Por Francisco C. L. Pucci

A expressão Graus Filosóficos já se tornou corrente na Maçonaria – usa-se em contraposição a Graus Simbólicos.
Conquanto já faça parte dos nossos usos e costumes, inclusive sendo útil para diferenciar os graus anteriores dos posteriores criados na história dos Ritos, estas expressões objectivam conceitos extremamente inadequados que nos servem de paradigmas inconscientes.
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Irmão Zehfilardo, agradeço-lhe amplamente o vosso comentário.E como sempre, com sua retórica exemplar.Confesso que ainda estou na fase dos “quarenta anos negando isso” ( os Altos Graus!), Embora esteja “apenas na metade do tempo dos quarenta,rsrs.Por que digo-lhe mano, sempre acreditei em “algo” sempre teria algo mesmo que minimo, dentro de casa grau simbólico,e via estarrecido,a pressa dentro de loja,em se “fazer” novos mestres,mas como…pensava com meus botões! Como se os progressos dentro da maçonaria ainda não foram alcançados?…progressos ao mínimo,mínimos!!!!o que nos remeterá fatalmente a um outro assunto!Mas o que quero finalmente dizer,meu irmão,é que graças aos seus textos, indicações, explanações,acredito que os “vinte anos de negação” para os Altos Graus, estejam mais curtos.Deveras,agradeço-lhe.
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Bravo! Durante um bom tempo eu andei pensativo sobre isso, se eu sou um iniciado,se eu fui se eu sou se eu estou se eu pratico se eu me dispus a “estudar” analisar, imaginar os assuntos dedicados a cada grau a partir do aprendiz….isso é um pensamento filosófico,ou em minha ignorância, ao menos um princípio, uma postura, um prática filosófica.Ai ficava observando outros irmãos, dizendo,ahhh estou fazendo os graus filosóficos!!! Uhmmmm e eu? E os outros o que deveras fazemos ?….
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Brother Marcio,
Era o que eu pensava também, antes de estudar profundamente a história da Maçonaria Especulativa, que não é nada disso que nos ensinam (como toda a história em geral).
Não foram os ingleses que criaram a Maçonaria (Especulativa). O que eles inventaram foi a figura da Grande Loja como órgão controlador e autorizador de lojas maçônicas. Eles se apropriaram indevidamente de uma invenção de outrem, fizeram algumas modificações ─ inteligentes e muito revolucionárias, é verdade ─ inventando, uma Maçonaria sem deus, instruída pelo pensamento do Iluminismo, que cultivava a religião natural (veja o Artigo Primeiro das Constituições de Anderson), onde se afirma que ” seguir a religião com a qual todos os homens concordam, isto é, ser homens bons e verdadeiros, ou homens de honra e probidade, quaisquer que sejam as denominações ou confissões que ajudam a diferenciá-los”.
No final, os ingleses da GL 1717 tiveram que engolir o sapo e alterar esse Artigo Primeiro, quando os maçons Antigos (principalmente irlandeses) que praticavam a maçonaria especulativa tradicional escocesa fundaram uma Grande Loja rival, acusavam os primeiros de não praticar maçonaria em suas lojas. O que eles queriam dizer com “não praticavam maçonaria”? Essa é a pergunta a ser respondida.
Você já se perguntou quantos segredos você aprendeu em sua vida maçônica? Qual é o segredo ou segredos que você jurou (se do REAA) ou se comprometeu (Rito Moderno) a guardar?
Vai ver que são segredos de polichinelo abertamente revelados, desde sempre (antigamente em livros chamados exposições e atualmente na internet). Isso porque os segredos somente serão revelados nos Altos Graus, embora muitos percorram toda a série e não conseguem entender. Mas eles estão lá para bom entendedor, o que não acontece no simbolismo, onde todos aceitam, por exemplo, a interpretação da Lenda do Terceiro Grau contida no ritual e nem sequer cogitam de analisar o conteúdo “fora da caixa”.
O grau de Mestre (como já disse, o único inicialmente existente) é considerado, na realidade, o primeiro grau da maçonaria especulativa, por já conter ensinamentos esotéricos que serão desenvolvidos nos Altos Graus.
Em 1812, pressionados pelas vitórias de Napoleão, o Regente inglês exigiu que as duas Grandes Lojas se fundissem. Nessa fusão a Grande Loja de Londres (de 1717) foi forçada a adotar o ponto de vista dos Antigos e a partir daí a Maçonaria de origem inglesa passou a ser teísta como eram os maçons tradicionais de matriz católica.
No correr do século XIX o craft inglês passou por uma evolução em que adotou o Princípio Criador conhecido como GADU e passou a ser deísta. Os ingleses adotaram o Real Arco (irlandês) onde já se tem um vislumbre da Arte Real. Criaram também “graus laterais, o nome que dão aos Altos Graus que continuaram a ser teístas.
