Ivan A. Pinheiro[1]

Este texto foi concebido para ser lido e compreendido em si mesmo; todavia, o seu entendimento, sobretudo para os que não estão familiarizados com o Regime (Rito) Escocês Retificado, será enriquecido se contextualizado a partir dos antecedentes desta série, em especial Pinheiro (2024a, b).
Um conjunto de iniciativas recentes, entre si isoladas e independentes, pode ter contribuído para criar as condições necessárias ao amadurecimento e à qualificação dos estudos e debates no seio dos praticantes do Regime (Rito) Escocês Retificado (RER) no Brasil.
A primeira, a criação do Círculo de Estudos e Pesquisas do RER[2], já foi objeto de comentários em textos anteriores, as 2 (duas) mais recentes serão abordadas neste texto. Todavia, a passagem da potência ao ato efetivo e eficaz demanda, das Lojas e das Potências, a adoção do que, em síntese, denomina-se de Gestão (Pinheiro; 2023a, b, c, 2021a, b, 2020), o que, para além da boa técnica, implica mudar atitudes e comportamentos, questões que na sequência também serão abordadas.
Sobre a segunda iniciativa: conforme aumenta o número de Lojas e praticantes, cresce também o mercado editorial maçônico brasileiro voltado para o nicho dos Maçons Retificados. Todavia, no que tange ao mercado livreiro, a quase totalidade dos títulos ainda está circunscrita à reprodução dos aspectos históricos, portanto, de regra, acrítica. Em meio a tanto o Grupo de Estudos e Investigações Martinistas e Martinezistas da Espanha trouxe ao mercado nacional a coletânea cujo original em espanhol tem o título De la reintegración de la matéria y de los cuerpos gloriosos (GEIMME, 2013) e que na tradução ganhou um aposto explicativo: “chaves iniciáticas da tradição da doutrina da Reintegração dos seres no Regime Escocês Retificado” (GEIMME, s.d.). Esse livro, à margem de outras considerações, merece especial destaque porque traz à plena luz, no Brasil, debates doutrinários até então só encontrados em produções importadas, como visto, entre outros, em Boyer (2018) e Blanco (2023).
Acostumado a praticamente só ouvir elogios desde os seus primeiros trabalhos, quando ainda em resposta complementar às Instruções, o maçom brasileiro, de regra, é avesso às críticas, uma das atitudes comentadas em os “Dez discursos: fundamentos para o atraso de uma Loja Maçônica” (Pinheiro, 2023c). Resultado: chega ao Grau de Mestre com reduzido conhecimento maçônico e baixo senso crítico, condições indispensáveis à orientação, ao acompanhamento e à avaliação dos trabalhos apresentados pelos Aprendizes e Companheiros que, doravante, serão submetidos à sua apreciação. Nesse ambiente os Aprendizes e Companheiros, na maioria das vezes têm os seus interstícios ocupados tão somente com a leitura, e não com o (mais do que necessário, indispensável) esclarecimento e a discussão acerca dos fundamentos subjacentes às matérias ritualizadas. Assim, e na ausência de um mentor de fato, quando o de direito – o padrinho – deveria sê-lo (vide Pinheiro, 2023b), até mesmo as suas leituras individuais e extra-Loja ficam comprometidas, a começar pela seleção bibliográfica, no que resulta a facilidade com que incorporações espúrias sejam admitidas, quando não introduzidas no trio doutrina-ritualística-liturgia que identificam (e singularizam) o Rito. Nesse ambiente, a crítica e o questionamento, ainda que fundamentados, por certo não são bem-vistos, ao contrário, até repudiados sob o elevado (com o status de indiscutível) argumento da preservação da “egrégora”, independentemente do significado (individual ou coletivo) desta expressão, bem como do custo para mantê-la. Perde-se, assim, 2 (dois) dos principais instrumentos – o questionamento e a crítica – (ao lado do método e da diversidade de fontes e perspectivas) à disposição para o aperfeiçoamento da natureza humana e a ampliação dos horizontes do conhecimento e da sabedoria.
Há inúmeros exemplos, mas o estudo “A Abóbada Celeste e as Colunas Zodiacais” (Almeida e Michaliszin Filho, 2024), sobretudo porque recente, ilustra aonde ora se pretende chegar. Ele, o estudo, traz algo que no ambiente acadêmico seria concluído com a sugestão de estudos complementares no sentido a melhor esclarecer e a obter uma resposta mais conclusiva (ainda que temporariamente); todavia, conforme se observa a seguir, não é o que, de regra, se observa nas publicações maçônicas. O trabalho, à primeira vista (pois não está explicitamente declarado), se propunha a investigar as relações da abóbada celeste e das colunas zodiacais com os cargos da Loja. Todavia,
Foi percebida uma grande diversidade de opiniões sobre as alegorias analisadas. A partir dessas divergência [sic] foi optado por um aprofundamento nas particularidades da Abóbada Celeste no Rito Escocês Antigo e Aceito […] Considerando essa importância e, ainda, que alguns autores divergem quanto aos significados atribuídos a alguns dos astros representados na Abóbada, foi eleito como objetivo desse trabalho apontar algumas dessas divergências (op. cit., p. 27);
Esse trabalho proporcionou uma reflexão aos pesquisadores […] Fez compreender ainda mais a importância da diversidade das opiniões […] perceber diferenças e identificar as semelhanças com outros Ritos (op. cit., p. 30).
