Bibliot3ca FERNANDO PESSOA

E-Mail: revista.bibliot3ca@gmail.com – Bibliotecário- J. Filardo

Sobre lojas (maçônicas) de estudos e pesquisas – VII

Por Ivan A. Pinheiro[1]

INTRODUÇÃO

Antes de adentrar (nas próximas edições da Série) nos aspectos mais formais e específicos relativos às Lojas de Estudos e Pesquisas (LEP), a exemplo da sua formação, estrutura e funcionamento, convém, mas já antecipando alguns daqueles aspectos, tecer considerações preliminares e de caráter mais abrangente, como é o caso da “mentalidade do pesquisador” e também do “ambiente de pesquisa”, temas que adquirem importância na medida em que o seu entendimento pode (pois não é o único fator a) contribuir para o “sucesso da Loja”, qualificação esta ora considerada como sendo a geração e a difusão sustentadas de conhecimento maçônico, sobretudo o criativo e inovador. Se, no passado, a tradução predominantemente de autores norte-americanos e europeus, ou comentários sobre as suas obras poderiam ser considerados como geração de conhecimento, hoje, devido ao amplo parque editorial já instalado no Brasil, o mesmo, se ainda necessário, não mais parece ser suficiente para que a própria Maçonaria alcance novos patamares, daí então a relevância dos adjetivos “criativo e inovador” enquanto objetivos a serem perseguidos pelas LEP. Por oportuno, antecipa-se (e tranquiliza-se): existem inúmeras maneiras de ser criativo e inovar, todas ainda (bem) distantes do que à primeira leitura alguém (sempre há quem) poderia imaginar que ora se está formando expectativas de que as LEP deveriam produzir algo como teses de doutoramento. Apesar de, inúmeras vezes, já ter salientado a importância da formação de alianças estratégicas entre as Universidades e a Maçonaria, aos poucos se pretende demonstrar o quanto é vasto, mesmo à margem das instituições acadêmicas, o campo de Estudos & Pesquisas (E&P) na Maçonaria que, só não é melhor explorado, no Brasil, por falta de interesse das Potências. Assim, se há concordâncias, há também que se registrar divergências com a visão de Beaurepaire (2025).

A expressão “mentalidade” é de largo uso na forma de predicado acompanhado de adjetivo (mentalidade empreendedora, mentalidade conservadora, mentalidade religiosa, entre outras) e de ampla acepção, quando então e até confundida com “ideologia”. Em termos mais formais, conceitualmente, para Japiassu e Marcondes (1991, p. 164):

mentalidade – [é o] conjunto de ideias, crenças, valores, nem sempre conscientes, subjacentes aos costumes, práticas, hábitos de uma sociedade ou grupo social, caracterizando sua maneira de agir, seus sentimentos, sua produção cultural. Ex.: mentalidade provinciana, mentalidade progressista;

enquanto que,

ideologia – […] em um sentido mais amplo, passou a significar um conjunto de ideias, princípios e valores que refletem uma determinada visão de mundo, orientando uma forma de ação, sobretudo uma prática política. Ex.: ideologia fascista, ideologia de esquerda, a ideologia dos românticos, etc. (op. cit., p. 127).

E conforme se observa, ambas sugerem algo que, de já tão introjetado nas mentes, não só modela os comportamentos como, quiçá, os tornam previsíveis, o que, sabe-se, além de favorecer o aproveitamento das possibilidades em potencial, contribui para a evitação de, senão todos, determinados erros e problemas. Assim, em razão das suas características a questão da “mentalidade do pesquisador” se estende e institui o que ora se denomina como “ambiente de pesquisa” – o meio no qual os pesquisadores, e também as próprias LEP se encontram imersas e performam as suas atividades. Dessarte, senão todas, muitas das questões pertinentes aos temas ora em tela convidam a apreciação a partir de 3 (três) níveis: o do indivíduo; o da Loja (e seus subgrupos), da Potência; e, o do macro ambiente constituído pelo universo maçônico, lato sensu, identificado como os “costumes, práticas e hábitos” desde há muito mantidos internamente nas Lojas e, mais recentemente, apreendidos (não sem surpresa quando se observam determinados aspectos) nas manifestações colhidas nas redes sociais – Whatsapp e Instagram.

A bem da verdade e do ponto de vista prático, a fronteira entre o nível individual e o correspondente à Loja é apenas didática, um instrumento auxiliar à reflexão posto que apenas na aparência é facilmente delimitada, no cotidiano nem sempre é claro identificar quando e em que extensão um afeta e determina a performance do outro e vice-versa. Todavia, parece inequívoco que a “mentalidade do pesquisador” (nível individual), o “ambiente de pesquisa” (nível coletivo, grupo) e o “sucesso da Loja”[2], se não estiverem, deveriam estar conectados pela via da gestão, sobretudo no que refere: ao perfil individual (personalidade, saberes, experiências, disponibilidades, etc.) de cada integrante, mas também com o do próprio Quadro da Loja, posto tratar-se de um conjunto, um sistema cujo funcionamento depende da harmonia e da complementaridade existente entre as suas partes. Da clareza do entendimento quanto a esses inter-relacionamentos resultam: não só a política como a escolha dos critérios utilizados para a seleção e a manutenção (plena de sentido) dos integrantes, como também a gestão do Quadro à luz da sua visão e no sentido ao cumprimento da sua missão e dos objetivos institucionais.

