Ereto da Brocha
Nossa Pompeia é a fronteira com a Venezuela, que o chanceler acidental queria ultrapassar para atender às aventuras eleitoreiras de um outro chefe, o do seu amigo, o tal de Bolton, que aguentou enquanto pode, depois foi defenestrado e ficou magoado. Até agora não conseguiram violar a Constituição em toda a extensão do Artigo 4, aquele que fala da não intervenção nos assuntos internos dos outros Estados.
Tenho cá para mim que Pompeia padeceu por descuido. Sei que vulcões explodem muito raramente e que é próprio do ser humano não acreditar que será surpreendido, justo em sua geração, por uma daquelas erupções cataclismáticas que, de tempos em tempos, a História registra em suas páginas. Mas ninguém vai me convencer de que precisava fazer mais uma cidade ao pé do Vesúvio. Havia um tom de ingenuidade nesses pompenienses.
Refletindo sobre a visita “surpresa” que outro dia nos fez o Secretário de Estado, bem longe da capital e bem perto de outro famoso monte, sinto cheiro de cinzas. Pode ser que seja apenas um faro corrompido por cortinas de fumaça, mas nada me demove deque há muita ingenuidade em nosso cruzado anti-barão. Claro que ele pode ter apenas aproveitado a oportunidade para demonstrar sua fidelidade. Pode ainda, fiel escudeiro, ter dado sua contribuição à campanha eleitoral de seu ídolo. Pode, até mesmo, ter apenas acolhido, com todo seu humanismo – ou humanitismo, que lhe convém mais – os que buscam refúgio em nossa pátria.
Mas; Pompeia em Roraima? Posso estar a me equivocar, mas algo definitivamente não cheira bem. A visita foi envolva em segredos… Seria mesmo apenas um encontro de última hora, não planejado, entre bons vizinhos de agenda vazia? Ou havia algo mais nessa operação? Além, é óbvio, de mais uma afronta à nossa Constituição e mais uma ofensa à boa tradição da nossa Casa, que já foi, em outros tempos, uma fortaleza da soberania nacional.
Lamento alimentar teorias infundadas, mas, por força de nosso ofício, habituei-me a seguir instruções e a observar, por vezes mimetizando, a linguagem e o pensamento do chefe. Se havia algum propósito obscuro na visita, o tempo dirá. Torço apenas para que não sejamos surpreendidos pelo rio de lava, já incontrolável, provocado pela ingenuidade de alguns poucos pompenienses. Por descuido ou não, a Pompeia original queimou como um fato da natureza. Um vulcão, em toda a sua incontornável realidade, a dizimou. Aqui, contudo, Pompeia constrói seu próprio vulcão e alimenta seu fogo com ignorância e alienação intelectual.
A erupção do Vesúvio Tupiquiniquim traz um lodaçal de vergonha e cinzas às portas da casa de Rio Branco, sujando não somente nossos degraus, mas também nossa reputação.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN
Pois é! Falar mal do autor não obscurece ou deslustra a verdade do que diz com propriedade e sapiência no seu escrito. A verdade machuca. E como!
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Esse autor não merece ser lido….
Receite viagra para ele
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“Ereto da Brocha”… Mais elegância se espera de um maçom.
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