Encontrar opiniões diferentes e mesmo divergências é o mais habitual, seja (e sobretudo) no ambiente acadêmico, na seara corporativa, alhures e algures, isto é: também em todo e qualquer lugar no cotidiano. A questão que de pronto “deve” então ser levantada é: qual das opiniões é a mais correta, a que mais se aproxima do que se poderia identificar como “verdade” porque adequada à realidade dos fatos? Haveria outros critérios (que não a adequação à realidade) para identificar a “verdade”, coadune-se ou não ela com os objetivos mais imediatos pretendidos? E no caso da Maçonaria, qual delas (dentre as opiniões divergentes encontradas) é a mais adequada à doutrina, a que melhor se ajusta ao fio condutor da mensagem (ensinamento) fundamental? Esclareço: o emprego do “deve”, a meu juízo, é antes impositivo do que sugestivo, caso contrário a doutrina (alma mater) do Rito se torna esmaecida, perde a identidade aglutinadora e que a torna Espécie singular (amalgamada ao Rito) em meio ao Gênero; “vira terra de ninguém”, aonde cada qual, obedecida a hierarquia do Grau, faz valer a sua opinião perante os interlocutores menos graduados, afinal, estes ainda não atingiram os píncaros da sabedoria mantidos em sigilo junto aos mais elevados dos Altos Graus.
Na maioria dos estudos no campo da Maçonaria a conclusão pela diversidade é a mais habitual, talvez porque a mais fácil, quando não autoevidente e imposta por si mesma. Todavia, além do efeito já antecipado no parágrafo anterior, há ainda outro que se revela mais deletério embora só perceptível a longo prazo: essa atitude, a de limitar-se à constatação das diferenças e divergências, pouco, senão nada contribui para a formação do pensamento analítico-crítico cuja aplicação e utilidade, ressalte-se, se estende a todos os domínios da vida, para muito além dos domínios de uma Loja e mesmo da Ordem. Uma Loja, cada qual a partir do seu Rito, poderia (pode) também ser uma academia para a realização de exercícios cognitivos, da reflexão crítica. E por oportuno cabe uma observação a ser melhor explorada em momento futuro: por que motivos o estudo (a bem da verdade, a menção) do Trivium e do Quadrivium, no Segundo Grau, teriam sido deixados à margem no RER, diferentemente do que se verifica, por exemplo, no Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA)? Teria a ver com o fato de que o primeiro (RER) se ocupa antes com a verdade revelada do que com a descoberta pela investigação (REAA)? Caberia tecer ilações acerca dos desdobramentos dessa opção para além do ambiente maçônico, Retificado ou não, a exemplo da realidade cotidiana em meio ao contexto sociopolítico nacional? Independentemente das respostas, estou convicto de que aos que buscam o aperfeiçoamento e o crescimento, trata-se de conditio sine que non ir além da mera constatação das diferenças e divergências. É necessário, por exemplo, ir às fontes das informações, apreciá-las per se mas também conjuntamente e em perspectiva histórica, promover uma efetiva exegese.
No RER, além de a realidade mais ampla não ser muito distinta[3] (em síntese: da aversão à crítica, das suas implicações no despreparo do Quadro que, por sua vez, são determinantes para que as investigações se limitem à mera constatação das diferenças) há 2 (dois) componentes adicionais e singulares que trazem novas nuances às questões colocadas: (1) o fato de o Rito ser declaradamente cristão faz com que, senão muitos, alguns pensem que “está tudo resolvido”, basta seguir (ou reproduzir) Escrituras, nada resta a ser esclarecido – ledo engano só admissível por parte dos que não leram as Escrituras e tampouco os textos fundantes do RER[4]; e, (2) a afirmativa recorrente de que o Regime (Rito) se mantém inalterado já há quase 3 (três) séculos, em determinada medida atua como inibidora (adicional) à investigação crítica – ora, não é verdade que nada tenha mudado neste período, e tampouco que a reflexão crítica, per se, tenha o condão e o intento de alterar a doutrina. Há, inclusive, alterações impostas para a adequação do Regime à estrutura administrativa vigente na maçonaria brasileira, o que acarreta, por exemplo, que o Primeiro Malhete em exercício em uma Loja Simbólica eventualmente não tenha sido Recepcionado ao Grau IV, o que significa que, em tese, desconhece, no contexto da integralidade da Ordem Externa, a razão de ser e o simbolismo de todos os instrumentos dispostos sobre a sua mesa de trabalho desde o Grau I.
Frente a esse quadro geral, são mais do que oportunas as palavras de JeanMarc Vivenza, na atualidade um dos principais estudiosos do RER, extraídas da obra saudada acima (GEIMME, s.d., p. 89):
É por esta razão que este desejo de conciliar a posição Martinezista com a fé dogmática da Igreja não faz absolutamente nenhum sentido a nível eclesiástico, nem a nível iniciático, pois conduz a um beco sem saída categórico na forma de uma perspectiva baseada numa análise fadada ao fracasso inevitável. A única atitude coerente, se quiseres considerar-te verdadeiramente participante nas Ordens das quais pretendes ser membro, é assumires com clareza o pensamento dos seus fundadores, questionando-o , claro, trabalhando-o, aprofundando-o, que é o mais desejável, mas sobretudo, respeitá-lo nas suas afirmações e fundamentos essenciais, e não tentar distorcê-los ou transformá-los com contorções teóricas inaceitáveis para torná-los , através de um exercício improvável, “doutrinariamente compatíveis” com o ensinamento da Igreja.
O que resta, então, é o que é permitido e sem dúvida preferível quando o conflito se torna muito doloroso, a solução de aderir à Igreja e viver plenamente a fé nela de uma forma não esquizofrênica. Acreditamos, porém, que outro caminho é possível, o de admitir a diferença doutrinária, reconhecendo-a honestamente e considerando-a como uma “particularidade especial” postulando a incompatibilidade entre a fé e a antropologia platônica no interior da esposa de Jesus Cristo.