Em textos anteriores desta Série já foi mencionado que vários aspectos que caracterizam a realidade das Lojas Simbólicas (independentemente dos acertos) não se aplicam às LEP, e por ora cabe ressaltar os “critérios” utilizados para a seleção dos Quadros. Nesse caso (o que não significa que o mesmo não se aplicaria às Lojas Simbólicas) parece ser um imperativo (a partir do estabelecido acima) que todas as considerações sempre atentem para os 2 (dois) níveis: o do candidato e o da Loja. Ele apresenta a mentalidade e o perfil do pesquisador? A Loja tem para oferecer um ambiente de pesquisa? Se admitido, que tipo de contribuição ele aportará, preencherá uma lacuna à luz da missão e da estratégia ou fortalecerá as competências já estabelecidas? E ainda, algo que nunca percebi ser trazido à reflexão pelos gestores (mas que habitual, por exemplo, no ambiente corporativo): qual o impacto do novo integrante na configuração e no comportamento do Quadro? Sim, pois a Loja, a cada mudança, saída ou entrada (independentemente dos motivos), ainda que aparente e formalmente o seja, de fato não é mais a mesma pois, em sendo um sistema (ou organismo, como se queira), o que mais importa são as relações e interações entre as suas partes (ou integrantes) que, indiscutivelmente serão alteradas a partir de cada mudança; evidência maior não há  quando, por exemplo, se dá o afastamento de um líder empreendedor, dificilmente compensado pelo ingresso seja de mais um ou mesmo vários membros, pois o que mais importava era a sua competência enquanto liderança empreendedora. Nesses termos, nem mesmo 2 (duas) Lojas com o mesmo número de integrantes e fundadas na mesma data, guardam semelhanças, pois as sinergias (espontâneas ou estimuladas pela gestão) em uma, a tornam radicalmente diferente da outra.  

A continuidade da geração, assim como o aperfeiçoamento dos E&P, serão sobremodo facilitados e alavancados se desde as primeiras reflexões (a escolha das linhas, dos temas e das questões de pesquisa, a seleção e a análise crítica da bibliografia, etc.) as atividades forem realizadas conjuntamente, senão com todo o Quadro, com as suas partições organizadas em Grupos Temáticos de pesquisadores sêniores e juniores. Caso contrário a Loja, se não perde, compromete a sua razão de ser: a de se constituir como um espaço privilegiado à reflexão crítica como parte de um processo de construção cooperado, coletivo. Entre outras, para avaliar se o trabalho se identifica com a LEP ou é produto de uma iniciativa individual, uma das métricas consiste em perguntar: em que medida, antes de publicá-lo, o Quadro da Loja contribuiu para aprimorá-lo, evitou erros, trouxe novas perspectivas, etc.? E acima de tudo: frente às questões deixadas em aberto pelo pesquisador sênior (em geral, mas nem sempre o líder do grupo temático), os demais reúnem as condições para dar continuidade ao trabalho? Salvo melhor juízo, a política adotada por Pitágoras, em Crotona (Itália), seria a mais adequada para a criação de Centros de Excelência (LEP ou redes de LEP) independentemente dos talentos individuais reunidos: lá as contribuições “publicadas” não eram autorais, individualizadas, mas de responsabilidade de toda a Escola, daí que elas, ainda hoje, são referidas como sendo “dos Pitagóricos”, e não de A, B ou C, como ocorre com os autores associados a outras Escolas filosóficas, a exemplo da Estoica. Somente mais tarde, com o perjúrio de Filolau[3] (discípulo de Pitágoras), que teria escrito e/ou vendido algumas obras (ou o que delas sobrou) a Platão[4], é que elas (ou melhor, os seus fragmentos) passaram a ser identificados com a autoria individual. O resgate a Pitágoras não é à toa, embora ele seja uma das principais referências da e na Maçonaria, infelizmente, de regra a sua lembrança não passa de uma referência histórica, e quando muito, limitada às menções ao famoso teorema que, em homenagem, leva o seu nome: a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.  

Assim, em razão do problema da delimitação já referido, a chave de apresentação e análise do que se segue resultou organizada apenas em 2 (dois) níveis: (I) um micro – o individual que contempla o integrante per se em meio ao seu entorno mais próximo (a Loja, outras LEP e a Potência); e, (II) um macro – que tece e estabelece os usos, os costumes e os valores prevalentes no universo maçônico

O NÍVEL MICRO – a mentalidade do pesquisador em meio ao contexto da Loja

O pesquisador é, antes de tudo, um curioso, bem como um cético, coloca em xeque até mesmo as suas convicções. Está sempre à procura de respostas que, pela linha da argumentação lógica sejam compreensíveis à razão. Portanto, é avesso e reage aos postulados dogmáticos. Desconfiar, criticar, procurar lacunas e falhas integram o seu ofício habitual. Todavia, não é errante, pautado no método (um caminho trilhado) e dotado de pensamento analítico-crítico ele busca a expertise de um franco-atirador a partir de definições, rigor conceitual e planejamento de estratégias fundamentadas, bem como categoriza as informações preliminares, elabora construtos, coleta dados, classifica, contrasta com outras fontes, identifica padrões, exceções e, eventualmente, recorrendo à matemática (estatística) submete a testes os dados que, então, constituem os achados de pesquisa – as novas informações, conhecimentos. Existem inúmeros métodos e estratégias de pesquisas sempre passíveis de ajustes à luz do caso concreto, das necessidades pontuais[5], portanto não cabe aqui tecer considerações mais detalhadas, mas antes e sobretudo chamar a atenção para o fato de que, ao seguir um método, o pesquisador possibilita que os seus passos sejam seguidos (a começar pelo seu próprio grupo de E&P), verificados, corroborados ou contestados por terceiros, interna e externa corporis, o que autoriza que os achados sejam validados e reconhecidos criticamente pela comunidade de referência, tornando-os passíveis de serem utilizados (citados) pelos demais pesquisadores, fomentando, assim, a escalada do conhecimento.

