Por J. Filardo M.’.I.’.
Caro Irmão,
É triste perceber que você não entendeu do que se trata Maçonaria, mesmo tendo percorrido todo o caminho. Mas, posso entender que você alimentou expectativas irreais, resultantes da difusão desordenada de conceitos conflitantes e fantasistas do que seja a Ordem Maçonica.
Volte no tempo e estude (aqui mesmo no blog você encontrará tudo o que precisa) a história da Maçonaria com um olhar objetivo. Ela foi inventada por homens inteligentes com objetivos muito práticos. A simbologia que realmente tem sentido é básica e muito simples.
O que aconteceu depois de sua invenção em 1717, foi um festival de inclusões de conteúdos e objetivos que nada tinham a ver com o seu projeto inicial. E ela foi assim se transformando em um cipoal de opiniões travestidas em conceitos que somente contribuiram para a confusão e para o desencanto daqueles que procuram na Maçonaria algo que ela não se propõe a oferecer.
Maçons que também não entenderam do que se trata sempre dizem “você precisa fazer os graus filosóficos, onde se encontra a verdadeira maçonaria” .
Bullshit!
A verdadeira maçonaria se encontra na LOJA SIMBÓLICA. Em nenhum outro lugar. No simbolismo, nos três primeiro graus. Quem não entender o que é maçonaria até chegar ao grau de Mestre, nunca vai entender e vai ficar dando cabeçada até entender, ou até se desencantar, como parece ser o caso do irmão.
Maçonaria é apenas e tão somente o cultivo da fraternidade. O famoso MICTMR. É encontrar em uma cidade distante, alguém que te trata como irmão sem nunca ter te visto. É encontrar apoio para empreitadas sociais. É estar presente em sua comunidade para “dar aquela mãozinha” na Associação de Pais e Mestres, na Associação de Vizinhos., nas obras sociais da paróquia ou da comunidade religiosa a que pertence. É socorrer um vizinho em dificuldade. É ir aos aniversários de irmãos da loja ou de seus familiares. É estar presente quando um irmão a ele recorre. É contribuir para organizações que trabalham pelos menos favorecidos, Médicos sem Fronteiras ou uma ONG mais local. É participar da política, candidatando-se a síndico do seu edifício, vereador em sua cidade, presidente do seu país!
A Loja “oferece” um ambiente onde o maçom que já entendeu o conceito acima possa dedicar-se a estudos que não têm lugar na sociedade atual. Ali, ele econtrará outros irmãos que se interessam por arcanos, hierofantes, atanores, obra em negro, e tantos assuntos fascinantes, mas também encontrará irmãos com menos apetite por tais assuntos, mas que são pessoas generosas, divertidas, afáveis. Por outro lado, a estrutura da comunidade maçônica também oferece uma outra organização de lojas de estudo de conteúdo moral, esotérico, hermético chamados “Altos Graus”, ou Graus Filosóficos. Se o maçom quiser, pode frequentar essas lojas, mas não é obrigado. Os graus filosóficos acima dos três primeiros graus têm a ver com maçonaria somente na medida que permitem o exercício da fraternidade, mas são graus de cavalaria. Os graus de Maçonaria estão relacionados com a profissão de pedreiro, de construtor.
Se ele não quiser frequentar os altos graus, basta seguir sua emoção e desenvolver o conceito de fraternidade, estendendo-o a todas as pessoas que conhece. Será então o melhor maçom do mundo.
Mas, precisa ter cuidado com as informações equivocadas que recebe no meio. A Maçonaria que conhecemos e à qual pertencemos existe somente após 1717, com a fundação da Grande Loja de Londres. Ela não é a continuação da Maçonaria Operativa. Ela só aproveitou muita coisa dela.
Os maçons operativos eram pedreiros, quase sempre analfabetos, que não detinham nenhum “conhecimento esotérico da Grande Obra”. Só queriam preservar os conhecimentos de construção para garantir seu trabalho. Por isso o segredo. Mas eram homens simples, alegres e despreocupados que gostavam muito de beber cerveja nas tabernas onde se reuniam, de dar risadas, brincar.