A citação acima é uma nota de rodapé, porém rica em elementos que vão ao encontro dos argumentos deste texto, bem como oferece temas merecedores de exploração mais aprofundada; todavia, por ora serão apenas introduzidos alguns aspectos com o intuito de evidenciar a amplitude do campo, no contexto do RER, aberto à discussão:
- nada escapa à crítica, nem mesmo as (não raro múltiplas) raízes doutrinárias dos Ritos praticados; assim, ela se impõe como necessária, indispensável até, em todos os ambientes;
- o Martinezismo – doutrina que se extrai do TRS – Tratado da Reintegração do Seres (Pasqually, 2022) e constitui uma das pernas do tripé que originou o RER -, devido às suas arestas (diria: fundamentos e incompletudes) não se ajusta à fé dogmática da Igreja cristã alinhada com o vetor judaico-cristão;
- a busca pela melhor compreensão do fenômeno (divergências e mesmo contradições) demanda então um grande esforço de estudo e pesquisa junto às origens, às raízes das ideias fundadoras, no caso, tanto do cristianismo quanto da obra seminal do RER, o TRS, pois é através da análise crítica que os conceitos serão aclarados e estabelecidas as necessárias delimitações (religião vs maçonaria). Por oportuno, destaco parte de Pinheiro (2024d):
- “Mas por surpreendente que seja necessário dizer, Maçonaria e Religião guardam propósitos distintos, daí que as suas estruturas, estratégias e métodos igualmente o são. No caso do RER, para tê-lo mais claro, são suficientes a leitura e a comparação entre os textos seminais: o Gênesis bíblico, ao qual o Novo Testamento acrescentará a Trindade – que então compõem a narrativa do vetor judaico-cristão – são fundamentalmente distintos do mito fundador instituído por Pasqually (2022) no seu Tratado da Reintegração dos Seres, um midrash que constitui uma das raízes do RER[5]. Premissas distintas implicam inferências e conclusões igualmente distintas, estranho seria o contrário. Assim, apesar do franco e profícuo diálogo, não é possível confundi-las e tratá-las como se uma fosse a extensão da outra, e tampouco amalgamá-las; e também porque, como livres pensadores e buscadores da verdade – expressões frequentemente associadas aos Iniciados – os maçons não podem estar submetidos a dogmas e tampouco à censura, neste caso haveria então uma contradição interna insuperável”;
- e sobre os cuidados necessários à leitura, à compreensão e aos desdobramentos tendo por base os “textos sagrados”, uma visão preliminar pode ser encontrada em Pinheiro (2024c, d) e, mais aprofundada, em Römer e Boyer (2024);
- é a ausência de clareza quanto aos fundamentos, aliada às diversas licenciosidades, que abre o espaço para os voluntarismos e à criação dos Frankensteins, como já existente em outros Ritos; e, por fim,
- a conciliação dos opostos, a solução triádica a partir da oposição da dualidade, requer, antes e acima de tudo, “abertura de espírito”, mas também flexibilização[6], método, o emprego de técnicas e instrumentos lógicos adequados.
No trecho citado Vivenza não explicita, mas a Igreja que refere é a cristã-católica, e as suas colocações não teriam maior importância se o RER não se apresentasse categoricamente como um Rito cristão – “Sim, a Ordem é cristã!”[7] é o que afirma o Ritual (2014, p. 99) e, por extensão, toda a literatura Retificada. Some-se a isso o princípio geral de que Maçonaria e Religião não apenas não se confundem como esta não deve ser discutida no seio daquela. A propósito, Blanco (2023, p. 79) inicialmente firma: “Si en algún axioma podemos estar todos los masones de acuerdo, es en afirmar que la masonería no es una Religión”; todavia, na sequência complementa afirmando que
aunque ciertos usos y costumbres instaurados en determinadas formas de masonería, hacen que dicha manera de entender la masonería, se viva y perceba como si de una religión se tratara, haciendo de algún modo de la masonería una nueva forma de religión.
Parece-me que ao tentar explicar, ajudar … mais confundiu. E some-se às anteriores 2 (duas) novas citações: a “Primeira Máxima – o homem é a imagem imortal de Deus […]” e a “Segunda Máxima[8] – Aquele que se envergonha da Religião […]” (Ritual, 2018, p. 158-161)” e estará criado um amplo espaço, no mínimo nebuloso e controverso, aberto às mais variadas interpretações e exercícios retóricos. Com efeito, a própria expressão, ou melhor, o construto “cristão” comporta múltiplas acepções:
- aquele que crê em e na mensagem[9] de Jesus, o Cristo. Nesse caso não há como fugir, entre outras, às seguintes perguntas: o Jesus histórico ou Jesus teológico cuja construção é produto de um longo processo histórico? Na mensagem de Jesus enquanto convivia com os seus seguidores ou na elaborada pelas comunidades (apóstolos, primeiros padres e outros, com grandes divergências entre si) quando ele já estava ausente e por aqueles que sequer o conheceram, tal como distingue Chevitarese (2024): Movimento de Jesus com Jesus vs Movimento de Jesus sem Jesus (MJSJ)? A ausência dessa distinção estimula, por exemplo, um velho e recorrente debate na Ordem: os ideais da Maçonaria podem conviver com os do Marxismo? A resposta (1) será “sim” para os que têm como quadro de referências o Jesus histórico, revolucionário (em uma Palestina helenizada e há pouco ocupada pelos romanos) quer na perspectiva dos judeus (que também apresentavam profundas divisões internas[10]), quer na dos romanos confrontados com a ameaça de um Reino de Deus[11], mas (2) será “não” para os que observam pelas lentes da Modernidade, notadamente a pósIluminista. Escolha bem os argumentos, as fontes e os exemplos, e você, se não for considerado o vencedor em algum debate, no mínimo terá mostrado (a depender da plateia, para as mentes mais abertas) que existe sim, pelo menos um outro lado, uma perspectiva diversa. Todavia, na ausência de interlocutores ou de preparo (desinformação e falta de desenvolvimento das habilidades intelectivas) da plateia, a sua mensagem será considerada como sendo a verdade absoluta, à margem de questionamentos e críticas; tais mentes estão sempre prontas para a brainwhasing[12] conveniente aos interesses do momento[13];