Ao contrário do que por vezes comunicado, e que muitos são levados a crer, o pesquisador lastreado no método científico, por vezes referido como hipotético dedutivo, não busca a verdade absoluta, definitiva; ele, antes e acima de todos (pelo seu maior envolvimento com o objeto de estudo) porque conhece as limitações do empreendimento científico, a começar pela sua própria estrutura cognitiva, pelos instrumentos de trabalho (vistos como extensões dos sentidos) e os inescapáveis vieses socioculturais, as têm (as verdades) como provisórias, sempre passíveis (e não raro à espera) de substituição à luz das novas descobertas. A título ilustrativo vide, mais recentemente, o assombro da comunidade científica à luz das descobertas proporcionadas pelo telescópio James Webb desde o seu lançamento em 2021 – consensos científicos, até então bem estabelecidos no que refere, por exemplo, à Teoria do Big Bang e ao Modelo (atômico) Padrão Lambda-CDM, ora estão sob xeques provenientes de todos os flancos. E o mesmo pode ser verificado, também a partir dos avanços científicos e tecnológicos[6], em outros domínios, como é o caso dos estudos sobre a origem da vida, da mente, da consciência e outros.

Trazendo a matéria para mais proximamente à Maçonaria, até as descobertas de Qumran (no Mar Morto, fronteira entre Israel e Jordânia) e Nag Hammadi (Egito), no séc. XX, senão tudo, quase tudo o que se sabia (e era admitido como verdade) sobre o cristianismo primitivo (quando ainda se confundia com o judaísmo e estava dividido em seitas locais com acentuado conteúdo gnóstico) havia sido escrito principalmente pelos seus críticos. Ora, esses é que viriam a dar forma, a partir dos séculos IV e V, à ortodoxia que constituiu o cânone do cristianismo tornado católico e hegemônico; assim, não é difícil imaginar a visão que os católicos ao longo dos séculos formaram sobre os primeiros cristãos (Pagels, s.d.; Hoeller, 2005; Meyer, 2007). As novas descobertas (algumas, efetivas serendipidades) possibilitaram reavaliar o status de verdade (até então definitiva) atribuída às narrativas que por séculos, quase 2 (dois) milênios, foram difundidas. E se para alguns Ritos essa questão é de somenos importância, para outros, a exemplo dos que têm a cabala cristã como um dos eixos de reflexão, bem como o Rito Escocês Retificado (RER), que se apresenta como cristão, ela adquire maior relevância; entre outros, por exemplo, vide Gambirasio d´Asseux (2021, 2022), que deixa à evidência (em contrário ao mainstream da literatura) a existência de pelo menos 3 (três) trajetórias internas ao RER. Assim, afinal, qual dentre os cristianismos, se e somente o católico, por que? De regra, questões como essas são encerradas à luz da autoridade do(s) autor(es), mas a questão que então se levanta é: teria(m) o autor(es) concebido tal como fizeram se dispusessem das informações hoje disponíveis? Em suma: mais do que assertivas, que têm a sua importância e lugar, o que se pretende, no espaço plural e aberto à discussão que se constitui a Maçonaria, é chamar a atenção para a oportunidade de questionamentos e debates sempre que surgirem fatos novos – ou a descoberta da vida, alhures no cosmos, não nos levaria (obrigatoriamente) a um repensar sobre os mais diversos aspectos que até então têm norteado a trajetória da humanidade?

No Brasil, por exemplo, conforme avançam os estudos a partir da disponibilidade de acesso a novos arquivos históricos, o papel da Maçonaria, distanciando-se da visão romântica, também tem sido revisto (Colussi, 1998; Alméri, 2007; Silva, 2015; Ismail, 2021, 2021a). Os trechos a seguir, o primeiro extraído de Colussi, e o segundo de Castellani (1989), deixam à evidência o contraste entre 2 (duas) posturas, a primeira espelha a mentalidade do pesquisador nos termos estabelecidos acima, já a segunda, a despeito da trajetória e do legado do autor para a maçonaria brasileira, encontra-se mais próxima do que é conhecida como visão romântica (menos analítica-crítica), como aliás, o confirma o argumento salientado na citação (de Colussi) que a antecede:

Em relação à primeira fase, a que coincide com o decênio farroupilha, entendemos que não existiu uma relação direta entre maçonaria e Revolução Farroupilha […]. Durante a fase farroupilha, a maçonaria gaúcha dava seus primeiros passos, por isso ela não pode ter sido um agente influenciador da revolução; ao contrário, a revolução atrasou em muito a organização da instituição no Rio Grande. Desse modo, a presença de maçons entre os líderes farrapos não é argumento suficiente para estabelecer um vínculo entre a instituição e o movimento farroupilhas, isso por duas razões: a primeira, pelo fato de existirem maçons farrapos e maçons legalistas; segundo, por terem algumas lideranças farroupilha sido iniciadas na ordem nos anos finais do conflito, o que impossibilitaria uma influência maçônica anterior à eclosão da revolução […] A existência de maçons abolicionistas, de maçons contrários à abolição, de maçons defensores da manutenção da monarquia e de maçons na linha de frente do republicanismo repercutiu negativamente no interior da lojas maçônicas, de tal forma que foram deixadas de lado a conhecida fraternidade e solidariedade maçônica. Os embates do mundo profano inviabilizavam, assim, a convivência fraternal, ocasionando o fechamento de muitas lojas (Colussi, 1998, s.p.)[7].

