Marco Piva, M.’. I.’.
GOB/SC

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Esse não é um bordão político, descansem. É um bordão maçônico, de quem é filiado ao GOB. Acabamos de ver a publicação do decreto 1.687 de 14/02/2019, que estabelece que as Lojas devam ter sessões semanais, se tiverem mandatos de 1 ano, ou quinzenais, se adotarem mandatos de 2 anos.

Com todos os motivos declarados nas considerações do decreto, o que os dirigentes maçônicos, mais uma vez comprovam é a falta de visão, a insensatez dos autoritários e a estupidez dos vaidosos.  São aqueles que brigam pelos malditos paramentos que estampam vaidade e arrogância, e nos separam a cada 5 ou 10, 20 anos. Cada vez em tempo menor, o GOB principalmente, mas todas as Obediências acabam se dividindo, expulsando, enxotando irmãos com essas atitudes desequilibradas.

O autoritarismo é tanto que, além de determinar a roupa com que devemos ir na Loja, numa prova de intervenção na vida pessoal das pessoas, pois não estamos no exército onde se tenha que usar um uniforme, mas sim em uma associação, onde a vestimenta, por tradição, usos e costumes, é um avental de operário, nos faz, ridiculamente usar ternos pretos de agentes funerários ou garçons de cantinas, com todo o respeito aos profissionais que exercem esses trabalhos, que pedem aquele uniforme, agora querem determinar que dia e quantas vezes o maçom deva ir na Loja.

Inaceitável! O GOB não pode determinar que maçons livres se reúnam um determinado numero de vezes, além do já previsto no RGF, uma vez ao mês, o que já é abusivo, posto que a maçonaria, por usos e costumes, na tradição inglesa da GLUI, a “mãe” da franquia, como é sempre mencionada quando há interesse, exige uma sessão a cada solstício, no mínimo, ou seja, duas sessões por ano. Muitas Lojas inglesas se reúnem a cada seis meses, para quem não sabe.

Muito bem, agora, exigir que se mudem os estatutos e as Lojas mensais, e são muitas, principalmente as Acadêmicas ou Universitárias, e passem a ter reuniões mensais ou quinzenais, por decreto, é o mais próximo que chegamos da ditadura da Maçonaria, sinais esses que temos visto há algum tempo, principalmente na ultima administração.

Agora, a esperança vai por água abaixo com a administração que ganhou a eleição do vento, derrubando a concorrência em tribunais profanos por questões jurídicas, faltando ao senso democrático da disputa. Na verdade, sabem que perderiam.

Mas, independente disso, me pergunto, onde estão e qual a finalidade dos deputados federais? Esse projeto não deveria ter sido enviado à PAFL para análise e discussão ao invés de ser decretado unilateralmente por um Grão-Mestre e sua equipe porque acham que não há preparo dos maçons nas Lojas mensais?

Os maçons não têm preparo em 90% das Lojas brasileiras caríssimos. Vão nas sessões para orar e comer e beber, todas as semanas com esse mesmo propósito.  Substituem a sua religião por umas voltinhas na Bíblia e não sabem o Cobridor do grau anterior, mesmo tendo sessões todas as semanas, o que não garante suas presenças nas reuniões. Preparar ou não os obreiros, principalmente Aprendizes e Companheiros vai da capacidade e método da Loja, não das reuniões constantes. Vai do planejamento e execução da tarefa dos Mestres.

Garanto que os Aprendizes de nossa Loja sabem mais que muitos Mestres de mais de dez anos de Loja espalhados por esse país, de qualquer Obediência. É um desafio que proponho a quem quiser.

Os Aprendizes realizam trabalhos acadêmicos, não copiados da internet como a maioria faz, no formato ABNT, com pesquisas, e são 14 trabalhos, um questionário com perguntas para responderem por escrito, um resumo (redação) do grau. Há encontros fora de Loja (sessão mensal) para instruções e acompanhamento pelos Vigilantes ou mestres designados.

Faz-se telhamento do ritual todo, das instruções do grau e sobre conhecimentos gerais da Maçonaria.

Tudo depende da Loja, não da frequência, repito. Poderíamos ir todas as semanas e nos reunirmos 3 dessas para um convescote de gastronomia e piadas, jogos, diversões e ninguém iria poder dizer nada, a reunião estaria sendo realizada.

Não faremos isso porque somos responsáveis, temos professores e estudantes na Loja e a necessidade de mais uma ou três sessões mensais é algo que cada loja deve determinar.

O que o GOB pode fazer é, através de seus secretários e dos estaduais, que geralmente não fazem nada, a não ser participar de festividades, fiscalizarem o desenvolvimento do ritual e do aprendizado. Um relatório de cada irmão Aprendiz e Companheiro de sua jurisdição para acompanhar e saber a quantas anda cada um deles. Ah, mas aí é muito trabalho para as “autoridades”, não é?

Começamos a entender a decisão do GOSP de 2018, das Obediências que saíram em 73 e até mesmo a de 1927 que trouxe, por um lado, enorme atraso na Maçonaria brasileira, por deturpar o REAA, sendo copiado nisso pelo GOB posteriormente e pela COMAB, dividindo a eventual força político-social que teríamos, mas, por questão de autoritarismo e política de grupos, o GOB soube destruir a hegemonia maçônica que tinha em nosso território. Está no DNA dos dirigentes do GOB esse autoritarismo, essa compulsão em intervir na liberdade do maçom

Lamento por isso. Tenho 39 anos de Maçonaria, sendo 34 deles no GOB onde fundei e iniciei trabalhos de metodologia de ensino em 3 Lojas, pelo menos, e tenho respeito e amor por esse estandarte. Mas vejo que chega a hora de deixar de lado o aspecto sentimental e ser prático, objetivo, racional, como nos ensina o rito Moderno e partir para outra. Outra situação, não sei se melhor, isso pertence ao futuro, mas aqui no GOB não serei feliz com esses homens que o dirigem e não que eu seja covarde para enfrenta-los no campo das ideias,  mas, sozinho, a luta seria inglória porque os maçons se acomodam e aceitam tudo e,  geralmente, os inconformados, como eu, que usam de franqueza e contestam, são relegados a meros chatos ou inconvenientes. Então, os incomodados que se mudem.