- admita-se, por ser a acepção mais usual, que o cristão seja identificado com o crente e o seguidor do Cristo teológico (produto do MJSJ) Ora, do séc. I ao IV floresceram vários cristianismos, cada qual produto de diferentes leituras do mesmo fenômeno, por vezes assemelhadas, outras tantas nem tanto, até mesmo mutuamente exclusivas, quando então as principais divergências eram (foram?) “solucionadas” nas reuniões conciliares. E não se pode passar ao largo do fato de que das primeiras 2 (duas) décadas pós-Cristo não restaram registros escritos, apenas a tradição oral mantida em ambiente sob perseguição[14], um espaço propício a que as lacunas tenham sido preenchidas com a imaginação, daí que toda e qualquer informação, sobretudo desse período, antes do reconhecimento deve ser submetida a um severo crivo para a validação – as pesquisas, nas mais diversas áreas, dia a dia trazem evidências documentais e materiais que corroboram ou rejeitam as hipóteses e teorias concorrentes. Assim, em síntese e grosso modo, de tudo um pouco emergiu como expressão do que, posteriormente, viria a ser conhecido como cristianismo. Esse período (séc. I ao IV), rico em elaborações concorrentes entre si, mas também frente ao judaísmo (a exemplo das Cartas de Paulo) e às ideias contrárias a partir das crenças greco-romanas (Padres Apologistas, 1995; Orígenes, 2004), é também conhecido como a primeira fase da Patrística (referente aos Padres[15] da Igreja) que se estende até o séc. VIII (Liébaert, 2013; Spanneut, 2013); portanto, se há os que defendem uma tese, há os que se opõem em favor de outra igualmente defendida com ardor e fundamento. Nesse contexto é possível afirmar, categoricamente qual dos (entre os tantos) lados tem a razão? Dentre tantos personagens desse período, importa destacar Orígenes[16][17]; mas por que este? Porque é em Orígenes que Vivenza (GEIMME, 2013) identifica a inspiração da cosmogonia pasqualina (TRS) e com o qual dialoga quando discute outros temas caros à Ordem, como a questão da alma (origem, se imortal ou não) e a da ressurreição (Vivenza, 2023). Orígenes, um dos principais expoentes do neoplatonismo foi, entretanto, considerado um herege pela autoproclamada ortodoxia cristã – vide a seguir. Assim, conforme tem sido dado a perceber, o espaço aberto ao pensamento crítico interno ao RER parece ser incomensurável;
- as impressões digitais do cristianismo contemporâneo e suposto presente nos corações e mentes do homem Moderno, somente passarão a ser definidas quando da sua elevação à condição de Religião de Estado, primeiro com Constantino17 e depois com Teodósio I[18]; é só então que a questão da Verdade (tema para outro texto, mas cuja introdução por ser vista em Pinheiro, 2021a) adquire proeminência. Esse cristianismo, denominado Conciliar, é produto de um longo processo histórico, ainda em curso – vide as iniciativas, controversas, do Papa Francisco I -, cujas bases foram assentadas nos Concílios Ecumênicos ocorridos em Nicéia (325), em Constantinopla (381), Éfeso (431) e Calcedonia (451). Somente ao término desse período estará concluída o que Chevitarese[19] denomina de “autoproclamada ortodoxia cristã”, quando então ficarão estabelecidas duas vias: a reta e a herege, esta, tudo o que não estiver contemplado no cânone daquela; a propósito, Crossan[20] (apud Corneli, 2009, p. 40) é claro: “A religião é a magia oficial e aprovada; a magia é uma religião extraoficial e censurada”. Alguns preferem distinguir a partir das expressões “texto apócrifo” vs “texto não-apócrifo”, como se o primeiro fosse falso, o que não é em absoluto verdadeiro, sendo suficiente notar que alguns apócrifos constam de determinadas Escrituras, porém não de outras;
- finalmente, porque não se tem a intenção de esgotar a matéria e tampouco estender-se em demasia, passados 2 (dois) grandes cismas:
- o de 1054, que dividiu o cristianismo entre Roma (católico) e Constantinopla (ortodoxo);
- 5. e o do século XVI (Reforma Protestante), que definitivamente fragmentou o cristianismo, sem contar os outros tantos desdobramentos que desde então se seguiram;a qual, em meio a essa miríade de cristianismos, o RER refere? Considerando que Regime foi concebido e organizado entre o final do séc. XVIII e o início do XIX, bem como o fato de que as 2 (duas) outras pernas do tripé são constituídas pelo chamado Escocismo (de raiz Católica) e pela Estrita Observância Templária (de matriz Protestante), é inevitável concluir que o cristianismo possível (saliento: no contexto da Maçonaria) necessariamente deve ser mitigado ou, como disse Vivenza (acima): produto de “uma particularidade especial”. Para Blanco (op. cit.) as dificuldades vis-à-vis ao construto são claras, e em meio às quais critica o recurso à expressão “crístico” (também usual em Lojas no Brasil) para solucionar (tergiversando sobre) o que talvez seja um impasse, uma questão permanentemente em aberto; daí que o desafio, no cotidiano, é buscar o adequado equilíbrio.
Portanto, como visto, a partir de apenas um construto (“cristão”[21]) foi possível abrir um largo leque de questionamentos. O debate é amplo, envolve questões dogmáticas e não-dogmáticas, razão pela qual chega mesmo a estar polarizado, daí o necessário amadurecimento para não se deixar envolvido e levado pelos faccionismos; grosso modo, entre outros, os posicionamentos de ambos os lados podem ser vistos em Callaey e Blanco (2016), Blanco (2023) e em Vivenza (2023).