[…] ocorre que Bento Gonçalves eram maçom (assim como o outro líder farroupilha Davi Canabarro) e contou com o auxílio secreto das lojas baianas […] Bento Gonçalves foi membro da Loja “Filantropia e Liberdade”, de Porto Alegre, onde deve ter sido iniciado […] Além dos principais chefes militares do movimento, os maçons Bento Gonçalves e Davi Canabarro, os farroupilhas tiveram, ao seu lado, outros dois grandes maçons e carbonários: os liberais italianos Tito Lívio de Zambecari e Giuseppe Garibaldi [este] foi iniciado no Rio Grande do Sul, na Loja “Asilo da Virtude” (Castellani, 1989, p. 20).    

É notável como o mesmo tema (a participação da maçonaria na Revolução Farroupilha), ao invés de reunir um entendimento comum admita 2 (duas) apreciações que, para dizer o mínimo, são distintas em ordem de grandeza, o que sinaliza para a inexistência de um fato incontestável, relevante e que, reconhecidamente, seja (fosse) merecedor de destaque independentemente da perspectiva dos olhares, o que então justifica que um, e não o outro, seja visto como romântico. A exemplo dos demais episódios trazidos por Colussi, e como já relatado por outros autores (Pinheiro, Dutra e Mendes, 2023), a relevância histórica é então estabelecida à luz de outras motivações que, por sua vez, não escapam à crítica do caráter subjetivo dos olhares. Caso igualmente notável, e certamente mais afamado, é o da captura associativa, promovida pela Maçonaria, da importância histórica de Voltaire[8] (Pinheiro e Rocha, 2023).  

Assim, uma das questões que ora se coloca é: como identificar, entre os candidatos, a mentalidade do pesquisador? Ora, por tudo o que se sabe sobre “o ofício do pesquisador”, ele deve ser curioso, analista, detalhista, crítico, organizado, metódico, insistente, paciente, resiliente, tudo, é claro, forjado ao longo de uma trajetória, daí porque não ser difícil mediante uma ou mais entrevistas (individuais ou coletivas) identificar os antecedentes e recolher as evidências que contribuam para compor o perfil desejado. Como se diz: ninguém, do dia para a noite, em resposta ao mero convite de uma LEP, se transforma em pesquisador, mas o convite pode ser o gatilho para deflagrar um projeto até então latente, como é o caso dos pesquisadores ainda considerados “aprendizes”. E se o selecionado vier a ocupar uma função específica na LEP, a exemplo da liderança de grupo, de referência temática, de revisor, de apresentador ou outra (relações externas com outras LEP, universidades, etc.), deve então reunir as competências, as habilidades e as atitudes afins. A seleção por editais de concurso e mediante a análise curricular são práticas a serem consideradas sobretudo quando o objetivo for o preenchimento de vaga de pesquisadores seniores. Sim, a Loja pode preenche-la a partir do próprio Quadro ou, na ausência de competências internas, buscar o perfil adequado para a continuidade, por exemplo, de determinadas linhas de pesquisa – fica aqui, muito clara, a fronteira entre a perspectiva do indivíduo (o Irmão integrante do Quadro) e a representada pelos interesses da Loja, eventualmente vista como a referência em matérias específicas. Idealmente, uma Loja deve reunir pesquisadores seniores, juniores e em nível intermediário, os primeiros liderando, coordenando e capacitando os demais que, sobremodo, atuam como colaboradores, o que não significa, em absoluto, subordinação. Fica claro, como deveria ser no âmbito das Lojas Simbólicas, que uma das principais tarefas dos pesquisadores seniores (“mestres”) é a de capacitar e preparar os “aprendizes” para a sucessão interna e a continuidade dos trabalhos (pesquisas, produção intelectual, etc.). A Loja deve trabalhar para constituir e manter uma massa crítica de E&P capaz de gerar um fluxo contínuo de produção, seja escrita ou de qualquer outro produto final que corresponda ao seu compromisso junto ao público-alvo. Por fim, tendo em vista o sucesso da Loja, de nada adiantará a identificação dos atributos que configuram o perfil e a mentalidade do pesquisador, se este não apresentar a disponibilidade e o compromisso de entrega e, por parte da Loja, a oferta de um habitat estimulador à pesquisa, ao livre trânsito e ao amadurecimento das ideias e onde a crítica (metodológica) é vista com naturalidade, parte inerente ao processo.  

E por oportuno, conforme já manifestado em edições anteriores desta Série, reitera-se que o modelo das Lojas Simbólicas não se aplica, in totum, às LEP, pois sendo os objetivos distintos, do mesmo modo devem ser as estruturas e o funcionamento, assim como ter ou não um veículo próprio (impresso ou digital) para a difusão dos trabalhos, contar ou não com colaboradores externos, entre outros aspectos, têm implicações nas dinâmicas e nos processos internos às LEP.

