J.Filardo M.’.M.’.
Imaginemos que uma bela manhã a Policia Militar decidisse assumir a seguinte posição:
Os soldados deveriam dirigir-se aos seus respectivos quarteis onde passariam a polir suas botas, limpar suas armas, fazer a faxina, exercitar-se, fazer ordem unida, estudar a constituição e as leis penais, preparar trabalhos escritos que seriam lidos diante da tropa reunida no pátio do quartel. Ah, e o rancho. Todos os soldados e oficiais passariam a ter o rancho em conjunto.
Vez por outra, um soldado ou oficial seria homenageado com uma medalha, por exemplo, a melhor faxina das latrinas, ou a melhor manobra de ordem unida do mês. Eventualmente, a população seria convidada para ir ao quartel assistir exercícios de ordem unida.
Ao final do dia, o soldado ou oficial retornaria à sua casa para retornar ao quartel na manhã seguinte e repetir a rotina diariamente, por anos a fio, sem sair às ruas, naturalmente.
Pois é. Isso me parece familiar na vetusta instituição conhecida como Maçonaria. Mais ou menos como acontece nas Forças Armadas em geral. Muito quartel, muito salamaleque, muitas manobras, medalhas e só… Ah! E belas paradas organizadas em Sete de Setembro, garbosos oficiais decorados com dezenas de medalhas brilhantes e coloridas, espadas, continências, marchas hieráticas…
As tropas da Maçonaria, porém, perderam o gosto pela luta, perderam o gosto pelas ruas, perderam o gosto pela política. Limitam-se a polir seus compassos e esquadros, lustrar os malhetes, fazer seus salamaleques, comer o rancho e voltar para casa.
Perdemos a noção de missão. As forças armadas têm a missão de proteger o país contra o inimigo externo (vez por outra esquecem disso e atacam o próprio povo, mas isso é exceção à regra), já a Polícia Militar tem a missão de fazer a proteção interna da população, preventivamente e fazer cumprir mandados do judiciário.
O treinamento em quarteis, em ambos os casos é a preparação para ter condições de cumprir suas missões.
E a Maçonaria? Qual a missão da Maçonaria?
Parabéns ir.Jose Carlos de Seixas,faço suas as minhas palavras,inclusive também sou admirador do trabalho do Juca Chaves
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Por que missão da Maçonaria? Afinal, ela é a depositária de tradições muito antigas, todas referentes ao papel que a Ordem se propôs a desempenhar na sociedade humana, particularmente na difusão de seus princípios destinados a orientar e reger o comportamento humano de seus membros (não adeptos, sem subordinados!).
O maçom ingressa na Maçonaria mediante convite que ele deve aceitar por escrito. Assina, na imensa maioria das obediências maçônicas, um pedido de admissão, expressando a sua decisão de, sendo aceito, ingressar na Ordem. Assim, ele se sujeita às constituições, regulamentos e regimentos que deverá respeitar e cumprir, como em qualquer outra sociedade. Nisso, a Maçonaria não difere de outras associações. Mas há uma diferença: o maçom, ao contrário do que se pensa, pode deixar a sua loja e a sua obediência, mas continuará vinculado à Ordem pelos compromissos solene que prestou – os assim chamados juramentos de fidelidade, sigilo e obediência.
Missão é o conjunto de tarefas necessárias para atingir um objetivo. Em geral, as missões são ordens baixadas por superiores hierárquicos tal como ocorre nos exércitos, sem que a quem a recebe caiba o direito de discutir ou recusar. Missão se cumpre, e pronto. Não existe tal coisa na Maçonaria. As decisões são colegiadas, no interior das Lojas, valendo a opinião da maioria, para cada uma delas. As decisões, na Maçonaria pode ser pela rejeição de uma proposta de ação, sem que isso caracterize um descumprimento das obrigações juramentadas (salvo específicas situações de exceção).
A Maçonaria, como Ordem iniciática, tem, ela própria, um dever: preparar homens de bem para que sejam capazes de difundir, pelos meios de que dispuserem, o conjunto de preceitos filosóficos fundamentais que possam melhorar o relacionamento entre os serem humanos. Mas esta não é missão do maçom; ele deve contribuir para que a Maçonaria cumpra a sua missão precípua retro descrita, mas não está amarrado a nenhuma decisão inexorável, da qual deva, por dever de ofício, desincumbir-se. A cada tarefa que recebe cabe uma aceitação voluntária e espontânea, nunca um dever perante a Ordem, como alguns Irmãos julgam existir.