Ora, sobre uma matéria que acumula mais de 2 (dois) mil anos de debates e embates seria ingênuo imaginar que, agora, seria definitivamente esclarecida e concluída e posta acima de qualquer novo questionamento, bem como seria tarefa por demais pretenciosa e arrogante por parte de quem escreve; pouco importa. Penso, como reiteradas vezes já manifestei, que o que mais importa é o debate, esgrimar com as ideias, exercitar, construir e verificar os argumentos, pois é esta ginástica intelectual que a todos prepara e robustece para o enfrentamento das questões, de todas as naturezas, que se nos apresentam no cotidiano.
Observo que Blanco, ao afirmar o seu posicionamento, inadvertidamente fornece a chave para a melhor compreensão da realidade fática que se impõe para além das expectativas by the book:
Que la masonería no sea una religión como ya ha quedado estabelecido en anteriores escritos nuestros, y que nuestras Logias no sean escuelas de teologia ni lugares de culto[22], no quiere decir en absoluto – con ello – que seamos ajenos a la religión cristiana y a las Verdades que ella enseña, antes al contrario, es justamente dentro del marco estricto del cristianismo donde se desarrolla toda la acción de realización espiritual que el Régimen Escocés Rectificado nos propone, constituyendo lo que llamanos vía iniciática y a condición que el Rito Escocés Rectificado sea practicado dentro de los parámetros mencionados; logrando con ello que sea, decíamos, la última vía iniciática viva dentro del cristianismo y cultura occidentales (op. cit., p. 135).
A chave, cogito, encontra-se nas duas últimas palavras: cultura ocidental. Se, como visto, de um lado o cristianismo não é um construto homogêneo, uniforme, tampouco o é a expressão “cultura ocidental” habitualmente utilizada para referir ao continente europeu e ao Novo Mundo[23], a gênese e o território de expansão do RER, sobretudo nas Américas em razão da forte presença do cristianismo, ainda que matizado. “Tríplice Pilar – Israel, Grécia e Roma: a tríade que formou a Civilização Católica”, título escolhido por Andrade (2024) para o seu mais recente lançamento, é autoexplicativo; em outros termos, em que pese a relevância hipertrófica conferida pelos seguidores de qualquer uma das raízes, não é possível ignorar a presença e a densidade histórica das demais vertentes:
Israel foi único em sua Teologia, o que se refere sobretudo à caridade. A Grécia foi única na Filosofia, o que se refere mais à sabedoria. Roma foi a única no Direito, o que se refere mais à justiça […] A figura que marca a magnífica tríade é, sem dúvida, São Paulo, que era ao mesmo tempo judeu, grego e romano (op. cit., p. 13-12).
Ora, o que são a caridade, a sabedoria e a justiça, senão e também uma das tríades da Maçonaria em geral e do RER em particular? Portanto, apesar de o RER se afirmar como cristão, enquanto espécie do gênero não é razoável imaginar e tampouco crer que ele ficará, nos corações e mentes da Fraternidade Retificada, adstrito apenas a uma das raízes da cultura ocidental cujos braços secularizados se estendem por todos os domínios, em especial no sistema regular de ensino.
De outro lado, se são claros os extremos, há também o caminho do meio, mais flexível e conciliador, ora representados por Gambirasio d`Asseux (s.d.) e por Boyer (op. cit.). Do primeiro se extrai que:
El esoterismo, lo esotérico, designa así lo que sólo puede ser vivido desde la interioridad: un conocimiento (espiritual) en lo más íntimo, una comprensión interiorizada al encontrarse ella misma en el corazón de lo que es objeto de conocimiento: este castillo interior descrito por santa Teresa de Ávila como en la caballería; y, así pues, también la vía que conduce a él, aunque se aplica más específicamente este calificativo a la vía iniciática (Gambirasio d`Asseux, s.d., p. 12);
El místico entra, de acuerdo a su propia modalidad, en este Misterio de interioridad de igual modo que el iniciado, según la modalidad iniciática y ambos se inscriben así en las vías del esôterikos (id. ibid.).
(há conceitos e definições – esoterismo, misticismo, ocultismo e outros – que além de serem difusos, têm as suas fronteiras superpostas, daí porque sugiro que o leitor mais interessado e exigente, consulte Faivre (1994); mas para o que se segue, o esclarecimento de Chevitarese (2019, p. 26) parece ser suficiente: “Por mística deve ser entendido esse entrelaçamento entre religião, mito e magia, muito embora as fronteiras entre cada um desses campos seja por demais fluidas para demarcá-los com total segurança”)
O autor, Gambirasio d`Asseux, evita referir à gnose como alternativa (ou complementar) às demais estratégias no sentido ao que os Maçons Retificados denominam como o caminho à reintegração, preferindo referir à via mística; com isto, sem se afastar do que pretende, se acautela porque sabe que aquela não é livre de questionamento pelo cristianismo católico em razão da sua proximidade com o maniqueísmo. E por oportuno, não custa lembrar que o TRS abraça, sim, teses reconhecidamente gnósticas ainda que com elementos heterodoxos. Ademais, é de se notar que o autor se vale de um dos ícones na literatura católica – Sta. Teresa d`Ávila[24] – para referir à importância do caminho esotérico – à via mística, gnóstica. Na mesma linha poderia ter citado Mestre Eckhart[25] e o contemporâneo e parceiro de Sta. Tereza, São João da Cruz[26] (2002). Por fim, em que pese a obra de Gambirasio d`Asseux não aludir ao RER, não é possível deixar de associar, como fez o autor, “As Moradas do Castelo Interior” (D`Ávila, 2014) à Ordem Interna do RER, também referida como Ordem de Cavalaria.
Já o segundo afirma:
La doctrina de Martínez de Pasqually, tal y como se presenta en su Tratado de la Reintegración […] no está marcada por los concílios, está próxima a la de los primeiros cristianos. Robert Amadou vio en ella una corriente simultáneamente paralela al cristianismo de las Iglesias y a la Cábala. Esa doctrina no es dogmática y presenta una fluidez y una incertidumbre sagradas que no deberían permitir que se fije en creencias. Invita a la experiencia de Dios (Boyer, 2018, p. 37).