Feitas essas considerações e sem desprezar os eventuais, quando não necessários ajustes e adequações às realidades locais, cujas exceções, de outro lado, não podem ser constituídas como regras transformadas em instrumentos para a sua própria auto justificação, cabe então tecer algumas palavras de alerta quanto aos riscos que, embora inerentes à natureza humana, comprometem sobremodo a mentalidade do pesquisador, o ambiente de pesquisa e, por consequência, o sucesso da Loja.

Um dos principais obstáculos à mentalidade do pesquisador, citado mesmo como um inimigo insidiosamente infiltrado no subconsciente, é o chamado negacionismo científico, tema que de modo objetivo e rico de exemplos, históricos e contemporâneos – o que salienta que há tempos o problema já é reconhecido -, foi tratado por Pasternak e Orsi (2021) e Orsi (2022). São várias as causas do negacionismo, desde as originárias no seio familiar, a exemplo dos sistemas de crenças (a mais citada, as religiosas, mas também as étnicas e as apreciações em relação “aos outros” – estranhos, vistos, quando não tratados, como “bárbaros”) que aos poucos se constituem na gênese dos preconceitos – reforçados (ou não) ao longo da vida, seja pela passagem pelas mais diversas instituições (escolas, igrejas, clubes sociais, ambientes profissionais, etc.), mas também pelas leituras, relacionamentos (afetivos, mestres, influenciadores, etc.), vivências em geral (viagens, eventos marcantes: perdas, sofrimentos, etc.), alguns inexplicáveis, incompreensíveis até. Não cabe, por ora, entrar em detalhes[9], mas antes e acima de tudo chamar a atenção para o fenômeno porque, como esclarecem Pasternak e Orsi (op. cit., p. 15), as “[…] crenças definem desejos e moldam ações” e, como bem chama a atenção um dos títulos de Weaver (2012): “As Ideias têm Consequências”, desde o dia a dia ao longo prazo, do micro ao macro ambiente sociopolítico e econômico. Pasternak e Orsi (op. cit., p. 16) vão direto ao ponto, às repercussões no cotidiano:  

Tão grave quanto o estímulo a ações irresponsáveis ou prejudiciais[10] é o efeito que os negacionismos têm sobre o ambiente político e cultural da sociedade. Sem um entendimento comum mínimo sobre quais são os fatos do mundo e qual o método correto para identifica-los, todo o processo de ação coletiva e, no limite, de organização social desmorona.

Passado o tempo, acumulados os saberes e as experiências, cada um de nós, portanto todos, somos acometidos do chamado viés de confirmação, uma das fontes mais perniciosas do negacionismo científico, razão pela qual deve ser permanentemente combatida para a preservação e o desenvolvimento sadio da mentalidade do pesquisador e, por extensão, da integralidade dos produtos do seu ofício – a geração de saberes. Wason, citado por Haidt (2020, p. 85), esclarece que “[…] viés de confirmação [é] a tendência de procurar e interpretar novas evidências de maneira a confirmar o que você já pensa”, no que é corroborado por Perkins, também citado (op. cit., p. 86-7): “[…] as pessoas investem seu QI para reforçar seu próprio argumento, em vez de explorar toda a questão de maneira mais completa e imparcial”. Orsi (2022) não só detalha, como conecta as ideias aqui apresentadas e vai às últimas consequências:

Há tempos que a psicologia reconhece e cataloga nossos vieses cognitivos – filtros que distorcem a forma como absorvemos e tratamos as evidências que o mundo nos traz, o que nos permite construir, em nossas cabeças, uma versão da realidade mais confortável do que ela de fato é. O mais potente desses vieses é o de confirmação, que funciona de duas maneiras: primeiro, fazendo-nos considerar mais importantes e confiáveis as evidências que confirmam nossas crenças e preconceitos […] o segundo se manifesta na tendência de, ao testar uma ideia, buscar apenas evidências que possam confirma-la (op. cit., p. 24-5);

E a cegueira seletiva encontra-se por todos os lados […] O negacionismo vai um passo além: ele não só varre a evidência negativa para debaixo do tapete, mas insiste em fingir que ela não existe, mesmo quando o tapete rasga e explode o escondido em sua cara. Ignorar evidência negativa é uma tentação presente em todos nós, e isso representa um enorme problema – tanto que o método científico já foi descrito como “o conjunto de técnicas para tentar escapar do viés de confirmação”. O negacionismo, ao contrário, reforça, reafirma e consolida essa faceta pouco lisonjeira da natureza humana. Nesse aspecto, é, como proposta e atitude, o oposto exato da Ciência com letra maiúscula (op. cit., p. 26).

É vasta a literatura sobre as consequências, perversas, de quando as interpretações enviesadas, independentemente das motivações, ao invés dos dados e fatos apurados com método e rigor científico, assumem a centralidade das narrativas; além das já citadas, entre tantas, também Mackay (2020), Shapiro (2020), Bregman (2021) e, Pasternak e Orsi (2023).  

Na atualidade, notadamente, mas não exclusivamente no Brasil, um dos principais moduladores das atitudes e comportamentos (em todas as esferas, da familiar à profissional e pública em todos os espaços, o que por certo inclui a Maçonaria) tem sido a orientação (ideologia) política, também apontada como responsável pela determinação do viés de confirmação, independentemente se o posicionamento situa-se à esquerda ou à direita do espectro político, o que acarreta não só na negação de tudo o que não faz parte da sua “bolha ideológica”, como também a atribuir ao outro (“o bárbaro”) a responsabilidade pela formulação e difusão das teorias conspiratórias (Pasternak e Orsi, 2021).

