Por Heitor Genta 33.’.

A Grande Cisão de 1927, ou a criação das Grandes Lojas

“Enquanto o ambiente político nacional estava agitado, no início da década de 20, diante da nova eleição presidencial e dos episódios que, supostamente, envolviam o candidato Arthur Bernardes, a situação do Grande Oriente do Brasil também não era tranquila, pois iniciava a década com uma nova cisão, provocada por uma eleição fraudulenta.

Com a morte, a 28 de janeiro de 1921, do Grão-Mestre Adjunto Irm.’. Luiz Soares Horta Barbosa, realizaram-se novas eleições, a 25 de abril daquele ano, para o preenchimento do cargo vago, quando se apresentaram duas candidaturas: a de Mário Marinho de Carvalho Behring e a do general José Maria Moreira Guimarães. Com o apoio de São Paulo, o general Moreira Guimarães obteve a maioria dos votos (2.770 contra 2.124 dados a Behring). Manipulando, todavia, os dados, a junta apuradora anulou votos de ambos os lados, mas principalmente os do general, de tal maneira que Mário Behring acabaria sendo eleito com 1.410 votos.

Isso acabaria provocando a reação do Gr.’. Or.’. de São Paulo, dirigido, desde 1920, pelo jurista e político José Adriano Marrey Júnior. No dia 29 de julho de 1921 atendendo uma convocação do Grão-Mestre Irm.’. Marrey Júnior, representantes de 51 (cinquenta e uma) Lojas participaram de uma reunião, na qual se tratou do desligamento desse Gr.’. Or.’. do Poder Central, sob a alegação de não terem sido computados os votos de São Paulo nas eleições suplementares para Grão-Mestre Adjunto do Gr.’. Or.’. do Brasil.

Dos cinquenta e um representantes, somente o Venº’. da Loja “Piratininga” votou contra e justificou o seu voto, por não se ter recorrido primeiro ás leis existentes para esse fim. Em Sessão da Loja, a 1º. de agosto, o V.’. M.’. expôs a ocorrência e recebeu a aprovação unânime dos OObr.’. tendo, tal resolução sido ratificada em Sessão especial realizada no dia 15 de agosto. O Gr.’. Or.’. do Brasil, reagindo a essa brusca separação, declara extinto o Gr.’. Or.’. Estadual de São Paulo, pelo decreto no. 694, de 27 de outubro de 1921, criando, posteriormente, a Gr.’. Loj.’. Simb.’. de São Paulo. Esses acontecimentos iriam acabar matando um ideal que surgira, em 1921, com a fundação da Resp.’. Loj.’. de Perfeição “Segredo”, no Or.’. do Poder Central, no Rio de Janeiro, por Maçons da estirpe de um Everardo Dias (da Loja “Ordem e Progresso”, de São Paulo). e de um Otaviano Bastos. A Loja foi Instalada com o fim exclusivo de difundir, em todas as Lojas da Federação, através de uma doutrinação continuada e persistente, os conhecimentos indispensáveis a cada Maçom, tais como regularidade, Ritos, usos e costumes, jurisprudência, simbologia e liturgia, alicerces e princípios imutáveis para se forjar um Maçom integral. Foi a iniciativa pioneira no terreno cultural, mas seus trabalhos foram impedidos pelas dissensões surgidas, tendo, Otaviano Bastos, estratificado o programa da Loja em sua obra “Pequena Enciclopédia Maçônica”.

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