Todo esse conteúdo esotérico, iniciático foi introduzido no século XIX por maçons que vinham da Rosacruz (essa sim, uma ordem iniciática, esotérica, etc. etc.) e outras ordens que cultivavam o hermetismo.
Nós, os maçons somos homens simples que buscam a fraternidade e o aperfeiçoamento de si e da sociedade através do exemplo ou através da influência que possamos exercer sobre ela. Pense bem, passe uma borracha no seu passado e recomece do zero.
Seja um maçom feliz como eram os maçons operativos!
Fraternalmente,
Irmãos em Maçonaria!
Das Ordens, das Obediências e dos Princípios:
“A Ordem é, por essência, indefinível e absoluta; já a Obediência, está sujeita a todas as variações da fraqueza congênita ao espírito humano”.
“A Ordem – a Franco-maçonaria Tradicional e Iniciática – não tem stricto sensu e na acepção de Princípios regentes*, origem historicamente definida.”
“As Obediências, ao contrário, são criações relativamente recentes”, ensina um sábio Irmão.
E segue, dizendo:
“A Ordem, na sua essência, é Metafísica; na sua manifestação, (é) Tradicional.”
É isto o que faz a “Ordem Franco-maçônica reencontrar as suas Raízes Metafísicas na Tradição Iniciática,” afirma este mesmo Irmão.
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Ir.’. Benzion:
Recomendo, também, aos irmãos que façam uma leitura das cerimônias
empregadas na iniciação de Apuleio, nos mistérios de Ísis, acompanhado de seu relato. nesta obra dos antigos mistérios, creio que é conveniente que descrevamos ao menos as cerimônias
empregadas na iniciação de Apuleio, nos mistérios de Ísis, acompanhando de seu relato, o mais
breve que me seja possível: Verão que há mais conformidades do que diferenças com a nossa atual Iniciação.
Dessa forma, não haverá mais porque confundir Ordens com Obediências, Potências, Instituições e Lojas.
Como posto acima, pelo Mestre Benzion, As Obediências, Potências, Instituições e Lojas, são as divulgadoras, transmissoras dos Conhecimentos recebidos pelos Adeptos das antigas Escolas de Ministérios e de algumas atuais.
TFA.’.
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Caro Irmão, sou um apreciador vossos trabalhos, neste texto vejo uma frase que postei, hoje, assim você pode estar se referindo a mim.
Em muito do que você colocou, só obrigado a concordar, por que é a pura verdade, pelo menos é o que observamos.
Porém, permita -me em discordar de alguns trechos:
A Maçonaria não começou com a criação da GLU, a não ser essa que existe hoje;
Os Operativos, depois que elevados a Companheiros não eram analfabetos, pois conheciam a Geometria Sagrada e muito do Hermetismo;
Algumas catedrais, exigidas por eles, são um verdadeiro livro de pedras, onde está inserido um cabedal de conhecimentos;
Os Operativos, não desapareceram, ainda estão em franca atividades, não construindo Catedrais em pedras, mas em carne e osso;
Não sou frustrado com a Maçonaria, pois como livre buscador, tenho trilhado o meu caminho, em Loja e em outras Ordens;
Na Loja azul contém tudo que um buscador precisa para se elevar espiritualmente, basta ter “olhos de ver e ouvidos de ouvir”;
Participo ativamente, não falto as Sessões e ainda aceito convites para ajudar naquelas que precisam de obreiros;
Meu principal trabalho atualmente é resgatar os irmãos que se afastaram.
TFA.”.
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Meu irmão,
Sua primeira postagem deu perfeitamente a impressão de que você estava desiludido e frustrado com a Ordem. Perdoa-me se interpretei mal.
Sim, usei a resposta que te dei privativamente, para compor um texto sobre a desilusão, algo que representa um dos maiores, se não o maior problema da Maçonaria em nível mundial.