Mas, as lojas dos graus simbólicos não conservaram as práticas ou a pedagogia tradicional e acabaram por se transformar em uma etapa por que deve passar o maçom até que ele aprenda, ou entenda, ou pratique a maçonaria especulativa como ela foi concebida na Escócia no século XVII. Isso mesmo, Século XVII e não XVIII como querem os ingleses.
Mas naquele mesmo Artigo Primeiro Anderson também diz “se conhecer bem a Arte, nunca será um ateu estúpido ou libertino irreligioso…” É preciso entender o que é essa Arte de que ele fala. O que é essa Arte Real?
A maçonaria simbólica é como se fosse um treinamento com conteúdo filosófico, uma espécie de “maçonaria exotérica” que servirá de filtro para identificar os maçons dispostos a desenvolver integralmente suas potencialidades . Não estou dizendo que todas as lojas ou potências ou ritos não proporcionam o conhecimento da Arte Real, essa experiência, principalmente por eu não ter acesso a todo o universo maçônico de lojas e ritos. Por exemplo, não sei como o Rito de Schroeder transmite os conhecimentos, vez que não têm Altos Graus.
O que posso dizer que não conheço um maçom que tenha ficado somente no simbolismo (grau de Mestre), que tenha conhecimento das práticas maçônicas especulativas originais. Todos se limitam a “cavar masmorras ao vício e erguer templos às virtudes”, algo que nunca entendi, principalmente por que vejo muitos irmãos fumando na sala dos PP 🙂 . Mas entendi o que quer dizer “fazer progressos em maçonaria” graças ao Laurence Dermott.
Essas práticas originais dos escoceses especulativos foram transformadas no objeto dos Graus Filosóficos pelos franceses que acolheram a loja da corte do rei James Stuart em St. Germain de Laye e retomaram o Rito de Heredom ou de Perfeição dos Mestres Escoceses criando os Altos Graus onde se desenvolve o que se convencionou chamar de Arte Real. Curioso é que os franceses renegam essa origem e preferem dizer que a maçonaria francesa é herdeira do espírito de 1717. Mas no Século XVIII a França era uma usina de produção de graus de maçonaria que eram inventados e vendidos no mercado.
Dessa avalanche de graus maçônicos sobreviveram 81 graus chamados “sublimes” e do Rito de Heredom surgiu o Rito Escocês Antigo e Aceito de 25 graus desenvolvido na França inicialmente, exportado para os Estados Unidos onde foi sistematizado em 30+3 graus simbólicos, retornando à França para se tornar o rito mais difundido na Maçonaria latina.
No nível simbólico, a ênfase fica no aperfeiçoamento pessoal, na fraternidade, no networking, formando a massa ou a tropa comum. Nesse nível, pouco importa se o maçom acredita em alguma coisa ou se é ateu (o que no Rito Moderno nem é perguntado). Mas, se for ateu, jamais conseguirá se realizar como maçom, porque a crença em um principio criador de natureza divina é essencial na Arte Real.
A maçonaria simbólica foi inventada pelos ingleses. A estrutura de graus (A, C e M) e rituais que conhecemos foi inventada por Desagulliers por volta de 1723 com base nas práticas especulativas dos maçons escoceses (jacobitas), mas acabou engessando a pedagogia, tentando ensinar maçonaria especulativa por meio de manual de instruções, o que, pouco a pouco levou ao que vemos atualmente: as lojas abrem e fecham segundo um ritual, os irmãos limitam-se a ler o ritual do grau, sem entender realmente o que está ali.
A maçonaria especulativa, por outro lado, foi inventada pelos escoceses diretamente no grau de Mestre no Século XVII. Não tinha aprendiz, nem companheiro. Aproveitava a noção de segredo dos maçons operativos, porque lhes interessava que suas reuniões fossem secretas. A ordem tinha suas raízes nos Rosacruzes (a mística ordem inventada em 1618 por luteranos rebeldes e que só existia no papel) e agregou judeus cabalistas, alquimistas diversos e nobres escoceses reunidos nessa nova entidade que serviu, efetivamente, de apoio político à dinastia escocesa dos Stuart espalhando-se pela Escócia, Irlanda e um pouco menos pela Inglaterra.
O Rito Francês, que adotou o modelo das Constituições de Anderson (maçonaria sem deus), também criou Altos Graus para os maçons religiosos ou crentes prosseguirem na Arte Real. No final do século XIX, o irmão Roëtiers de Montaleau sistematizou a Maçonaria Francesa e a comissão de graus aprovou sua proposta de concentrar os altos graus em apenas quatro + 3 graus simbólicos, criando a maçonaria dos sete graus que foi adotada no Brasil em 1822. Atualmente os Altos Graus do Rito Moderno são nove ao todo.
Hoje, minha opinião é que os Altos Graus são essenciais para a realização do maçom. Depois de quarenta anos negando essa realidade, estou ingressando no recém-fundado Capítulo Copázio e as Uvas do Rito Moderno e também no Capítulo do Rito de York.
Mas, sendo ateu estúpido somente poderei apreciar os conhecimentos no nível intelectual e não no nível emocional. Vou completar meus estudos maçônicos, mas nunca serei um verdadeiro maçom.
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