José Filardo M⸫M⸫
Confesso que meus recentes estudos sobre Maçonaria deixaram-me perplexo. Não que eu ignorasse completamente o assunto, pelo contrário, por quarenta anos busquei entender o seu funcionamento, suas origens, seus métodos pedagógicos condensados nos rituais e no sistema de graus.
Cabeça dura que sou, recusei-me sempre a ingressar nos Altos Graus, tanto do R.E.A.A quando do Rito Moderno, por achar que a Maçonaria se esgotava no grau de Mestre, chegando a repetir inúmeras vezes que “quem não entendeu o que é Maçonaria ao chegar ao grau de Mestre, pode desistir.” Que idiota!
Tive que morder a língua e dar o braço a torcer. Depois de 35 anos no grau de Mestre, descobri que era totalmente ignorante sobre a Ordem. Descobri que o “segredo” da Maçonaria existe e é revelado progressivamente nos Altos Graus, sendo necessário percorrer toda a série de graus para ter uma ideia do que é Maçonaria, o que de certa forma é frustrante, diante das garantias de exercício pleno dos direitos e deveres do maçom ao atingir o grau de Mestre.
Por outros caminhos consegui vislumbrar uma parte do segredo, e estou certo de existem muitos outros que em minha santa ignorância eu negava a existência.
Descobri também a razão pela qual a crença no princípio criador, que chamamos GADU é essencial para o maçom, o que colocou-me em uma camisa de onze varas, pois ao longo da vida, mesmo depois de ingressar na ordem, ignorando o que agora descobri, perdi completamente a fé em um ser divino. Tornei-me ateu e com base em meus estudos, constatei que o ateísmo não é realmente impedimento para o ingresso na Maçonaria, mas o ateu somente vivenciará uma pequena parte da Maçonaria, aquela da fraternidade, do networking, da sociabilidade, mas, ele jamais será realmente um maçom completo. Falo daquele ateu raiz, que realmente não acredita no plano sobrenatural, nem deus nem orixá, nem caboclo, nem satã, nem nirvana, nem ganesha, nem céu, nem daime, nada.
Eu poderia, se quisesse, ingressar nos Altos Graus. Nada me impede. Mas não vejo sentido nisso, à luz de meus achados das pesquisas e principalmente meu estado atual de ateísmo.
Penso que hoje em dia o segredo deveria ser revelado ainda que resumidamente quando do ingresso no grau de Mestre, para que o obreiro pudesse encaminhar-se para o grande objetivo. O homem contemporâneo perdeu a capacidade e a sensibilidade da análise do símbolo e não reage muito bem à sutil pedagogia dos rituais maçônicos.
Mesmo assim, gostaria de ajudar os irmãos mestres e, para tanto, estou publicando em nosso blogue algumas matérias que abordam o tipo de conhecimento exigido para desenvolver a sensibilidade necessária, tanto para compreender o ritual quanto compreender e desfrutar o segredo maçônico em sua plenitude.
O texto que gostaria de apresentar aborda a Alquimia, uma das principais disciplinas que juntamente com o Rosacrucianismo, a Cabala Cristã e o Hermetismo são essenciais para a fruição da condição de maçom.
O texto é bastante completo, relativamente claro (o que é difícil nesses campos) e certamente será apreciado.
Quem tiver interesse pode acessar o texto clicando em ALQUIMIA ESPIRITUAL
Pessoalmente, não me considero um perfeito cristão, pois pouco sei sobre a Bíblia, novo e velho testamento, a não ser o que aprendi estudando os Altos Graus, onde as informações fluem de forma prática e exemplificada, ao longo dos milênios.
Também confesso que os Altos Graus me surpreenderam, já que tive Presidentes de Loja de Perfeição, Capítulo, Kadosch e Consistório com conhecimentos incríveis e que dissertavam sobre as matérias com incrível facilidade e competência!