A instituição Maçonaria (especulativa) foi inventada em 1717 e é essa à qual pertencemos. Basta ler o Artigo 1 da Constituição de Anderson, para ver que os inventores pretendiam somente que a loja fosse “um centro de união para reunir homens que de outra forma nunca se conheceriam”. Eles não falam em sociedade iniciática ou coisa parecida. O ritual era simples, chamava-se “Palavra de Maçom” e o maçom era (ainda é) “feito” e não “iniciado”. Toda essa filosofia adicional foi gradativamente sendo introduzida e deformando o instituição original, transformando-a em outra coisa totalmente diferente. Isso aconteceu principalmente no Continente europeu, quando a Franco-Maçonaria foi transplantada para o ambiente latino. Foi também quando Rosacruzes e outros hermetistas descobriram as lojas maçônicas que lhes ofereciam a estrutura ideal para estudar suas matérias. E assim foi, um pendura uma coisa aqui, outro pendura algo acolá e aquela pequena construção que abrigaria os homens sérios e de bons costumes foi se transformado em uma catedral barroca parecida com a Sagrada Família de Barcelona.
Quanto aos operativos, você está mal informado. Eles eram rudes e analfabetos, com exceção talvez do Mestre da loja (proprietário da empreiteira) que detinha talvez um conhecimento um pouco mais ampliado, provavelmente conseguia ler as plantas traçadas pelo Arquiteto (que quase nunca era um maçom, e na maior parte das vezes era um eclesiástico) Se puder ler em inglês, leia as constituições manuscritas dos operativos (publiquei na Amazon um livro “Old Charges of the British Freemasons” que dá uma visão mais clara do mundo deles.
As catedrais eram concebidas pelos eclesiásticos que eram os arquitetos. Os maçons eram apenas uma das guildas que construiam aquelas obras, havia guildas de pedreiros, de ferreiros, de vidreiros, de carpinteiros, de escultores, etc. cada uma delas especializada em uma parte da obra. Essa noção de que só os maçons construíram as catedrais é parte da plêiade de desinformação publicada por “achistas” que não pesquisam e que ousam publicar suas ideias sem base.
Mas, conforme dissemos no artigo anterior, a Maçonaria pura e simples se reduz ao cultivo da fraternidade.
Eu mordo a língua e me penitencio de público nesse momento. Eu costumava fazer blague de algumas lojas que eu chamava de R.E.A.A. – Ritual E Ata e Ágape. Minha crítica era que as lojas não exercitavam um aspecto tradicionalmente desenvolvido na Maçonaria brasileira: a participação na política de sua comunidade. É claro que não me referia ao Rito Escocês, e também eu dizia isso sobre as lojas das grandes cidades que geralmente não têm ação política porque os centros de poder são muito descentralizados, o que não ocorre em pequenas e médias cidades, onde a Maçonaria pode exercitar sua tradicional influência sobre as instituições da sociedade, em linha com nossos fundadores de 1822. A Maçonaria brasileira, tanto reconhecida quanto não reconhecida, não tem consciência de que têm o DNA francês e que o intervencionismo é uma de suas características.
Mas, Oh meu Zeus! como estava enganado. A velhice trouxe-me o aumento do entendimento, juntamente com o gosto pelo estudo da história, e acabei descobrindo que o “ágape”, ou “copo d’água” e a loja de mesa são a tradição mais cara e mais importante da Maçonaria, herdada, isso sim, do Mitraismo, através da Maçonaria Operativa, pois é à mesa, em torno de um bom prato e uma bebida saborosa que se formam os vínculos mais estreitos.
Na Maçonaria cabem todas as personalidades – para isso existem diferentes ritos que atendem a diferentes tendências- mas que têm um núcleo comum que no fundo é o rito “Palavra de Maçom” original, acrescido de mil penduricalhos e adereços “descobertos” e agregados pelos “achistas” de plantão.
Há lugar para todo mundo, desde os mais simples até verdadeiros gênios que não se contentam com a simplicidade clássica da loja maçônica e partem para uma busca mais profunda de um significado que lhe satisfaça. Todos são importantes e apesar de seus graus, sempre serão Mestres Maçons e serão melhores maçons na medida em que exercitarem, não os seus altos conhecimentos, mas a simples fraternidade.
