J. Filardo MM

A Maçonaria como instituição não tem a obrigação de suprir o papel do governo. Mas, pode ajudar, e muito, os menos favorecidos pela divisão de renda cruel de nosso mundo sob capitalismo selvagem, através da união de seus obreiros ou de lojas em torno de bandeiras e iniciativas voltadas para a sociedade.

A Maçonaria inglesa, por exemplo, tem em sua estrutura uma divisão encarregada de concentrar as doações de irmãos e lojas e, com os recursos ela socorre irmãos em dificuldade, doa dinheiro e recursos em casos de desastres naturais e humanos, patrocina bolsas de estudo e fundos beneficentes ou voltados a pesquisas importantes. Giram milhões de libras por ano.

A Maçonaria brasileira, devido a uma distorção histórica, transformou-se em uma instituição híbrida, um pouco inglesa e um pouco francesa (mais politizada e interventora na vida da sociedade). Mas a Maçonaria brasileira absorveu da maçonaria inglesa somente o conservadorismo e a sociabilidade, não a estrutura e muito menos a vocação beneficente. E dos franceses herdou a tradição intervencionista que no caso brasileira fica só na conversa. Ou seja, nem uma coisa nem outra.

Essa situação tem um inconveniente: ela leva à paralisia. No final, as lojas ((com as honradas exceções que só confirmam a regra) limitam-se ao escopo mais limitado de sociedade iniciática voltada para a formação individual do maçom, o que é louvável, não fosse a expectativa da sociedade e dos próprios candidatos ao ingressar na Ordem.

Tanto a sociedade quanto os candidatos esperam da Maçonaria uma ação social e política que, a rigor, não é seu objetivo.

Mas…

A Independência do Brasil é creditada à ação da Maçonaria;

A Abolição da Escravidão recebeu um enorme suporte proativo dos maçons;

A Proclamação da República foi uma ação na qual a Maçonaria teve um protagonismo enorme.

Ocorre que depois da Proclamação da República, a Maçonaria depôs suas armas, deu por terminada sua luta, achou que tinha feito sua obrigação e que agora cabia ao povo aperfeiçoar e viver essa nova realidade.

Retirou-se do campo e os maçons voltaram para suas lojas para continuar sua formação e aperfeiçoamento individual.

E hoje, ao ler essa notícia sobre a ONG Gerando Falcões eu me senti pequeno. Um anão.


Revista Piauí 12 maio 2022

De tiroteio no barraco a gestor de 5 milhões de dólares

Fundador da rede de ONGs Gerando Falcões, Edu Lyra relata o que fará com doação milionária feita por filantropa americana

No dia 21 de janeiro deste ano, Edu Lyra recebeu a notícia de que a filantropa americana MacKenzie Scott faria uma doação de 5 milhões de dólares [25 milhões de reais] para a Gerando Falcões, ONG que ele fundou em 2011 com a missão de “transformar a pobreza das favelas em peça de museu”. Após passar por quase cinco meses de sabatina realizada por uma consultoria, Lyra foi informado de que a ONG havia sido aprovada para receber os recursos de Scott – ex-mulher do fundador da Amazon Jeff Bezos e dona de uma fortuna avaliada em 32,1 bilhões de dólares.

“Eu ouvi direito: 5 milhões de dólares?”, perguntou Lyra. “Pedi para repetirem três vezes para ter certeza”, conta o empreendedor de 34 anos nascido numa favela de Guarulhos, na Grande São Paulo. O anúncio foi feito publicamente no dia 23 de março, e o dinheiro foi depositado na última quarta-feira (04/05), sem obrigações ou contrapartidas vinculadas à doação. “Disseram que, se fui aprovado, é porque confiam que vou fazer a coisa certa.”

No relato a seguir, Lyra conta sobre as visitas que fazia ao pai no presídio, aos 7 anos de idade; a morte do melhor amigo assassinado por traficantes na adolescência; a amizade com o empresário brasileiro Jorge Paulo Lemann, dono de uma das maiores fortunas do país; e os planos do que vai fazer com o dinheiro da doação milionária.

(Em depoimento a Lia Hama)


Para ler o depoimento de Edu Lyra, clique em DO TIROTEIO NO BARRACO


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