Semana da Arte Moderna
Nunca me interesse por livros sobre artes, porém como aprecio as artes resolvi ler esta obra e não me arrependo. Desta feita, conheci o movimento modernista que teve início em São Paulo, com a Semana de Arte Moderna, em 1922. Logo em seguida expandiu-se por todo o país, renovando a ideia de literatura e de escritor.
O terreno, rodeado pela polêmica, e a semeadura, iniciada desde 1917, com a exposição de Anita Malfati, viria produzir enfim, os seus frutos. Outra era da história cultural brasileira estava para ser inaugurada.
Assim, os autores desse período desejavam expressar-se livremente, privilegiando como tema a realidade brasileira. Quanto a Oswald de Andrade, pode-se dizer sem incorrer em exagero que esteve à frente de seu tempo.
Pode-se realmente enxergar as idiossincrasias oswaldianas” e que ele não apenas produziu literariamente como um vanguardista, ele viveu como um. Ele esteve acima do cárcere da moral burguesa e da opinião alheia.
Sua inteligência, sua criatividade e sua sensibilidade tornaram-no um precursor legítimo da modernidade. Em qualquer lugar do mundo que tivesse nascido, Oswald reluziria. Poucos anos depois de sua morte, paradoxalmente, seu tempo chegou: a contracultura, a revolução sexual colocaria em rigor a liberdade moral e artística pela qual ele lutou.
A linguagem torna-se mais coloquial, semelhante à nossa fala, e afasta-se dos moldes portugueses. Os acontecimentos da modernidade passam a receber maior enfoque, sobretudo os que se referem à civilização industrial, com suas máquinas e seu ritmo acelerado de vida, percebido também nas cenas quotidianas.
Por diversas vezes, os autores fazem uso do humor em seus textos, introduzindo algo novo na literatura, pois até então o humorismo era considerado de mau-gosto e fora dos padrões estéticos.
Os problemas sociais antigos continuavam sem solução, produzindo tensões e conflitos graves. Os meios intelectuais sentem que é preciso reformar o Brasil, mergulhado numa contradição grave: ao mesmo tempo em que se modernizava, mantinha uma organização social arcaica.
Descontentes com a literatura produzida no Realismo-Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo, os escritores pré-modernistas já tinham dado indícios de renovações na linguagem e no modo de enxergar a situação social brasileira.
Desta feita, obviamente, se tivesse permanecido restrita a São Paulo, a Semana não teria tido tão grande importância renovadora. A partir dos acontecimentos do teatro Municipal, divulgados pela imprensa da época, as novas ideias encontraram adeptos em todo o país, ora adeptos mais serenos, ora mais radicais. No período entre 1922/1930, manifestos, revistas, grupos recém-formados difundiram-se por nosso canário cultural como nunca havia acontecido antes.
Altamente recomendado, não só para os apreciadores da arte, mas para todos que desejam crescer culturalmente.
Excelente leitura!
Publicado no excelente Blog Memórias ao Vento
Republicou isso em Blogue do Zé Filardo.
CurtirCurtir