Assim sendo, e posso não ter toda a razão, não há missões na Maçonaria, há deveres a cumprir, aceitos de vontade própria e de que os maçons se desincumbem sem se sentir engajados em uma missão, pois sempre teriam, se o desejassem, a chance de os recusar.
Agradeço, por antecipação, as respostas que receber, especialmente as discordantes, que ensinam mais.
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Nós a chamamos de “Nossa Ordem” portanto deve haver Hierarquia. Agora Ego e Orgulho é dispensável. Precisa ser renovada, sangue novo, atualizar ideias, sistemas e pessoas. As administrações atuais são o que são devido a falta de comprometimento de todos nós, ninguém quer segurar a alça do caixão. Muitos tecem criticas porem na hora de regaçar as mangas, não existe colaboração. Necessário criar comando, exatamente como foi descrito no artigo em questão.
Abraço Fraternal Ir Filardo, continue colaborando com seus belos artigos.
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Muito bem exposto. As maçonarias (porque as há muito diferentes) tornaram-se em organizações voltadas para dentro de si mesmas, sem uma abertura (comunicativa e interventiva) às suas sociedades. A sua actividade limita-se à repetição de rituais e ao culto do passado. É o campo ideal para quem vê nelas um lugar de clientelismo e corrupção. Há muito, muito a fazer para as tornar em plataformas abertas de homens livres, que se preocupam em intervir segundo os princípios da liberdade, igualdade e fraternidade, que se envolvem nas causas actuais onde esses princípios estão em causa. Todos os irmãos deveriam começar por levantar e debater estes problemas nas suas lojas e definir objectivos interventivos que promovam as nossas grandes essenciais.
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Tái algo que me perguntei muito quando era aprendiz quando era companheiro e continuo me perguntando será que estamos vivendo só do que nossos irmãos fizeram em um passado remoto?
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Querido Irmão Filardo,
Será que existe entre nós alguém capaz de dizer qual é a missão da Maçonaria? Um organismo tão heterogêneo, infiltrado até por aqueles que são contra seus princípios? A pergunta é retórica, mas a(s) resposta(s) talvez sejam impossíveis. Existem coisas que são básicas para nós, e somos incapazes de percebê-las. No caso de nossa Ordem, vejo inicialmente duas coisas que poderiamos fazer: a primeira seria a construção de um parlamento capaz de reunir todas as potencias que existem por aqui, com o objetivo de construir um discurso único, a bem do Brasil. Sem grão-mestre, sem avental brilhante, sem títulos. Apenas pessoas diferentes que tentariam chegar a um acordo quanto ao que podemos fazer pelo país, independente de rito, obediencia ou grau.
A segunda seria a participação efetiva em cada um dos municipios do Brasil, através das Lojas de cada localidade, para reintroduzir no ensino básico aquilo que a esquerda gramsciana vem removendo ao longo dos ultimos anos: o culto aos valores básicos da familia, da pátria e da sociedade, o respeito aos simbolos nacionais, aos professores e pais, etc. Neste caso, teremos que primeiro convencer os professores responsáveis pela atual baderna na mente dos jovens de que não haverá futuro para ninguém enquanto cultivarem e valorizarem a falta de respeito e de disciplina, sob o manto do “politicamente correto”.
Acredito que a nossa Ordem pode facilmente fazer essas duas coisas, e isso lhe bastará. Estou cheio de discutir se York é melhor que Escocês, ou se é melhor que Adoniramita ou Schroeder, ou se o avental do grande secretário deve ser melhor que o de um mestre comum. Grãos Mestres deveria usar apenas aventais brancos, significando que estão ali para aprender e servir a comunidade que os escolheu, e não ficar desfilando suas penas, qual um “pavão de cauda bela, verde amarela”, como diria um de meus filósofos favoritos, o Juca Chaves….Grande abraço e continue o seu excelente trabalho…
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Brilhante.
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