas se devidamente gerenciado e explorado, da Certificadora às Potências, poderia desencadear uma reação em cadeia no sentido à qualificação dos trabalhos nas LEP e também nas Lojas Simbólicas.   
    • Tendo em vista o estágio de incipiência que de regra se encontram as LEP no Brasil, bem como a condição referida no item “6” acima, quem poderia tomar à frente da iniciativa e se constituir como a Entidade Certificadora? À primeira vista, salvo melhor juízo, senão as Academias Maçônicas com atuação nacional, uma entidade ainda a ser criada. Em favor das primeiras, notadamente as virtuais, como é o caso da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras (AMVBL) e também da Academia Internacional de Maçons Imortais (AIMI), o notável dinamismo que as têm caracterizado, com a promoção de entregas inovadoras que há muito não eram vistas no cenário da maçonaria brasileira.        

Conforme antecipado, o rol de entraves não é exaustivo, sempre cabe mais um ao sabor das circunstâncias, igualmente as soluções são numerosas, todavia dependem da criatividade, da ousadia, da tenacidade e resiliência. As dificuldades são de ordem técnica, política, mas sobretudo comportamentais. Difícil crer que em uma Ordem tão numerosa, diversa, repleta de competências e que se propõe fraterna, não existam Irmãos que se tornem parceiros seja para o empreendimento de fundar uma LEP e/ou alavancar as já existentes a partir do que, para alguns, pode ser considerado como uma “nova concepção”, mas que, na realidade, tão somente objetiva o padrão-ouro já descrito em incontáveis textos, assim como testado. Se alguns entraves possuem raízes profundas, outros podem ser extirpados e dar origem a nova semeadura, cujas mudas, se devidamente regadas e direcionadas pela luz dos objetivos pretendidos podem então dar origem a uma obra prima à semelhança de bonsai em um oásis, mas como de sorte aplica-se a quase tudo, o primeiro passo corresponde à vontade, o querer fazer.

O objetivo geral ao iniciar esta Série, paradoxal que seja, era apresentar as LEP à comunidade maçônica brasileira, o que procurei fazer discorrendo sobre diversas categorias de análise, a começar pela mais básica: o que é uma Loja que se propõe a dedicar-se ao Estudo e à Pesquisa? E se ao final resultaram quase 100 páginas que à primeira vista podem sugerir uma perspectiva estritamente pessoal, muito singular; em parte isto é verdadeiro, pois conforme já esclarecido há pouca literatura sobre a realidade brasileira acerca do tema. Por certo, então, que a matéria foi complementada com o entendimento formado a partir do que encontrei na literatura, citada à redundância, bem como com a experiência de campo. E nesse sentido, a própria Série é um Relatório de Pesquisa modelado também para enfrentar um estranhamento que há tempos me acompanha: o foco, observado na literatura, nos aspectos históricos, mas também nos simbólicos[29] que, se não fosse excessivo, deixaria margem para que outros tantos temas igualmente relevantes também fossem explorados, como é o caso da gestão (Lojas em geral, Potências, parcerias, etc.) e tudo o que refere ao ecossistema de referência das LEP – membros e instituições (Academias, Paramaçônicas e outras). Assim, como objetivo oculto, ora revelado, em LEP V, LEP VI  e LEP IX (Pinheiro, 2025, 2025a, 2025b) foi apresentado um campo de E&P a ser desbravado: a modelagem maçônica para o melhor entendimento do fenômeno em estudo; dessarte, nos 2 (dois) primeiros casos a aplicação se deu a partir de 2 (duas) dentre as mais importantes categorias em análise exploradas – as citações e as referências bibliográficas -, enquanto que no terceiro o objeto da modelagem foi a trajetória das LEP, o que deu origem ao esboço de um sistema classificatório com tipos & características[30]. Portanto, também a partir desse último aspecto, o Relatório traz em si mesmo o que se julga ser as suas principais recomendações: atuar a partir das lacunas identificadas na literatura[31], ser criativo, inovador e ousar, isto é, se expor às críticas fundamentadas, pois estas, mais do que os elogios fáceis e universalizados (padronizados) é que promovem o aperfeiçoamento do físico, da mente e do espírito.  