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Parabéns pelo belo texto. Simplicidade é a chave.
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Concordo em 98% do que dissestes meu querido Ir.’. e eu com os meus 29 anos de Maçonaria, ainda quero ver uma Maçonaria, sem essa galhardia de Deputados Estaduais, Federais, Templos suntuosos como o de Brasília, potências e mais potências (e que uma não pode visitar o Ir.’. só por que ele é de outra potência… absurdo isso) e vou um pouco mais longe, cheguei no Gr.’. 33 e escutei tanta balela do Soberano que de 99 iniciados ao Gr.’. 33 quase todos queriam deixar a sessão na metade por causa do que foi dito para nós, então eu faço Maçonaria dentro e fora da nossa querida Loj.’.. MICTMR, eu ainda prezo muito por isso. TFA a todos.
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Republicou isso em Loja Virtual da Maçonaria Liberal.
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Nada contra essa concepção, meu querido e admirado Irmão, mas a desilusão vem exatamente da frustração das expectativas. Isso dizem os filósofos e os psicólogos o demonstram cientificamente. Aliás, filósofos que a Maçonaria, em seus Rituais e escritos nos dizem desde o 1˚ Grau nos dizem em milhares de linhas que somos ou deveríamos ser. Também nos dizem que somos uma sociedade Iniciática. E vamos estudar -os, dentre nós que pensam e estudam- e acreditamos que somos!-. E vamos estudando nessa linha, símbolos e alegorias. E quando encontramos o vazio produzido por séculos de maçons vazios que perderam o rumo, nos dizem que somos apenas uma confraria de homens bons, alegres que querem fazer o bem. Iguais a qualquer Clube de Serviço ou fraternidade eclesial. Aí, sim, meu Irmão, anos de estudo e dedicação jogados fora, iniciando-se a aprofundando-se no trabalho do autoconhecimento e do VITRIOL, produz apenas a frustração. É inevitável! Desculpe-me.
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Brother Pucci,
“Sociedade iniciática” é o nosso diferencial mercadológico. rssss.
A Ordem é um imenso espaço que recebe homens e mulheres de diferentes origens, níveis intelectuais e expectativas.
Mas, em tudo é preciso buscar o famoso “MÍNIMO DENOMINADOR COMUM” que tanto me castigou no ensino médio. Temos que encontrar aquele miolinho que atende à definição ORIGINAL.
Em 1717, data de sua invenção, a Maçonaria não se propunha a ser uma sociedade iniciática. Queria ser um centro de união para congregar homens que de outra forma nunca se reuniriam. A história de sociedade iniciática veio depois, quando rosacruzes e outros hermetistas invadiram a Maçonaria e a transformaram em algo totalmente diferente daquilo proposto e implementado em 1717.
E como eu dizia, é um imenso espaço que vai reunir desde aquele irmão para quem a Ordem é um centro de união, de fraternidade e desenvolvimento pessoal e que parece frequentar a loja somente pelo “copo d’água” (que no meu entender é a parte mais importante da reunião, diga-se de passagem) até aquele irmão que apresenta trabalhos maravilhosos sobre simbolismo, que se dedica a pesquisas, mas que nunca frequenta o “copo d’água”, sem saber que está faltando com a principal qualidade que dele se espera: a fraternidade.
Tem lugar para todo mundo.
O que é preciso, entretanto, é que o candidato seja informado das possibilidades e não que se criem expectativas de que vai “transformar chumbo em ouro” na loja, ou que vai aprender a flutuar, ou que se tornará um sábio. E também que não se cavalgam bodes, rsss.
Fraternalmente
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Meu caro. A maçonaria não é só simbólica, sendo de muita importância a filosófica. É uma afirmação errônea afirmar maçonaria se limita a loja simbólica. Ser mestre é o mesmo que adquirir a maioridade na vida profana sendo a filosófica um estudo do que você deve apresentar e ensinar fora do templo. Ser tão somente fraterno é o mesmo que ser egoísta com os conhecimentos que adquiriu.
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Perfeito!
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