“Nossa aposta: convencer que a ferramenta maçônica continua moderna e eficaz.” G.A.
O Sr. Acaba de ser reeleito. Qual é sua prioridade?
O maçom como eu, aquele do século XXI, permanece vigilante em relação ao meio-ambiente, no sentido amplo do termo, humano, material e espiritual. Eu coloco em destaque a dignidade humana e tudo o que dela depende. Não se podem privilegiar sistemas, sacrificando os indivíduos. O dinheiro e apenas um meio para o conforto e dignidade, e não um fim. Devemos, portanto, viver nossa vida, simplesmente, com uma possibilidade de escolha que nos permita nos alegrar e nos expressar; e em uma segurança que seja a maior possível, sem negar o perigo, assim como a fragilidade de nossa terra. E imaginamos que se possa reunir o conjunto dessas exigências no conceito político que é o do secularismo, se queremos reconduzi-lo aos seus fundamentos de solidariedade social que guiaram o pensamento dos seus criadores no final do século XIX. Entre nós, encontramos todas as origens, todas as religiões ou não-religiões, todos os pensamentos políticos, exceto os extremos, todas as riquezas e pobrezas, tudo o que constitui a diversidade dos homens e mulheres de uma sociedade humana.
Os maçons terão um papel a desempenhar na Europa?
O projeto europeu, na imaginação de seus fundadores, entre os quais Jean Monnet e René Cassin está em linha direta com uma construção humana de reunificação e de solidariedade entre os Estados. A dinâmica é sufocante, os dois termos, reunificação e solidariedade são fundidos nas exigências, senão na ditadura da “financeirização” das economias. Em um primeiro momento, tentamos responsabilizar, depois unir as obediências maçônicas europeias. Quando escrevo “nós”, trata-se de um pronome belga, italiano, português, espanhol, grego, romano ou francês. Infelizmente, nem alemão nem inglês, dois países onde a maçonaria se fechou em um esoterismo em que a prática do ritual se contrapõe a toda tomada de posição “política”. E, assim, a ação dos maçons na Europa, hoje, reduz-se à intenção que não representa inação.
Os jovens se filiam às lojas?
Sim. Suficientemente? Não! E por que? O engajamento maçônico é de tempo, e também financeiro, porque desejamos ser independentes. E nestes dois domínios, os jovens estão em desvantagem. A problemática é, portanto, complexa que necessita uma verdadeira reflexão para fazer os mais jovens entre nós sejam promovidos a postos de responsabilidade, e que não fique somente no plano teórico. Isso quer dizer que os podemos convencer de que a ferramenta maçônica continua moderna e eficaz? Que a cultura maçônica é uma alternativa crível às outras correntes de pensamento? É ali que reside a aposta e o desafio da sobrevivência de nossa instituição, na responsabilidade e no engajamento com que nós a faremos vivificar.
“Revista História – Publicada na França- Abril 2012 – http://numerique.historia.fr/ Tradução José Filardo)
