tradução: S.K.Jerez

por Ven. Ir. ALAIN BERNHEIM 33°                                           

extraído de: http://www.freemasons-freemasonry.com/bernheim17.html

Para que se tenha a chance de entender por que algo inesperado aconteceu em um local específico, em um horário específico, parece lógico investigar o que aconteceu ali antes e durante esse período em outras partes do mundo e, em seguida, tentar descobrir se pode haver existido algum tipo de relação entre eventos que a princípio não pareciam relacionados entre si. Um médico não faria um diagnóstico antes de investigar o passado de um paciente (anamnese) e um tribunal não passaria uma sentença antes de investigar o passado de qualquer pessoa acusada de um crime grave.

Embora essa abordagem pareça razoável, muitos historiadores maçônicos seguem outra. Começam com uma opinião preconcebida, consideram um fato do qual tiram conclusões e misturam o resultado com algumas frases selecionadas de seus antecessores que usaram o mesmo método, dificilmente mencionando o que quer que tenham tomado emprestado. Tendo preparado assim um coquetel próprio, eles escrevem, chamam de trabalho de pesquisa ou de livro novo e colocam sua assinatura.

Os (altos) graus escoceses foram originários da França? A maioria dos autores maçônicos responde a essa pergunta com um enfático sim, mas estou longe de ter certeza de que eles estão certos. A afirmação parece ter se originado assim: escritores antimaçônicos seguidos por historiadores românticos franceses atribuíram uma origem francesa aos altos graus. Sua afirmação foi repetida de um livro para o outro sem controle. Então, em 1877, o Grande Oriente francês foi excluído da comunidade maçônica por razões bem conhecidas. Em uma situação que opunha uma Maçonaria deviacionista, de língua francesa, a uma respeitadora dos Landmarks, de língua inglesa, mais um pecado não importava muito. Pelo contrário, desde que “a Maçonaria pura e antiga” foi definida como composta apenas por três graus, incluindo o Arco Real, não era inconveniente adotar a opinião de que desde o início – desde a primeira metade do século XVIII – a Maçonaria francesa se desviou da linha pura e antiga.

Por volta da mesma época, nasceu a escola autêntica de pesquisa inglesa. Não se poderia esperar que membros da Loja Quatuor Coronati admitissem uma teoria não comprovada. No entanto, eles fizeram isso desde o início em outros domínios da pesquisa maçônica fundamental, como o das origens da Maçonaria:

Os fundadores da Loja cunharam a frase “escola autêntica ou científica” de pesquisa maçônica, que depois de cem anos levanta a questão de saber se eles cumpriram aquilo a que se propunham. Em seu apetite voraz por procurar evidências, a resposta é sim. No tratamento dessas evidências, penso que a resposta só pode ser um sim muito moderado, particularmente no que tange ao seu trabalho sobre as origens da Maçonaria. Eles examinaram, acharam falta e rejeitaram muitas das teorias mais estranhas de nossa existência e trataram da mesma forma as evidências fornecidas por Anderson. No entanto, eles não examinaram a premissa básica de Anderson de que a Maçonaria se desenvolveu diretamente a partir da maçonaria operativa. Isso eles parecem ter aceitado sem questionar e, como Darwin, passaram muito tempo procurando elos perdidos entre a maçonaria operativa e as evidências que vinham trazendo à luz sobre a maçonaria não operativa. Nisso, eles estavam se comportando de maneira não científica, buscando evidências para provar sua teoria, em vez de buscar evidências e analisá-las para ver o que poderia ser deduzido delas. (John Hamill, AQC 99, 1986, p. 4)

Buscar evidências para provar uma teoria equivale a escolher fatos e resulta em isolar eventos de seu contexto, o que a escola autêntica fez[1] e continua fazendo.

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