Assim, de pronto alerta que não há qualquer sentido em procurar no RER, com base no TRS, o Cristianismo Conciliar, pós séc. IV (e que domina o imaginário coletivo, hoje, pouquíssimos sequer cogitam terem existido, e existirem, cristianismos), eis que M. de Pasqually, um cristão marrano (não à toa R. Amadou identifica paralelismos com a cabala), ao buscar inspiração em Orígenes, estava impregnado pela metafísica neoplatônica que então florescia com força e vigor em Alexandria, Egito. Amadou, o citado por Boyer, em larga Introdução e Análise ao TRS, confirma o que anteriormente foi dito: “Os chamados Pais da Igreja são nossos pais da fé. Na prática, é a eles que se deve recorrer para uma retificação, principalmente por complemento, do sistema da reintegração (Amadou, 2022, p. 47)”. O Maçom Retificado e instruído sabe que a cristianização do RER, na acepção que habitualmente lhe é conferida, é posterior ao TRS (obra, que também sabe, restou inacabada) e um processo conduzido a várias mãos após o falecimento do seu autor, muito embora história confira proeminência quase que exclusiva aos líderes. Já o RER em si mesmo é produto que contou com um número ainda maior de obreiros (alguns referidos como “desconhecidos”), envolveu embates e várias negociações para chegar a termo; é quando então, por exemplo, surge a figura da Trindade, assim como o símbolo da cruz[27], ambas tão centrais à doutrina católica. Portanto, retomo o entendimento pessoal já firmado: em que pese os ensinamentos e as orientações explicitadas nos textos fundamentais da Maçonaria, Retificada ou não, porque podem ser encontrados nas mais diversas fontes, o que mais importa é, a partir das ideias e das boas perguntas, o debate em si mesmo, o exercício reflexivo, intelectivo, organizado e sistematizado (Pinheiro; 2023d, 2021a, b), visto como um treino para, então, na sequência vivenciar no cotidiano o conhecimento e a sabedoria apreendidas. É preciso ampliar, ir e vir, subir e descer por entre os diversos níveis de leitura, análise e compreensão, como referido, por exemplo, em Pinheiro (2023d), mas desde há muito já recomendado por Saint-Martin (2002, p. 243), um dos mentores do RER:
Mas posso presentar o leitor com um fio a mais para que ele não se perca nesse labirinto: preveni-lo de que, por que a mesma alegoria contém verdades de várias ordens, é necessário seguir estas verdades segundo sua progressão natural; é necessário primeiro buscar na alegoria o sentido mais literal, como sendo o mais inteligível e o que mais está ao nosso alcance, e, em seguida, elevar-se ao sentido que o sucede imediatamente. Através desse procedimento atentivo e prudente, chega-se ao conhecimento do sentido mais sublime que uma tradição pode encerrar. Se não observarmos essa ordem, se omitirmos algum termo dessa progressão e quisermos explicar prematuramente seu extremo, só encontraremos confusão, obscuridade e contradições, porque, negligenciando um sentido intermediário, ficamos privados do único meio que pode tornar inteligíveis esses objetos.
Por fim, foi oportuna a menção e o esclarecimento ao TRS por parte de Boyer, pois apesar das divergências vis-à-vis às Escrituras, o TRS, em absoluto, pode ter a sua importância diminuída e a leitura recomendada somente para os que ascendem à Ordem Interna e à Classe aos Professos; se assim for, como será explicada, entre outros aspectos diluídos em meio aos demais graus do simbolismo, a dramatização da Recepção aos Aprendizes?
Ao leitor que após tantas digressões já se encontra perdido, relembro que o objetivo principal deste texto é chamar a atenção para “um conjunto de [3 (três)] iniciativas recentes, entre si isoladas e independentes, pode ter contribuído para criar as condições necessárias ao amadurecimento e à qualificação dos estudos e debates no seio dos praticantes do Regime (Rito) Escocês Retificado (RER) no Brasil”. Sobre a primeira eu já havia comentado em texto anterior, motivo pelo qual a segunda, o lançamento, em versão traduzida, do De la reintegración de la matéria y de los cuerpos gloriosos, a partir de um dos temas que aborda (TRS vs Escrituras, e mais especificamente o “ser cristão”), ocupou as páginas antecedentes.
A seguir, então, e em breve comentário, por razões que se tornarão autoevidentes, a terceira dentre as iniciativas: o lançamento, em 12.09 p.p., a partir da plataforma (blog) “Primeiro Discípulo – notas de um maçom retificado”, de uma nova série de artigos ao abrigo do grande título “Da Incompatibilidade Entre o Tratado da Reintegração dos Seres e a Integridade do Magistério Cristão”; o primeiro teve como subtítulo “Parte 1: antes do tempo, a imensidade divina”[28], enquanto que o segundo: “Parte 2: Deus, Criador de tudo”[29]. O blog já há anos tem sido, senão a única, uma das poucas fontes públicas, regular, exclusivamente dedicada ao RER e à disposição dos estudiosos da Retificação pela via pasqualina e wilermoziana. Já acumula dezenas, senão centenas de ensaios autorais, traduções, algumas comentadas; assim, o que faz a nova série ora estar sob o foco do holofote é a sua disposição, em texto autoral, de trazer para o ambiente retificado brasileiro a análise crítica interna, evento incomum, pois a maioria dos Iniciados (e autores) é mais afeita (sempre em nome da egrégora) aos rasgados elogios recíprocos (Pinheiro, 2023c) do que ao questionamento às ideias, tratado então como uma questão pessoal. Assim, mutatis mutandis em razão da natureza dos próprios veículos (texto impresso, privado e pago vs texto digital, público e gratuito) o leitor que acompanha o Primeiro Discípulo tem, agora, no “Da Reintegração da Matéria e dos Corpos Gloriosos” o seu equivalente, o que já não era sem tempo em razão do atraso (de anos) verificado no debate da doutrina, da ritualística e da liturgia Retificadas no Brasil. Todavia, reitero: se não houver gestão (deliberada), sobretudo ao nível das Lojas, mas também das Potências, e a preservação da egrégora continuar sendo utilizada como “muleta de cego”[30], passado algum tempo nada mais restará a dizer que não que “tudo está como dantes no quartel de Abrantes”[31].
