Tradução José Filardo

Por Arnaldo MA Gonçalves **

Introdução

Segundo uma definição do século XIX, a Maçonaria é um sistema peculiar de moralidade, velado com alegorias e ilustrado por símbolos (Graeter, 2011). A palavra ‘Cabala’ vem do hebraico ‘KBL’ e significa ‘receber’ ou ‘aquilo que foi recebido’ (Matt, 1983, p. 1). Refere-se a uma tradição muito antiga, a uma sabedoria milenar alimentada e desenvolvida no passado, mantida durante séculos exclusiva de um pequeno círculo de seguidores e discípulos. A Maçonaria desenvolveu-se no sistema cultural ocidental, nomeadamente na cultura anglófona. A Inglaterra tem uma cultura marcada por uma dimensão cristã explícita e valores éticos e morais próprios. O cristianismo favorece a intimidade, o ritualismo adequado e se caracteriza pelo respeito e pela sobriedade.

 Alguns autores insistem em associar a Maçonaria aos mistérios egípcios (Jacq, 1990; Leadbeater, 1926). Leadbeater observa que a Maçonaria é um descendente direto dos Mistérios do Egito, e seu propósito é servir como um portal para os verdadeiros mistérios da Arte Branca (p. 9). No entanto, isso soa fantástico e excessivamente imaginativo, e a maioria dos autores e historiadores acredita que as alegorias usadas pela Arte são inspiradas nos mitos e fábulas da Torá, comumente conhecida como Antigo Testamento.

 Os símbolos utilizados pela Maçonaria, no material de orientação e demonstração, são os dos instrumentos de construção utilizados pelos pedreiros da época medieval: a colher de pedreiro, a fôrma e o esquadro. Esses pedreiros operativos eram os artesãos que construíram catedrais, igrejas, fortificações e casas para a aristocracia britânica quando a madeira foi substituída pela pedra como material de construção. Nas linhas seguintes, pretendemos examinar as possíveis conexões entre o Craft e a Cabala, assunto normalmente incluído na literatura do fantástico, mas pouco pesquisado e debatido na Academia.