Orsi (2022) observa ainda que se

A necessidade de reforço externo pode levar grupos negacionistas [e é importante notar que sempre é o “outro” que é considerado como negacionista] a adotar um perfil “evangelizador”, isto é, missionário, no sentido de buscar ativamente atrair mais e mais membros para a comunidade. No mundo online, isso se traduz num ativismo frenético por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens (op. cit., p. 19);

Sair da bolha traz risco de perder amizades, amor, trabalho e apoio […] Mais do que isso: é correr o risco de ver alienada da comunidade em que vive e circula, de perder acesso aos bens e serviços – tanto no sentido econômico quanto emocional e psicológico – que aquele grupo oferece a quem dele faz parte (op. cit., p. 20-1).

Ora, nenhum maçom ignora que a polarização e a radicalização que caracterizam o ambiente político nacional, são as mesmas que hoje[11] também dividem os Quadros da Ordem, o que pode ser visto, se não tanto nas Lojas, aonde as presenças ainda exercem a contenção e impõem o decoro, abertamente em meio às redes sociais, aonde não é raro a externalização de posicionamentos apriorísticos e radicais, cada qual simultaneamente proveniente e destinado à sua “própria bolha”, bem como em resposta tão contundente quanto alheia aos méritos do caso concreto porque dirigida aos “da outra bolha”.

Em grandes linhas os efeitos deletérios causados pelo binômino “negacionismo científico-viés de confirmação” já foram, acima, antecipados por Orsi (op. cit.); todavia, cabe sublinhar alguns mais atinentes ao contexto das LEP:

  • comprometem (consciente ou inconscientemente) o recomendável (quando não indispensável) distanciamento entre o pesquisador e o seu objeto de estudo, bem como a objetividade necessária à análise crítica e à interpretação dos dados e fatos apurados. Antecipa-se: para muitos o referido distanciamento, assim como a tal objetividade são falaciosos; todavia, o pesquisador que se propõe neutro conta com instrumentos e mecanismos de controle que, senão eliminam, mitigam os eventuais vieses inerentes à natureza humana, circunscrevendo-os nos limites dos erros estatísticos. Assim, enquanto “o romântico” e o negacionista ignoram os instrumentos de correção, “o pesquisador”[12] se preocupa e se ocupa, a partir de técnicas e instrumentos, em reduzir as margens de erros de interpretação;
  • constrangem e inibem a apresentação de projetos de E&P que, a priori, antecipa-se com algum grau de acerto, podem resultar em animosidades internas. No limite, a tendência pode convergir para o pensamento único, o que é totalmente contrário à mentalidade e ao ambiente de pesquisa; bem como,
  • podem induzir comportamentos (sistematicamente a favor ou contra) antes e acima de tudo alinhados e em resposta à identidade e à fidelidade a determinados posicionamentos (políticos, ideológicos, religiosos, etc.) aprioristicamente reconhecidos do que à luz dos dados e fatos efetivos trazidos à lide para consideração.

Contudo, reunir Irmãos com mentalidade de pesquisador e criar um ambiente de pesquisa que conduza a Loja ao sucesso, parece ser antes obra da gestão do que fruto do acaso pois, como visto até aqui, em todas as considerações tanto ao nível dos indivíduos per se quanto em meio ao seu entorno mais próximo, sobretudo a Loja, as variáveis que modelam o fenômeno se encontram sob a governança, senão exclusiva e diretamente das Luzes, também dos demais integrantes do Quadro da LEP. Todavia, conforme anunciado, há ainda um segundo nível, o macro, aonde estão estatuídos, formal ou informalmente, os usos, os costumes e os valores prevalentes no universo maçônico. O que então esperar desse segundo nível no que tange aos impactos na mentalidade do pesquisador, no ambiente de pesquisa e, por extensão, no sucesso da Loja? É o que será, a seguir, brevemente considerado e à guisa de finalização.

O NÍVEL MACRO – as repercussões dos usos, dos costumes e dos valores prevalentes no universo maçônico brasileiro sobre a mentalidade do pesquisador no ambiente de uma LEP

Embora sempre alguém possa arguir que “na minha Loja (Potência) não é assim”[13], a partir de vários estudos[14] e reiteradas manifestações colhidas nas redes sociais, penso que não se afasta da verdade quem afirma que o maçom brasileiro, padrão:

  • raramente lê, principalmente livros e artigos, independentemente se impressos ou digitais – no que, frise-se, se assemelha à maioria da população brasileira, cuja realidade, os estudos mais recentes têm apontado, está piorando;
  • raramente lhe é exigida a leitura e estudos minimamente aprofundados no ambiente das Lojas Simbólicas – vários argumentos sustentam este hábito: desde o respeito ao princípio da livre e espontânea vontade, até o reconhecimento de que cada um tem o seu tempo (de aprendizagem, de maturidade, etc.), assim, como nem um (ninguém) é igual ao outro, nada pode ser exigido e tampouco são admitidas comparações;
  • na (grande) maioria das vezes limita-se a apresentar os trabalhos obrigatórios para a progressão de grau, quando então e não raro reproduz, com outras (as suas) palavras os termos das Instruções, o que significa que as apresentações (textuais ou orais) não possuem qualquer lastro bibliográfico, o que sugeriria, por exemplo, o contato com novas perspectivas;
  • como as Luzes Vigilantes, de regra, não foram devidamente capacitadas para orientar (sugerindo bibliografia complementar), corrigir (conceitos, argumentos, estruturação, reflexões, etc.) e enriquecer (com novas perspectivas) os trabalhos, pelos motivos já apontados acima, eles (os Vigilantes) pouco agregam ao que já consta dos Rituais;
  • como estratégia motivacional (sem que se saiba se deliberada pelas Luzes da Loja ou por mera tradição) os trabalhos, não raro, recebem grandes elogios; e assim,
  • o Iniciado chega ao Grau de Mestre seguro de que adquiriu a plenitude dos saberes maçônicos. E depois de graduados (exaltados, etc.) são poucos, raros os que apresentam Peças (Pranchas) de Arquitetura nos termos estabelecidos por Barba (2025), o que as torna, de regra e para fins de comparação, um contraexemplo às expectativas quanto os trabalhos no âmbito das LEP. Por fim, mesmo que até então não tenha almejado, o Mestre atende com orgulho o convite para integrar o Quadro de uma LEP da sua jurisdição.