Já os integrantes do meu antigo Supremo Conselho do REAA (São Cristóvão) transpareciam nunca terem estudado os Altos Graus, pois se perdiam na soberba, na arrogância e no absolutismo anacrônico, incentivador de bajuladores e aprendizes monárquicos, principal desmotivador da sequência presencial em suas Câmaras, pós atingirem o Grau 33!
Ainda assim, meus Irmãos, sou um incentivador da continuidade nos Altos Graus, onde vejo a aplicação dos conhecimentos adquiridos, muito mais voltados à sociedade humana do que o próprio Simbolismo, mais interno à Ordem e ao maçom. Muito do que vivenciamos hoje, já se vivia séculos passados e dificuldades ainda existentes, são decorrentes de lições não aprendidas ou não repassadas às novas gerações.
As incríveis mudanças que tenho assistido se desenvolvem no Supremo Conselho do REAA de São Paulo, refundado em decorrência da “expulsão” dos Irmãos do Grande Oriente de São Paulo, pelo SCREAA de São Cristóvão, depois da saída da antiga federação GOB, em 09/2018.
Toda sua estrutura foi calcada segundo o Supremo Conselho REAA de Charleston – EUA, considerado Mãe do Rito. A diferença principal é que o nosso não há perpetuidade no poder, já que todos os cargos são ocupados por maçons de elevado saber, eleitos pelos seus pares, conforme o Estatuto vigente. Eliminou-se o absolutismo, o monarquismo e a arrogância dos ocupantes dos elevados cargos, ressaltando-se a fraternidade e a capacidade maçônica, pessoal e profissional dos Irmãos para dirigirem tantos líderes sociais!
Parabéns, meu querido Irmão ZéFilardo, o Apóstata, pelo seu descobrimento e espero que seu incentivo seja suficiente para que muitos Irmãos se dediquem aos Altos Graus, independentemente de qual Supremo Conselho escolher cursar.
Abraços!
R. Mecca
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Salve Brother Mecca,
Espero que sim, mas penso que deveria haver mais proatividade do Supremo Conselho, na divulgação junto ao Simbolismo. E todo cuidado em oferecer uma experiência significativa.
Back in the day, eu ingressei no “Atila de Melo Xeriff”, quando era membro da GLESP. Há até um episódio humoristico na minha ” Iniciação”.
Recebi instruções para comparecer um determinado dia em uma loja no Bom Retiro e lá procurar o Irmão Bordalo Perfeito. Ora, com esse nome, só podia ser um cargo na loja. 🙂
Lá chegando, descubro que Bordalo Perfeito era, realmente, o nome do Irmão que coordenava o ingresso no quarto grau! 🙂 🙂 🙂
Tive que me conter para não dar uma gargalhada..
Enfim. Foi conduzida uma reunião insípida para dezenas de irmãos em uma loja apinhada até o gargalo, o que se repetiu pelos próximo seis graus. Cheguei ao grau nove sem aprender lhufas e, assim, deixei minha carreira nos Altos Degraus.
Sei que não perdi grande coisa.
Continuei meus estudos nos trinta anos seguintes, bebendo de diferentes fontes e, hoje, considero-me suficientemente satisfeito.
É claro, perdi uma grande oportunidade que é o aspecto emocional profundamente esclarecedor da vivência dos Altos Graus, que representa a maior parte da pedagogia maçônica.
O grande obstáculo em minha carreira permanece sendo o ateísmo e uma certa dificuldade no departamento emocional. Ou Apostasia, como chamava o saudoso Irmão Paulo de Tarso Liberalesso ( bibliot3ca.com/paulo-de-tarso-liberalesso/ ).
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Minha sugestão, caso queira retornar aos Altos Graus, analise o site abaixo…
https://supremoconselhoreaa.org/
Acredito que você ficará entusiasmado!
Grande abraço!
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Vou visitar o site.
Mas, de acordo com minhas conclusões recentes, continua a faltar-me a condição primeira para realmente desfrutar do aprendizado proporcionado pelos Altos Graus: uma crença.
Minha abordagem será sempre intelectual ─ de historiador mais que outra coisa ─ que tem sido minha vidinha sem graça (pun intended).
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