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (geral)
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CHEVITARESE, André L. Paulo – o que a história tem a dizer sobre ele. Rio de Janeiro: Menocchio, 2024.
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CORNELLI, Gabriele. Morte e Vida “Severina” de Jesus: um camponês galileu na “cruz” da história. In: CHEVITARESE, André L.; CORNELLI, Gabriele (Orgs.). A Descoberta do Jesus Histórico. São Paulo: Paulinas, 2009, p. 39-55. Coleção quem dizem que sou? ISBN 978-85-356-2481-6.
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GEIMME. Da Reintegração da Matéria e dos Corpos Gloriosos – chaves iniciáticas da tradição da doutrina da reintegração dos seres no regime escocês retificado[32].
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PASQUALLY, Martines de. Tratado da Reintegração dos Seres – em sua primeira propriedade, virtude e potência espiritual divina. Organização e apresentação de Robert Amadou. 3ª Ed. Curitiba-PR: AMORC – Ordem Rosacruz, 2022. ISBN 978-85-317-0188-7
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RITUAL. Ritualística e Procedimentos do Rito Escocês Retificado 1º Grau – Aprendiz Maçom. Brasília: Grande Oriente do Brasil, 2018. ISBN 978-85-88308-29-9.
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VIVENZA, Jean-Marc. La inmortalidad del alma, sua “emanación” y su “reintegración” según el Régimen Escocés Rectificado. Madrid: Manakel, 2023. ISBN 978-84-9827-639-8.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (PINHEIRO, Ivan A.)
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- RER – Cadernos de Estudos: III. Disponível em https://bibliot3ca.com/rercadernos–de–estudos–iii/ e https://www.freemason.pt/cadernos–estudos–iii–ritoescoces–rectificado/. Maio, 2024.
- RER – Cadernos de Estudos: II. Disponível em https://bibliot3ca.com/ritoescoces–retificado–cadernos–de–estudos–ii/ e
https://www.freemason.pt/cadernos–de–estudos–ii-o-rito–escocesrectificado/?utm_source=mailpoet&utm_medium=email&utm_source_platform =mailpoet&utm_campaign=publicamos–mais–um–artigo–newsletter–post–titlefreemason–pt_2. Abril, 2024.
2023
- Por que Algumas Lojas Progridem e Outras não? Disponível em: https://www.freemason.pt/por–que–algumas–lojas–progridem–e–outrasnao/?utm_source=mailpoet&utm_medium=email&utm_campaign=publicamos –mais–um–artigo–newsletter–post–title–freemason–pt_2. Agosto, 2023.
- Mestres do Simbolismo ou “Mestres Simbólicos”? Disponível em https://www.freemason.pt/mestres–do–simbolismo–ou–mestressimbolicos/?utm_source=mailpoet&utm_medium=email&utm_campaign=publi camos–mais–um–artigo–newsletter–post–title–freemason–pt_2; em https://bibliot3ca.com/mestres–do–simbolismo–ou–mestres–simbolicos/ e https://opontodentrodocirculo.wordpress.com/2023/07/11/mestres–dosimbolismo–ou–mestres–simbolicos/. Julho, 2023.
- Dez Discursos: fundamentos para o atraso de uma Loja Maçônica. Disponível em: https://www.freemason.pt/dez–discursos–fundamentos–atraso–lojamaconica/?utm_source=mailpoet&utm_medium=email&utm_campaign=publi camos–mais–um–artigo–newsletter–post–title–freemason–pt_2. Julho, 2023.
- Modelo Geral de Análise & Interpretação Simbólica – MGA&IS. Disponível em https://bibliot3ca.com/15764–2/ e https://www.freemason.pt/modelo–geralanalise–interpretacao–simbolica–i/. Julho, 2023.
2021
- Buscadores da Verdade … Sois Mesmo? Revista Ad Lucem, vol.1 n. 2, p.14- 28, Mai/Ago, 2021. Disponível em: https://www.adlucem.com.br/article/doi/10.4322/2763-6070.2021006 e em “O Ponto Dentro do Círculo”: https://opontodentrodocirculo.wordpress.com/?s=buscadores+da+verdade.
- Uma Boa Sessão. Edições “Universum”, Ed. 43, dezembro 2021, p. 55-69. Porto Alegre, RS: GLMERGS, Loja de Estudos e Pesquisas Universum n0 147.
2020
Elementos para a autocrítica e a elaboração de cenários prospectivos no contexto da maçonaria brasileira. In: Maçonaria: perspectivas para o futuro. Brasília: CMSB, 2020, p. 95-134. ISBN: 978-65-992450-0-8.
Notas
[1] Mestre Maçom. O autor não expressa o ponto de vista das Lojas, Obediências ou Potências das quais participa, mas tão somente exerce a sua liberdade de pensamento e expressão, daí porque muitas vezes comunica na primeira pessoa do singular. E-mail: ivan.pinheiro@ufrgs.br. Por oportuno eu agradeço a leitura sempre arguta da versão preliminar deste texto realizada pelo Irmão Lucas Vieira Dutra, Mestre Maçom do Quadro da ARLS Presidente Roosevelt, 75, GLESP, Oriente de São João da Boa Vista. Porto Alegre-RS, 25.09.24.
[2] Disponível em: https://cepdorer.com.br/. Acesso em: 24.09.24.
