Bibliotecário

Um dos melhores, se não o melhor texto sobre o Grau Rosacruz na Maçonaria que li nos últimos anos.

Esse grau é o nec plus ultra na Maçonaria, ou seja, é o objetivo a ser atingido na senda maçônica. Nada mais existe além dele, a não ser graus destinados a suprir a vaidade e o gosto por medalhas, colares e honrarias. No REAA corresponde ao Grau 18 e no Rito Moderno, ao Grau 7; por seu conteúdo, ele corresponde ao Real Arco inglês.

Pierre Mollier é, sem dúvida, um dos mais importantes autores e nos presenteia com essa jóia.

O Grau Maçônico Rosacruz e o Cristianismo: Desafio e Poderes dos Símbolos

Tradução J. Filardo

Por Pierre Mollier[1]

Joia do grau Rosacruz, por volta de 1840. Museu da Maçonaria (coleção GODF).

 As tradições esotéricas tomam emprestada a linguagem simbólica, pela qual codificam seus ensinamentos e práticas, do emblemático e alegórico sobre o fundo comum da cultura em que se desenvolveram. Este fundo cultural também tem ligações estreitas com tradições religiosas que, por uma questão de conveniência, descreveremos como exotéricas. Assim, um mesmo símbolo dará origem a dois discursos de natureza diferente. Embora esses dois pontos de vista estejam longe de ser inconciliáveis em teoria, acontece, no entanto, que o contexto de eventos religiosos ou políticos cria uma tensão entre essas perspectivas. Além disso, o “concordismo”[2] implicado pela sensibilidade esotérica muitas vezes entra em conflito com o monopólio que as religiões reivindicam em seu espaço social. Pode-se lembrar, por exemplo, a hostilidade que a tradição sufista muitas vezes suscitou por parte das autoridades políticas e religiosas do mundo islâmico. Nos países latinos, as relações entre a Igreja Católica e a Maçonaria nunca foram tranquilas. Assim, interpretações simbólicas situadas em planos diferentes são lidas em termos de conflito. O símbolo torna-se um desafio, a validade da interpretação assinala a legitimidade da instituição. O grau de Rosacruz praticado pelo Maçonaria latina faz parte dessa problemática. Tomando emprestada sua temática do suplício de Jesus, o simbolismo que se implementa dará origem a infinitas glosas. Esse conflito de interpretações foi profundamente marcado pela difícil relação entre as duas instituições sociais, a Maçonaria e a Igreja. Esta crônica é sobre questões espirituais… mas também políticas que se desdobram no obscuro e central reino da Hermética.

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O Grau Maçônico Rosacruz e o Cristianismo