Tradução J. Filardo

 

Postado em 3 de Setembro de 2018 – por Hervé HOINT-LECOQ

Tornar-se um Grão-Mestre leva a tudo.  Até mesmo morrer aos 32 anos, alcoólatra, em um mosteiro no coração da Catalunha e ser enterrado em um canto do pátio, na sarjeta.

Em uma matéria anterior da revista FMaçonaria, deixamos o duque de Wharton (1698-1731), ex-grão-mestre da Grande Loja de Londres e provável fundador da ordem paródica dos Gormógons no exílio depois de ter fugido devido a uma série de condenações. Aquele que bateu à porta da Grande Loja de Londres em 1723 é o mesmo, e muitas vezes ignoramos quem (coroado, de manto à direita), representado no frontispício das primeiras Constituições de Anderson recebe as referidas constituições da mão do duque de Montagu (esquerda de chapéu com penas), personificando assim desde 1723 toda a dignidade maçônica destes grandes oficiais.

Mas, para estudar bem a biografia desse irmão, descobrimos outra faceta de seu caráter. Uma pista nos é dada com a fundação pelo duque do Hell-Fire Club, onde as festas organizadas foram fechadas por blasfêmia; vamos nos debruçar sobre sua eleição como grão-mestre. De fato, como afirma Anderson em suas Constituições, a eleição de Wharton teria sido condicionada pelo fato de que, na ausência de grandes oficiais para ocupar a cadeira principal em 24 de junho de 1722, é o decano dos mestres que tomou o lugar e nomeou Grão-Mestre o Duque de Wharton (então com 24 anos) e, como vigilantes, um ferreiro e um pedreiro. Que surpresa!  Durante esta sessão, Wharton se apresentou acompanhado por um grupo de irmãos conquistados para sua causa, garantindo-lhe uma representação suficiente para ser eleito. Continuando sua vida dissoluta e intrigante, ele acumulou dívidas e álcool ruim.  Exilado na Espanha (depois de uma missão para o “Pretendente” em Viena), ele lutou contra a Inglaterra no cerco de Gibraltar e continuou a buscar retornar à graça de Walpole, mas também do “Pretendente”. Em vão, porque ele foi julgado na Inglaterra por alta traição; rejeitado por todos, afundou no alcoolismo e morreu em 1731 no mosteiro de Poblet, o único lugar que ainda o queria, aos 32 anos de idade.

A história maçônica não é ingrata; ela lembrará que ele foi o fundador da primeira loja estrangeira da Grande Loja de Londres, em Madri (carta pedida em 1728 e concedida em 1729).  Concluamos com essas poucas palavras de Wharton a seu amigo que mais tarde escreveu Memórias da Vida de Sua Graça, Philip Late Duke of Wharton, por uma Mão Imparcial (Londres, 1731):

“Quando você contar meus atos infelizes,

Fale sobre mim como eu sou.  Não esconda nada.

Mas não coloque Malícia ali. “

 

Figura: Philip Wharton por Rosalba Carriera em 1718-1720 (canto superior esquerdo), no frontispício das Constituições de Anderson (inferior esquerdo), e seu túmulo no Mosteiro de Poblet.

 

Publicado na Revista FM-Franc Maçonnerie