Ora, de regra e em síntese, é nesse universo, de pouca leitura, pesquisa, escrita, convívio e tolerância com a crítica, que as LEP garimpam para formar os seus Quadros. Sem a pretensão de ser pleonástico, como pode ser visto, senão em tudo, em quase tudo difere do que até então, ao longo desta Série e em particular neste texto, tem sido identificado como a mentalidade do pesquisador e o ambiente de pesquisa, mais do que necessários, indispensáveis ao sucesso das LEP. Hoje, principalmente nos maiores centros urbanos, muitos Iniciados já estão frequentando ou frequentaram os Altos Graus, o que os qualifica, pela própria dinâmica dos trabalhos desenvolvidos, como um público-alvo a ser convidado e avaliado. Há também, entre os Mestres, muitos que por dever de ofício foram forjados na leitura metódica, reflexiva, documentada, assim como na escrita, como é o caso dos advogados e demais profissionais das ciências jurídicas, assim como dos acadêmicos, em especial os titulados com pós-graduação, grupos que também podem ser alvos de busca ativa para compor os Quadros das LEP.

Portanto, em havendo concordância com esse diagnóstico, é mister que os empreendedores, desde a fundação das LEP, quando ainda a estiverem planejando, selecionando e reunindo os futuros Quadros, reflitam e estejam devidamente preparados para superar essas dificuldades já identificadas, amplamente conhecidas. O zelo durante o planejamento tende a evitar riscos e futuros problemas; depois, superada a primeira fase da implementação, as demais, assim como a manutenção do sistema (a Loja já constituída e em plena operação) tornar-se-ão facilitadas. De outro lado, reproduzir nas LEP as práticas habituais (e aqui se refere especificamente à seleção e gestão dos Quadros) das Lojas Simbólicas, significa considerá-las como espécies indistintas, o que não só seria contrário ao senso como levaria a que os resultados fossem iguais, quando o esperado, s.m.j., é que sejam distintos, por exemplo, ao invés de Peças (Pranchas) de Arquitetura, a geração e a difusão de conhecimentos criativos e inovadores.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMÉRI, Tatiana M. Posicionamentos da Instituição Maçônica no Processo Político Ditatorial Brasileiro (1964): da visão liberal ao conservadorismo. Dissertação (Mestrado em Sociologia). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo-SP, 2007.

BARBA, Wagner T. Como Escrever uma Prancha de Arquitetura Maçônica. Série Estudos Maçônicos. Arquivo em .pdf recolhido nas redes sociais. ARLS Vinte e Cinco de Agosto, 376 – GLESP, Oriente de Carapicuíba, SP, 18.06.25.

BEAUREPAIRE, Pierre-Yves. Pesquisando a Maçonaria no século XXI: oportunidades e desafios. Disponível em: Bibliot3ca Fernando Pessoa: https://bibliot3ca.com/pesquisando-a-maconaria-no-seculo-xxi-oportunidades-e-desafios/. Acesso em 20.06.25.

BREGMAN, Rutger. Humanidade – uma história otimista do homem. São Paulo: Planeta, 2021. ISBN 978-65-5535-276-4.

CASTELLANI, José. A Maçonaria e o Movimento Republicano Brasileiro. São Paulo: Traço, 1989.

COLUSSI, Eliane L. Plantando Ramas de Acácia: a maçonaria gaúcha na segunda metade do século XIX. Tese (Doutorado em História) – PPG em História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-RS, 1998.

GAMBIRASIO D`ASSEUX, Pascal. El Rito Escocés Rectificado – un caminho de vida cristiana. Asturias (Espanha): Editorial Masonica, 2021. ISBN 978-84-18379-88-8.

______ . Caminos del Cristianismo – el místico y el iniciado. Espanha: Editorial Delfos, 2022.  ISBN 978-8418373466.

HAIDT, Jonathan. A Mente Moralista – por que as pessoas boas são segregadas por política e religião. Rio de Janeiro: Alta Books, 2020. ISBN 978-85-508-1390-5.

HOELLER, Stephan A. Gnosticismo – uma nova interpretação da tradição oculta para os tempos modernos. Rio de Janeiro: Nova Era, 2005. ISBN 85-01-06685-0.

ISMAIL, Kennyo. Maçonaria Brasileira: a história ocultada. Brasília: No Esquadro, 2021. Vol. I. ISBN 978-65-993785-0-8.