Por fim, eu agradeço a todos aqueles que me trouxeram a colaboração, mesmo que inadvertidamente (seja pelo fizeram e/ou fazem, mas também pelo que não fizeram e/ou não fazem), mas sobretudo ao Irmão, Professor-Doutor e Mestre Maçom Lucas Vieira Dutra, parceiro de primeira hora e que incontáveis vezes impediu que erros fossem tornados públicos; bem como o apoio dos editores dos blogs Bibliot3ca Fernando Pessoa e Freemason, sem os quais a Série não teria chegado a tantos leitores para provocar reflexões. O projeto Série LEP termina aqui, mas não o espaço ainda a ser explorado, razão pela qual, oportunamente, é provável que eu retorne ao tema.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Notas

[1] MM, Pesquisador Independente, e-mail: ivan.pinheiro@ufrgs.br. Porto Alegre-RS, 26.07.25. O autor não só agradece a leitura e as considerações do Irmão Lucas V. Dutra, Mestre Maçom do Quadro da ARLS Presidente Roosevelt, 75, Or. de São João da Boa Vista, jurisdicionada à GLESP – Psicólogo, Professor Doutor em Psicologia, Especializado em Maçonologia (UNINTER), e-mail: dutralucas@aol.com, como também reafirma a sua responsabilidade pelo conteúdo, erros e omissões remanescentes.     

[2] https://bibliot3ca.com/.

[3] https://www.freemason.pt/.

[4] Tipo: os maçons no Brasil, e outras afins.

[5] Há indícios, é possível que, aguarda-se confirmação, entre outras, são as expressões então utilizadas.

[6] Via regulamentação, criação de incentivos, etc.

[7] Quando, como, aonde, em caráter experimental, etc.

[8] Cidade grega, localizada na Ática.

[9] Não só passado, em trânsito, mas vivido e convivido com os sábios locais, com os sacerdotes e, consta, tendo sido Iniciado nos Mistérios (570 – 495 a.C.). Prisioneiro, foi levado para a Babilônia, aonde também conviveu com os sacerdotes locais e teve acesso a novos mistérios.

[10] 428/7 – 348/7 a.C.

[11] Por exemplo, alegar que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a Lei Federal nº 13.709/2018, e/ou outros instrumentos normativos relacionados à ética impedem a realização de E&P a partir dos cadastros maçônicos.

[12] Não exclusivamente (Muniz, 2016; Gould, 2023), mas também na dos pedreiros (porque ora é o objeto do estudo) no sentido a assegurar o monopólio do (e no) mercado de trabalho, mas também constituir e manter uma ética interna.

[13] 1632 – 1677. Sobre ele se lê que foi “Um dos primeiros pensadores do Iluminismo e da crítica bíblica moderna, incluindo das modernas concepções de si mesmo e do universo, ele veio a ser considerado um dos grandes racionalistas da filosofia do século XVII”. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Baruch_Espinoza, acesso em 22.07.25.

[14] 1575 – 1624. Sobre ele se lê que “[…] passou por experiências místicas em toda a sua juventude, culminando em uma epifania no ano de 1600, a qual ter-lhe-ia revelado a estrutura espiritual do mundo, assim como as relações entre o Bem e o Mal”. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jakob_B%C3%B6hme, acesso em 22.07.25.

[15] 1844 – 1900.

[16] A propósito, vide, por exemplo Rodríguez (2020).

[17] 1743 – 1803. Um dos próceres na Maçonaria Retificada.

[18] Nos últimos anos a expressão foi capturada pela esquerda do espectro político; não obstante, ainda é possível referi-la a partir da sua acepção original – para maiores esclarecimentos vide Pinheiro (2022).

[19] Circunstância que, reconheça-se, não é exclusiva ao Rito Escocês Retificado.

[20] Porque mais apropriadas quando em um templo religioso ao invés de um templo maçônico.

[21] Há controvérsias, e em meio aos extremos, um espaço para as reflexões, como revelou, entre outros, o Papa João Paulo II (1998), mas isto é tema para outro texto.

[22] Internamente às Lojas Simbólicas: leituras, debates, instruções, trabalhos, etc.

[23] Afinal, como garantir que tudo não passa, como se diz na expressão popular, “de um jogo de cartas marcadas – eu avalio, aprovo e elogio o seu trabalho, e você avalia, elogia e aprova o meu”, em outros termos: “um jogo de compadres”?

[24] Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil.

[25] Grande Oriente do Brasil (nacional) e suas seccionais regionais.

[26] Mas há quem o considere negativo.

[27] Lamentavelmente é muito grande, e crescente, o número de publicações com erros de toda a natureza: conteúdo (conceitos, datação, tradução, etc.), normas técnicas, ortografia, gramatical, diagramação, etc.

[28] Por exemplo, grosso modo, em qualquer debate todo mundo tem razão porque já leu em algum lugar alguma coisa que corrobora o seu ponto de vista, logo … Em síntese: sobre vários aspectos, sobre os quais não deveria, reinam dúvidas e a confusões.

[29] Que na maioria das vezes, conforme dito, é mais do mesmo.

[30] Uma prospecção, na mesma linha, já havia sido feita por Pinheiro (2023a) e Pinheiro e Piva (2025).

[31] Para isto, é claro, é preciso ler, ler, ler muito.