J.Filardo
Em Maçonaria, apesar de nos ser dito que atingimos nosso objetivo ao nos tornarmos Mestres Maçons, descobrimos que isso não corresponde realmente à realidade dos fatos. O que se atinge é a plenitude dos direitos maçônicos em nível de loja.
O que conseguimos ao colar o grau de Mestre é a capacidade de prosseguir nos Altos Graus de Maçonaria, onde é possível apreender o famoso segredo maçônico. O simbolismo é reservado àqueles irmãos que se contentam com os aspectos exotéricos da Ordem, ou seja, a sociabilidade, a rotina e o networking.
É importante notar que o Simbolismo e os sistemas de Altos Graus são duas organizações independentes entre si, mas complementares. O maçom, porém, só pode ingressar nos altos graus se for Mestre Maçom no simbolismo. Há sempre uma promessa de mais conhecimentos e novas experiências no grau seguinte.
Na prática, o simbolismo funciona como criador de “clientes” para os graus superiores. As lojas procuram acelerar a diplomação de Mestres Maçons para que estes ingressem na pipeline de potenciais maçons de alto grau.
Um caso interessante é o das Grandes Lojas Estaduais no Brasil. Em 1927, Mario Behring perdeu a eleição para Grão Mestre do GOB e inconformado, ele criou um caso internacional relacionado com os Graus Superiores e fundou o seu próprio Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito. Mas, o GOB continuou com o antigo Supremo Conselho (ainda que tenha sido obrigado a renunciar à acumulação de cargos de Grão Mestre e Supremo Comendador) e os irmãos do GOB não migraram para o novo Supremo do Mario Behring. Diante disso, ele precisou fundar as Grandes Lojas estaduais para ter “clientes” de seu Supremo Conselho.
Os escocistas têm 30 graus acima do Simbolismo: Os Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito sendo o mais importante deles o Grau 18 – Cavaleiro Rosacruz.
Os liberais têm 6 graus acima do Simbolismo: Os Graus do Rito Moderno (versão Amiable) e o mais importante é o grau 7 – Cavaleiro Rosacruz.
Os anglo saxões têm 3 níveis ou degraus além do Craft, com uma série de opções laterais:
O sistema inglês permite que o maçom siga uma trajetória pessoal, escolhendo as ordens que melhor lhe apelem ao coração. Há muitas combinações. Algumas possibilidades:
Sendo o Arco Real, ou Real Arco um grau Capitular correspondente ao grau capitular de Cavaleiro Rosacruz dos outros sistemas. O que quero dizer é que no fundo, os graus de cavaleiro Rosacruz e o Arco Real compartilham a mesma lenda da busca da palavra perdida.
Meus estudos levaram-me a teorizar que a Maçonaria é a materialização da Ordem Rosacruz descrita nos manifestos publicados no início do século XVII. Nesses manifestos descreve-se uma ordem invisível, quer dizer, secreta profundamente influenciada e composta por elementos da alquimia, da Cabala e do Hermeticismo desenvolvidos no Renascimento e transplantados para a Escócia.
Dessa forma, temos o Rosacrucianismo como o Alfa e o Ômega da Maçonaria, um perfeito Ourobouros. O Caminho do Maçom percorre toda a árvore sefirótica através de transmutações pessoais ocorridas em loja até atingir o Aif Sof representado pela Palavra Perdida.
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Infelizmente, este blog perdeu a credibilidade, para mim, ao expor uma informação incorreta, conforme a boa historiografia:
“…Um caso interessante é o das Grandes Lojas Estaduais no Brasil. Em 1927, Mario Behring perdeu a eleição para Grão Mestre do GOB e inconformado, ele criou um caso internacional relacionado com os Graus Superiores e fundou o seu próprio Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito. Mas, o GOB continuou com o antigo Supremo Conselho …”.
A realidade é, exatamente, oposta a isso, conforme bem demonstrou Kennyo Ismail: https://www.noesquadro.com.br/wp-content/uploads/2020/11/ENCARANDO-OS-FATOS-Kennyo-Ismail-1.pdf .
A verdade científica é única e verificável.
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Brother Paulo,
Certamente, você é membro de uma Grande Loja Estadual e se revolta com a origem um pouco menos “tradicional” das Grandes Lojas ou com minha descrição do simbolismo como mera pipeline para os Supremos Conselhos que giram milhões por ano com sua “autoridade” sobre o Rito Escocês. Ou se revolta com a origem do seu Supremo Conselho?
Ou se escandaliza com a revelação dos bastidores sempre embaraçosos das crises maçônicas em que o aspecto material, da grana que rola nessa estrutura de Grandes Lojas, Grandes Orientes e Supremos Conselhos?
Só para ficar claro, eu sou absolutamente contra esses órgãos de supervisão e poder sobre as lojas. As lojas são soberanas e não precisam de Grandes Lojas ou Grandes Orientes ou Supremos Conselhos.
De toda forma, a cisão de 1927 é uma vergonha para toda a maçonaria brasileira.
Mas, como ficamos?
De um lado temos Castellani, autor consagrado que conta essa história. Junto com ele temos o William de Carvalho, historiador respeitável e temos também o Kennyo que também é muito respeitado, mas que no caso do artigo citado (que vou publicar imediatamente) ele se preocupa com a questão da Legitimidade do Supremo conselho, o que não me interessa porque penso que todos os supremos conselhos são ilegítimos
.
Eu poderia ter entrado em detalhes com relação à responsabilidade do GM Octavio Kelly e a crise toda deflagrada pelo Irmão Mario Behring que não se conformou em ser derrotado na eleição. Este, aproveitando a orientação internacional da Conferência de Lausanne relativa a Supremos Conselhos, levantou a ilegalidade da acumulação dos cargos de GM e Grande Comendador pelo GM do GOB em uma potência mista.
Mas, do ponto de vista “legal”, Mario Behring estava coberto de razão. Realmente, a acumulação de cargos era ilegal e ele promoveu a criação de um novo supremo, o atual Supremo do Mansur, sendo que o GOB manteve sua fidelidade ao Supremo de Vulcano.
O assunto é igualmente bem abordado em https://bibliot3ca.com/o-que-aconteceu-na-maconaria-brasileira-em-1927/ e em https://bibliot3ca.com/pequena-historia-da-maconaria-no-brasil-william-almeida-de-carvalho/ e em https://bibliot3ca.com/historia-da-cisao-de-1927-criacao-da-glmesp/
Por isso, eu contesto tua alegação de que falta credibilidade ao blog e maior credibilidade do Kennyo.
Da discussão nasce a sabedoria.
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