______ . Maçonaria Brasileira: a história ocultada. Brasília: No Esquadro, 2021a. Vol. II. ISBN 978-65-993785-1-5.

JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 2ª Ed. revista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991. ISBN 85-7110-095-0.

MACKAY, Charles. A História das Ilusões e Loucuras das Massas. São Paulo: Faro Editorial, 2020. ISBN 978-65-86041-09-5.

MEYER, Marvin. Mistérios Gnósticos: as novas descobertas, o impacto da Biblioteca de Nag Hammadi. São Paulo: Pensamento, 2007. ISBN 978-85-315-1508-8.

ORSI, Carlos. Negacionismo – desafios da ciência. São Paulo: Cultura, 2022. ISBN 978-65-5748-030-4.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. São Paulo: Cultrix, s.d.

PASTERNAK, Natalia; ORSI, Carlos. Que Bobagem! Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério. São Paulo: Contexto, 2023. ISBN 978-65-5541-279-6.

______ . Contra a Realidade – a negação da ciência, suas causas e consequências. Campinas, SP: Papirus 7 Mares, 2021. ISBN 978-65-5592-015-4.

PINHEIRO, Ivan A. Buscadores da Verdade … Sois Mesmo? Revista Ad Lucem, vol.1 n. 2, p.14-28, mai.-ago., 2021. Disponível em:   https://www.adlucem.com.br/article/doi/10.4322/2763-6070.2021006.

PINHEIRO, Ivan A.; DUTRA, Lucas V.; MENDES, Jorge A. A MAÇONARIA NO DIVÃ: as perspectivas e as contribuições dos não maçons. Revista Ciência & Maçonaria, v. 10, n. 1, p. 51-65, jul./dez., 2023. Disponível em: https://www.cienciaemaconaria.com.br/index.php/cem/article/view/226/113. Acesso em 18.06.25.

PINHEIRO, Ivan A.; PELLEGRINI, Alejandro; VAREJÃO, Alexander. Produzindo trabalhos & textos no Rito Escocês Retificado (RER). Disponível em Freemason: https://www.freemason.pt/produzindo-trabalhos-rito-escoces-rectificado-rer/. Publicado em 13.06.23, acesso em 18.06.25.

PINHEIRO, Ivan A.; ROCHA, Rogério H. C. Considerações Sobre a Iniciação Maçônica de Voltaire. Face*Tubes – literatura, arte, música. Disponível em: https://www.facetubes.com.br/noticia/3600/ivan-a-pinheiro-a-rogerio-rocha-qsobre-a-iniciacao-maconica-de-voltaireq. Publicado em 10.03.23, acesso em 17.06.25.

SHAPIRO, Bem. Lavagem Cerebral – como as universidades doutrinam a juventude. São Paulo: Trinitas, 2020. ISBN 978-65-990583-18.

SILVA, Michel (Org.). Maçonaria no Brasil – história, política e sociabilidade. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2015. ISBN 978-85-8148-876-9.

WEAVER, Richard M. As Ideias têm Consequências. São Paulo: É Realizações, 2012. Coleção Abertura Cultural.


Notas

[1] MM, Pesquisador Independente, e-mail: ivan.pinheiro@ufrgs.br. Porto Alegre-RS, 21.06.25. O autor não só agradece a leitura e as considerações do Irmão Lucas V. Dutra, Mestre Maçom do Quadro da ARLS Presidente Roosevelt, 75, Or. de São João da Boa Vista, jurisdicionada à GLESP – Psicólogo, Professor Doutor em Psicologia, Especializado em Maçonologia (UNINTER), e-mail: dutralucas@aol.com, como também reafirma a sua responsabilidade pelo conteúdo, erros e omissões remanescentes.     

[2] Construto, como tudo, aberto à discussão.

[3] Séc. V – IV a.C.

[4] A propósito, sem demérito a Platão, não se pode esquecer que ele também se apoiou em ombros de gigantes: Pitágoras, Parmênides, Heráclito e outros.

[5] Entre outras tantas fontes, o leitor interessado mais imediatamente poderá consultar Pinheiro (2021) e também Pinheiro, Pellegrini e Varejão (2023).

[6] Muitos dos avanços tecnológicos se apresentam como novas e poderosas extensões dos sentidos, a exemplo do próprio J. Webb, da microscopia e da computação, agora quântica.

[7] O texto-fonte, por ser a impressão de um arquivo .pdf, não dispõe de numeração; todavia, a citação foi extraída da p. 5 do capítulo “Considerações Finais”.

[8] 1694 – 1778.

[9] Por isto as citações e as referências para as leituras complementares.

[10] O exemplo utilizado pelos autores é o caso dos remédios (ineficazes) e o das vacinas; os primeiros porque aplicados aos familiares e, o segundo, porque negado, sobretudo aos menores. 

[11] Realidade que, diga-se, não é nova, pois já constatada no período e nos eventos estudados por Colussi (op. cit.).

[12] Por evidente que “o romântico” também é considerado como um pesquisador, porém não comprometido com o que, neste texto, foi destacado como características e elementos que configuram a mentalidade do pesquisador.

[13] Afirmativa que, de sorte, estatisticamente não pode ser corroborada ou contestada em razão da absoluta falta de levantamentos e informações sistematizadas. É nesse espaço, de vacuidade e de desinformação, que os eventos pontuais são alavancados pelos incautos ao status de reconhecimento como “verdades” generalizadas.  

[14] Que, por opção, ora não são citados, mas que podem facilmente ser encontrados nos blogs, sites e periódicos maçônicos.