Kennyo Ismail

O presente trabalho tem por objetivo compreender o impulso que a expansão do Império Britânico promoveu à colonização maçônica inglesa nos cinco continentes, por meio da criação de Grandes Lojas Distritais da Grande Loja Unida da Inglaterra em cada território ocupado. É feita uma breve descrição do histórico de domínio britânico no território em que está localizada cada Grande Loja Distrital, de forma a compreendermos as razões que levaram à sua existência. Dentre todos os casos, verifica-se apenas uma incongruência: o Brasil.

  1. Introdução

A pesquisadora Jessica Harland-Jacobs (2007) relata que, enquanto em muitos países a Maçonaria se mostrou uma instituição cosmopolita e inclusiva, a Grande Loja Unida da Inglaterra optou por seguir um caminho diverso, tornandose essencialmente imperialista, branca, protestante e de classe média/média-alta. Em suas próprias palavras, os maçons ingleses “tiveram que negociar uma disjunção entre sua ideologia universalista… e suas funções e pressupostos como imperialistas”.

Jessica teve razões para chegar a essa conclusão. No artigo de Andrew Prescott (2007), por exemplo, vê-se que, logo após a fusão das duas Grandes Lojas inglesas, surgindo então a Grande Loja Unida da Inglaterra, iniciou-se um movimento, capitaneado por Robert Crucefix, para restringir na Inglaterra o ingresso à Maçonaria apenas para cristãos não católicos, obviamente – além da promoção de um elitismo, taxando maçons escoceses e irlandeses como “mendigos maçônicos”. Prescott ainda registra fatos relacionados às primeiras Lojas Maçônicas inglesas em colônias como a Índia, e o preconceito que reinava nessas Lojas acerca dos nativos das colônias, suas religiões e classe social. Um dos fortes indícios apontados por Prescott para confirmar a tendência religiosa da Maçonaria inglesa são as melodias de origem cristã dos hinos adotados no Ritual de Emulação e em vários outros rituais ingleses.

Sobre a relação do Império Britânico e a Maçonaria, a Enciclopédia Britânica (2014) chega a creditar a disseminação da Ordem Maçônica à expansão do Império. Considerando que 2/3 dos maçons do mundo estão nos Estados Unidos, inicialmente uma colônia inglesa, isso não deixa de ser verdade.

No início do Século XX, o Império Britânico dominava ¼ da população e do território do planeta (MADDISON, 2001). Entretanto, hoje possui de fato apenas quatorze territórios ultramarinos fora do Reino Unido, tendo todos os demais domínios, protetorados, colônias e territórios sob seu domínio decretado independência. Partindo da premissa de estrita relação entre a “colonização britânica” e sua “colonização maçônica”, o presente estudo tem por objetivo verificar o atual status dessa última.

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