[3] Há casos em que é até pior em razão do despreparo dos Mestres (tanto por acomodação pessoal quanto por falta de iniciativa, orientação e supervisão Institucional) que, oriundos de outros Ritos, misturam alhos com bugalhos sem sequer se darem conta de que estão procedendo tal qual Dr. Victor Frankenstein, clássico de Mary Shelley.
[4] Até há não muito, sobretudo nas redes sociais, era notável a distinção, quase reverencial, conferida a JeanBaptiste Willermoz, condição que aos poucos tem se alterado conforme são trazidos à luz elementos da sua biografia.
[5] Por exemplo, enquanto as Escrituras ordenam no sentido à Salvação, a Maçonaria Retificada orienta no sentido à Reintegração, não obstante algumas estratégias sejam comuns a ambas, a exemplo da vida virtuosa.
[6] Sem por ora adentrar em profundidade conceitual, que não se confunda a flexibilização com o relativismo (perspectivismo) que, no limite, leva ao orgulho pela ignorância posto que inadmissível o absoluto, inclusive o metafísico.
[7] Destaque no original.
[8] Destaques no original.
[9] Por certo que são múltiplas mensagens, mas o recurso à metonímia facilita a expressão.
[10] As mais conhecidas: saduceus, fariseus, essênios e zelotes – as crenças, se comuns em alguns aspectos, divergiam em vários outros.
[11] Que, diga-se, nada tem a ver com o Reino dos Céus da fase posterior, a do J. Cristo Teológico.
[12] George Orwell (2005, 2007) continua a ser uma das principais referências.
[13] Mais recentemente, com as redes sociais, repleta de seguidores, tem se disseminado uma expressão para aludir ao que se refere: “gado, rebanho”, o que de algum modo refere às imagens iniciais de Tempos Modernos, um dos clássicos da filmografia de Charles Chaplin. Outra expressão, de regra à distância do ambiente maçônico e que traduz o que se pretende é “inocente útil”.
[14] Considerando que no Rio Grande do Sul, de onde escrevo, anualmente é celebrada a Revolução Farroupilha (iniciada em 20.09.1835), uma analogia e um paralelismo histórico podem auxiliar no entendimento que se pretende: desde o fim do conflito (01.03.1845), durante muito tempo não havia espaço para a celebração do tipo (usos, costumes, valores, etc.) que viria a ser considerado o personagem heroico da cultura gaúcha, afinal, a luta foi pela separação, pela independência, pela Federação e não pela União, pela República e não pela Monarquia. Somente mais tarde, por ocasião da Guerra do Paraguai, e posteriormente com o advento da República, a história foi ressignificada e então transformada em cultura, aí sim e intencionalmente difundida. Assim são os fatos, a História.
[15] Padres ou Pais da Igreja são “aqueles que, ao longo dos sete primeiros séculos, foram forjando, construindo e defendendo a fé, a liturgia, a disciplina, os costumes, os dogmas cristãos, decidindo, assim, os rumos da Igreja” (Paulus, 2004, p. 7).
[16] Cognominado Orígenes de Alexandria ou Orígenes de Cesareia ou ainda Orígenes, o Cristão (Alexandria, 185 – Cesareia ou, mais provavelmente, Tiro, 253), foi um teólogo, filósofo neoplatônico patrístico e é um dos Padres gregos. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Or%C3%ADgenes. Acesso em: 21.09.24.
[17] – 337.
[18] 346 – 395.
[19] Em diversas vídeo-aulas, mas também disponível em: https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=Ce2LtiAfqRM. Acesso em: 24.09.24.
[20] “Para John Dominic Crossan, que através da sua pesquisa, revolucionou os estudos sobre os paleocristianismos” (Chevitarese, 2019, dedicatória).
[21] A expressão foi escolhida em razão da sua centralidade absoluta no contexto Retificado; da acepção que a ela for atribuída dependem os demais conceitos, construtos e desdobramentos fáticos, axiológicos, atitudinais e comportamentais.
[22] Ao que eu acrescentaria: e tampouco espaço para a reprodução acrítica (oral ou escrita) e descontextualizada, no caso e por exemplo, das Escrituras.
[23] Se a localização geográfica é condição necessária, não é suficiente para delimitar a cultura ocidental; o Japão, a Austrália e a Nova Zelândia – todos fora do eixo referido – apesar das suas particularidades (inclusive religiosas), por exemplo, são considerados integrados à cultura ocidental.
[24] 1515 – 1582
[25] 1260 – 1328
[26] 1542 – 1591.
[27] Retornando à analogia com a Revolução Farroupilha, assim como o gaúcho, nos primeiros anos pós-Revolução não poderia ser símbolo glorificado, tampouco a cruz, pois esta era a forma de execução dos que mais gravemente infringiam a lei romana; somente muito anos após, em meio ao MJSJ, que a cruz ascendeu ao status que hoje goza no seio da cristandade.
[28] Disponível em: https://maconariacrista.wixsite.com/ritoretificado/post/da–incompatibilidade–entre-o-tratadoda–reintegra%C3%A7%C3%A3o–dos–seres–e–a–integridade–do–magist%C3%A9rio–crist%C3%A3o. Acesso em:
24.09.24.
[29] Disponível em: https://maconariacrista.wixsite.com/ritoretificado/post/da-incompatibilidade-entre-o-tratadoda-reintegra%C3%A7%C3%A3o-dos-seres-e-a-integridade-do-magist%C3%A9rio-crist%C3%A3o-1. Acesso em: 24.09.24.
[30] Alguns poderão considerar que o dito, hoje em dia, não é considerado politicamente correto, mas, imagino, corresponde à mensagem que se pretende.
[31] Entre tantas, vide: https://abmes.org.br/blog/detalhe/5634/tudo–como–dantes–no–quartel–de–abrantes. Acesso em: 24.09.24.
[32] Ficha Catalográfica ausente no original. Provavelmente para a redução de custos e a maior agilidade alguns títulos têm sido editados sem as informações necessárias ao adequado referenciamento.
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